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domingo, 25 de outubro de 2015

O estudo do Evangelho pelo espírita

O estudo do Evangelho pelo espírita

--- Questão [#001]
No capítulo XVII do Evangelho de S. Mateus, está evidente a reencarnação,
porque as pessoas não espíritas não concordam?

Resposta: Todos nós, no decorrer  de nosso processo evolutivo, criamos pontos
de vistas e temos enorme dificuldade de aceitar algo novo, principalmente se
nossos interesses mais imediatos são atingidos; mesmo que as coisas se tornem
claras insistimos na rebeldia de não enxergar o que é natural. Foi referindo-se
a estes, que Jesus disse: "eles vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem
compreendem." (Mateus, 13: 13)

--- Questão [#002]
O espírita deve seguir apenas a decodificação do Evangelho trazida no ESE, ou
se deve procurar ampliar o trabalho começado por Kardec?

Resposta: A Doutrina Espírita é uma doutrina evolucionista, o próprio Kardec
deixou claro que a Codificação era o princípio e não o fim. Desta forma,
entendo, que não só no que diz respeito ao Evangelho, mas em todos os seus
aspectos, devemos ampliar o trabalho do ilustre codificador.

--- Questão [#003]
Qual a melhor forma para estudar o Evangelho segundo o Espiritismo?

Resposta: O Espiritismo por ser a chave que nos permite compreender com mais
clareza a mensagem deixada pelo Meigo Rabi da Galiléia, deve ser sempre levado
em conta no estudo da Boa Nova. Assim, é preciso aplicar seus princípios a
nortear-nos no entendimento do texto evangélico.
Outra questão importante é realizar esse estudo em grupo para que várias idéias
possam ser levadas em conta na interpretação dos textos, pois não podemos
fechar questão num único modo de compreender determinada passagem, pois o
entendimento se amplia à medida que evoluímos e um grupo de pessoas voltadas
para um interesse comum no bem, tem sempre mais a contribuir para um melhor
andamento do estudo.
No livro Renúncia, do Espírito Emmanuel psicografado por Francisco Cândido
Xavier, nas páginas 331 a 333  temos ótima referência de como realizar o estudo
do Evangelho à luz da Doutrina Espírita. Ainda podemos sugerir o Livro "Luz
Imperecível" editado pela União Espírita Mineira, e um estudo de nossa autoria
disponibilizado para download no site do CEPAK, sobre como estudar o Evangelho:
http://br.groups.yahoo.com/group/CEPAK/files/Novo%20Testamento/Evangelho.zip


--- Questão [#004]
Existem numerosos livros e metodologias de estudo do Evangelho na atualidade.
Em sua opinião, quais são mais enriquecedores: aqueles que exploram mais
minuciosamente os textos evangélicos ou os que partem da interpretação
Kardequiana, expressa na Codificação?

Resposta: As duas formas se completam, como dissemos anteriormente é preciso
levarmos em conta os princípios espíritas na interpretação evangélica, e do
mesmo modo interpretarmos minuciosamente os versículos, pois como nos diz
Alcíone na obra de Emmanuel citada:

"Chegamos à conclusão de que o Evangelho, em sua expressão total, é um vasto
caminho ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem
conhecimento e aplicação de todos detalhes. Muitos estudiosos presumem haver
alcançado o termo da lição do Mestre, com uma simples leitura vagamente
raciocinada. Isso contudo, é erro grave. A mensagem do Cristo precisa ser 
conhecida, meditada, sentida e vivida. Nesta ordem de aquisições, não basta
estar informado. Um preceptor do mundo nos ensinará a ler; o Mestre, porém, nos
ensina a proceder, tornando-se-nos, portanto, indispensável a cada passo da
existência. Eis por que, excetuados os versículos de saudação apostólica,
qualquer dos demais conterá ensinamentos grandiosos e imorredouros, que impende
conhecer e empregar, a benefício próprio."
(Renúncia, pág. 333)

--- Questão [#005]
Porque a obra de Kardec é chamada Evangelho "segundo Espiritismo"?

Resposta: Na questão 625 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos nos afirmam ser
Jesus, o Guia e o Modelo mais perfeito para que a humanidade se espelhasse na
condução de seu processo evolucional. Na conclusão do mesmo livro, dizem ser a
moral espírita e a moral cristã, a mesma.
Assim, era preciso estudar o Evangelho, mas não da mesma forma em que ele até
então vinha sendo estudado, era necessário dar um novo entendimento ao mesmo
usando os avanços da ciência espiritual. Por isso, Evangelho "segundo o
Espiritismo", ou seja, Evangelho segundo a ótica espírita.


--- Questão [#006]
Se Herodes morreu no ano -4 a.c, isso significa que Jesus nasceu entre o ano -4
e o ano -7 a.c, e morreu entre  o ano 26 e 30. Como se explica que no livro Há
Dois Mil Anos, Publio Lentulus coloque a data da morte de Jesus no ano  33 (o
convencional)? Se ele viveu na época de Jesus, narrando os acontecimentos,
jamais poderia errar a data da morte  de Jesus.

Resposta: Eu confesso que não sei responder essa questão com a precisão
necessária, porém tenho algumas opiniões, opiniões essas que é bom se fique
claro, são pessoais.
Segundo entendemos, Emmanuel tem uma missão muito grande de evangelizador no
Brasil. Conforme palavras do próprio Chico Xavier em entrevista à Folha
Espírita, ele foi um dos Espíritos colaboradores na época da Codificação. Sendo
assim, Emmanuel não é um Espírito qualquer, e sim alguém não só bem informado,
como de boa evolução espiritual. Portanto, Emmanuel sabe quando foi que Jesus
desencarnou.
Então por que diz ele algo contrário à tendência dos estudos científicos
atuais? Como já disse, não sei, porém pensemos:
Pode ter havido erro por parte do médium. Segundo os próprios Espíritos, em
matéria de mediunidade, quando o médium é excelente, ele retrata numa proporção
de 50% o que o Espírito quer dizer, os outros 50 é por conta do médium. O livro
"Há Dois Mil Anos" foi um dos primeiros dos Chico, ele ainda tinha muito a
amadurecer.
Outra coisa que precisa ser levado em conta, é que nem a Ciência nem os
historiadores têm conclusão fechada sobre a morte de Jesus. Dizem alguns que
não há nem mesmo prova que ele tenha morrido na cruz. Dizem estes que o corpo
não foi encontrado, e se não há corpo, como comprovar a morte? Ou seja, nem
eles mesmos se entendem, desta forma, os Espíritos podem estar aguardando, para
no momento oportuno revelarem as coisas como realmente aconteceram.
Muita coisa poderia ainda ser dita sobre o assunto, mas talvez sem tanta
importância. Por isso preferimos priorizar o aspecto moral do Evangelho.
O próprio Emmanuel afirma no prefácio do Livro Paulo e Estevão:
"Desde já, vejo os críticos consultando textos e combinando versículos para
trazerem à tona os erros do nosso tentame singelo. Aos bem intencionados
agradecemos sinceramente, por conhecer a nossa expressão de criatura falível,
declarando que este livro modesto foi grafado por um Espírito para que os que
vivam em espírito; e ao pedantismo dogmático, ou literário, de todos os tempos,
recorremos ao próprio Evangelho para repetir que, se a letra mata, o espírito
vivifica."


--- Questão [#007]
Será que eu como simpatizante e participante das palestras de um centro
espírita posso estudar o evangelho  em casa, sozinha? Se posso, qual o
procedimento correto a ser tomado?

Resposta: Pode sim, apesar de que, o estudo em grupo é sempre mais
aconselhável. Não existe um procedimento único, correto ou incorreto. É preciso
alguns quesitos, porém nada radical, como por exemplo: um estudo constante dos
princípios espíritas, uma mente aberta para aceitar o novo, uma boa disposição
para o auto-conhecimento e para o  estudo de obras ligadas ao Evangelho, entre
outros.

--- Questão [#008]
O estudo pelo espírita do evangelho, deve-se apenas proceder através do livro
"O Evangelho Segundo o Espiritismo",ou tem algum livro de apoio que servirá de
complemento didático para maior fixação do assunto estudado, como no caso de
perguntas e respostas de O Livro dos Espíritos?

Resposta: O Evangelho Segundo o Espiritismo é um livro imprescindível no estudo
do Evangelho de Jesus, entretanto existem outros também importantes, como a
série de Emmanuel sobre o Evangelho, Estudando o Evangelho de Martins Peralva,
Jesus Terapeuta editado pela AME de Belo Horizonte, o já citado Luz
Imperecível, alguns livros do Djalma Mota Argolo, Vinícius, entre outros;
inclusive os 6 Volumes Sabedoria do Evangelho do Pastorino, que infelizmente já
se acham entre os livros raros e não mais editados.

--- Questão [#009]
Como deve ser feito o estudo do Evangelho em grupo?

Resposta: Creio já ter respondido essa pergunta, quando da resposta da questão
n° 3

--- Questão [#010]
Pode acontecer de haver alguma manifestação espiritual, uma vez que um grupo se
reuna apenas para se fazerem estudos através do Evangelho? E já se sabendo de
antemão que dentre os participantes desse grupo se encontrem médiuns ja
desenvolvidos? Uma vez que isso venha a acontecer, e que o médium sinta a
presença de um espírito, deve ele deixar que esse se manifeste?

Resposta: Pode acontecer sim, todavia não acho aconselhável. Deve-se deixar
manifestações mediúnicas para reuniões específicas dentro da Casa  Espírita. A
reunião de estudos deve ser só para estudo, apesar de servir de apoio para as
próprias reuniões mediúnicas.

--- Questão [#011]
Por que o velho testamento não é abordado no Evangelho Segundo o Espiritismo?

Resposta: Por não ser essa a proposta dos Espíritos codificadores para aquela
obra, apesar de nele (ESE), existirem algumas citações do Velho Testamento.
Kardec ainda cita o Velho Testamento no Livro dos Espíritos, e faz um estudo
mais amplo no livro A Gênese.

