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domingo, 4 de maio de 2014

Evolução do Cristianismo

EVOLUÇÃO DO CRISTIANISMO


A história da evolução do Cristianismo é a saga do processo redentor da criatura humana.

A Constantino, imperador do Oriente, deve-se o ato gentil da liberação da prática da doutrina de Jesus em todo o império, eliminando qualquer tipo de perseguição ou limite.

Não havendo ele próprio conseguido lograr a convicção profunda dos conteúdos do Evangelho, tornou-se responsável pelos desmandos que surgiram, pelas interpolações e interpretações errôneas, bem como pela adoção de alguns cultos pagãos introduzidos na mensagem singela e pulcra do Homem de Nazaré.

Adorador de Mitra, o Deus-Sol do Zoroastrismo, mas também com outras interpretações, contribuiu grandemente para a idolatria, permitiu que os adeptos do Cristianismo em formulação, acautelados pela fortuna e outros bens materiais, perseguissem os antigos politeístas, transformassem os seus templos em catedrais faustosas.

Demolindo as antigas construções, mandavam erguer sobre elas, com nova indumentária arquitetônica, os santuários, nos quais os adeptos de Jesus deveriam reunir-se, com o olvido das pregações diante do altar sublime da natureza: nas praias, nas estradas, nas montanhas de Israel...

Logo contribuíram para que o imperador se transformasse no responsável pelo voto de Minerva, nos concílios, reuniões e discussões que se multiplicavam em abundância, em atendimento às paixões dos líderes denominados bispos, presunçosos uns, ignorantes outros, que se acusavam reciprocamente de heresias, em adulteração desrespeitosa aos ensinos de Jesus.

Constantino também se tornou responsável pela substituição dos mártires, tornados santos nos altares de ouro e de mármore dos antigos templos, em lugar dos ídolos pagãos.

Sua genitora, Helena, em viagem à terra santa, tornou-se responsável pela identificação da cruz em que morreu o Mestre, dos lugares em que Ele e os Seus apóstolos viveram, mandando erguer catedrais majestosas, iniciando o culto a relíquias, às quais atribuía poderes miraculosos e curativos, criando, pela rica imaginação, identificações, algumas delas muito longe da legitimidade...

Ainda no século IV, o papa Dâmaso convidou São Jerônimo para selecionar os textos considerados verdadeiros, canônicos, a cujo mister o patrístico aplicou vinte e cinco anos na gruta de Belém, comparando-os cuidadosamente com outros conceitos bíblicos, o que resultou na elaboração da Vulgata Latina. A essa coletânea deu-se o nome de estudos canônicos, legítimos, reconhecidos como verdadeiros pela Igreja de então.

As demais anotações, mais tarde introduzidas por outros estudiosos em O Novo Testamento, os deuterocanônicos, vêm sendo avaliadas através dos séculos, nos sucessivos concílios que trouxeram mais danos que esclarecimentos em torno da palavra do Senhor.

Nesse mesmo século IV, disputavam entre si as autoridades imperiais e eclesiásticas, enquanto o bispo de Roma, Dâmaso, permitia-se o luxo e a extravagância que o cargo lhe concedia, semelhando-se aos grandes generais e governantes das imensas metrópoles, muitíssimo distante do Rabi galileu...

Roma exigia ser a capital cristã do mundo, sob a justificativa de que os apóstolos do mestre, Pedro e, a seguir, Paulo, elegeram-na para o holocausto das próprias vidas, e as missas, que então eram celebradas, sofreram a introdução dos cultos do Oriente, transformando o hábito singelo de orar em complicadas fórmulas, ora em grego, depois em latim, que as massas não podiam entender.

Posteriormente, surgiram os grandes dissídios, tais como os ortodoxos gregos, russos, que realizavam os seus cultos dentro das tradições dos respectivos países, os coptas e outros mais complicados...

Milão, que se tornara tão importante quanto Roma, tinha em Ambrósio o seu líder máximo, que, apaixonado, desviara-se completamente, logo depois do culto ao Senhor para o das imagens e para a venda de tudo quanto representasse a herança dos abençoados mártires, dando prosseguimento às alucinações da genitora de Constantino, que se atribuía o privilégio de haver encontrado, como já referido, a cruz em que Jesus morrera, com as palavras que lhe foram colocadas ironicamente pelos romanos, em refinada zombaria ao Sinédrio.

Logo depois, a mesma Helena atreveu-se a transformar alguns dos seus cravos em objeto de extravagância na coroa do filho, atribuindo-lhe proteção divina, o que dava lugar a superstições e desmandos acompanhados de falsificações e injúrias.

Cristãos, nessa época, passaram a matar pagãos, e quando Teodósio, mais tarde imperador de Roma, apresentou-se como cristão e desejou aplicar punições àqueles que cometeram hediondos crimes, Ambrósio exigiu-lhe retratação pública e humilhante para conceder-lhe o perdão.

A doutrina do amor e da compaixão, da misericórdia e da bondade estava crucificada!

Esse mesmo Ambrósio, que conseguira converter Agostinho de Hipona, em Milão, preocupava-se mais com detalhes e insignificâncias, considerando a virgindade feminina e masculina, como fundamental, como a conduta pulcra e sublime para a entrega a Deus, não havendo qualquer preocupação com o tormento mental e emocional dos clérigos e sacerdotes, assim como das viúvas, das jovens e dos rapazes que se dedicavam ao Senhor, e, para bem consagrar o novo impositivo que se tornaria dogma da religião nascente, introduziu o uso de indumentárias brancas e reluzentes, que significavam pureza, mesmo que o mundo interior fosse o sepulcro onde o cadáver das ansiedades pessoais descompunha-se.

Jerônimo, por sua vez, deixou-se também arrebatar pela loucura do mesmo século e tornou-se terrível adversário da palavra de Jesus, ao adulterá-la, fazendo-o com intercalações nefastas, intromissões que não se justificam, e mistura dos conceitos pagãos com os cristãos para o logro da dominação imperial.
O avanço do poder temporal deságua nas Cruzadas de rudes e perversas memórias, com os desastres e mortes de centenas de milhares de vidas de ambos os lados, cristãos e mulçumanos durante alguns séculos de horror, para a defesa da sepultura vazia que Ele deixara em Jerusalém...

Até o século XVI o tormento medieval, estabelecido pelos denominados Pais da Igreja (Patrística), corrompeu, desvitalizou e transformou a revolução sublime do Evangelho em cruz e fogueira, em morte e degradação, em poder temporal e mentira...

Novos tempos surgiram, porém, com Martinho Lutero e outros que não se submeteram às injunções poderosas do culto pagão.

A Reforma abriu espaços no estreito cubículo mental no qual foi encarcerada a doutrina do Mestre e ventos novos sopraram para retirar o mofo acumulado e derrubar algumas muralhas segregacionistas...

Logo depois, no entanto, surgiram as divisões e as controvérsias entre os discípulos de Lutero, ante a sua própria defecção, e apareceram as mais variadas denominações cada uma delas, como a verdadeira.

Nesse ínterim, quando a esperança não mais brilhava nas almas aflitas, chegou à humanidade o Consolador, e os imortais conclamaram os novos discípulos do Evangelho a voltarem às praias formosas do Genesaré, à natureza encantadora, aos abençoados fenômenos da compaixão e da misericórdia em que Jesus permanece como a figura máxima de humildade e sacrifício pessoal.

Investidas terríveis das hordas do mal novamente dão-se amiúde para prejudicar a reabilitação da criatura humana e a renovação da sociedade como um todo.
Começam a surgiu os primeiros disparates, os desrespeitos e impositivos egotistas de alguns profitentes, que elaboram e apresentam necessidades falsas para adaptações do pensamento espírita às paixões em predomínio, e surgem correntes de dissídio, as acusações recíprocas de lideranças, de médiuns, de Instituições, iguais ao mesmo fenômeno do passado que se repete...

Espíritas-cristãos, tende cuidado!

O mundo, o século são sedutores, fascinantes. As suas falácias sutis e declaradas são perversas, enganosas.

Tende tento! Não sois diferentes daqueles homens e mulheres que, num momento, se dedicavam a Jesus e, logo depois, corrompiam a Sua palavra.

Assumistes o compromisso, antes do berço, de restaurardes a paz íntima perdida, as lições sublimes que vós mesmos deturpastes no passado, quando contribuístes em favor do naufrágio da fé pura e racional...

O Centro Espírita merece respeito, fidelidade ao compromisso nele estabelecido: iluminar consciências e consolar sentimentos.

Obreiros invisíveis laboram incessantemente em vosso benefício. Como vedes somente o exterior, não tendes a dimensão do que se passa nele além das vibrações materiais.

Considerai-o, oferecei a esse núcleo de oração, a essa oficina que é um educandário, um templo, um hospital transcendental, o respeito e a dedicação indispensáveis que são exigidos para o fiel cumprimento das responsabilidades abraçadas.

