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segunda-feira, 26 de abril de 2021

O DISCURSO DE PEDRO - A PROFECIA DE JOEL

 


Mas Pedro, estando em pé com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Homens da Judéia e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e prestai ouvidos às minhas palavras. Pois estes homens não estão embriagados, como vós supondes, visto que é ainda a hora terceira do dia; mas cumpre-se o que dissera o profeta Joel:


"E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos mancebos terão visões; e os vossos velhos sonharão; e também sobre os meus servos e minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão.


E mostrarei prodígios em cima no céu e sinais embaixo na Terra; sangue e fogo, vapor e fumo; o Sol se converterá em trevas e a Lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo". II - v.v. 14-21.


O discurso de Pedro não termina nestes versículos. Continua até o versículo 36. Para não tomar espaço deixamos de transcrever a última parte, recomendando-a à atenção dos leitores , pois em qualquer "Novo Testamento" com facilidade encontrá-la-ão. Nessa parte o Apóstolo lembra aos Israelitas os grandes poderes de Jesus, os prodígios por Ele operados e os sinais que Deus fez por meio d'Ele, bem como o seu crucificamento por mãos de iníquos, a sua ressurreição, a incorruptibilidade de seu corpo, as antigas profecias avisando tudo o que ia suceder, etc.


Pedro foi um dos primeiros discípulos que Jesus escolheu.


Se lermos atentamente os Evangelhos, veremos que esse homem era um excelente médium, intuitivo e inspirado. Já anteriormente ele tomara a palavra e falara inspirado pelo Espírito, em nome dos Doze.


No cap. XVI de Mateus, v.v. 15 e 16, os leitores verão que perguntando o Mestre aos seus discípulos quem diziam eles ser o Filho do Homem, foi Pedro quem falou em nome dos Doze, e falou inspirado pelo Espírito, transmitindo a REVELAÇÃO, sobre a qual Jesus disse que edificaria sua igreja.


Pedro começou o seu discurso citando a profecia de Joel, profecia esta inserta no "Antigo Testamento" e que anuncia os acontecimentos que se realizariam não só naquela época, como, com mais precisão ainda, na em que nos achamos e num futuro próximo.


Essa profecia é bem clara e se verificou no Cenáculo com a produção de línguas estrangeiras, pelos médiuns poliglotas, que em número de cento e vinte ali se achavam. Mancebos tiveram visões, pois viram "as chamas como que línguas de fogo" repousando sobre todos.


Não consta, entretanto, dos "Atos", que os "velhos tivessem sonhos", o que quer dizer que a profecia não foi realizada em sua totalidade.


Mas depois, conforme veremos no decorrer dos nossos estudos, outras manifestações, como curas, etc., foram verificadas, até que chegada à Era Nova, em que nos achamos, têm-se dado manifestações de todo o gênero, como as que temos observado, segundo os relatos transmitidos pelos sábios e experimentadores que, com o auxílio de poderosos médiuns, tão poderosos como os Apóstolos, e talvez mais ainda, têm prestado todo o seu serviço para desmoronar o "templo do materialismo", erguendo sobre a grande pirâmide do Amor, o belo farol da Imortalidade.


Nós cremos, entretanto, que, por ocasião do Cristianismo nascente, muitos médiuns (quantidade inumerável, mesmo) se desenvolveram e foram desenvolvidos, o que levou Paulo a estabelecer regras para o bom sucesso das reuniões que se efetuavam naquela época.


Na Epístola aos Romanos, cap. XII, 4, diz Paulo:


"Pois assim como temos muitos membros em um só corpo, e todos os membros não têm a mesma função; assim nós, sendo muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. E tendo dons diferentes, segundo a graça que nos foi dada: se é profecia, profetizemos, segundo a proporção da nossa fé; se é ministério, dediquemo-nos ao nosso ministério; ou o que ensina, dedique-se ao que ensina; ou o que exorta, à sua exortação; o que reparte, faça-o com simplicidade; o que preside, com zelo; o que usa de misericórdia, com alegria".


É bastante este trecho para nos deixar ver qual era a vida dos Discípulos e seus atos. Tarefa toda espiritual que não poderia dispensar o auxílio dos Espíritos encarregados de fazer reviver neles as Palavras de Jesus e guiá-los em todas as suas ações. Aí está bem clara a missão do profeta, que deve salientar a profecia.