--- Questão [#012]
Acho difícil o velho testamento. Por isso me dedico a leitura do novo, onde os
ensinamentos de Jesus são melhor absorvidos. Isto está correto?

Resposta: Não é que esteja correto ou incorreto, pode ser um caminho. No ESE
Kardec fala nas 3 revelações, sendo que a 1a está contida no Velho Testamento.
Desta forma é importante estudá-lo; ele é útil até mesmo para compreensão de
algumas passagens do Novo Testamento, porém, como você mesmo disse, sua
compreensão não é simples, assim podemos num primeiro momento estudar mais o
Novo Testamento, e quando estivermos mais preparados, estudarmos o Velho. Há
muitos espíritas que têm excelente interpretação dos textos do Velho
Testamento, podendo deste modo, nos auxiliarem.

--- Questão [#013]
Por que Jesus disse a Maria Madalena: "Não me toques, porque ainda não subi ao
Pai"? E ainda: Se Maria Madalena o tivesse tocado, o que poderia ter
acontecido? Como o espírita deve entender essa passagem?

Resposta: Se me permite, para comentar esse versículo prefiro citar o texto
conforme a tradução de Almeida:

"Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai
para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e
vosso Deus." (João, 20: 17)

Pensemos na cena como ela aconteceu segundo a narrativa dos evangelistas.
Jesus, a quem Maria amava, tinha sido sacrificado. Eles, os discípulos, estavam
profundamente tristes com a perda daquele que eles consideravam como uma
referência, aquele com quem há três anos ladeavam numa ampla relação de
amizade. É de se compreender, deste modo, a tristeza que reinava entre eles.
Quem já viu um ser amado partir para o além, sabe como é esse momento.
Neste clima Maria foi visitar o túmulo do Senhor, e não vendo o corpo no
sepulcro chora, pois pensava que tinham roubado o corpo do Rabi. Após uma
conversa com dois espíritos, ela viu Jesus e se certificou que ele não havia
morrido, apenas mudado de plano, pois a morte não existe. Imagine o que ela
sentiu nesse momento. Ela que já estava sensibilizada deve ter transbordado de
emoção. Segundo a narrativa de Mateus (Mt, 28:9), as mulheres que visitaram o
túmulo abraçaram os pés do Senhor. É aí que ele diz: "Não me detenhas, porque
ainda não subi para meu Pai."
Jesus queria dizer que ele já havia cumprido sua excelente missão de educador,
cabia a ela, agora, continuar seu processo auto educativo, ele,a partir daquele
momento, realizaria sua missão de um outro modo, não mais da mesma forma que
vinha desempenhando no corpo físico.
Fica para nós a lição de que não devemos nos vincular às pessoas a ponto de
prejudicá-las quando do seu desencarne, retendo-as emocionalmente a nós que
aqui ficamos. A separação às vezes é necessária e cada um terá que cumprir sua
nova missão, não podendo um prejudicar o outro no andamento natural da vida.Se
a vinculação é o meio, a desvinculação é o fim.


--- Questão [#014]
Nas casas espíritas ouço muito falar sobre  "Ensinamento da Doutrina e do
Evangelho para as Crianças " mas nunca vi  um programa aberto a todos 
direcionado ao Adulto. No Centro que freqüento só pode passar por orientação se
achar que necessita, temos as palestra do dia e depois tomamos o passe. Mas
sinto falta de ESTUDAR o Evangelho  "A BIBLIA", a palavra de DEUS e debate-las.

Resposta: Você tem razão, Centro Espírita é local de trabalho e de estudo, é
preciso que os dirigentes das Casas Espíritas se apercebam disto. Além das
importantes palestras, dos passes, e da distribuição de água fluídica, é
preciso que se crie nas CEs grupos onde possa ser estudado com mais
profundidade os temas doutrinários e evangélicos. Há casas que já os possuem,
porém é imperioso que se criem grupos de estudos para que seja estudado o
Evangelho de Jesus, pois é nele que temos os fundamentos para nossa reeducação;
e o principal objetivo da Doutrina Espírita segundo Kardec e os Espíritos
envolvidos na Codificação é a melhoria moral do ser humano.

--- Questão [#015]
Se o espiritismo não se baseia nos Evangelhos e é aberto a todos as religiões,
porque um livro da codificação dedicado somente ao Cristianismo.

Resposta: Os Espíritos Codificadores entendem ser a moral cristã a mais elevada
entre todas. Dizem eles ser a mesma, a moral espírita e a moral cristã. Jesus
quando nos falou do Consolador disse que ele, o Consolador, nos faria lembrar
de tudo que ele estava ensinando. Desta forma, é grande a ligação entre
cristianismo e espiritismo. O Espiritismo é uma filosofia cristã, por isso um
livro dedicado ao Evangelho. O que é preciso que não se confunda, é o que é
cristianismo conforme os ensinamentos de Jesus, e o que os homens fizeram dele.
É aí que está a diferença. A missão do Espiritismo é reviver na essência os
ensinamentos de Jesus.

--- Questão [#016]
O estudo da parte histórica dos evangelhos é importante para o espírita?

Resposta: Importante sim, digo mesmo, importantíssimo; porém, não prioritário.
Estou com Kardec quando diz que o essencial é o aspecto moral do Evangelho.
Devemos no estudo dos textos da Boa Nova buscar sempre o componente
reeducacional contido nos mesmos. No entanto, por experiência própria, digo que
o estudo da parte histórica, dos costumes, e da geografia do Evangelho ajudam e
muito no objetivo maior de melhorar-nos a todo instante.
Autor: Cláudio Fajardo
Todo esse material provém dos sites: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo e da Revista Eletrônica O Consolador.
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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Tiago, 1: 3 a 5

Tiago, 1: 3 a 5



pois sabeis que a vossa fé, bem provada, leva à paciência; mas é preciso que a paciência produza uma obra perfeita, a fim de serdes perfeitos e íntegros sem nenhuma deficiência.
Este versículo traça o projeto de evolução desejado.
Àquele tempo ele falava para judeus convertidos ao Cristo. Ninguém mais do que o povo judeu sabia o valor das provações. Este foi um povo que sofreu; e os que tiveram a compreensão de Jesus como sendo o Messias que libertava pela transformação moral, foram os que aproveitaram as provações na edificação de sua fé. Assim, a expressão pois sabeis…, é bastante coerente no texto.
Nós temos aprendido isto também à custa de muitas dores. O Evangelho traz para nós a possibilidade de participar deste sabeis, minorando os nossos sofrimentos. Cabe a cada um de nós “não recalcitrar contra os aguilhões”.
Como dissemos, este versículo traz para nós o projeto de evolução desejado. É que o Alto quer para nós a vitória espiritual, assim, nos envia Espíritos, que como Tiago, pela instrução encurta-nos o caminho evolutivo adiantando-nos o progresso.
A vossa fé, bem provada, leva à paciência; a fé já foi dito, é força que nasce com a própria alma, certeza instintiva na Sabedoria de Deus…1 Podemos dizer que a fé é a lembrança da presença de Deus em nós. Ela existe em todas as criaturas, porém, é desperta através da evolução, e cada um a tem num determinado grau de acordo com suas conquistas individuais.
Do mesmo modo que o aluno matriculado em uma escola precisa se exercitar para fixar a lição, precisa da prova para sua promoção, o Espírito, que é um aluno da escola da vida, precisa exercitar a sua fé para fazê-la crescer e esta precisa ser provada, e bem provada, para projetar o Espírito em níveis mais elevados. Portanto, a fé bem provada produz a paciência, que é conquista daqueles que já se elevaram a um patamar de maior espiritualidade.
A paciência, que é a ciência da paz, ou ciência da pá (significando instrumento de trabalho), já dissemos, é conquista do Espírito e é uma conquista imprescindível para a evolução.
A vida vinculada a mundos materiais é um instrumento didático para trazer ao Ser criado por Deus a verdadeira educação, que nada mais é do que o despertamento de possibilidades espirituais nele existentes. Contudo é preciso compreender que este processo é lento, é como o cultivo de uma determinada semente. Ela é lançada ao solo e só após um processo que demanda tempo e perseverante trabalho transforma-se em fruto útil para alimentação do homem. O Educador é como o lavrador, e do mesmo modo que para este a paciência é uma necessidade, também é para aquele. E não esqueçamos, todos somos educadores, de outros Espíritos, e principalmente de nós mesmos. Como consequência precisaremos sempre deste valioso recurso: paciência; portanto, alegremo-nos ao sermos submetidos às múltiplas provações.
Todavia o apóstolo vai mais além, só ter paciência não basta, é preciso que ela produza uma obra perfeita. É que a paciência ainda é um meio, não o fim. Há grandes Espíritos que ainda não despertaram para o bem que são já pacientes, e que também usam este recurso para atingirem os seus fins. Toda virtude tem de ter produtividade no campo do bem, se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!2 Ensinou Jesus.
Portanto, busquemos produzir uma obra perfeita, não com preciosismo ou perfeccionismo, mas em tudo que fizermos, fazer bem feito, este tem que ser o diferencial do cristão verdadeiro, e acima de tudo que a obra mais importante que fazemos, que é a nossa própria iluminação, seja esta também uma obra de perfeição. Este é o recado do final do versículo:
a fim de serdes perfeitos e íntegros sem nenhuma deficiência.
Mensagem semelhante nos deixou Jesus no “Cantar do Monte”:
Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus.3
Ninguém pode no estágio atual de nossa evolução exigir de si mesmo a perfeição, porém podemos exigir aperfeiçoamento, ser a cada dia melhor.
No mais a lição do Mestre é de grande sabedoria; ao nos instruir a ser perfeito como o vosso Pai, Jesus se referia ao entendimento de cada um a respeito do Pai, portanto, é cada um ser perfeito dentro de suas possibilidades, só que sem comodismo. À medida que formos evoluindo, compreendendo melhor a natureza divina, que nos façamos também melhor, sempre perfeitos, íntegros, conforme a perfeição de nosso Pai.
Tiago nos propõe uma melhoria continuada. Compreendamos as nossas provações (que muitas vezes são tribulações), trabalhando a nossa fé, assim geraremos a paciência que nos faz perseverar na construção do homem de bem, a obra perfeita que o Criador espera que um dia sejamos, sem nenhuma deficiência.
Se alguém dentre vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a concede generosamente a todos, sem recriminações…
O autor desta carta sabia que mesmo entre os irmãos de fé muitos não tinham esta compreensão superior. Esta primeira frase deste versículo talvez seja um chamamento de atenção para estes.
Sabedoria aqui não significa capacidade intelectual, há muitos sábios no mundo que são verdadeiros mendigos na espiritualidade. Aliás, já neste tempo Paulo afirmara:
Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?4
Portanto, sabedoria significa amadurecimento espiritual, ter ciência de algo invisível aos olhos.
A literatura judaica anterior ao Novo Testamento já dizia:
Pois é IHVH quem dá a sabedoria; de sua boca procedem o conhecimento e o entendimento.5
E Salomão com toda a sua sensibilidade escreve sobre a sabedoria:
Ao me dar conta de que somente a ganharia, se Deus me concedesse – e já era um sinal de entendimento saber a origem desta graça -, dirigi-me ao Senhor e rezei, dizendo de todo o coração:
Deus dos pais, Senhor de misericórdia, que tudo criaste com tua palavra e com tua sabedoria formaste o homem para dominar as criaturas que fizeste, governar o mundo com justiça e santidade e exercer o julgamento com retidão de vida, dá-me a sabedoria contigo entronizada e não me excluas do número de teus filhos.6
Portanto era uma crença dos sábios judeus que a sabedoria autêntica era dada somente por Deus, significando assim algo espiritual, além do domínio da matéria. Por isso é que Tiago escreve: peça-a a Deus, que a concede generosamente a todos…
Generosamente significando sem condicionantes, a todos os que quiserem, simplesmente se ajustando aos Seus Sábios desígnios.
Porém, aqui cabe uma questão: Como Deus dá a sabedoria? Não somos nós quem a conquistamos?
Sim, somos nós quem a conquistamos, porém, só se tivermos a humildade de saber que ela vem de Deus através das oportunidades de vida, das experiências que promovem o amadurecimento, experiências estas que podem significar tribulações para despertar em nós os valores do espírito. São as vidas sucessivas, a reencarnação promovendo a oportunidade de reajuste e a glória de melhor servir.
Assim, se tivermos falta de sabedoria, peçamos a Deus como fez Salomão, e Ele dará, nos informa o filho de Alfeu, generosamente.
Ainda vai mais além o apóstolo, Deus a concede, sem recriminações.
A teologia cristã após ter se tornado religião oficial impôs às nossas mentes a questão do pecado, da culpa, e consequentemente do castigo. Assim, apesar de Jesus ter nos mostrado um Pai que é Amor e Misericórdia, insistimos no nosso entendimento de um Deus que pune, que condena, que recrimina. Esta não era a idéia daqueles que estiveram próximos de Jesus.
A Doutrina Espírita ao ampliar nossa compreensão de Deus nos mostra que Ele nem perdoa nem condena, Deus simplesmente dá a oportunidade de reconstruirmos o que foi destruído. Assim, tudo nos provê generosamente, concedendo-nos a oportunidade de nos fazermos sábios, sem recriminações. Apenas, por ampliar a nossa consciência, pois a evolução é o despertamento desta, nos faz mais responsáveis à medida que nos entendemos como partícipes da criação imortal.
1 Pensamento e Vida, cap. 6
2 Mateus, 6: 23
3 Mateus, 5: 48
4 1 Coríntios, 1: 20
5 Provérbios, 2: 6
6 Sabedoria, 8: 21 e 9: 1 a 4