A modesta estrebaria onde Jesus nasceu, a vergonhosa cruz em que Ele foi levado a holocausto, ou a radiosa manhã da ressurreição, devem, permanecer vivas em nossa memória, a fim de serem preservadas a Sua vida e o Seu amor pela humanidade.

Sois as mãos, a voz, o sentimento dEle no mundo moderno.

Vivei por definitivo conforme Ele o fez e ensinou a fazer, mantende cuidado com as ilusões tão rápidas como luminosas bolhas de sabão que explodem ao contato do ar ou de encontro a qualquer objeto perfurante.

O Consolador triunfará, porque é o próprio Jesus de volta ao mundo para iluminá-lo e conduzi-lo no rumo da sua próxima regeneração.



pelo EspíritoVianna de Carvalho. Psicofonia de Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica de 20 de janeiro de 2014, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, BA Do site: http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=359.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

EADE: ESTUDO APROFUNDADO DA DOUTRINA ESPÍRITA-LIVRO:1-MÓDULO 2-ROTEIRO -22 " A IGREJA CRISTÃ PRIMITIVA"

MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• De uso especificamente cristão, adotado pelas comunidades cristãs logo no seu
início, o termo “igreja” certamente queria dizer mais do que “reunião”, uma vez
que assinalava a diferença entre os adeptos que viam Jesus como Messias e os
judeus que não o aceitavam. Enciclopédia Mirador, vol. 11, p. 5962.
• Desde a fundação da igreja primitiva, em Jerusalém, percebe-se a existência
de duas correntes religiosas. Ambas aceitavam a aplicação da lei de Israel aos
cristãos de origem judaica, divergindo, no entanto, quanto à sua aplicação aos
gentios, convertidos ao Cristianismo.
• O Evangelho do Divino Mestre ainda encontrará, por algum tempo, a resistência
das trevas. A má-fé, a ignorância, a simonia, o império da força conspirarão
contra ele, mas tempo virá em que a sua ascendência será reconhecida.
Emmanuel: Emmanuel, cap. II.
A IGREJA CRISTÃ PRIMITIVA
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Introdução
A palavra “igreja” (do grego ekklesia e do latim ecclesia). Significa uma
assembléia que se reúne por força de uma convocação.
De uso especificamente cristão, adotado pelas comunidades cristãs logo no seu início, o
termo “igreja” certamente queria dizer mais do que “reunião”, uma vez que assinalava a
diferença entre os adeptos que viam Jesus como Messias, e os judeus que não o aceitavam.
O vocábulo relacionava-se com expressões do AntigoTestamento, sobretudo com
a palavra hebraica “gahal” (assembléia, congregação, multidão), que a versão grega dos
setenta (a septuaginta) traduz quase sempre para ekklesia. 2
A palavra ekklesia, porém, tem origem no Judaismo.
No Novo Testamento, onde ocorre cerca de 114 vezes (das quais 65 nas epístolas de são
Paulo), mostra a sua correlação histórica e lingüística com o judaísmo; a sua freqüência,
porém, corresponde ao desenvolvimento próprio e original de uma nova instituição —
cujo ponto de referência é agora Jesus de Nazaré, chamado o Cristo —, significa uma
ruptura com uma situação anterior [...]. De modo geral, a ekklesia para o Novo Testamento
foi essencialmente a vivência da fé dos primeiros grupos cristãos. Trata-se, no
início, de expressar a unidade no amor em vista da instauração do reino e do advento
iminente do Senhor. Cada igreja primitiva institucionalizava-se progressivamente em
função de condições concretas, em grande parte de significado local [...]. 2
É nítida a mudança de conceito de igreja nas epístolas de Paulo, indo
desde o significado elementar de assembléia ou reunião, evoluindo para o de
comunidade ou grupo, de forma concreta, até chegar ao sentido teológico de
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 22
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 22 - A igreja cristã primitiva
que Cristo é a cabeça do corpo que é a própria Igreja. (Epístola aos Colossenses,
1:18, 24).
Em Mateus, o conceito de uma Igreja estruturada parece evidente e é coerente com a “teologia
do povo” elaborada pelo evangelista. A idéia de ruptura com a oficialidade judaica
está claramente expressa na parábola dos viticultores homicidas. 2 (Mateus, 21:33-45)
Neste aspecto, a expressão o “reino dos céus” é retirado de um povo — o
judeu — e entregue a uma nova humanidade, formada de judeus e gentios.
João utiliza a palavra igreja de maneira diversa em seus escritos (evangelho,
epístolas e apocalipse). Apresenta um significado simbólico, mais espiritualizado,
de união com Jesus. Os cristãos são, para o apóstolo, testemunhas da mensagem
do Cristo. Somente em Atos dos Apóstolos iremos encontrar a palavra
igreja no sentido de um grupo de pessoas que se reúnem e que professam a fé
cristã. (Atos dos Apóstolos, 6:1-6; 15:22)
1. A igreja primitiva
A igreja primitiva começa com a fundação da igreja de Jerusalém, após o
pentecostes; abrange, em seguida, o trabalho realizado pelos doze apóstolos e
seus discípulos na difusão do Cristianismo, inclusive as atividades desenvolvidas
por Paulo; atravessa o período de grandes provações que os cristãos sofreram
durante a perseguição do estado imperial romano e se completa no início da
Idade Média com a constituição da igreja apostólica romana (Ocidental) e a
ortodoxa (Oriental).
A era apostólica é obscura, pois não há muitas informações a respeito. De
concreto, temos as informações de Lucas, inseridas em Atos dos Apóstolos.
A documentação existente sobre a igreja primitiva focaliza dois personagens:
Pedro e Paulo. Inegavelmente, muitas das informações que chegaram até nós
deve-se ao trabalho de Paulo. Percebe-se que, desde a constituição das primeiras
comunidades, as divergências entre os adeptos foram marcantes. Construíram
grupos separados e, muitos deles, rivais.
Logo após o martírio de Estevão a relativa paz dos cristãos foi perturbada por uma cruel
perseguição movida por Herodes Agripa I, em 44 d.C. O apóstolo Tiago foi decapitado,
enquanto Pedro era preso, o que o levou, posteriormente, a afastar-se de Jerusalém [...]. 3
Há fortes evidências de que tanto Pedro quanto Paulo tenham sido mar330
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
tirizados em Roma, na época de Nero, na grande perseguição ocorrida no ano
64. No ano 100 morre o apóstolo João, possivelmente.
Desde a fundação da igreja primitiva, em Jerusalém, percebe-se a existência
de dois partidos religiosos.
Ambos aceitavam a aplicação da lei de Israel aos cristãos de origem judaica, divergindo
quanto à sua aplicação aos conversos do paganismo. Paulo afirmava que os cristãosgentios
deviam gozar de liberdade quanto à lei antiga, uma vez que não estavam a ela
obrigados. Tal problema, que se torna mais agudo com o estabelecimento da Igreja em
Antioquia, em Chipre e na Galácia, provocou a interferência do apóstolo Paulo, que se
reuniu com os líderes da Igreja em Jerusalém, onde se realizou um Concílio, de que não
resultaram possibilidades de acordo. Paulo, favorável a um cristianismo não-legalista,
passa a trabalhar em favor de uma Igreja universal, tornando-se um fundador de uma
teologia cristã. 3
Importa considerar que não existia, nos primeiros tempos do Cristianismo
nascente, uma coesão doutrinária entre os cristãos. As primeiras pregações
caracterizavam-se por depoimentos sobre a pessoa e os ensinamentos do Cristo.
Com a crucificação e ressurreição de Jesus, surge um novo elemento doutrinário:
o espírito santo, manifestado no dia de pentecostes. (Atos dos Apóstolos,
4,8-12) Com o pentecostes, começa, então, a expansão do Cristianismo para
o mundo pagão, a partir do foco inicial de Jerusalém. Os principais eventos
dessa expansão podem ser resumidos em dois:
• Fundação em Antioquia (Síria) de uma nova comunidade que acabou
por se transformar em um centro de divulgação da religião helenista, base da
organização da futura Igreja Católica Ortodoxa (Oriental). Foi nessa igreja que,
pela primeira vez, os galileus (Atos dos Apóstolos, 1:11) ou nazarenos (Atos
dos Apóstolos, 24:5) foram chamados de cristãos.
• Constituição do Cristianismo, em Roma, pelos judeus da diáspora
presentes aos acontecimentos de pentecostes. (Atos dos Apóstolos, 2:10)
No primeiro século da cristandade os conquistadores romanos não
fazem diferença entre cristãos e judeus, porém, quando começam a ter essa
percepção, institucionalizam as perseguições. Desta forma, a vida do cristão
se revelou muito difícil, uma vez que a nova religião era perseguida tanto por
judeus — que viam no Cristianismo uma grande ameaça aos privilégios dos
doutores da lei judaica — quanto pelos romanos, que não conseguiam aceitar
uma religião que pregava a liberdade, o respeito à dignidade do ser humano e