O Apóstolo da Luz, comparando a diversidade de membros do nosso corpo, cada qual com sua serventia e seu mister, fez ver a diversidade de dons, de faculdades psíquicas, faculdades essas que devem ser orientadas pelos Preceitos do Cristo, que é a cabeça (o Chefe), assim como todos os nossos membros sujeitos estão à cabeça.


Na 1ª aos Coríntios, XII, 4 - 31, o Doutor dos Gentios é ainda mais explícito, mostrando que todas as manifestações são orientadas, ou para melhor dizer, permitidas por Deus. Todos os rios de água viva, aos quais o Mestre se referiu, que manariam do ventre daquele que n'Ele cresse, fazendo alusão ao Espírito que haviam de receber, tinham uma só Fonte que é Deus.


Vamos aproveitar a palavra de tão ilustre Doutor:


"Ora, há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito; e há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor; e há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para proveito. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de ciência, segundo o mesmo Espírito; a outro, fé, no mesmo Espírito; a outro, dons de curar, em um só Espírito; a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, diversidade de línguas, e a outro a interpretação de línguas; mas todas estas coisas opera um só e o mesmo Espírito, distribuindo a cada um particularmente o que lhe apraz".


O "Dom do Espírito Santo", como dizem as Igrejas, vê-se bem claro que é o dom da mediunidade e comunicação dos Espíritos. Cada médium tem a sua missão: sabedoria, ciência, fé, curas, maravilhas, profecia, línguas, etc., etc. Mas é preciso não esquecer que existem também os que têm o dom de discernimento dos Espíritos. Ora, se existem indivíduos encarregados do discernimento dos Espíritos, e se este dom foi enumerado por Paulo, parece claro e lógico que não é só um Espírito que produz tudo, não é sempre o mesmo Espírito que produz maravilhas, curas, profecias, etc., etc., mas sim, muitos, sendo que há adiantados e atrasados, senão não haveria necessidade de discernimento. Quis Paulo dizer que todos os Espíritos são provenientes de Deus, e não como julgavam os judeus, que os havia por parte do diabo.


Na conclusão do capítulo, Paulo trata da necessidade da unidade espiritual da congregação, repetindo o que havia dito aos Romanos e acrescentando várias considerações elucidativas, muito ao alcance de todos e da compreensão dos que nos lêem.


Depois, porém, de terminado o discurso de Pedro, a multidão que o ouvia perguntou a Pedro e aos Apóstolos, o que se deveria fazer para se tornar cristão. Eles responderam:


"Arrependei-vos e cada um seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão do pecado e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois, para vós é a promessa e para os vossos filhos e para todos os que estão longe e a quantos chamar o Senhor nosso Deus. E os exortava: Salvai-vos desta geração perversa. E os que receberam a palavra foram batizados e foram admitidas naquele dia quase três mil pessoas; e perseveraram na doutrina dos Apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor e muitos prodígios e milagres eram feitos pelos Apóstolos. E todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum e vendiam as suas propriedades e bens e os repartiam por todos, conforme a necessidade de cada um".


Este trecho caracteriza perfeitamente a conversão positiva daquela gente simples e humilde que foi incluída nas fileiras da Nova Doutrina, de abnegação, de humildade, de bondade, de desapego, de amor, que o Cristo havia anunciado, e pela qual não temeu nem recuou à morte afrontosa da cruz.


O batismo de que fala os Atos é o batismo de adoção da Nova Fé. Não se julgue este batismo, nem se o compare com os batismos das Igrejas que desnaturam o Cristianismo, estabelecendo cultos e sacramentos exóticos, que não falam à alma, nem ao coração e só têm servido para produzir incrédulos e fanáticos.


O batismo dos Apóstolos era um sinal que deveria imediatamente produzir outro sinal visível de demonstração de Fé, tornando o indivíduo uma nova criatura, no seu falar, no seu proceder, na sua palavra, nas suas ações e até nos seus pensamentos. Não passava de um sinal, sinal invisível, porque era feito com água que não deixa marca, mas que servia tão somente no indivíduo para dar uma impressão de que tinha necessidade de produzir sinais visíveis da sua regeneração, da sua conversão. A água nenhum valor tinha. Mera exterioridade para satisfazer exigências pessoais, ela não podia representar o batismo de Jesus, ou do Espírito, recomendado por João Batista.