SUPORTANDO COM PACIÊNCIA A PROVAÇÃO

Tiago, 1: 12



Bem aventurado o homem que suporta com paciência a provação! Porque, uma vez provado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam.
Bem Aventurado é sinônimo de feliz. E conforme já dissemos em outro momento:
a felicidade promovida pelo Cristo, não é a felicidade que conhecemos, fugaz, momentânea, porque embasada em valores temporários. A felicidade a que se refere o Evangelho é definitiva, porque é conquistada pelos valores do Espírito.1
O homem; não está nominado porque é qualquer um que proceder conforme a orientação do evangelista.
O verbo suportar diz respeito ao resistir às provações. Por si só não há grandes virtudes em suportar, pois mostra que ainda estamos vinculados à faixa da justiça, só suportamos porque não há outro modo, suportamos como consequência de uma ação menos feliz anterior, e que é impositivo da Lei sofrer as consequências.
Normalmente aquele que suporta, que tolera, ainda acha que o outro está errado, que ele está certo, portanto ele suporta o outro achando-se superior.
A virtude conforme a narrativa do apóstolo está em suportar com paciência, pois aí há uma ação construtiva no bem, há um ensinamento velado que é transmitido a todos mostrando a faixa espiritual que vibra aquele que pratica esta ação pacificadora, pois suportar com paciência é o mesmo que compreender seja a própria provação ou as pessoas por meio das quais ela vem.
Compreender é no mínimo enxergar o outro, saber de suas necessidades, saber qual a sua capacidade e agir com proveito em favor do crescimento tanto do outro quanto de si mesmo. E compreender a provação é saber avaliar a sua necessidade e desativar os pontos que geram sofrimento contribuindo assim para a manutenção da harmonia.
Provação; no grego é peirasmos, uma palavra que pode ser traduzida tanto por provação quanto por tentação.
Em português há diferenças. Provação é o ato ou efeito de provar; prova, teste. É uma situação aflitiva ou de sofrimento que põe à prova a força moral. Tentação é o impulso para a prática de alguma coisa censurável ou não recomendável; desejo veemente ou violento2.
Dentro do contexto deste versículo achamos melhor a tradução da Bíblia de Jerusalém que usa provação ao invés de tentação como usa Almeida. É que aqui o autor da epístola fala em suportar com paciência; denota um sofrimento que põe à prova a força moral da criatura. A tentação às vezes cumpre o mesmo papel, por à prova a força moral da criatura, porém no caso da tentação há uma ressonância na intimidade da criatura com o objeto de tentação, no caso da provação o elemento que prova pode simplesmente ser uma situação exterior. O Exemplo clássico desta colocação está na passagem em que Jesus é colocado no deserto para ser posto à prova pelo Adversário (Mateus, 4: 1 a 11; Marcos, 1: 12 e 13; Lucas, 4: 1 a 13). Alguns tradutores informam que Jesus teria sido “tentado” pelo Adversário, o que nós achamos mais correto dizer que Jesus foi provado pelo Adversário, pois em Jesus não há a menor chance de haver tentação por se tratar de um Espírito Puro, que segundo os Espíritos informam a Kardec, não sofre nenhuma influência da matéria, pois tem superioridade intelectual e moral absoluta.3
Porque, uma vez provado, continua Tiago, querendo dizer, tendo passado no teste com sucesso, tento mostrado que superou a dificuldade, o que significa o fim de um ciclo em relação àquela necessidade, receberá a coroa da vida. David Stern4 traduz: “receberá como sua coroa a Vida…”. Acho mais bonita esta tradução sendo esta vida a Vida Abundante prometida por Jesus, porém esta só acontecerá em nós no fim de um ciclo maior de vitória sobre as imperfeições. A carta escrita por Tiago nos fala deste momento também, mas atende-nos em cada vitória que alcançamos sobre a menor das provações.
A coroa é o símbolo do coroamento, é o emblema da vitória, e aqui ela significa a vitória sobre a provação que nada mais é do que o ato de vencer a imperfeição que fez necessária a prova. Como é coroamento é o fechamento de ciclo; para cada vitória sobre cada imperfeição a vida nos autoriza uma coroa, e quando atingirmos a vitória final sobre nossas imperfeições, o que chamamos de redenção, e que a Bíblia comumente chama de salvação, receberemos como coroa a Vida Abundante, Vida esta que foi o motivo da vinda até nós de Jesus, o Cristo de Deus.
eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância.5
Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.6
que o Senhor prometeu aos que o amam; A Vulgata neste verso substitui Senhor por Deus, o que leva alguns analistas a entender que o Senhor aqui é Deus. Não sabemos definir aqui o que pensava o autor da carta. Esta dificuldade acontece principalmente porque a teologia tradicional confundiu Jesus com Deus, no fundo os dois são segundo esta a mesma pessoa.
A expressão coroa da vida só acontece no Novo Testamento, aqui em Tiago e no Apocalipse (2: 10). Pedro também fala sobre o mesmo tema (1 Pedro, 5: 4) como coroa da glória, Paulo (1 Coríntios, 9: 25) em coroa incorruptível, em todos estes textos, mesmo em Paulo que não é tão explícito, a promessa se refere a Jesus. A promessa só remonta Deus se interpretarmos colocações da Bíblia hebraica como a “árvore da vida” e a “terra prometida” como sendo sinônimos desta coroa da vida.
Para nós o mais importante não é saber se é Deus ou Jesus que promete, até porque o próprio Cristo disse que não trazia nada Dele, mais do Pai que O enviou. Ou seja, Jesus é o “Procurador” oficial de Deus no planeta Terra sendo assim, em última instância a Promessa é de Deus.
O que conta aqui é como alcançá-la, e isto fica claro: aos que o amam.
Amar a Deus é o primeiro mandamento e o Deuteronômio nos ensina que é amar com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força.7; isto é tão complexo que para analisar todo este mandamento foi escrito o livro mais famoso da humanidade: a Bíblia, pois em verdade esta gira toda em torno deste mitzvah dado a Moisés.
Jesus com a Sua pedagogia superior nos ensinou que amar a Deus é amar ao próximo, e amar como Ele Jesus nos amou.
Está é a síntese que nos instrumentaliza para a conquista desta coroa citada por vários enviados do Senhor e que Paulo com toda segurança afirmou ser a maior de todas as virtudes, o amor, que dinamizado é caridade.
1 O Sermão do Monte, cap. 1
2 Para estes conceitos me vali do dicionário Houaiss.
3 O Livro dos Espíritos, questão 112.
4 Novo Testamento Judaico, pág. 241
5 João, 10: 10
6 Apocalipse, 2: 10
7 Deuteronômio, 6: 5

FONTE: http://espiritismoeevangelho.blogspot.com.br/

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O estudo do Evangelho pelo espírita

O estudo do Evangelho pelo espírita

--- Questão [#001]
No capítulo XVII do Evangelho de S. Mateus, está evidente a reencarnação,
porque as pessoas não espíritas não concordam?