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
o amor e o perdão como regras de conduta moral.
As classes mais abastadas não podiam tolerar semelhantes princípios de igualdade, quais
os que preconizavam as lições do Nazareno, considerados como postulados de covardia
moral, incompatíveis com a orgulhosa filosofia do Império, e é assim que vemos os cristãos
sofrendo os martírios da primeira perseguição, iniciada no reinado de Nero de tão
dolorosas quão terríveis lembranças. 7
Os cristãos, em conseqüência, passaram a viver longos períodos de tempo
às escondidas, mas preservando a união entre eles. Possuíam um sentimento
de irmandade, caridade e fé, inegavelmente muito maior do que se percebe no
cristão de hoje.
2. Os pais da Igreja
“Pais” ou “padres” foram, na Antigüidade, os guardiões da mensagem
cristã. Mais tarde, a expressão foi substituída por “patriarcas” e, na Idade Média,
por “doutores da Igreja”.
2.1 – Os pais apostólicos
São representados pelos doze apóstolos e por dedicados discípulos de Jesus,
como Paulo e Lucas. Historicamente, abrange os anos do primeiro século
da Era Cristã, de 30 a 100, fechando, possivelmente, com a morte de João, em
Éfeso, o último dos apóstolos a retornar ao mundo espiritual. As principais
características deste período são a difusão do Cristianismo e a construção da
igreja cristã. Além dos apóstolos, destaca-se, no Ocidente, a figura de Clemente
de Roma, e no Oriente, as de Inácio, Policarpo, Barnabé, Papias e Hermas.
Surge o Didaquê, uma espécie de catecismo, com prescrições litúrgicas para
o batismo, preceitos sobre o jejum, a oração e o dia de domingo. A tradição
apostólica de Hipólito, também deste período, trata dos ofícios e ministérios
na comunidade, como eleição e sagração de bispos e ordenação de presbíteros
e diáconos. 6
2.2 - Os apologistas
Compreende o período de 120 a 220 da Era Cristã, segundo e terceiro
séculos, respectivamente. Os apologistas foram pensadores cristãos que se
dedicavam à tarefa de escrever apologias do Cristianismo, com o intuito de
defendê-lo. Era preciso, nessa época, defender a doutrina cristã nascente de três
correntes distintas, que lhe faziam oposição: a religião judaica, o estado romano
332
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita

EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
e a filosofia pagã. Contra os judeus, era necessário afirmar, argumentativamente,
o messianismo de Jesus Cristo. Contra os romanos, era preciso convencer
o imperador quanto ao direito de legalização da prática do Cristianismo dentro
do Império, e contra os filósofos pagãos, a tarefa dos apologistas era a de
apresentar a religião cristã como uma verdade total, ao contrário dos erros ou
verdades parciais presentes, segundo esses autores, na filosofia helenística. Os
apologistas criaram um tipo de literatura denominada apologética, de cunho
científico e filosófico. Tertuliano se destaca, no Ocidente. Justino, o Mártir,
Taciano, Teófilo, Aristides e Atenágoras, no Oriente. 6
2.3 – Os polemistas
Os polemistas defendiam as idéias cristãs contra as várias doutrinas que
marcaram o período compreendido entre os anos 180 e 250 d.C. A principal
doutrina combatida por eles foi o gnosticismo, interpretação filosófica que
tem como base os ensinamentos de filósofos gregos, especialmente os neoplatônicos.
O gnosticismo se desenvolveu em mais de 30 sistemas diferentes,
mas quase todos eles tratam da oposição entre fé e razão, misturando conceitos
da filosofia grega com preceitos da cultura oriental e do Cristianismo. Os
polemistas mais proeminentes pertenciam à Escola de Alexandria, tais como:
Atanásio, Basílio de Cesaréia e Cirilo. 6
2.4 - Os teólogos científicos
Os teólogos científicos aparecem no quarto século (325 - 460) e têm a
intenção de explicar a Bíblia por meio da Ciência. Parece ser a primeira tentativa
de unir a Religião e a Ciência, ou a fé à razão. Os temas Deus, criação
dos seres, dos Espíritos e do universo são estudados de forma racional. São
vultos proeminentes deste grupo: no Ocidente, Jerônimo, Ambrósio e Agostinho.
No Oriente, Crisóstomo e Teodoro. Em Alexandria, Atanásio, Basílio
de Cesaréia e Cirilo. 6
3. Deturpações na mensagem cristã
Se, por um lado a integração do Cristianismo ao Estado livrara os cristãos
das perseguições, por outro obrigava a Igreja Cristã a fazer concessões
políticas que, como sabemos, se responsabilizaram pela desconfiguração da
mensagem cristã.
As fronteiras ideológicas do Cristianismo tornavam-se frágeis e se diluíam em tendências

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EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
heterogêneas. Estas, ao se afirmarem, criaram uma confrontação inevitável entre as múltiplas
interpretações doutrinárias e as várias tradições cristãs. Como todas as correntes
reivindicavam a legitimidade apostólica, tratava-se de definir o que estaria de acordo
ou contra a pregação tradicional dos Apóstolos. Essa confrontação veio a caracterizar a
divisão entre elementos ortodoxos e heterodoxos no pensamento cristão elaborado. 6
No final do século I, a própria constituição da Igreja modificara-se substancialmente
e as primeiras formas litúrgicas aparecem, assim como o ascetismo
e o legalismo. Nesse mesmo período, a Igreja estava presente na Ásia Menor,
na Síria, na Macedônia, na Grécia, em Roma e talvez no Egito. Se por um lado
o Cristianismo se expandia geograficamente através da vivência das igrejas
organizadas, por outro perdia em profundidade [...]. 4
O ascetismo, entendido como uma prática filosófica ou religiosa, de desprezo
ao corpo e às sensações corporais, e que tende a assegurar, pelos sofrimentos
físicos, o triunfo do Espírito sobre os instintos e as paixões, revelou-se
como uma forma deprimente de viver o Cristianismo. O ascetismo, surgido
na igreja primitiva, serviu de base para o monasticismo, estabelecido nos
séculos posteriores. «Por trás do movimento monástico, achava-se o zeloso
cristão empenhando-se fervorosamente para conseguir a união de sua alma
com Deus [...].» 5
O ascetismo preconizava, e preconiza, uma vida solitária, de completa
renúncia às atividades existentes no mundo material, e aceitação voluntária
de privações e sofrimentos.
O [...] impulso para o ascetismo e o monasticismo não é peculiar ao Cristianismo [igrejas
cristãs]. Aparece em outras religiões, tanto antes como depois do tempo de Cristo, e entre
alguns indivíduos que não professam qualquer religião. No terceiro e quarto séculos,
outras influências deram acrescida força ao impulso para o ascetismo e o monasticismo
e levaram esses ideais a uma realização prática. Uma delas foi a influência das filosofias
dualistas do gnosticismo e do neoplatonismo [...]. 5
O legalismo é definido como um conjunto de regras ou preceitos rigorosos
que contrariam a vivência pura e simples de qualquer interpretação religiosa,
inclusive a cristã. O legalismo, em qualquer época, representa uma forma de
escravidão, que conduz ao fanatismo, e, sobretudo, afasta o homem da prática
da caridade. A seguinte passagem do Evangelho mostra o que Jesus tinha a
dizer sobre o legalismo judaico: “partindo dali, entrou na sinagoga deles. Ora,
ali estava um homem com a mão atrofiada. Então lhe perguntaram, afim de
acusá-lo: é lícito curar nos sábados?” Jesus respondeu: “quem haverá dentre

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EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
vós que, tendo uma ovelha, e caindo ela numa cova em dia de sábado, não vai
apanhá-la e tirá-la dali? Ora, um homem vale muito mais do que uma ovelha!
Logo, é lícito fazer bem aos sábados.” (Mateus 12:9-12)
A hegemonia da Igreja de Roma, em relação à de Constantinopla, concedeu
àquela poder suficiente para se transformar numa monarquia papal. Se
na Idade Antiga os principais acontecimentos da história da Igreja se deram
no Mediterrâneo e no Oriente, na Idade Média os centros mais importantes
localizam-se na Itália, França, Inglaterra e Alemanha. A razão histórica é a
invasão islâmica no mediterrâneo e a adoção do Cristianismo pelos povos
germânicos e eslavos.
Em conseqüência, surgem no campo doutrinário sérias deturpações da
mensagem cristã pela incorporação de rituais pagãos, de preceitos filosóficos
e de deliberações conciliares, de natureza cada vez mais políticas e menos
evangélicas. Os principais desvios ocorridos na igreja primitiva foram:
• Trindade divina: é uma crença de que Deus é formado por uma trindade
representada como o Pai, o Filho e o Espírito Santo, sendo cada uma expressão
da perfeição.
• A natureza divina e humana de Jesus: como homem, Jesus era filho de
uma virgem e padeceu os martírios da crucificação. Como Deus, ofereceu-se
em sacrifício para redimir os homens dos seus pecados.
• Fora da Igreja não há salvação: todos os cristãos são membros de uma só
Igreja, que está sob a guarda divina. Revela nítido conflito com o ensinamento
de Jesus, fielmente interpretado por Paulo: “fora da caridade não há salvação.”
(ICoríntios, 13:1-7,13)
Enquanto a máxima — Fora da caridade não há salvação — assenta num princípio
universal e abre a todos os filhos de Deus acesso à suprema felicidade, o dogma — Fora
da Igreja não há salvação — se estriba, não na fé fundamental em Deus e na imortalidade
da alma, fé comum a todas as religiões, porém “numa fé especial”, em “dogmas
particulares”; é exclusivo e absoluto. Longe de unir os filhos de Deus, separa-os; em vez
de incitá-los ao amor de seus irmãos, alimenta e sanciona a irritação entre sectários dos
diferentes cultos [...]. 1
Emmanuel conclui, destacando o sublime consolo que a Humanidade
encontra no Evangelho de Jesus.