E isto se conclui com toda lógica, lendo-se com atenção o cap. II, v. v. 43 e seguintes, que assinalam o modo de vida dos conversos: "E em cada alma havia temor, e muitos prodígios e milagres eram feitos pelos Apóstolos. E todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum, e vendiam as suas propriedades e bens e os repartiam por todos, conforme a necessidade de cada um".


O batismo produziu neles este sinal visível e os fazia queridos de todos.


Cairbar Schutel

terça-feira, 5 de julho de 2016

PARÁBOLA DO JUIZ INÍQUO


"Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que deviam orar sempre e nunca desanimar, dizendo: Havia em certa cidade um juiz, que não temia a Deus, nem respeitava os homens. Havia também naquela mesma cidade uma viúva que vinha constantemente ter com ele, dizendo: Defende-me do meu adversário. Ele por algum tempo não a queria atender, mas depois disse consigo: se bem que eu não tema a Deus, nem respeite os homens, todavia como esta viúva me incomoda, julgarei a sua causa, para que ela não continue a molestar-me com suas visitas. Ouvi, acrescentou o Senhor, o que disse este juiz injusto; e não fará Deus justiça aos seus escolhidos que a Ele clamam dia e noite, embora seja demorado a defendê-los? Digo-vos que bem depressa lhes farão justiça. Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na Terra?"
(Lucas, XVIII, 1-8)

1 - CAIRBAR SCHUTEL
A iniquidade é a falta de equidade, e a justiça revoltante. O iníquo é o homem perverso, criminoso, seja ele juiz, doutor, nobre, rico, pobre, rei. Na esfera moral, mesmo aqui na Terra, não se distinguem os homens pelo dinheiro e pelos títulos que possuem, mas sim pelo seu caráter. O iníquo não tem caráter, ou, por outra, tem caráter iníquo, pervertido. Mas ainda esse, quando tem de resolver alguma questão e o solicitante resolve bater à sua porta até que dê provimento ao seu pedido, para não ser incomodado, e porque é iníquo, resolve com presteza o problema, não para servir, mas para ficar livre de continuar molestado.
Foi o que sucedeu com o juiz iníquo ante a insistência da viúva. De modo que a demora do despacho na petição da viúva foi causada pela iniquidade do juiz. Se este fosse equitativo, justo, reto, de bom caráter, cumpridor de seus deveres, a viúva teria recebido deferimento de seu pedido com muito maior antecedência. Seja como for, o despacho foi dado, embora a custo, após reiteradas solicitações, importunações cotidianas, e o juiz, apesar de iníquo, para não ser "amolado", resolveu a questão. "Ora, disse Jesus, ouvi o que disse esse juiz iníquo; e não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a Ele clama noite e dia, embora seja demorado em defendê-los? Digo-vos que bem depressa lhes fará justiça".
Se a justiça, embora demorada, se faz na Terra até contra a vontade dos juízes, como não há de ser ela feita pelo supremo e justo juiz do Céu? A deficiência não é, pois, de Deus, mas sim dos homens, mormente na época que atravessamos, em que o Filho do Homem bate a todas as portas, inquire todos os corações e os encontra vazios de fé, vazios de crença, vazios de amor a Deus, vazios de caridade!
Antigamente havia juízes iníquos; hoje, pode-se dizer que nem só os juízes, mas até os peticionários são iníquos! A iniquidade lavra como um incêndio devorador, aniquilando as consciências e maculando os corações: homens iníquos, lares iníquos, sociedades iníquas, governos iníquos, leigos iníquos, sábios iníquos, tudo isso devido à crença sacerdotal, aos dogmas das seitas dominantes! Mas o senhor aí está a destruir a iniquidade, e, com ela, os iníquos.
 CAIRBAR SCHUTEL