Resposta: Todos nós, no decorrer  de nosso processo evolutivo, criamos pontos
de vistas e temos enorme dificuldade de aceitar algo novo, principalmente se
nossos interesses mais imediatos são atingidos; mesmo que as coisas se tornem
claras insistimos na rebeldia de não enxergar o que é natural. Foi referindo-se
a estes, que Jesus disse: "eles vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem
compreendem." (Mateus, 13: 13)

--- Questão [#002]
O espírita deve seguir apenas a decodificação do Evangelho trazida no ESE, ou
se deve procurar ampliar o trabalho começado por Kardec?

Resposta: A Doutrina Espírita é uma doutrina evolucionista, o próprio Kardec
deixou claro que a Codificação era o princípio e não o fim. Desta forma,
entendo, que não só no que diz respeito ao Evangelho, mas em todos os seus
aspectos, devemos ampliar o trabalho do ilustre codificador.

--- Questão [#003]
Qual a melhor forma para estudar o Evangelho segundo o Espiritismo?

Resposta: O Espiritismo por ser a chave que nos permite compreender com mais
clareza a mensagem deixada pelo Meigo Rabi da Galiléia, deve ser sempre levado
em conta no estudo da Boa Nova. Assim, é preciso aplicar seus princípios a
nortear-nos no entendimento do texto evangélico.
Outra questão importante é realizar esse estudo em grupo para que várias idéias
possam ser levadas em conta na interpretação dos textos, pois não podemos
fechar questão num único modo de compreender determinada passagem, pois o
entendimento se amplia à medida que evoluímos e um grupo de pessoas voltadas
para um interesse comum no bem, tem sempre mais a contribuir para um melhor
andamento do estudo.
No livro Renúncia, do Espírito Emmanuel psicografado por Francisco Cândido
Xavier, nas páginas 331 a 333  temos ótima referência de como realizar o estudo
do Evangelho à luz da Doutrina Espírita. Ainda podemos sugerir o Livro "Luz
Imperecível" editado pela União Espírita Mineira, e um estudo de nossa autoria
disponibilizado para download no site do CEPAK, sobre como estudar o Evangelho:
http://br.groups.yahoo.com/group/CEPAK/files/Novo%20Testamento/Evangelho.zip


--- Questão [#004]
Existem numerosos livros e metodologias de estudo do Evangelho na atualidade.
Em sua opinião, quais são mais enriquecedores: aqueles que exploram mais
minuciosamente os textos evangélicos ou os que partem da interpretação
Kardequiana, expressa na Codificação?

Resposta: As duas formas se completam, como dissemos anteriormente é preciso
levarmos em conta os princípios espíritas na interpretação evangélica, e do
mesmo modo interpretarmos minuciosamente os versículos, pois como nos diz
Alcíone na obra de Emmanuel citada:

"Chegamos à conclusão de que o Evangelho, em sua expressão total, é um vasto
caminho ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem
conhecimento e aplicação de todos detalhes. Muitos estudiosos presumem haver
alcançado o termo da lição do Mestre, com uma simples leitura vagamente
raciocinada. Isso contudo, é erro grave. A mensagem do Cristo precisa ser
conhecida, meditada, sentida e vivida. Nesta ordem de aquisições, não basta
estar informado. Um preceptor do mundo nos ensinará a ler; o Mestre, porém, nos
ensina a proceder, tornando-se-nos, portanto, indispensável a cada passo da
existência. Eis por que, excetuados os versículos de saudação apostólica,
qualquer dos demais conterá ensinamentos grandiosos e imorredouros, que impende
conhecer e empregar, a benefício próprio."
(Renúncia, pág. 333)

--- Questão [#005]
Porque a obra de Kardec é chamada Evangelho "segundo Espiritismo"?

Resposta: Na questão 625 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos nos afirmam ser
Jesus, o Guia e o Modelo mais perfeito para que a humanidade se espelhasse na
condução de seu processo evolucional. Na conclusão do mesmo livro, dizem ser a
moral espírita e a moral cristã, a mesma.
Assim, era preciso estudar o Evangelho, mas não da mesma forma em que ele até
então vinha sendo estudado, era necessário dar um novo entendimento ao mesmo
usando os avanços da ciência espiritual. Por isso, Evangelho "segundo o
Espiritismo", ou seja, Evangelho segundo a ótica espírita.


--- Questão [#006]
Se Herodes morreu no ano -4 a.c, isso significa que Jesus nasceu entre o ano -4
e o ano -7 a.c, e morreu entre  o ano 26 e 30. Como se explica que no livro Há
Dois Mil Anos, Publio Lentulus coloque a data da morte de Jesus no ano  33 (o
convencional)? Se ele viveu na época de Jesus, narrando os acontecimentos,
jamais poderia errar a data da morte  de Jesus.

Resposta: Eu confesso que não sei responder essa questão com a precisão
necessária, porém tenho algumas opiniões, opiniões essas que é bom se fique
claro, são pessoais.
Segundo entendemos, Emmanuel tem uma missão muito grande de evangelizador no
Brasil. Conforme palavras do próprio Chico Xavier em entrevista à Folha
Espírita, ele foi um dos Espíritos colaboradores na época da Codificação. Sendo
assim, Emmanuel não é um Espírito qualquer, e sim alguém não só bem informado,
como de boa evolução espiritual. Portanto, Emmanuel sabe quando foi que Jesus
desencarnou.
Então por que diz ele algo contrário à tendência dos estudos científicos
atuais? Como já disse, não sei, porém pensemos:
Pode ter havido erro por parte do médium. Segundo os próprios Espíritos, em
matéria de mediunidade, quando o médium é excelente, ele retrata numa proporção
de 50% o que o Espírito quer dizer, os outros 50 é por conta do médium. O livro
"Há Dois Mil Anos" foi um dos primeiros dos Chico, ele ainda tinha muito a
amadurecer.
Outra coisa que precisa ser levado em conta, é que nem a Ciência nem os
historiadores têm conclusão fechada sobre a morte de Jesus. Dizem alguns que
não há nem mesmo prova que ele tenha morrido na cruz. Dizem estes que o corpo
não foi encontrado, e se não há corpo, como comprovar a morte? Ou seja, nem
eles mesmos se entendem, desta forma, os Espíritos podem estar aguardando, para
no momento oportuno revelarem as coisas como realmente aconteceram.
Muita coisa poderia ainda ser dita sobre o assunto, mas talvez sem tanta
importância. Por isso preferimos priorizar o aspecto moral do Evangelho.
O próprio Emmanuel afirma no prefácio do Livro Paulo e Estevão:
"Desde já, vejo os críticos consultando textos e combinando versículos para
trazerem à tona os erros do nosso tentame singelo. Aos bem intencionados
agradecemos sinceramente, por conhecer a nossa expressão de criatura falível,
declarando que este livro modesto foi grafado por um Espírito para que os que
vivam em espírito; e ao pedantismo dogmático, ou literário, de todos os tempos,
recorremos ao próprio Evangelho para repetir que, se a letra mata, o espírito
vivifica."


--- Questão [#007]
Será que eu como simpatizante e participante das palestras de um centro
espírita posso estudar o evangelho  em casa, sozinha? Se posso, qual o
procedimento correto a ser tomado?

Resposta: Pode sim, apesar de que, o estudo em grupo é sempre mais
aconselhável. Não existe um procedimento único, correto ou incorreto. É preciso
alguns quesitos, porém nada radical, como por exemplo: um estudo constante dos
princípios espíritas, uma mente aberta para aceitar o novo, uma boa disposição
para o auto-conhecimento e para o  estudo de obras ligadas ao Evangelho, entre
outros.

--- Questão [#008]
O estudo pelo espírita do evangelho, deve-se apenas proceder através do livro
"O Evangelho Segundo o Espiritismo",ou tem algum livro de apoio que servirá de
complemento didático para maior fixação do assunto estudado, como no caso de
perguntas e respostas de O Livro dos Espíritos?

Resposta: O Evangelho Segundo o Espiritismo é um livro imprescindível no estudo
do Evangelho de Jesus, entretanto existem outros também importantes, como a
série de Emmanuel sobre o Evangelho, Estudando o Evangelho de Martins Peralva,
Jesus Terapeuta editado pela AME de Belo Horizonte, o já citado Luz
Imperecível, alguns livros do Djalma Mota Argolo, Vinícius, entre outros;
inclusive os 6 Volumes Sabedoria do Evangelho do Pastorino, que infelizmente já
se acham entre os livros raros e não mais editados.

--- Questão [#009]
Como deve ser feito o estudo do Evangelho em grupo?

Resposta: Creio já ter respondido essa pergunta, quando da resposta da questão
n° 3

--- Questão [#010]
Pode acontecer de haver alguma manifestação espiritual, uma vez que um grupo se
reuna apenas para se fazerem estudos através do Evangelho? E já se sabendo de
antemão que dentre os participantes desse grupo se encontrem médiuns ja
desenvolvidos? Uma vez que isso venha a acontecer, e que o médium sinta a
presença de um espírito, deve ele deixar que esse se manifeste?