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
O Evangelho do Divino Mestre ainda encontrará, por algum tempo, a resistência das
trevas. A má-fé, a ignorância, a simonia, o império da força conspirarão contra ele, mas
tempo virá em que a sua ascendência será reconhecida. Nos dias de flagelo e de provações
coletivas, é para a sua luz eterna que a Humanidade se voltará, tomada de esperança.
Então, novamente se ouvirão as palavras benditas do Sermão da Montanha e, através das
planícies, dos montes e dos vales, o homem conhecerá o caminho, a verdade e a vida. 8
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon
Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 15, item 8, p. 270-280.
2. ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. Enccyclopaedia Britannica
do Brasil Publicações Ltda. São Paulo, 1995. Vol. 11, p.5961.
3. ______. p. 5962.
4. ______. p. 5963.
5. http://www.espirito.org.br/portal/artigos/geae/historia-do-cristianismo-08.
html
6. http://www.igrejahttp://www.sepoangol.org/biogra-p.htm
7. XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel.
32, ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 15 (A evolução do cristianismo),
item: Os mártires, p.134.
8. ______. Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2005. Cap. 2 (A ascendência do evangelho), item: o Evangelho e o futuro,
p. 28.
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João

sábado, 23 de março de 2013

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita Livro I - Roteiro 5-Módulo 2 "Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos

CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• E, Chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os Espíritos imundos,
para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal. Ora, os
nomes dos doze apóstolos são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro, e André,
seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé
e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o zelote, e Judas
Iscariotes, aquele que o traiu. Mateus, 10:1-4
• Jesus enviou esses doze com estas recomendações: Não ireis pelo caminho
das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide, antes, às ovelhas
perdidas da casa de Israel; e, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos céus.
Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios;
de graça recebestes, de graça dai. Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em
vossos cintos; nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias,
nem bordão, porque digno é o operário do seu alimento. E, em qualquer cidade
ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno e hospedai-vos
aí até que vos retireis. E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; e, se a casa
for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a
vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo
daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que, no
Dia do Juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para
aquela cidade. Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede
prudentes como as serpentes e símplices como as pombas. Mateus, 10:5-16
OS APÓSTOLOS DE JESUS. A MISSÃO
DOS DOZE APÓSTOLOSEstudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. O colégio apostolar
No cumprimento de sua missão, Jesus contou com a colaboração dos
apóstolos e de outros discípulos. Apóstolo é uma palavra derivada do grego
que significa enviado. Discípulo é um vocábulo de origem latina que significa
aluno. Jesus escolheu doze apóstolos e os enviou a diversos lugares para pregarem
a Boa Nova (Evangelho). Contou também com o apoio direto de cerca
de setenta discípulos.
Jesus chamou a equipe dos apóstolos que lhe asseguraram cobertura à obra redentora,
não para incensar-se e nem para encerrá-los em torre de marfim, mas para erguê-los à
condição de amigos fiéis, capazes de abençoar, confortar, instruir e servir ao povo que,
em todas as latitudes da Terra, lhe constitui a amorosa família do coração. 32
A missão de Jesus, propriamente dita, começa com a organização do seu
colégio apostolar. O evangelho de Mateus relata: “E Jesus, andando junto ao
mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais
lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após
mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles, deixando logo as redes,
seguiram-no. E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de
Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com Zebedeu, seu pai, consertando
as redes; e chamou-os.
Eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.” (Mateus,
4:18-22)
Lucas nos esclarece que Levi ofereceu-lhe, após o convite, então uma
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 5
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
grande festa em sua casa, e com eles estava à mesa numerosa multidão de publicanos
e outras pessoas. (Lucas, 5:29)
O evangelista Marcos informa que, terminada a refeição, Jesus faz um
debate sobre o jejum; alerta sobre a inconveniência de colocar remendo novo
em roupa velha, ou vinho novo em odres velhos; explica que o sábado foi feito
para o homem, e não o homem para o sábado, e cura um homem de mão atrofiada.
Diante desses fatos, uma grande multidão passa a segui-lo, chamando-o
filho de Deus. Marcos nos fala também que, depois, Jesus “subiu à montanha, e
chamou a si os que ele queria, e eles foram até ele. E constituiu Doze para que
ficassem com ele, para enviá-los a pregar, e terem autoridade para expulsar os
demônios [Espíritos maléficos]. Ele constitui, pois, os Doze, e impôs a Simão o
nome de Pedro; a Tiago, o filho de Zebedeu, e a João, o irmão de Tiago, impôs o
nome de Boanerges, isto é, filhos do trovão; depois André, Filipe, Bartolomeu,
Tiago, o filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o zelota, e Judas Iscariotes, aquele que
o traiu.” (Marcos, 2:18-27; e 3, 1-19)
2. A missão dos apóstolos
De conformidade com a narrativa de Mateus, as recomendações iniciais
do Messias definem a ação que os discípulos deveriam executar.
— Amados – entrou Jesus a dizer-lhes, com mansidão extrema –, não tomareis o caminho
largo por onde anda tanta gente, levada pelos interesses fáceis e inferiores; buscareis
a estrada escabrosa e estreita dos sacrifícios pelo bem de todos. Também não penetrareis
nos centros das discussões estéreis, à moda dos samaritanos, nos das contendas que nada
aproveitam às edificações do verdadeiro reino nos corações com sincero esforço. Ide antes
em busca das ovelhas perdidas da casa de nosso Pai que se encontram em aflição e voluntariamente
desterradas de seu divino amor. Reuni convosco todos os que se encontram de
coração angustiado e dizei-lhes, de minha parte, que é chegado o reino de Deus.
Trabalhai em curar os enfermos. Limpai os leprosos, ressuscitai os que estão mortos nas
sombras do crime ou das desilusões ingratas do mundo, esclarecei todos os espíritos que
se encontram em trevas, dando de graça o que de graça vos é concedido.
Não exibais ouro ou prata em vossas vestimentas porque o reino dos céus reserva os
mais belos tesouros aos simples. Não ajunteis o supérfluo em alforjes [...] porque digno
é o operário do seu sustento. Em qualquer cidade ou aldeia onde entrardes, buscai saber
quem deseja aí os bens do céu [...]. Quando penetrardes em uma casa, saudai-a com amor.
[...] Se ninguém vos receber, nem desejar ouvir as vossas instruções, retirai-vos [...], sem
conservardes nenhum rancor e sem vos contaminardes da alheia iniquidade [...].
Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos, recomendando-vos a simplicidade das
pombas e a prudência do coração. Acautelai-vos, pois, dos homens, nossos irmãos, por118
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
que sereis entregues aos seus tribunais e sereis açoitados nos seus templos suntuosos,
de onde está exilada a idéia de Deus.[...] Mas, nos dias dolorosos da humilhação, não
vos dê cuidado como haveis de falar, porque minha palavra estará convosco e sereis
inspirados, quanto ao que houverdes de dizer. Porque não somos nós que falamos; o
espírito amoroso de Nosso Pai é que fala em todos nós. 27
3. Dados biográficos dos apóstolos
André - Mencionado em Mateus, 4:18; 10:2; Marcos, 3:18; Lucas, 6:14;
João, 1:40; Atos dos Apóstolos, 1:13. Irmão de Pedro.
Como Pedro ou Simão Barjona era filho de Jona, também seria André, a menos que
ocorra uma das hipóteses: parente ou irmão por parte de mãe. Investigações de filiação
materna carecem de apoio, pois nem sempre textos bíblicos retiram a mulher da penumbra,
conservando anônimas a sogra de Pedro, a mãe dos filhos de Zebedeu, a mãe
dos Macabeus etc. Pescador; integrante do grupo inicialmente convocado, isto é, um
dos primeiros, entre os doze. 9
Em geral, aceita-se que André era irmão de Pedro. Não existem dúvidas
a respeito.
A sua atitude, durante toda a vida de Jesus, foi de ouvir o Mestre, observar os seus atos,
estudar os seus preceitos, seguindo-O sempre por toda parte. A não ser certa vez que
saiu com outro companheiro para pregar a Boa Nova ao mundo, segundo ordem que o
Mestre deu aos doze, nenhuma outra ação aparece de André, enquanto Jesus se achava
na Terra. 21
Poucas são as referências sobre André nas escrituras. Ele se destaca, porém,
por ser um dos primeiros a fazer parte do colégio apostolar.
Embora menos proeminente que seu irmão (Pedro), André está presente ao milagre
da multiplicação dos pães de Jesus e à fala apocalíptica do Monte das Oliveiras. [...] De
acordo com a tradição medieval tardia, André foi martirizado pela crucificação numa
cruz em forma de xis, que mais tarde aparece na bandeira da Grã-Bretanha representando
a Escócia, de que André é o padroeiro. 6
Celebrado pela tradição ortodoxa grega como Protocletos (o primeiro a
ser chamado) dentre os doze [João,1:40], André cujo nome significa varonil,
nasceu em Betsaida Julias, às margens do Mar da Galiléia.2 Antes de seguir
o Mestre, era discípulo de João Batista. «Aparentemente André ocupava-se
mais dos assuntos da alma do que propriamente de suas pescarias, tanto que
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolosEstudo Aprofundado da Doutrina Espírita
abandonou suas redes para seguir os passos de João Batista.» 3 Segundo o historiador
Eusébio (História Eclesiástica III), André teria desenvolvido extenso
apostolado na Palestina, Ásia Menor, Macedônia, Grécia e regiões próximas
do Cáucaso. As antigas narrativas indicam que, supostamente, se encontram
em Patras, cidade grega, os restos mortais do apóstolo, guardados numa igreja
ortodoxa grega. 3
Bartolomeu - Mencionado em Mateus, 10:3; Marcos, 3:18; Lucas, 6:14;
Atos dos Apóstolos, 1:13. É possível que Bartolomeu tenha nascido na cidade
de Caná da Galiléia. 21, 27
«Se Bartolomeu quer dizer filho de Ptolomeu (Bar-Ptolomeu), temos pelo
menos presumível filiação [...]. Não se comprova nitidamente que o apóstolo
se chamasse Natanael Bartolomeu. O nome de Natanael aparece em João sem
indicações (1:45 a 51) e como “discípulo”, originário de “Caná da Galiléia”
(21:2)10.» A origem familiar de Bartolomeu permanece, entretanto, obscura.
Alguns escritores cristãos primitivos informam que o apóstolo seria descendente
da família Naftali, embora outros autores, como São Jerônimo, acreditem que
ele seja descendente dos Talmai, rei de Gesur. (2, Salomão, 3:3)
Como a maior parte dos discípulos, Bartolomeu parece ter sido um homem profundamente
sintonizado com as expectativas messiânicas de sua época. O notável testemunho
de Jesus a seu respeito (João, 1:47) deixa transparecer o perfil de alguém que serviu a Lei
e aos profetas não apenas para orientar suas esperanças na gloria de Israel, mas também
para desenvolver em seu íntimo uma espiritualidade frutífera, determinada pelas diretrizes
da sabedoria divina, sobre o qual comenta o apóstolo Tiago. 1 (Tiago, 3:7)
O seguinte relato de João, que Filipe teria falado sobre Jesus a Bartolomeu
(ou Natanael), apresentando-o, posteriormente, ao Mestre: Temos achado
aquele, de quem escreveu Moisés na Lei, e de quem falaram os Profetas, Jesus
de Nazaré, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair coisa
que seja boa? Respondeu Filipe: Vem e vê. Jesus vendo aproximar-se Natanael,
disse: Antes de Filipe chamar-te, eu vi, quando estavas debaixo da figueira.
Replicou-lhe Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel.
Disse-lhe Jesus: Por eu te ver debaixo da figueira, crês? Maiores coisas do que
esta verás. E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o Céu
aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem. Natanael,
após esse encontro com o Mestre, O seguia, tornando-se um dos seus
discípulos. 22
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Há indicações de que o apóstolo teria «pregado o Evangelho na Arábia,
na Pérsia (atual Iraque), na Etiópia e depois na Índia, donde regressou para
Liacônia, passando depois a outros países.» 21 Conta-se que, ao desenvolver o
trabalho apostolar na Armênia, junto do Mar Negro, teria sido esfolado vivo,
antes de morrer.
Filipe - Aparece rapidamente nos Evangelhos, não nos deixando muitas
informações sobre ele. As referências evangélicas sobre o apóstolo são as seguintes:
Mateus, 10:3; Marcos, 3:18; Lucas, 6:14; João, 1:40; Atos dos Apóstolos,
1:13. É citado também nos Atos dos Apóstolos, 21:1-9, quando Paulo e Lucas o
encontram na cidade de Cesaréia, juntamente com as suas quatro filhas, todas
possuidoras da mediunidade de profecia.
Nasceu em Betsaida, Galiléia. Era pescador. «Depois do desencarne do
Mestre ficou em Jerusalém até a dispersão dos Apóstolos, indo, segundo a tradição,
pregar o Evangelho na Frígia, recanto da Ásia Menor, ao sul de Bitinia.
Foi Filipe que apresentou a Jesus Natanael (Bartolomeu), um homem ilustre
e de caráter lapidado que residia na Galiléia.» 22 Parece que evangelizou na
Ituréia, reunindo-se a André, no mar Negro, sendo morto, já muito idoso, na
Frigia, em Hierápolis.
Há uma lenda que vincula o apóstolo Filipe à França. Alguns escritores
cristãos do passado falam da presença de Filipe na Gália (antigo nome da
França). Um deles é Isidoro, Bispo de Sevilha, que, entre os anos 600 e 636
d.C., escreveu, em seu livro De Ortu et Orbitu Patrum, cap. 73:
Filipe, de Betsaida, de onde também provinha Pedro, apregoou Cristo nas Gálias e nas
nações vizinhas, trazendo seus bárbaros, que estavam em trevas, à luz do entendimento
e ao porto da fé. Mais tarde, foi apedrejado, crucificado e morto em Hierápolis, uma
cidade da Frígia, onde foi sepultado de cabeça para baixo, ao lado de suas filhas. 5
Filipe era muito ligado aos apóstolos Bartolomeu, João, Pedro e Tiago
Maior (os três últimos apóstolos formavam uma espécie de estado-maior do
colégio apostolar).
É importante não confundir Filipe, um dos doze apóstolos, com Filipe, o
evangelista, companheiro de Paulo de Tarso.
Este [...] não compunha o rol dos doze discípulos, entra em cena num momento em
que a Igreja de Jerusalém se debate com a delicada questão da discriminação sofrida
por judeus-cristãos, de língua grega e provenientes da Diáspora, também conhecidos
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
como helenistas. [...] Diante da possibilidade de uma divisão sem precedentes, os doze
[apóstolos] sugeriram à congregação local a escolha de sete varões cheios de Espírito
Santo e de sabedoria, que pudessem solucionar aquela questão de cunho administrativo,
enquanto eles próprios se dedicariam ao ensino e a pregação da Palavra. 4
Dessa forma, Filipe, assim como Estevão e mais cinco judeus da Dispersão
(Diáspora) ficaram responsáveis pelas tarefas administrativas da congregação
(Atos dos Apóstolos, 6:5; 8:5-40 e 21:8-9).
Os [...] necessitados que procuravam valer-se da obra assistencial dos discípulos [...]. O
serviço de cada dia consistia não só nas pregações evangélicas mas também na distribuição
de sopa e alimentos aos pobres, dentre os quais dedicavam especial atenção às
viúvas desamparadas. 19
O apóstolo Filipe deve também ser distinguido de Filipe, o Tetrarca.
(Lucas, 3:1)
João ou João Evangelista - São referências evangélicas sobre o apóstolo:
Mateus, 4:21, 10:3; Marcos, 3:17; Lucas, 6:14; Atos dos Apóstolos, 1:13. Era filho
de Zebedeu e irmão de Tiago, o maior. Sua mãe, Salomé, é citada duas vezes,