2 - PAULO ALVES GODOY

A Parábola do Juiz Iníquo, ensinada por Jesus, nos adverte que jamais devemos perder a esperança, no afã de merecer o Atendimento Divino às nossas súplicas e nem duvidar que o SOCORRO solicitado venha ao nosso encontro.
A viúva da parábola, embora sabendo que o juiz era injusto, que não temia a Deus nem respeitava os os homens, não desanimou, pelo contrário, persistiu em sua súplica até ver atendida a sua pretensão. A fé inquebrantável e espírito de perseverança que a animavam deram êxito à sua causa.
O juiz, por sua vez, resolveu satisfazer a sua rogativa, mais pelo aborrecimento que a sua persistência lhe causava, de que propriamente movido pela disposição em atender um caso justo.
Se até os juízes iníquos, se não pelo espírito de justiça, mas por causa dos aborrecimentos que alguém lhes possa causar, decidem-se a aplicar a justiça, por que razão Deus, que é Todo bondade, não atenderia as necessidades de Seus filhos? Por isso, ponderou o Mestre: "E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles. Digo-vos que depressa Ihes fará justiça".
Entre nós, devido à precariedade do sistema judiciário e às falhas naturais, muitas vezes se aguarda anos e anos para o desfecho de um processo, cujo resultado nem sempre é favorável ao suplicante, por que razão não se ter confiança e fé nos apelos que formulamos aos Céus, os quais, quando justos, são invariavelmente atendidos?
O que a parábola nos ensina é que a Justiça Divina pode tardar, mas jamais falha. O atendimento tardio é motivado tão somente por nós próprios, pois quem tiver amealhado bens espirituais, ou acumulado um tesouro nos Céus, segundo o judicioso dizer dos Evangelhos, poderá desfrutar dos benefícios desse tesouro sem qualquer tardança. É óbvio que, se o homem não pratica qualquer boa obra, e se prevarica com os dons que Deus lhe concede, sem procurar se reformar intimamente, deixando de se enquadrar no estado consciencial que Jesus Cristo definiu como sendo a "conquista do reino dos Céus", não poderá desfrutar de primazia no atendimento às suas pretensões.
O Mestre deixou bem evidenciado que "a cada um será dado segundo as suas obras", Com base nessa sentença, nos será fácil deduzir que, se as nossas obras forem boas, tudo aquilo que pedirmos ao Pai, nos será concedido.
A Parábola do Fariseu e do Publicano, narrada em Lucas, 18:9-14, elucida, em parte, esta parábola. A narração se passa entre o fariseu que apenas se limitou a acusar o seu próximo, e o publicano que ali foi humildemente pedir ao Pai que lhe desse uma oportunidade, e Deus ouviu a prece do segundo, que" voltou justificado para a sua casa".
O mesmo Evangelho de Lucas (4:25-27) narra que no tempo de Eliseu havia muitos leprosos na Terra, só que o profeta foi enviado apenas para curar Naman, o Siro; havia muitas viúvas no tempo de Elias, mas o profeta foi enviado tão somente para minorar os sofrimentos de uma pobre viúva de Sarepta, de Sidon. Esta passagem atesta o quanto é importante haver mérito de ordem espiritual, quando se formula um pedido. E esse mérito é a qualidade que o nosso Espírito adquire através da vivência dos preceitos evangélicos, nos embates das vidas sucessivas do Espírito na carne.
O Espiritismo nos ensina que o Espírito, em sua trajetória evolutiva, tende a experimentar provações, em que jamais poderá se esquivar. Por outro lado, as transgressões que comete contra a lei eterna, originam expiações, das quais não se libertará enquanto não as houver resgatado. É o cumprimento do preceito evangélico: "Dali não sairá enquanto não houver resgatado o último ceitil".
Com base nessa assertiva, devemos convir que as preces que erguemos aos Céus terão sempre o mérito de nos dar forças e sustentação, e nunca de alterar os processos expiatórios ou probatórios, aos quais estejamos submetidos. Em outras palavras, conforme o que nos ensinam os benfeitores espirituais: "Peçamos a Deus para que fortaleça os nossos ombros para podermos carregar a cruz, e nunca para retirar a cruz dos nossos ombros".
Deus sempre fará justiça ao que a Ele clama, se não for nesta vida, será na vida subseqüente, por isso diz a parábola:
"Ainda que tardio para com ele",