Resposta: Pode acontecer sim, todavia não acho aconselhável. Deve-se deixar
manifestações mediúnicas para reuniões específicas dentro da Casa  Espírita. A
reunião de estudos deve ser só para estudo, apesar de servir de apoio para as
próprias reuniões mediúnicas.

--- Questão [#011]
Por que o velho testamento não é abordado no Evangelho Segundo o Espiritismo?

Resposta: Por não ser essa a proposta dos Espíritos codificadores para aquela
obra, apesar de nele (ESE), existirem algumas citações do Velho Testamento.
Kardec ainda cita o Velho Testamento no Livro dos Espíritos, e faz um estudo
mais amplo no livro A Gênese.

--- Questão [#012]
Acho difícil o velho testamento. Por isso me dedico a leitura do novo, onde os
ensinamentos de Jesus são melhor absorvidos. Isto está correto?

Resposta: Não é que esteja correto ou incorreto, pode ser um caminho. No ESE
Kardec fala nas 3 revelações, sendo que a 1a está contida no Velho Testamento.
Desta forma é importante estudá-lo; ele é útil até mesmo para compreensão de
algumas passagens do Novo Testamento, porém, como você mesmo disse, sua
compreensão não é simples, assim podemos num primeiro momento estudar mais o
Novo Testamento, e quando estivermos mais preparados, estudarmos o Velho. Há
muitos espíritas que têm excelente interpretação dos textos do Velho
Testamento, podendo deste modo, nos auxiliarem.

--- Questão [#013]
Por que Jesus disse a Maria Madalena: "Não me toques, porque ainda não subi ao
Pai"? E ainda: Se Maria Madalena o tivesse tocado, o que poderia ter
acontecido? Como o espírita deve entender essa passagem?

Resposta: Se me permite, para comentar esse versículo prefiro citar o texto
conforme a tradução de Almeida:

"Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai
para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e
vosso Deus." (João, 20: 17)

Pensemos na cena como ela aconteceu segundo a narrativa dos evangelistas.
Jesus, a quem Maria amava, tinha sido sacrificado. Eles, os discípulos, estavam
profundamente tristes com a perda daquele que eles consideravam como uma
referência, aquele com quem há três anos ladeavam numa ampla relação de
amizade. É de se compreender, deste modo, a tristeza que reinava entre eles.
Quem já viu um ser amado partir para o além, sabe como é esse momento.
Neste clima Maria foi visitar o túmulo do Senhor, e não vendo o corpo no
sepulcro chora, pois pensava que tinham roubado o corpo do Rabi. Após uma
conversa com dois espíritos, ela viu Jesus e se certificou que ele não havia
morrido, apenas mudado de plano, pois a morte não existe. Imagine o que ela
sentiu nesse momento. Ela que já estava sensibilizada deve ter transbordado de
emoção. Segundo a narrativa de Mateus (Mt, 28:9), as mulheres que visitaram o
túmulo abraçaram os pés do Senhor. É aí que ele diz: "Não me detenhas, porque
ainda não subi para meu Pai."
Jesus queria dizer que ele já havia cumprido sua excelente missão de educador,
cabia a ela, agora, continuar seu processo auto educativo, ele,a partir daquele
momento, realizaria sua missão de um outro modo, não mais da mesma forma que
vinha desempenhando no corpo físico.
Fica para nós a lição de que não devemos nos vincular às pessoas a ponto de
prejudicá-las quando do seu desencarne, retendo-as emocionalmente a nós que
aqui ficamos. A separação às vezes é necessária e cada um terá que cumprir sua
nova missão, não podendo um prejudicar o outro no andamento natural da vida.Se
a vinculação é o meio, a desvinculação é o fim.


--- Questão [#014]
Nas casas espíritas ouço muito falar sobre  "Ensinamento da Doutrina e do
Evangelho para as Crianças " mas nunca vi  um programa aberto a todos
direcionado ao Adulto. No Centro que freqüento só pode passar por orientação se
achar que necessita, temos as palestra do dia e depois tomamos o passe. Mas
sinto falta de ESTUDAR o Evangelho  "A BIBLIA", a palavra de DEUS e debate-las.

Resposta: Você tem razão, Centro Espírita é local de trabalho e de estudo, é
preciso que os dirigentes das Casas Espíritas se apercebam disto. Além das
importantes palestras, dos passes, e da distribuição de água fluídica, é
preciso que se crie nas CEs grupos onde possa ser estudado com mais
profundidade os temas doutrinários e evangélicos. Há casas que já os possuem,
porém é imperioso que se criem grupos de estudos para que seja estudado o
Evangelho de Jesus, pois é nele que temos os fundamentos para nossa reeducação;
e o principal objetivo da Doutrina Espírita segundo Kardec e os Espíritos
envolvidos na Codificação é a melhoria moral do ser humano.

--- Questão [#015]
Se o espiritismo não se baseia nos Evangelhos e é aberto a todos as religiões,
porque um livro da codificação dedicado somente ao Cristianismo.

Resposta: Os Espíritos Codificadores entendem ser a moral cristã a mais elevada
entre todas. Dizem eles ser a mesma, a moral espírita e a moral cristã. Jesus
quando nos falou do Consolador disse que ele, o Consolador, nos faria lembrar
de tudo que ele estava ensinando. Desta forma, é grande a ligação entre
cristianismo e espiritismo. O Espiritismo é uma filosofia cristã, por isso um
livro dedicado ao Evangelho. O que é preciso que não se confunda, é o que é
cristianismo conforme os ensinamentos de Jesus, e o que os homens fizeram dele.
É aí que está a diferença. A missão do Espiritismo é reviver na essência os
ensinamentos de Jesus.

--- Questão [#016]
O estudo da parte histórica dos evangelhos é importante para o espírita?

Resposta: Importante sim, digo mesmo, importantíssimo; porém, não prioritário.
Estou com Kardec quando diz que o essencial é o aspecto moral do Evangelho.
Devemos no estudo dos textos da Boa Nova buscar sempre o componente
reeducacional contido nos mesmos. No entanto, por experiência própria, digo que
o estudo da parte histórica, dos costumes, e da geografia do Evangelho ajudam e
muito no objetivo maior de melhorar-nos a todo instante.

Autor: Cláudio Fajardo

Todo esse material provém dos sites: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo e da Revista Eletrônica O Consolador.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Kardec e a Bíblia

Kardec e a Bíblia

A Bíblia é um dos livros mais conhecidos de todos os povos. É sem dúvida um dos maiores sucessos editoriais de todos os tempos, pois trata-se de um dos livros mais vendidos em toda historia da humanidade e um dos mais traduzidos para vários idiomas.[1]
Em todos os tempos estudiosos se debruçaram sobre seus os textos para analisá-los. Textos estes que foram sempre motivos de muitas contradições e já geraram, e ainda hoje são, responsáveis por guerras de grandes conseqüências.
Sempre existiram aqueles que a interpretaram em seu sentido literal, outros ao contrário, viram em suas narrativas alegorias, e buscaram extrair destas alegorias um ensinamento moral mais profundo e de grande alcance. Há ainda os que sempre a tiveram por uma revelação divina escrita pelo próprio Criador de todas as coisas que assumira em vários momentos nomes distintos.
Hoje, historiadores e cientistas conseguem fazer um apanhado mais próximo da realidade e com o avanço da crítica textual definem autores, datas, e a origem de textos, com maior precisão e com menores chances de erro, porém, as polêmicas continuam porque o sentido velado destes mesmos textos, afirmam alguns, só podem ser percebidos com os olhos da alma, com a profunda integração dos estudiosos com as forças transcendentais da vida e com um estudo minucioso de cada palavra ali contida com um objetivo, mesmo que este, por origem divina, tenha passado despercebido até mesmo de seus autores físicos.
Este livro influenciou muitos povos, fez história, ergueu e destruiu impérios, marcou constituições e determinou atitudes políticas em todos os tempos.
Em nosso movimento espírita não têm sido menos polêmicos os estudos de seu conteúdo, e até com certa descrença alguns espíritas têm perguntado: “deve o espírita estudar a Bíblia?” Outros têm ido mais além respondendo que não, e há ainda aqueles, apesar de minoria, que não concordam nem mesmo com o estudo do Novo Testamento, dizendo que bastam as anotações do Codificador do espiritismo em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
A estes dirigimos estas linhas dizendo que estão eles em grande contradição com os próprios textos básicos de nossa literatura espírita, pois estes informam-nos claramente ser o espiritismo uma filosofia cristã, e que Jesus é o Guia e Modelo para todos nós que trilhamos o caminho evolutivo traçado por Deus desde a criação de todas as coisas.
O Evangelho Segundo o Espiritismo é uma obra ímpar, de grande importância, e de qualidade incontestável, porém não foi escrito com o objetivo de elucidar todo o conteúdo do Novo Testamento, seu propósito maior foi ampliar, explicando, o conteúdo moral do Evangelho de Jesus e fazer uma conexão deste com a revelação dos Espíritos Superiores.
Além de O Evangelho Segundo o Espiritismo, que é o livro mais conhecido da literatura espírita, Kardec responde a esta nossa questão de que se deve a Bíblia ser estudada pelos espíritas em vários outros textos contidos na codificação.
É preciso antes de tudo lembrar que Kardec foi um cientista, um educador e um sábio de seu tempo, e deste modo, e por fazer tudo isso com uma competência tal que o projetou para muito além de seus dias, não se viu impedido de aceitar desafios; desta feita estudou minuciosamente não só a Bíblia como textos sagrados de várias outras filosofias religiosas ponderando com saber e lógica sobre as contradições de cada um e de seu sentido espiritual mais profundo.
Já na questão 59 de O Livro dos Espíritos disserta sobre colocações bíblicas a respeito da Criação com considerações que devem ser ponderadas por todos nós.
Como introdução a estas questões, na pergunta de nº 50, questiona sobre o início da humanidade no orbe induzindo os Espíritos a falarem sobre o figura mítica de Adão, figura esta bem colocada para todos nós nos primeiros movimentos do livro Gênesis atribuído até então, a Moisés.
Os Espíritos informam a Kardec que Adão não foi o primeiro nem o único homem a povoar a Terra àquele tempo, e dizem mais:

“O homem, cuja tradição se conservou sob o nome de Adão, foi dos que sobreviveram, em certa região, a alguns dos grandes cataclismos que revolveram em diversas épocas a superfície do globo, e se constituiu tronco de uma das raças que atualmente o povoam. As leis da Natureza se opõem a que os progressos da Humanidade, comprovados muito tempo antes do Cristo, se tenham realizado em alguns séculos, como houvera sucedido se o homem não existisse na Terra senão a partir da época indicada para a existência de Adão."[2]

Como dissemos, na questão 59 Kardec amplia, fruto de seus estudos, os comentários sobre colocações bíblicas concernentes à Criação, dizendo que a Bíblia, se interpretada literalmente, erra não só quanto a Adão não ser o primeiro e único homem que originou a humanidade, como também comenta sobre a impossibilidade de ter sido criado o mundo em seis dias de vinte quatro horas apenas; e também sobre a questão do movimento da Terra, que, em determinada época, pareceu se opor aos textos bíblicos que a viam imóvel, além de outras questões importantes sobre quando se deu o início da criação, que o Gênesis situa há quatro mil anos antes de Cristo, e que a ciência mostra ser inverossímil esta data, pela anterioridade de fósseis encontrados que datavam de tempo muito anterior a este.
Depois de pormenorizados comentários a respeito deste tema e de outros, Kardec conclui perguntando:
Dever-se-á daí concluir que a Bíblia é um erro?
Ao que ele mesmo com a sabedoria e o bom senso que lhe eram peculiares responde:

"Não; a conclusão a tirar-se é que os homens se equivocaram ao interpretá-la."[3]

Mostrando para todos nós que deveríamos estudar a Bíblia, como ele fez, e que caberia aos espíritas reinterpretá-la às luzes da ciência espírita.
Mais adiante, no livro A Gênese, Kardec volta ao tema dizendo:

"De todas as Gêneses antigas, a que mais se aproxima dos modernos dados científicos, sem embargo dos erros que contém, postos hoje em evidência, é incontestavelmente a de Moisés. Alguns desses erros são mesmo mais aparentes do que reais e provêm, ou de falsa interpretação atribuída a certos termos, cuja primitiva significação se perdeu, ao passarem de língua em língua pela tradução, ou cuja acepção mudou com os costumes dos povos, ou, também, decorrem da forma alegórica peculiar ao estilo oriental e que foi tomada ao pé da letra, em vez de se lhe procurar o espírito."[4]

"Sobre alguns pontos, há, sem dúvida, notável concordância entre a Gênese moisaica e a doutrina científica; mas, fora erro acreditar que basta se substituam os seis dias de 24 horas da criação por seis períodos indeterminados, para se tornar completa a analogia. Não menor erro seria o acreditarse que, afora o sentido alegórico de algumas palavras, a Gênese e a Ciência caminham lado a lado, sendo uma, como se vê, simples paráfrase da outra."[5]

Na continuidade deste capítulo XII do mesmo livro A Gênese, Kardec faz uma detalhada comparação entre o que diz a ciência sobre os períodos geológicos de formação planetária e os seis dias da criação conforme as anotações mosaicas, vindo a dizer:

"Desse quadro comparativo, o primeiro fato que ressalta é que a obra de cada um dos seis dias não corresponde de maneira rigorosa, como o supõem muitos, a cada um dos seis períodos geológicos. A concordância mais notável se verifica na sucessão dos seres orgânicos, que é quase a mesma, com pequena diferença, e no aparecimento do homem, por último. É esse um fato importante.
Há também coincidência, não quanto à ordem numérica dos períodos, mas quanto ao fato em si, na passagem em que se lê que, ao terceiro dia, «as águas que estão debaixo do céu se reuniram num só lugar e apareceu o elemento árido». É a expressão do que ocorreu no período terciário, quando as elevações da crosta sólida puseram a descoberto os continentes e repeliram as águas, que foram formar os mares. Foi somente então que apareceram os animais terrestres, segundo a Geologia e segundo Moisés."
[6]

Não é nosso objetivo neste texto singelo fazer comentários mais profundos sobre as considerações de Kardec, nem muito menos acrescentar algo como interpretação dos textos mosaicos, apenas mostrar que o Codificador estudava a Bíblia e nos ensinava como fazer. Deste modo, ele recorre aos termos originais do hebraico várias vezes para melhor compreender a essência do que queriam dizer os autores bíblicos, comenta outros textos como os do dilúvio, da perda do paraíso, nos mostrando ser possível fazer uma exegese fundamentada nos ensinamentos espíritas e assim muito aprender com esta literatura, que diga-se de passagem é de ótima qualidade.
E ainda neste mesmo capítulo de A Gênese reitera o que havia dito em O Livro dos Espíritos:

"Não rejeitemos, pois, a Gênese bíblica; ao contrário, estudemo-la, como se estuda a história da infância dos povos.
Trata-se de uma época rica de alegorias, cujo sentido oculto se deve pesquisar; que se devem comentar e explicar com o auxílio das luzes da razão e da Ciência. Fazendo, porém, ressaltar as suas belezas poéticas e os seus ensinamentos velados pela forma imaginosa, cumpre se lhe apontem expressamente os erros, no próprio interesse da religião. Esta será muito mais respeitada, quando esses erros deixarem de ser impostos à fé, como verdade, e Deus parecerá maior e mais poderoso, quando não lhe envolverem o nome em fatos de pura invenção."
[7]

É sobre o Novo Testamento que Kardec mais se ocupa com interpretações de grande inteligência.
Na introdução de o Evangelho Segundo o Espiritismo mostra que esta obra priorizaria o conteúdo moral dos ensinamentos de Jesus, deixando para outros momentos temas mais polêmicos que podiam dividir as opiniões. Mesmo assim mostra-nos a importância de fazermos uma análise histórica, cultural e sociológica daquele período em que Jesus viveu, e vai mais além, tanto analisando algumas expressões idiomáticas do hebraico, como fazendo uma conexão entre as filosofias de Sócrates e Platão, com os ensinamentos de Jesus e com a Doutrina Espírita que surgia.
Nos livros A Gênese e em Obras Póstumas, obra publicada após o seu desenlace, volta ao tema desta vez analisando à luz do Espiritismo temas, como dissemos anteriormente, mais polêmicos.
No primeiro Kardec analisa os ditos “milagres” feitos por Jesus, como curas, ressurreições, profecias, entre outros. Mostrando-nos que o que foi chamado de milagre nada mais era do que um desconhecimento do homem sobre algumas leis da natureza. Jesus, por ser um Espírito de grande evolução, de alta hierarquia espiritual, tinha conhecimento destas leis e agia consoante a vontade do Pai atuando nas causas dos problemas, atingindo assim resultados incompreendidos pelo ser humano comum
Kardec teve a coragem de dizer sem perder entendimento em matéria de religiosidade, que a Lei Divina não pode ser derrogada nem por Jesus e nem mesmo por Deus, portanto não havia milagres, mas tudo se dava como fruto de ação consciente num nível mais profundo de espiritualidade.
Já no livro Obras Póstumas o Codificador faz um estudo minucioso sobre a natureza de Jesus, mostrando-nos, com maestria, baseado nas próprias palavras do Mestre e na opinião de suas testemunhas vivas, os apóstolos, que Jesus não era Deus, e esta crença que surgiu nos séculos posteriores do cristianismo não tinha fundamentação bíblica e era pura deturpação dos textos originais das escrituras.
Estes textos devem ser meditados e estudados por todos os espíritas como resposta àquela questão que comentamos no início, de que se deve ou não o espírita estudar a Bíblia. Servindo para outros irmãos ligados a outras crenças religiosas para mostrá-los que o Espiritismo além de ser uma filosofia cristã também se preocupa em estudar a Bíblia tendo por exemplo, o seu Codificador.
E mesmo outros estudiosos dos textos sagrados que realizam importantes comentários sobre as escrituras citando historiadores e profitentes de várias crenças, deviam conhecer um pouco mais de Kardec e a sua opinião sobre esta, que como dissemos no início, é uma das obras mais importantes da literatura mundial.
[1] Alguns autores dão como mais seis bilhões de exemplares vendidos e mais de dois mil idiomas em que foram traduzidos os originais.
[2] O Livro dos Espíritos, questão 51
[3] Ibidem, questão 59
[4] A Gênese, cap. IV item 5
[5] Gênese, cap. XII item 3
[6] Ibidem, item 6
[7] Ibidem, item 12

Estudo escrito por Cláudio Fajardo

No Princípio era o Verbo...” (João, 1: 1)

No Princípio

“No Princípio era o Verbo...” (João, 1: 1)