uma em Marcos(15:40 e 16:1), outra em Mateus (20:20 e 27:56).
Alguns estudiosos suspeitam que Salomé tenha sido irmã de Maria Santíssima
(João,19:25). Dessa forma, Jesus seria primo dos filhos de Zebedeu,
explicando, em parte, a fraterna intimidade fraterna existente entre eles. Nasceu
em Betsaida, na Galiléia. É autor do quarto Evangelho, de três cartas destinadas
aos cristãos e do livro Apocalipse. O seu Evangelho difere dos outros três,
chamados sinópticos ou semelhantes, porque a narrativa de João enfoca mais o
aspecto espiritual da mensagem de Jesus. João considera-se o discípulo amado
(João, 13:23; 20:2 e 26; 21:7 e 20), afirmação admissível, se generalizada.
Era muito jovem à época do Mestre, e, na crucificação, foi designado por
Jesus para tomar conta de Maria. João viveu o final de sua existência em Éfeso,
onde teria escrito o seu evangelho e as suas epístolas. Durante o governo do
imperador romano Domiciano, foi exilado na ilha de Patmos, escrevendo aí o
Apocalipse. Morreu idoso, tomando conta da igreja que ali existia, possivelmente
no ano 100 da Era Cristã. João e seu irmão Tiago Maior foram chamados por
Jesus de Boanerges (filhos do trovão). Integrava o núcleo inicialmente convocado
por Jesus, participando destacadamente, junto a Tiago maior e a Pedro,
do principal grupo do colégio apostolar. 11, 26
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Judas Iscariote ou Iscariotes - Referências evangélicas sobre o apóstolo:
Mateus, 10:4; Marcos, 3:19; Lucas, 6:16; João, 12:4; Atos dos Apóstolos, 1:16.
Originário de Kerioth (ou Carioth), localidade da Judéia, era filho de Simão
Iscariote (João, 13:2). Era comerciante de pequeno negócio, em Cafarnaum.
Segundo as tradições, este apóstolo foi designado para cuidar do dinheiro comum
(espécie de tesoureiro) do colégio apostolar, «[...] cujos escassos recursos
se destinavam a esmolas. Transportava o saco alongado (bolsa), que habitualmente
israelitas atavam à cinta, para recolher pecúnia.» 12 (João, 12:6; 13:29)
Judas deixou-se conduzir pela [...] embriaguês de seus sonhos ilusórios. Entregaria o
Mestre aos homens do poder, em troca de sua nomeação oficial para dirigir a atividade
dos companheiros. Teria autoridade e privilégios políticos. Satisfaria às suas ambições,
aparentemente justas, com o fim de organizar a vitória cristã no seio de seu povo. Depois
de atingir o alto cargo com que contava, libertaria Jesus e lhe dirigiria os dons espirituais,
de modo a utilizá-los para a conversão de seus amigos e protetores prestigiosos.
O Mestre, a seu ver, era demasiadamente humilde e generoso para vencer sozinho, por
entre a maldade e a violência. 28
Judas representa o tipo de pessoa preocupada com a vida material.
Não obstante amoroso, Judas era, muita vez, estouvado e inquieto. Apaixonara-se
pelos ideais do Messias, e, embora esposasse os novos princípios, em muitas ocasiões
surpreendia-se em choque contra ele. Sentia-se dono da Boa Nova e, pelo desvairado
apego a Jesus, quase sempre lhe tomava a dianteira nas deliberações importantes. Foi
assim que organizou a primeira bolsa de fundos da comunhão apostólica e, obediente
aos mesmos impulsos, julgou servir à grande causa que abraçara, aceitando perigosa
cilada que redundou na prisão do Mestre. 31
Ao presenciar o sofrimento de Jesus, durante a prisão e posterior crucificação,
o apóstolo entendeu, tardiamente, o seu lamentável equívoco. «De longe,
Judas contemplou todas as cenas angustiosas e humilhantes do Calvário. Atroz
remorso lhe pungia a consciência dilacerada. Lágrimas ardentes lhe rolavam
dos olhos tristes e amortecidos. Malgrados à vaidade que o perdera, ele amava
imensamente o Messias.» 29
Desse momento em diante é que Judas começou a entender o caráter essencialmente
espiritual da missão de Jesus. E sinceramente arrependido, confessa publicamente o
seu crime. Mas era tarde. O Mestre já estava nas mãos de seus algozes, os quais eram
inflexíveis. O suicídio de Judas (acontecido em seguida à condenação de Jesus) lhe custou
séculos de sofrimentos nas zonas inferiores no mundo espiritual, porque tentou corrigir
um erro com outro erro. Todavia, ajudado espiritualmente por Jesus e seus companhei-
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
ros de apostolado, depois de inúmeras reencarnações na Terra, dedicadas ao trabalho
de fazer triunfar o Evangelho, Judas conseguiu reabilitar-se; e hoje está irmanado com
Jesus em sua tarefa esplendorosa. 18 (Mateus, 27:1-10)
Entregue a profundo remorso, Judas Iscariotes suicida quando percebe
que a crucificação de Jesus seria irreversível. «Matias foi o substituto de Judas
Iscariote no apostolado. Nada sabemos nos primeiros tempos sobre Matias,
senão que ele foi um dos setenta e dois discípulos que o Senhor enviou, dois a
dois, adiante de si a todas as cidades e lugares que pretendia visitar.» 25
Judas Tadeu ou Tadeu - Referências evangélicas sobre o apóstolo:
Mateus,10:3; Marcos, 3:18; João, 14:22; Lucas, 6:16; Atos dos Apóstolos, 1:13.
É um dos doze citados nominalmente por Mateus e Marcos. Há indicações
de que ele seria «[...] também filho de Alfeu e de Cleofas (parenta de Maria
Santíssima), sendo, portanto, irmão de Levi (Mateus) e de Tiago Menor. A
família Alfeu eram nazarenos e amavam Jesus desde a infância, sendo muitas
vezes chamados de os irmãos do Senhor.» 26
Judas é identificado pela tradição antiga como o autor da epístola de Judas, que foi escrita
a uma igreja ou grupo de igrejas desconhecido para combater o perigo representado por
certos mestres carismáticos que estavam pregando e praticando libertinagem moral. O
autor procura denunciar esses mestres como pessoas ímpias cuja condenação foi profetizada,
e insta seus leitores a preservar o evangelho apostólico vivendo segundo as suas
exigências morais. 7
Contam as tradições que trabalhou na Mesopotâmia e na Pérsia.
Mateus ou Levi - Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus, 10:3;
Marcos, 2:14; Lucas, 5:27 e 6:15; Atos dos Apóstolos, 1:13. Era filho de Alfeu e
de Cleofas, tendo como irmãos Tiago menor. Nasceu na Galiléia e era publicano
(cobrador de impostos). «Os publicanos, conquanto gente de representação
oficial, eram malvistos pelo povo, pois julgavam que extorquiam dinheiro dos
contribuintes. Por isso se enriqueciam.» 20
A escolha de Mateus, por Jesus, para compor o colégio apostolar provocou
murmurações. Denominavam-se publicanos, no império dos Césares, os empresários
de rendas públicas, membros da poderosa ordem dos cavaleiros (ordo
equester); dominada pelos romanos a Palestina, também nesta se intitularam
publicanos os cobradores de impostos, destinados ao patrimônio do invasor.
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
Era um símbolo de vassalagem, inconciliável com a noção de povo eleito. Em
linguagem atual, colaboracionismo com o vencedor. 13, 26
Escreveu o primeiro evangelho, no qual dá ênfase aos aspectos humano e
genealógico de Jesus. Pregou no norte da África, depois da morte do Mestre,
prosseguindo até a Etiópia, onde foi morto.
Pedro, Simão, Simão Pedro ou Cefas - Referências evangélicas sobre
o apóstolo: Mateus, 4:18 e 10:2; Marcos, 1:16 e 3:16; Lucas, 6:14 e 9:20; João,
1:40; Atos dos Apóstolos, 1:13.
Pescador em Cafarnaum, na Galiléia, era irmão do apóstolo André. (Mateus,
4:18; Lucas, 6:14; João, 1:40). Pedro, nome dado por Jesus, (Mateus, 4:18;
10:2) ou Cefas, são cognomes do apóstolo, palavras que significam pedra, em
grego e hebraico, respectivamente. João (1:40-42) chama-o de Simão Pedro.
É também conhecido como Simão Bar-Jonas, que significa Simão, filho de
Jonas (Mateus, 16:18). Em suas epístolas apenas se auto-intitula apóstolo ou
servo. Pedro, Tiago e João Evangelista faziam parte do círculo íntimo de Jesus,
participando dos mais importantes atos do Mestre. 14, 27
Pedro é muito lembrado pelo episódio, anunciado por Jesus, de que ele
o negaria por três vezes.
A negação de Pedro sempre constitui assunto de palpitante interesse nas comunidades do
Cristianismo. Enquadrar-se a queda moral do generoso amigo do Mestre num plano de
fatalidade? Por que se negaria Simão a cooperar com o Senhor em minutos tão difíceis?
Útil, nesse particular, é o exame de sua invigilância. O fracasso do amoroso pescador reside
aí dentro, na desatenção para com as advertências recebidas. Grande número de discípulos
modernos participam das mesmas negações, em razão de continuarem desatendendo.
Informa o Evangelho que, naquela hora de trabalhos supremos, Simão Pedro seguia o
Mestre “de longe”, ficou no “pátio do sumo-sacerdote”, e “assentou-se entre os criados”
deste, para “ver o fim”.
Leitura cuidadosa do texto esclarece-nos o entendimento e reconhecemos que, ainda
hoje, muitos amigos do Evangelho prosseguem caindo em suas aspirações e esperanças,
por acompanharem o Cristo a distância, receosos de perderem gratificações imediatistas;
quando chamados a testemunho importante, demoram-se nas vizinhanças da arena de
lutas redentoras, entre os servos das convenções utilitaristas, assentando binóculos de
exame, a fim de observarem como será o fim dos serviços alheios. 30
A dolorosa experiência de Pedro não se resume às perseguições que sofreu,
ou nas lutas que enfrentou na divulgação do Evangelho. Está, antes, relacionada
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
ao fato de ter negado Jesus. A tradição evangélica nos informa que, replicando
ao Mestre, Pedro lhe diz que seria capaz de dar a própria vida por ele. Ouvindo
essa afirmativa, observa o Cristo: — «Pedro, a tua inquietação se faz credora de
novos ensinamentos. A experiência te ensinará melhores conclusões, porque,
em verdade, te afirmo que esta noite o galo não cantará sem que me tenhas
negado por três vezes.» 26 (Mateus, 26: 69-75)
A teologia católica afirma ser Pedro o fundador da Igreja Cristã de Roma,
considerando-o o primeiro Papa. Simbolicamente pode-se admitir tal fato, porque,
em termos históricos, Pedro não a poderia ter fundado. Depois da morte
de Jesus, despontou como líder dos doze Apóstolos, aparecendo, praticamente,
em todas as narrativas evangélicas. Exerceu autoridade na recém-nascida
comunidade cristã, tendo apoiado a iniciativa de Paulo de Tarso de incluir os
não-judeus na fé cristã.
Foi morto em Roma, crucificado de cabeça para baixo, no ano de 64 d.C.,
durante a perseguição feita por Nero aos cristãos. A forma de crucificação do
apóstolo foi, segundo a tradição, escolhida por ele mesmo, que não se julgava
digno de morrer como Jesus morreu. Supõe-se que o seu túmulo se encontra
sob a catedral de São Pedro, no Vaticano.
Tiago Maior - Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus, 4:21 e
10:3; Marcos, 3:17; Lucas, 6:17; Atos dos Apóstolos, 1:13. Pescador, nascido
em Betsaida (Galiléia), irmão de João, o Evangelista, filho de Zebedeu, fazia
parte do círculo mais íntimo de Jesus. 27 Existem suposições, fundamentadas
nos textos de Lucas, 6:16 e dos Atos dos Apóstolos, 1:13, de que Tiago Maior
seja, também irmão de Judas Tadeu, por parte de mãe. 16
Quatro pessoas no Novo testamento têm o nome Tiago (grego Iakobos), que é uma de
duas formas gregas do nome hebraico Jacó (a outra sendo a simples transliteração Iakob).
Como Jacó era um ancestral referenciado em Israel, Tiago foi um nome comum entre
os judeus no período romano.Tiago, filho de Zebedeu, era um pescador galileu na área
de Cafarnaum no mar da Galiléia, um sócio (juntamente com seu irmão João) de Simão
Pedro. Estava trabalhando no negócio encabeçado por seu pai quando foi chamado por
Jesus para ser seu discípulo. Tiago e João formaram, ao lado de Pedro, o núcleo mais
estreito de três entre os Doze apóstolos: eles testemunharam a ressureição da filha de
Jairo, estiveram presentes à transfiguração e observaram (e em parte dormiram enquanto
ela ocorria) a agonia de Jesus em Getsemâni.
Ao que parece, Tiago e João expressavam-se explosivamente, ou esperavam que Deus
lançasse um súbito julgamento sobre os inimigos de Jesus, porque foram apelidados
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
Boanerges (sons de trovões) [...]. Fora dos Evangelhos sinóticos, Tiago, filho de Zebedeu,
aparece somente em Atos. Estava presente na sala superior com o grupo que esperava
Pentecostes. A única outra referência a ele no Novo Testamento é a notícia enigmática
de que Herodes (Agripa I) o havia matado. Ele foi, assim, o segundo mártir registrado
da igreja (depois de Estevão) e o primeiro do grupo apostólico a morrer (com exceção
de Judas Iscariotes, que havia sido substituído como apóstolo). 8
Os demais tiagos citados no Novo Testamento são: Tiago, filho de Alfeu ou
Tiago Menor, apóstolo de Jesus; Tiago, pai do apóstolo Judas Tadeu, e um outro
Tiago, chamado irmão de Jesus,8 citado por Mateus, 13:55 e Marcos, 6:3.
Tiago Menor - Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus, 10:3;
Lucas, 6:15; Marcos, 3:18; Atos dos Apóstolos, 1:13. Era filho de Alfeu e de
Cleofas (parenta de Maria Santíssima), sendo, portanto, irmão de Levi (Mateus).
Quase nada se sabe sobre Tiago Menor, do ponto de vista das Escrituras,
além do simples registro do seu nome no rol dos apóstolos e do fato de ser
filho de Alfeu e Maria e ser irmão de um certo José. (Mateus, 10:3 e Marcos,
15:40)
Simão, o zelote - Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus, 10:9;
Marcos, 3:18; Lucas, 6:15 e Atos dos Apóstolos, 1:13. Era chamado assim porque
pertencia à seita dos zelotes, zelosos, ou zeladores, seita ultranacionalista
e não-religiosa, a qual lutava para a libertação de Israel do jugo romano. Vivia
da profissão de pescador. 27
O apóstolo «[...] era Galileu, parece que nascido em Caná [daí ser chamado
também de Simão, o Cananeu], onde Jesus, nas bodas transformou a água em
vinho. [...] O historiador grego Nicéforo diz que ele percorreu o Egito, a Cirenaica
e a África; que anunciou a Boa Nova na Mauritânia e em toda a Líbia, e
depois nas ilhas Britânicas fez muitos milagres.» 24
Tomé ou Dídimo - Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus, 10:3;
Marcos, 3:18; Lucas, 6:15; Atos dos Apóstolos, 1:13. Era chamado Dídimo, o
Gêmeo, embora não haja qualquer registro de que tenha tido um irmão gêmeo.
Descendente de antigo pescador de Dalmanuta, não seguiu, no entanto, essa
profissão. 26
«Ficou famoso por duvidar da ressuscitação de Jesus, afirmando que só
vendo, acreditaria. Jesus, então, apareceu-lhe, oito dias depois, mostrando-lhe
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EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
as cicatrizes dos pés e das mãos, e a chaga do lado. Julga-se que Tomé foi pregar,
após a dispersão, o Evangelho aos persas, hindus e árabes [...]». 23 Acompanhou
Jesus durante os três anos de sua prédica, mostrando-se-lhe muito afeiçoado. 17