Paulo Alves Godoy
3 - RODOLFO CALLIGARIS
Conquanto diferente na forma, esta parábola se assemelha bastante, na essência, àquela outra, do Amigo Importuno, registada pelo próprio evangelista Lucas, no cap. II, vs. 5 a 13.
Nesta, como naquela, Jesus nos exorta a confiar na Justiça Divina, na certeza de que, consoante o refrão popular, ela "tarda, mas não falha".
De fato, se mesmo homens iníquos, isto é, maldosos, perversos, insensíveis aos direitos do próximo e indiferentes à Moral, como o juiz de que nos fala o texto acima, não resistem ao assédio daqueles que lhes batem à porta com insistência, e, para verem-se livres de importunações, acabam resolvendo-lhes as questões, como poderia Deus, que é a perfeição absoluta, deixar de atender aos nossos justos reclamos e solicitações ?
Se, malgrado todas as deficiências e fraquezas dos que, na Terra, presidem aos serviços judiciais, as causas têm que ser solucionadas um dia, ainda que com grande demora, porque duvidar ou desesperançar das providências do Juiz Celestial?
Ele, que não é indiferente sequer à sorte de um pardal, que tudo sabe, tudo pode e tanto nos ama, negligenciaria a respeito de nossos legítimos interesses, deixar-nos-ia sofrer quallquer injustiça, mínima que fôsse?
Não!
Quando, pois, sintamos que o ânimo nos desfalece, por afigurar-se que os males que nos afligem sobreexcedem nossas forças, oremos e confiemos.
Deus não desampara a nenhum de Seus filhos.
Se, às vezes, parece não ouvir as nossas súplicas, permitindo perdurem nossos sofrimentos, é porque, à feição do lapidário emérito, que se esmera ao extremo no aperfeiçoamento de suas gemas preciosas, também Ele, sabendo ser a Dor o melhor instrumento para a lapidação de nossas almas, nos mantém sob a sua ação enérgica, mas eficiente, a fim de que sejam quebradas as estrias de nosso mau caráter, nos expunjamos de nossas mazelas e nos tornemos, o mais breve possível, dignos de ascender à Sua inefável companhia.
Sim, em todos os transes difíceis da existência, oremos e confiemos.
Se o fizermos com fé, haveremos de sentir que, embora os trilhos da experiência que nos cumpre palmilhar continuem cheios de pedras e de espinhos, a oração, jorrando luz à nossa frente, nos permitirá avançar com segurança, vencendo, incólumes, os tropeços do caminho! 

Rodolfo Calligaris

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Sexo

Têm sexo os Espíritos?
– Não como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização (física). Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos. (L.E., 200)1
Em nova existência, pode o Espírito que animou o corpo de um homem animar o de uma mulher e vice-versa?
– Decerto; são os mesmos os Espíritos que animam os homens e as mulheres. (L.E., 201)1
Quando errante, pouco importa ao Espírito encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar. (L.E., 202)1
Lá (em Júpiter) existe diferença de sexos?
– Sim: há por toda a parte onde existe a matéria. (R.E., 1858)2
Os Espíritos não têm sexo. Entretanto, como há poucos dias éreis homem (palavras de Kardec a Sanson recém-desencarnado), no vosso novo estado tendes antes a natureza masculina que a feminina? Dá-se o mesmo com um Espírito que deixou o corpo há muito tempo?
– Não nos atemos a ser de natureza masculina ou feminina: os Espíritos não se reproduzem. Deus os criou à sua vontade e se, na sua maravilhosa sabedoria, quis que os Espíritos se reencarnem na Terra, teve que estabelecer a reprodução das espécies para o macho e a fêmea. (R.E., 1862)2
A primeira resposta dada pelo Espírito de Felícia, para certas pessoas poderia parecer uma contradição. Diz que é do sexo feminino e sabe-se que os Espíritos não têm sexo. É certo que não têm sexo, mas sabe-se que para se fazerem reconhecer se apresentam sob a forma que os conhecemos em vida. (R.E., 1863)2
Criou Deus as almas masculinas e femininas? Fez estas inferiores àquelas? – Ao contrário, criou-as iguais e semelhantes e as desigualdades, fundadas pela ignorância e pela força bruta, desaparecerão com o progresso e o reinado da justiça. (R.E., 1866)2
As mulheres podem encarnar-se como homens e, por consequência, os homens podem encarnar-se como mulheres. Não há, pois, entre os dois sexos senão uma diferença material, acidental e temporária, uma diferença de vestimenta carnal; mas quanto à natureza essencial do ser, ela é a mesma. (R.E., 1867)2
No livro Baviera – Saga Secular de Amor e Ódio (Casa Editora O Clarim), Cairbar Schutel passa, no apêndice doutrinário, importantes considerações sobre o tema em tela, em 43 tópicos.
Nesta oportunidade transcrevemos:
18. O que representa o relacionamento sexual para o casal:
Trata-se de uma forma de externar e trocar amor entre dois encarnados que constituem uma família. O casal deve praticá-lo, pois é também uma necessidade do organismo material. Se um dos dois se recusa a fazê-lo, afeta o outro. A relação sexual só pode deixar de ser praticada no relacionamento do casal quando há consenso entre ambos, em face de uma missão a ser desenvolvida ou por decisão natural e mútua.3
40. Não é permitida pelo Alto a escolha do sexo da criança, através de técnicas científicas, ao ocorrer a fecundação:
Cabe exclusivamente ao Plano Espiritual Superior determinar o sexo da criança que está para reencarnar. Somente a Espiritualidade sabe a missão que ela tem a enfrentar e consequentemente qual o sexo que deve vivenciar.3
No contexto geral desse apêndice doutrinário, e também nos Fundamentos da Reforma Íntima (Casa Editora O Clarim), o sexo tem três aspectos para os encarnados: o primeiro tem a ver com a reprodução da espécie; o segundo com a troca de vibrações entre o casal; o terceiro, servir de prova.