Assim inicia o evangelista o quarto Evangelho. Enquanto outros iniciam apresentando-nos Jesus, a origem de sua família, seu nascimento e as ocorrências deste, o autor de João nos fala da origem profunda do Cristo. Em uma tradução mais fiel, “no princípio: o Logos”.A expressão no princípio, em grego en arkê, em hebraico, beréshit, nos fala de uma origem; alguns analistas têm visto este princípio desvinculado de qualquer idéia de tempo, seria assim atemporal; Deus é eterno e incriado, deste modo a criação seria eterna, algo que jamais começou. Todavia podemos também entender este princípio como um momento escolhido no tempo para iniciar um relato. Dizemos assim, pois desta forma fica mais fácil a compreensão de algo que transcende o nosso entendimento: a origem de tudo.
Assim, temos o princípio de acordo com o estado evolutivo individual de cada um. Para uns a vida começa com o nascimento físico, outros aceitam com facilidade a pré-existência da alma. Entre estes últimos há os que crêem que a vida inteligente só acontece a partir do reino animal ou hominal, entretanto há aqueles que já vêem o princípio inteligente no mineral, ou até mesmo antes deste.
O evangelista escreveu em grego, todavia, pensava em hebraico, daí a importância de analisarmos este beréshit. De que princípio fala o texto, da origem do universo material? Das dimensões tempo e espaço? Ou simplesmente da fundação de nosso Orbe? Como dissemos, cabe a cada um analisar de acordo com a sua possibilidade evolutiva.
Os rabinos observam que a primeira letra do alfabeto hebraico é o “aleph”. Esta simbolizaria Deus em sua unidade; “beth”, a segunda, a inicial de beréshit representaria assim, a dualidade. Portanto, beréshit (princípio), seria a entrada do universo na dualidade, a criação do mundo corpóreo.
No princípio: o Logos. Logos é uma palavra grega que foi traduzida como verbo, ou palavra. Todavia, seu correspondente hebraico davar, significa também inteligência, informação criadora. Deste modo logos não é verbo ou palavra em seu sentido habitual, mas a palavra criadora, o poder criador. Seria o espírito de Deus manifesto na criação, o Deus imanente.
Assim podemos entender melhor o primeiro versículo deste inspirado Evangelho:
“No princípio era o Logos e o Logos estava em Deus e o Logos era Deus.”Façamos agora uma analogia deste versículo com versículo inicial do Gênesis:
“No princípio, criou Deus os céus e a terra.” (Gn, 1: 1) No texto original temos o nome Elohîms para designar o Deus que hoje conhecemos. Deus é único, singular, absoluto; porém Elohîms é plural. Segundo Chouraqui (1995, pág.31)[1], nas línguas semíticas, Elohîms é o termo genérico para designar o conjunto de divindades. Seriam assim, dentro da terminologia espírita, os Espíritos Puros, aqueles que segundo André Luiz realizam uma Co-Criação em plano maior. Relata-nos o autor espiritual:
“Nessa substância original, ao influxo do próprio Senhor Supremo, operam as Inteligências Divinas a Ele agregadas, em processo de comunhão indescritível…”
“(…)Essas Inteligências Gloriosas tomam o plasma divino e convertem-no em habitações cósmicas, de múltiplas expressões, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou sólidas, obedecendo a leis predeterminadas…” (Evolução em Dois Mundos, cap. 1, 1ª parte)
Emmanuel também nos esclarece a respeito:
“Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias.” (À Caminho da Luz cap. 1)Estas anotações estão em pleno acordo com o que nos ensinam os Espíritos na Codificação, em O Livro dos Espíritos encontramos:
“Deus não exerce ação direta sobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos.” (Questão 536 letra b).Portanto, quem constrói e formam os mundos físicos e materiais são os Espíritos destacados pelo Senhor Supremo para esta função, e Elohîms, Cristos, Logos, na verdade são nomes que expressam esses “agentes dedicados” que servem a Deus desde o princípio dos tempos.
A partir das ideais expostas neste texto colocamos a seguinte questão:
Informa-nos O Livro dos Espíritos na questão 17 que não é dado ao homem conhecer o princípio das coisas, que isto tudo ainda é para ele um mistério. E esta palavra repete-se por várias vezes nesta obra mostrando nossa incapacidade de compreensão. Porém, já podemos questionar algumas coisas que nos parecem claras.
Deus é Uno, sua Lei é imutável e sua criação tem um modelo único, não sendo possível que sua Lei determine que uma ocorrência aconteça ora de um jeito ora de outro.
Se assim é não podemos conceber que em sua origem o espírito tenha sido criado simples e ignorante. É preciso refletir sobre isso, e os espíritas têm de discutir esta questão. Pensamos que quando os espíritos assim disseram na questão 115 de “O Livro dos Espíritos” não estavam se referindo à origem e sim ao início de um ciclo evolutivo. A prova de que esta pode ser a realidade é que eles mesmos repetem várias vezes que o princípio das coisas ainda é para o homem um mistério.
Uma outra prova desta impossibilidade é que se os espíritos fossem criados simples e ignorantes e tivessem necessidade de passar pelo mundo material para chegarem à condição de Espíritos Puros, quem seriam os “agentes dedicados”, os Cristos, ou Construtores dos primeiros mundos físicos? E estes quando criados seriam habitados por quem? Teria Deus operado diretamente sobre a matéria no início da Criação e só depois parado de assim o fazer? Particularmente cremos que não.
Este não é um artigo de contestação, sinceramente não temos esse objetivo. Não gostamos de polêmica. A nossa proposta é simplesmente levar os Espíritas atuais a pensar sobre o assunto e ajudar-nos no eterno questionamento:
Quem somos, de onde viemos, para onde vamos?

[1] No Princípio (Gênesis).

Estudo escrito por Cláudio Fajardo

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Entrevista com Cláudio Fajardo sobre o estudo do evangelho pelo espírita.

1-Pergunta: No capítulo XVII do Evangelho de S. Mateus, está evidente a reencarnação,
porque as pessoas não espíritas não concordam?
Cláudio: Todos nós, no decorrer de nosso processo evolutivo, criamos pontos de vistas
e temos enorme dificuldade de aceitar algo novo, principalmente se nossos interesses
mais imediatos são atingidos; mesmo que as coisas se tornem claras insistimos na
rebeldia de não enxergar o que é natural. Foi referindo-se a estes, que Jesus disse:
"eles vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem compreendem." (Mateus, 13: 13)



http://www.cvdee.org.br/images/dot.gif


2-Pergunta: O espírita deve seguir apenas a decodificação do Evangelho trazida no ESE, ou se
 deve procurar ampliar o trabalho começado por Kardec?

Cláudio: A Doutrina Espírita é uma doutrina evolucionista, o próprio Kardec
deixou claro que a Codificação era o princípio e não o fim. Desta forma, entendo,
que não só no que diz respeito ao Evangelho, mas em todos os seus aspectos,
devemos ampliar o trabalho do ilustre codificador.

3-Pergunta: Qual a melhor forma para estudar o Evangelho segundo o Espiritismo?

Cláudio: O Espiritismo por ser a chave que nos permite compreender com mais clareza
a mensagem deixada pelo Meigo Rabi da Galiléia,deve ser sempre levado em conta no
estudo da Boa Nova. Assim, é preciso aplicar seus princípios a nortear-nos no
entendimento do texto evangélico.
Outra questão importante é realizar esse estudo em grupo para que várias idéias
 possam ser levadas em conta na interpretação dos textos, pois não podemos fechar
questão num único modo de compreender determinada passagem,pois o entendimento
se amplia à medida que evoluímos e um grupo de pessoas voltadas
para um interesse comum no bem, tem sempre mais a contribuir para um melhor
 andamento do estudo.
No livro Renúncia, do Espírito Emmanuel psicografado por Francisco Cândido Xavier,
nas páginas 331 a 333 temos ótima referência de como realizar o estudo
do Evangelho à luz da Doutrina Espírita. Ainda podemos sugerir o Livro
"Luz Imperecível" editado pela União Espírita Mineira, e um estudo de nossa
autoria disponibilizado para download no site do CEPAK, sobre como estudar o Evangelho: http://br.groups.yahoo.com/group/CEPAK/files/Novo%20Testamento/Evangelho.zip

4-Pergunta: Existem numerosos livros e metodologias de estudo do Evangelho
 na atualidade.
Em sua opinião, quais são mais enriquecedores: aqueles que exploram mais
minuciosamente os textos evangélicos ou os que partem da interpretação Kardequiana,
expressa na Codificação?

Cláudio: As duas formas se completam, como dissemos anteriormente é preciso levarmos
em conta os princípios espíritas na interpretação evangélica, e do mesmo modo
interpretarmos minuciosamente os versículos, pois como nos diz Alcíone na obra de Emmanuel 

citada:

"Chegamos à conclusão de que o Evangelho, em sua expressão total, é um vasto caminho
ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem conhecimento e aplicação
de todos detalhes. Muitos estudiosos presumem haver alcançado o termo da lição do Mestre,
com uma simples leitura vagamente raciocinada. Isso contudo, é erro grave. A mensagem
do Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida. Nesta ordem de aquisições,
não basta estar informado. Um preceptor do mundo nos ensinará a ler; o Mestre, porém,
nos ensina a proceder, tornando-se-nos, portanto, indispensável a cada passo da existência.
Eis por que, excetuados os versículos de saudação apostólica, qualquer dos demais
conterá ensinamentos grandiosos e imorredouros, que impende conhecer e empregar,
a benefício próprio."
(Renúncia, pág. 333)

5-Pergunta: Porque a obra de Kardec é chamada Evangelho "segundo Espiritismo"?

Cláudio: Na questão 625 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos nos afirmam ser Jesus,
o Guia e o Modelo mais perfeito para que a humanidade se espelhasse na condução de
seu processo evolucional. Na conclusão do mesmo livro, dizem ser a moral espírita e a
moral cristã, a mesma.
Assim, era preciso estudar o Evangelho, mas não da mesma forma em que ele até então
vinha sendo estudado, era necessário dar um novo entendimento ao mesmo usando
os avanços da ciência espiritual. Por isso, Evangelho "segundo o Espiritismo", ou seja,
Evangelho segundo a ótica espírita.

6-Pergunta: Se Herodes morreu no ano -4 a.c, isso significa que Jesus nasceu entre
o ano -4 e o ano -7 a.c, e morreu entre o ano 26 e 30. Como se explica que no
livro Há Dois Mil Anos, Publio Lentulus coloque a data da morte de Jesus
no ano 33 (o convencional)? Se ele viveu na época de Jesus, narrando os acontecimentos,
jamais poderia errar a data da morte de Jesus.