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. DE BARROS, Aramis C. Doze homens e uma missão. 1.ed. Curitiba: Editora
Luz e Vida, 1999. (Bartolomeu), p. 43
2. ______. (Tomé), p. 119.
3. ______. (André), p. 120.
4. ______. (Filipe), p. 136.
5. ______. p. 150.
6. DICIONÁRIO DA BÍBLIA.VOL. 1. As pessoas e os lugares. Organizado por
Bruce M. Metzger e Michael Coogan. Tradução de Maria Luiza X. de A.
Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002, p. 14.
7. ______. p. 173.
8. ______. p. 319.
9. MACEDO, Roberto. Vocabulário histórico geográfico dos romances de Emmanuel.
3.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, (André), p. 42.
10. ______. (Bartolomeu), p. 43.
11. ______. (João), p. 44-46.
12. ______. (Judas Iscariote), p. 46.
13. ______. (Mateus), p. 47.
14. ______. (Pedro), p. 48-49.
15. ______. (Tadeu), p. 52.
16. ______. (Tiago Menor), p. 53-54.
17. ______. (Tomé), p. 54-55.
18. RIGONATTI, Eliseu. O evangelho dos humildes. 15. ed. São Paulo: Editora
Pensamento, 2003. Cap. 27 (O suicídio de Judas), p. 249.
19. ______. O evangelho da mediunidade. 7. ed. São Paulo Editora Pensamento,
2000. Cap. 6, (A instituição dos diáconos), p. 47.
20. SCHUTEL, Cairbar. Vida e atos dos apóstolos. 6. ed. Matão [SP]: O Clarim,
1976, Item: Mateus, p. 233.
21. ______. Item: André e Bartolomeu, p. 234.
22. ______. Item: Filipe e Tomé, p. 236.
23. ______. p. 237.
24. ______. Item: Simão-Judas e Matias, p. 238.
25. ______. p. 240-241.
26. XAVIER, Francisco Cândido. Boa nova. Pelo Espírito Humberto de Cam-
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
129
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
pos. 33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 5 (Os Discípulos), p. 38-39.
27. ______. p. 39-41.
28. ______. Cap. 24 (A ilusão do discípulo), p.162.
29. ______. p. 163.
30. ______. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Cap. 89 (O fracasso de Pedro), p. 193-194.
31. ______. Luz acima. Pelo Espírito Irmão X. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
Cap. 44 (Do aprendizado de Judas), p. 187.
32. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos Espíritos
André Luiz e Emmanuel. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 39
(Espíritas, meditemos - mensagem de Emmanuel), p.223-2