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.
2. ______. Revista Espírita.
3. GLASER, A. Baviera – Saga Secular de Amor e Ódio. Pelo espírito Rubião. Casa Editora O Clarim.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A QUESTÃO DO JEJUM


O significado geral da palavra jejum é abstinência, ausência do elemento que entra em nós, ou do elemento que deveria viver conosco.

Há o jejum do alimento, da água, da roupa, e até daqueles que conviviam conosco, mas de nós se ausentaram por qualquer motivo, ou deles nos ausentamos. Nos tempos farisaicos, o jejum era um dos preceitos máximos da Lei. Os fariseus e escribas usavam muito do jejum. Em geral, os judeus eram jejuadores. Julgavam que a religião consistia em não comer e não beber, ou em não comer e não beber isto ou aquilo. A religião daquela gente consistia em comida e bebida e não na prática da caridade, no amor a Deus.

João Batista, homem de autoridade singular, obedecia o preceito judaico do jejum, mas pregava o batismo do arrependimento das faltas. Queria certamente mostrar aos judeus que, submetendo-se aos preceitos judaicos, não era um herege; portanto sua palavra deveria ter autoridade e ser recebida com amor, com boa vontade, e ser executada tal como era ordenada.
Os discípulos de João forçosamente haviam de seguir as pegadas do seu Mestre. Demais, João Batista e seus discípulos não traziam missão alguma religiosa. Seu único escopo, ou, por outra, a exclusiva tarefa que lhe fora confiada, resumia-se em aparelhar o caminho para Jesus passar, em apresentar o Messias ao público, mostrar às gentes o "Cordeiro de Deus", o Agnus Dei, como dizia ele "qui tolle pecoata mundi". As relações de João com Jesus foram passageiras. Descoberto o Cristo, pela Revelação que João havia recebido do Alto:

"Este é meu Filho Amado, ouvi-o", o Profeta do Deserto seguiu o seu rumo, até ser preso e degolado. Jesus, ao contrário, foi o grande missionário e sua missão consistia numa embaixada de Amor e de Verdade; Ele tinha que plantar no mundo uma Árvore Nova, a Árvore da Vida, e precisava suplantar toda mentira, toda falsidade, todas as convenções, todos os preceitos humanos que mantinham a aparência de religião, para que a sua Doutrina não fosse sufocada por esses espinhos.
E o jejum era um desses mandamentos que o sectarismo judaico fazia prevalecer com aparência religiosa. Como poderiam seus discípulos sentir ausência do que não estava ausente? Como poderão os convidados jejuar enquanto o noivo se acha com eles sentado à mesa, servindo-os de finas iguarias e deliciosos manjares? E que oração precisavam mais fazer os seus discípulos, se o Representante de Deus se achava junto deles, dando-lhes ainda muito mais do que precisavam?