Cláudio: Eu confesso que não sei responder essa questão com a precisão necessária,
porém tenho algumas opiniões, opiniões essas que é bom se fique claro, são pessoais.
Segundo entendemos, Emmanuel tem uma missão muito grande de evangelizador no
 Brasil.
Conforme palavras do próprio Chico Xavier em entrevista à Folha Espírita, ele foi um
dos Espíritos colaboradores na época da Codificação. Sendo assim, Emmanuel não
é um Espírito qualquer, e sim alguém não só bem informado, como de boa
evolução espiritual.
Portanto, Emmanuel sabe quando foi que Jesus desencarnou.
Então por que diz ele algo contrário à tendência dos estudos científicos atuais?
Como já disse, não sei, porém pensemos:
Pode ter havido erro por parte do médium. Segundo os próprios Espíritos, em
matéria de mediunidade, quando o médium é excelente, ele retrata numa proporção
de 50% o que o Espírito quer dizer, os outros 50 é por conta do médium.
O livro "Há Dois Mil Anos" foi um dos primeiros dos Chico, ele ainda tinha muito
a amadurecer.
Outra coisa que precisa ser levado em conta, é que nem a Ciência nem os historiadores
têm conclusão fechada sobre a morte de Jesus. Dizem alguns que não há nem mesmo
prova que ele tenha morrido na cruz. Dizem estes que o corpo não foi encontrado,
e se não há corpo, como comprovar a morte?
Ou seja, nem eles mesmos se entendem, desta forma, os Espíritos podem estar
aguardando,para no momento oportuno revelarem as coisas como realmente aconteceram.
Muita coisa poderia ainda ser dita sobre o assunto, mas talvez sem tanta importância.
Por isso preferimos priorizar o aspecto moral do Evangelho.
O próprio Emmanuel afirma no prefácio do Livro Paulo e Estevão:
"Desde já, vejo os críticos consultando textos e combinando versículos para trazerem
à tona os erros do nosso tentame singelo. Aos bem intencionados agradecemos
sinceramente, por conhecer a nossa expressão de criatura falível, declarando que
este livro modesto foi grafado por um Espírito para que os que vivam em espírito;
e ao pedantismodogmático, ou literário, de todos os tempos, recorremos ao próprio
Evangelho para repetir que, se a letra mata, o espírito vivifica."

7-Pergunta: Será que eu como simpatizante e participante das palestras de um
centro espírita posso estudar o evangelho em casa, sozinha? Se posso, qual o
procedimento correto a ser tomado?

Cláudio: Pode sim, apesar de que, o estudo em grupo é sempre mais aconselhável.
Não existe um procedimento único, correto ou incorreto. É preciso alguns quesitos,
porém nada radical, como por exemplo: um estudo constante dos princípios espíritas,
uma mente aberta para aceitar o novo, uma boa disposição para o auto-conhecimento
e para o estudode obras ligadas ao Evangelho, entre outros.

8-Pergunta: O estudo pelo espírita do evangelho, deve-se apenas proceder através do
livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo",ou tem algum livro de apoio que servirá
de complemento didático para maior fixação do assunto estudado, como no caso
de perguntas e respostas de O Livro dos Espíritos?

Cláudio: O Evangelho Segundo o Espiritismo é um livro imprescindível no
estudo do Evangelho de Jesus, entretanto existem outros também importantes,
como a série de Emmanuel sobre o Evangelho, Estudando o Evangelho de Martins Peralva,
Jesus Terapeuta editado pela AME de Belo Horizonte, o já citado Luz Imperecível,
alguns livros do Djalma Mota Argolo, Vinícius, entre outros; inclusive os 6 Volumes
Sabedoria do Evangelho do Pastorino, que infelizmente já se acham entre os livros raros
e não mais editados.

9-Pergunta: Como deve ser feito o estudo do Evangelho em grupo?

Cláudio: Creio já ter respondido essa pergunta, quando da resposta da questão n° 3.

10-Pergunta: Pode acontecer de haver alguma manifestação espiritual, uma vez que
um grupo se reuna apenas para se fazerem estudos através do Evangelho? E já se
sabendo de antemão que dentre os participantes desse grupo se encontrem médiuns
ja desenvolvidos? Uma vez que isso venha a acontecer, e que o médium sinta a presença
de um espírito, deve ele deixar que esse se manifeste?

Cláudio: Pode acontecer sim, todavia não acho aconselhável. Deve-se deixar
manifestações mediúnicas para reuniões específicas dentro da Casa Espírita.
A reunião de estudos deve ser só para estudo, apesar de servir de apoio
para as próprias reuniões mediúnicas.

11-Pergunta: Por que o velho testamento não é abordado no Evangelho Segundo o
Espiritismo?

Cláudio: Por não ser essa a proposta dos Espíritos codificadores para aquela obra,
apesar de nele (ESE), existirem algumas citações do Velho Testamento. Kardec
ainda cita o Velho Testamento no Livro dos Espíritos, e faz um estudo mais amplo
no livro A Gênese.

12-Pergunta: Acho difícil o velho testamento. Por isso me dedico a leitura do novo,
onde os ensinamentos de Jesus são melhor absorvidos. Isto está correto?

Cláudio: Não é que esteja correto ou incorreto, pode ser um caminho.
No ESE Kardec fala nas 3 revelações, sendo que a 1a está contida no Velho Testamento.
Desta forma é importante estudá-lo; ele é útil até mesmo para compreensão de
algumas passagens do Novo Testamento, porém, como você mesmo disse, sua
compreensão não é simples, assim podemos num primeiro momento estudar mais
o Novo Testamento, e quando estivermos mais preparados, estudarmos o Velho.
Há muitos espíritas que têm excelente interpretação dos textos do Velho Testamento,
 podendo deste modo, nos auxiliarem.

13-Pergunta: Por que Jesus disse a Maria Madalena: "Não me toques, porque ainda não
subi ao Pai"? E ainda: Se Maria Madalena o tivesse tocado, o que poderia ter acontecido?
Como o espírita deve entender essa passagem?


Cláudio: Se me permite, para comentar esse versículo prefiro citar o texto conforme
a tradução de Almeida:

"Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai,
mas vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai,
meu Deus e vosso Deus." (João, 20: 17)

Pensemos na cena como ela aconteceu segundo a narrativa dos evangelistas.
Jesus, a quem Maria amava, tinha sido sacrificado. Eles, os discípulos, estavam
profundamente tristes com a perda daquele que eles consideravam como uma referência,
aquele com quem há três anos ladeavam numa ampla relação de amizade. É de
se compreender, deste modo, a tristeza que reinava entre eles. Quem já viu um ser
amado partir para o além, sabe como é esse momento.
Neste clima Maria foi visitar o túmulo do Senhor, e não vendo o corpo no sepulcro
chora, pois pensava que tinham roubado o corpo do Rabi. Após uma conversa
com dois espíritos, ela viu Jesus e se certificou que ele não havia morrido, apenas
mudado de plano, pois a morte não existe. Imagine o que ela sentiu nesse momento.
Ela que já estava sensibilizada deve ter transbordado de emoção. Segundo a narrativa
de Mateus (Mt, 28:9), as mulheres que visitaram o túmulo abraçaram os pés do Senhor.
É aí que ele diz: "Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai."
Jesus queria dizer que ele já havia cumprido sua excelente missão de educador,
cabia a ela, agora, continuar seu processo auto educativo, ele,a partir daquele momento,
realizaria sua missão de um outro modo, não mais da mesma forma que vinha
desempenhando no corpo físico.
Fica para nós a lição de que não devemos nos vincular às pessoas a ponto de
prejudicá-las quando do seu desencarne, retendo-as emocionalmente a nós que aqui
 ficamos. A separação às vezes é necessária e cada um terá que cumprir sua nova
 missão, não podendo um prejudicar o outro no andamento natural da vida.Se a
vinculação é o meio, a desvinculação é o fim.
14-Pergunta: Nas casas espíritas ouço muito falar sobre "Ensinamento da Doutrina e
do Evangelho para as Crianças " mas nunca vi um programa aberto a todos direcionado
ao Adulto. No Centro que freqüento só pode passar por orientação se achar que necessita,
temos as palestra do dia e depois tomamos o passe. Mas sinto falta de ESTUDAR o
Evangelho "A BIBLIA", a palavra de DEUS e debate-las.
Cláudio: Você tem razão, Centro Espírita é local de trabalho e de estudo, é
preciso que os dirigentes das Casas Espíritas se apercebam disto. Além das
importantes palestras, dos passes, e da distribuição de água fluídica,
é preciso que se crie nas Centros Espiritas  grupos onde possa ser estudado com mais
profundidade os temas doutrinários e evangélicos. Há casas que já os possuem,
porém é imperioso que se criem grupos de estudos para que seja estudado o
Evangelho de Jesus, pois é nele que temos os fundamentos para
nossa reeducação; e o principal objetivo da Doutrina Espírita segundo Kardec e os
Espíritos envolvidos na Codificação é a melhoria moral do ser humano.

15-Pergunta:
Se o espiritismo não se baseia nos Evangelhos e é aberto a todos as religiões,
porque um livro da codificação dedicado somente ao Cristianismo.

Cláudio: Os Espíritos Codificadores entendem ser a moral cristã a mais elevada
entre todas. Dizem eles ser a mesma, a moral espírita e a moral cristã. Jesus quando
nos falou do Consolador disse que ele, o Consolador, nos faria lembrar de tudo que
ele estava ensinando.
Desta forma, é grande a ligação entre cristianismo e espiritismo. O Espiritismo é
uma filosofia cristã, por isso um livro dedicado ao Evangelho. O que é preciso que
não se confunda, é o que é cristianismo conforme os ensinamentos de Jesus, e o que
os homens fizeram dele.
É aí que está a diferença. A missão do Espiritismo é reviver na essência os
ensinamentos de Jesus.

16-Pergunta: O estudo da parte histórica dos evangelhos é importante para o espírita?

Cláudio: Importante sim, digo mesmo, importantíssimo; porém, não prioritário. Estou
com Kardec quando diz que o essencial é o aspecto moral do Evangelho. Devemos
no estudo dos textos da Boa Nova buscar sempre o componente reeducacional
contido nos mesmos. No entanto, por experiência própria, digo que o estudo da
parte histórica, dos costumes, e da geografia do Evangelho ajudam e muito no
objetivo maior de melhorar-nos a todo instante.

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