terça-feira, 19 de março de 2013

PELA REVIVESCÊNCIA DO CRISTIANISMO."Irmãos e amigos. Ainda é para o estudo e a prática do Evangelho, em sua primitiva pureza, que tereis de voltar o vosso entendimento, se quiserdes salvar da destruição o patrimônio de conquistas grandiosas da vossa civilização."

PELA  REVIVESCÊNCIA  DO  CRISTIANISMO
Emmanuel

Irmãos e amigos. Ainda é para o estudo e a prática do Evangelho, em sua primitiva pureza, que tereis de voltar o vosso entendimento, se quiserdes salvar da destruição o patrimônio de conquistas grandiosas da vossa civilização.
 
ÉPOCA DE DESOLAÇÃO
 
Tocastes a época da desolação, em que os homens não mais se compreendem uns aos outros. A morte de todos os vossos ideais de concórdia, a falência dos vossos institutos pró-paz requerem a atenção acurada da Sociologia e esta somente poderá solucionar os problemas que vos assoberbam, cheios de complexidades e transcendência, com o estudo do Evangelho do Cristo, porém, não segundo os ditames da convenção social, que há muitos séculos vem transformando o ideal de perfeição do Crucificado num acervo de exterioridades, que os homens adotaram por questões de esnobismo ou de acordo com os interesses da facção ou da personalidade.
Novos sistemas políticos, sobre as bases dos nacionalismos que vêm criando no seio dos povos a terrível autarquia, ou sobre os alicerces frágeis desse comunismo que objetiva a extinção do sagrado instituto da família, apenas correrão o orbe com a sua feição de ideologias ocas, envenenando os espíritos e intoxicando as consciências.
 
A NORMA DE AÇÃO EDUCATIVA
 
O psicólogo, o pedagogista, o formados das novas gerações, para entrarem na arena da luta a prol do aperfeiçoamento de cada individualidade sobre a Terra, terão de buscar a sua norma de ação dentro do próprio Cristianismo, em sua simplicidade inicial, se não quiserem que a Humanidade atinja a culminância dos arrasamentos e das destruições.
As religiões literalistas passaram, desdobrando com as suas filosofias, sobre a fronte da Humanidade, um manto rico de fantasias e de concepções variadas, mas baldas de essência e de espírito que lhes vivificassem os ensinamentos.
 
A FALHA DA IGREJA ROMANA
 
A Igreja Católica, amigos, que tomou a si o papel de zeladora das idéias e das realizações cristãs, pouco após o regresso do Divino Mestre às regiões da Luz, falhou lamentavelmente aos seus compromissos sagrados. Desde o concílio ecumênico de Nicéia, o Cristianismo vem sendo deturpado pela influenciação dos sacerdotes dessa Igreja, deslumbrados com a visão dos poderes temporais sobre o mundo. Não valeu a missão sacrossanta do iluminado da úmbria, tentando restabelecer a verdade e a doutrina de piedade e de amor do Crucificado para que se solucionasse o problema milenar da felicidade humana.
As castas, as seitas, as classes religiosas, a intolerância do clericalismo constituíram enormes barreiras a abafarem a voz das realidades cristãs. A moral católica falhou aos seus deveres e às suas finalidades.
A Espanha atual, alimentada de catecismo romano desde a sua formação, é bem, com os seus incêndios e depredações de tudo o que fora feito, um atestado da falência dos ensinamentos ou da orientação de Roma para alcançar o desiderato do progresso coletivo e da ética social.
Não nos elícito influenciar os homens e as suas instituições. Todavia, podemos apreciar a influência das idéias sobre as massas, apreciando-lhes os resultados. É o que desejamos evidenciar, solicitando vossa atenção para o complexo de fenômenos dolorosos, de ordem social e política, que vindes observando há alguns anos. Fazendo-o, temos o objetivo de vos demonstrar a que resultado conduziu os povos a deturpação da palavra do Cristo, e a necessidade de voltar-se o raciocínio individual e coletivo para a compreensão dos deveres que dela decorrem.
 
O PROPÓSITO DOS ESPÍRITOS
 
O nosso propósito, na atualidade, é cooperar convosco pela obtenção da paz e da concórdia no seio da coletividade humana.
Agora, filhos, já não são mais os homens os donos do trabalho, os senhores absolutos da tarefa. Tomando por seus companheiros os de boa-vontade que se acham aí no planeta, buscando o aprimoramento anímico e psíquico onde aí se encontrem, são os gênios do Espaço que, sob a égide do Divino Mestre, vêm proclamar, por entre as sociedades terrenas, as consoladoras verdades, as grandiosas verdades.
Já agora, não mais se poderá abafar o ensinamento no silêncio escuro dos calabouços, porquanto uma nova concepção do direito e da liberdade felicita as criaturas.
É em razão disso que os túmulos falam, que os mortos voltam da sombra e do amontoado das cinzas, para dizer-vos que a vida é o eterno presente e que a imortalidade, dentro dos institutos da justiça incorruptível, que nos observa e julga, é um fato incontestável.
Conclamando os homens, nossos irmãos, trazemos a todos o fruto abençoado de nossas penosas existências, asseverando a cada um que o problema da paz e da felicidade está solucionado no estatuto divino. Todas as nossas atividades objetivam a revivescência do Cristianismo na Terra, de modo que um templo se levante em cada lar e um hostiário em cada coração.
Auxiliai-nos, trazendo-nos o concurso da vossa boa-vontade, de vosso querer; ajudai-nos em nossos propósitos benditos de reedificação do Templo de Jesus, de cujos altares os maus sacerdotes se descuidaram, levados pelos cantos de sereia da vaidade e dos interesses do mundo.
Que o Mestre abençoe a cada um de vós, fortalecendo-vos a fé, para que possamos com Ele, com a sua proteção e a sua misericórdia, vencer na luta em que nos achamos emprenhados.

Fonte: Livro “EMMANUEL” – Psicografia Chico Xavier – Espírito Emmanuel

domingo, 12 de agosto de 2012

O MISTÉRIO DE PAULO


Pode o Espiritismo explicar a misteriosa figura do apóstolo Paulo? A súbita conversão do fogoso perseguidor, nas portas de Damasco, reveste-se, aparentemente, das características do milagre. Sua atividade posterior é considerada por muitos como superior à do próprio Cristo, na implantação do Evangelho. Chega-se a dizer que o Cristianismo é obra de Paulo e não do Cristo. Há, também, quem veja em Paulo uma espécie de reformador do Cristianismo, sustentando a existência de divergências profundas entre o Evangelho e as Epístolas do apóstolo dos gentios.

A mente humana é cheia de escaninhos sombrios e, às vezes, se apresenta como caprichoso labirinto. O Espiritismo é inteiramente contrário a essas teorias disparatadas. A conversão de Paulo não se deu por acaso, nem da maneira brusca por que costumam apresentá-la. “Tudo se encadeia no Universo”, diz O Livro dos Espíritos. Houve, também, um encadeamento de causas e efeitos na vida de Paulo, para levá-lo ao encontro do Cristo, na Estrada de Damasco. Os interessados no esclarecimento desse problema encontrarão amplos esclarecimentos na obra Paulo e Estêvão, de Emmanuel, psicografada por Chico Xavier, que acaba de ser lançada em oitava edição, pela Livraria da Federação Espírita Brasileira.

Não se trata de um romance, como geralmente se pensa, mas de uma biografia romanceada, de uma reconstituição da vida de Paulo, abrangendo aspectos fundamentais da época heróica de expansão do Cristianismo; as fontes da conversão de Paulo na sua própria dedicação a Moisés. Emmanuel não se serve da bibliografia terrena para essa reconstituição, mas das “tradições do mundo espiritual”. Vemos, então, que Gamaliel, mestre de Paulo, que devia suceder o mestre no Sinédrio, foi também um convertido. E duas figuras praticamente desconhecidas dos investigadores da História cristã, o pregador Estêvão e sua irmã Abigail, que foi noiva do jovem Saulo de Tarso, representam papel decisivo na preparação do seu espírito para o encontro com o Cristo.

As lutas de Saulo, após a conversão, são longas e dolorosas. Mas a sua inteligência poderosa e a sua profunda sinceridade, levam-no a compreender o Cristianismo como ninguém ainda pudera fazê-lo. Os que vêem diferenças entre Paulo e o Cristo, fazem confusão entre as interpretações parciais da mensagem cristã, espalhadas no mundo, e a interpretação legítima e total do apóstolo dos gentios. Paulo nada acrescentou, nem teve a mais leve pretensão de modificar o Cristianismo. Sua principal virtude, nas lides cristãs, é a fidelidade a Cristo, opondo-se até mesmo aos erros judaizantes dos apóstolos que haviam convivido com o Messias.

Paulo e Estêvão é uma obra que justificaria, sozinha, a existência e o apostolado mediúnico de Chico Xavier, na atualidade. Mas não é livro para ser lido como romance, com interesse apenas pelos lances românticos do enredo. É livro para ser estudado, para ser lido e meditado. Na bibliografia mediúnica mundial talvez não exista nenhum livro de maior importância do que esse. Os leitores que ainda não o conhecem devem aproveitar a oportunidade desta oitava edição, que completa sessenta e cinco milheiros de exemplares, lançados em nosso país, fora as traduções que correm o mundo.

O Mistério do Bem e do Mal
Herculano Pires