O que teriam os discípulos de rogar, de pedir a Deus? Estando eles com o Mestre, assim como os convivas à mesa com o noivo, só lhes cabia ouvir os ensinos que o Senhor lhes dava e se alegrarem com Jesus, como os convidados para um banquete se alegram com o dono da casa e procuram corresponder às gentilezas que lhes são feitas.

Chegariam, porém, dias em que lhes seria tirado o "noivo"; então, nesses dias, não poderiam deixar de jejuar. Num banquete não se jejua, porque o dono das bodas proporciona aos convidados todos os comestíveis e bebidas que possam satisfazer os convivas.

Pela mesma forma, não podem jejuar os que convivem em companhia de Jesus, pois assim como o "noivo" dá aos convidados os comestíveis que alimentam o corpo, Jesus dá los seus "chamados" o alimento que vivifica a alma e a conserva para a Vida Eterna. Jejum implica a falta de alguém ou de alguma coisa. Quem está com Jesus não pode sentir falta de quem quer que seja, nem de coisa alguma.
Mesmo um amigo, um parente que se tenha de nós separado pela morte, se nós estivermos de verdade com Jesus, fácil nos será reatarmos as relações com esse parente ou com esse amigo, direta ou indiretamente. O jejum é sinal de tristeza, de inapetência, de desânimo da vida, e aqueles que se esforçam por estar com Jesus, que cultivam os seus ensinos, estudando-os com amor, não podem jejuar: comem e bebem como faziam os discípulos do Senhor.
Resta-nos dizer algo sobre o último trecho da passagem evangélica, mas os leitores encontrarão a explicação dos odres e dos remendos no livro: "Parábolas e Ensinos de Jesus" (verificar no Ícone Parábolas). Pela concordância dos Evangelistas, vemos mais que Levi é o próprio Mateus, escritor do primeiro Evangelho contido no Novo Testamento.
Cairbar Schutel
Livro: O Espírito do Cristianismo

domingo, 30 de dezembro de 2012

O SINAL DE JONAS


"Como afluíssem as multidões, começou a dizer: Esta é uma geração perversa; pede um sinal, e nenhum sinal se lhe dará, senão o de Jonas. Pois assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também o Filho do Homem o será para esta geração. A rainha do Sul se levantará no juízo, juntamente com os desta geração, e os condenará; pois veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Os ninivitas se levantarão no juízo juntamente com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas e aqui está quem é maior do que Jonas. " (Lucas, xi, 29-32)

"Chegaram os fariseus e saduceus e pediram um sinal do Céu a Jesus, para o experimentar. Mas ele respondeu: A tarde dizeis: teremos bom tempo porque o céu está avermelhado; e pela manhã: hoje teremos tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos? Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o de Jonas. E deixando-os se retirou. " (Mateus, xvi, 1-4)

"Saíram os fariseus e começaram a discutir com ele, procurando obter dele um sinal do Céu, para o experimentarem. Ele, dando um profundo suspiro, em espírito, disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração nenhum sinal será dado. E deixando-os, tornou a embarcar e foi para o outro lado. " (Marcos, VIII, 11-13) "Eles lhe perguntaram: O que devemos fazer para praticar as obras de Deus? Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta, que creiais naquele que Ele enviou. Perguntaram-lhe, pois: Que milagres operas tu para que o vejamos e te creiamos? Que fazes tu? Nossos pais comeram o maná do deserto, como está escrito: deu-lhe a comer o pão do céu.
Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo, não foi Moisés quem vos deu o pão do Céu, mas meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do Céu; porque o pão de Deus é o que desce do Céu e dá vida ao mundo. Disseram-lhe então: Senhor, dá-nos sempre desse pão. Declarou-lhes Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim de modo nenhum terá fome; e o que crê em mim nunca, jamais, terá sede. Mas eu vos disse que vós me tendes visto e não credes. Todo o que meu Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora; porque eu desci do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade Daquele que me enviou. A vontade Daquele que me enviou é esta: que eu nada perca de tudo o que Ele me tem dado, mas que eu o ressuscite no último dia. Porque esta é a vontade de meu Pai, que todo o que vê o Filho do Homem e nele crê, tenha a vida eterna, e eu o ressuscite no último dia.

"Os judeus, pois, murmuravam dele porque dissera. Eu sou o pão que desci do Céu, e perguntaram: Este não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz agora: desci do Céu? Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas: e serão todos ensinados por Deus; todo aquele que do Pai tem ouvido e aprendido, vem a mim. Não que alguém tenha visto o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: quem crê, tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do Céu, para que o homem coma dele e não morra. Eu sou o pão vivo que desci do Céu; se alguém comer deste pão viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este homem dar-nos a comer sua carne?
Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue não tendes a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o meu Pai que vive, me enviou, eu também vivo pelo meu Pai; assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como o pão de vossos pais, que comeram e morreram; quem come este pão, viverá eternamente. Estas coisas disse ele quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum.
Muitos dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso, quem o pode ouvir? Mas Jesus, sabendo por si mesmo que seus discípulos, murmuravam das suas palavras, disse-lhes: Isto vos escandaliza? Que seria se vós vísseis o Filho do Homem subir aonde estava antes? O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e vida. " (João, vi, 29-63) A estória de Jonas acha-se contida no Antigo Testamento, no livro deste profeta, constante de quatro pequenos capítulos. Resumamo-la: Depois da morte de Elizeu, os dons proféticos explodiram em Jonas, e foi ele enviado pelo Espírito chefe de Israel a Nínive, onde o povo vivia em grande dissolução, a fim de fazer que aquela gente se arrependesse e mudasse sua norma de proceder.

Nínive, capital do Império da Assíria, vivia, de fato, mergulhada, como se observa hoje em nosso país, na impiedade e na idolatria. Jonas tinha conhecimento de tudo, e desejava mesmo, segundo se depreende do seu livro, ver Nínive arrasada. O profeta não se conformou, primeiramente, com as ordens que recebera do Alto; muito aborrecido da missão de que fora revestido, saiu de sua cidade para Tarshih, comprou passagem e embarcou. Em alto-mar fez-se um grande vento e caiu uma tempestade. Todos atribuíam aquele fenômeno a uma ação superior que tinha por motivo algum dos tripulantes ou passageiros, do barco. Lançaram sortes para ver quem era o causador daquele mal e a sorte indicou Jonas. Este, arrependido de haver contrariado as ordens que recebera, disse que desejava ser lançado ao mar. A ordem foi executada e a tempestade cessou, como por encanto. Três dias depois Jonas era atirado às praias de Nínive.

Não se sabe como, mas o profeta dizia que viera no ventre de um grande peixe; quem sabe algum bote o levou à praia? Jonas rende, então, uma sentida ação de graças pelo seu salvamento, faz uma prece muito tocante, e, novamente, ouve a voz que lhe ordena entrar em Nínive, que da praia ainda distava três dias de viagem. Novamente Jonas quer recusar obediência à Voz que lhe fala, mas a Voz é imperiosa e afinal o profeta cede, percorrendo as ruas e batendo em todas as portas clamando: "Arrependei-vos e fazei penitência porque daqui a 40 dias Nínive será arrasada; cada um deixe os seus maus caminhos; quem sabe se o Senhor não nos perdoará ainda e não nos salvará da morte?" O povo, como era costume daquele tempo, cobriu-se de cinza, cingiu-se de cilícios e retrocedeu do caminho mau em que ia. Até o rei estremeceu, fez penitência e lançou um édito para que o povo deixasse os maus caminhos.

De fato, em vista da nova atitude dos ninivitas, nada aconteceu. Jonas, que havia apregoado o arrasamento da cidade, julgando ter sido vitima de um Espírito mentiroso, ficou muito triste, saiu da cidade e ficou sob uma palhoça que levantou, e clamava pedindo a morte. Nesse ínterim, nasceu uma aboboreira, da noite para o dia, com ramaria já extensa e cheia de folhas, mas um bicho ataca-a e ela morre imediatamente! A situação melancólica de Jonas se agrava porque aquela aboboreira era a sua jóia, digamos mais, o produto de seus dons mediúnicos de materialização, pois uma aboboreira em uma só noite não nasce e lança folhas a ponto de ultrapassar a altura de um homem; Jonas irrita-se, blasfema, e a voz lhe responde: "Farás bem em te apaixonares por causa da aboboreira que não trataste e na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, e que nasceu numa noite, e numa noite pereceu? " "E eu não havia de ter compaixão de Nínive, na qual se acham mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão esquerda e a mão direita, e ainda onde há muitos animais?" (Jonas, iv, 9-11)

Feita esta exposição, digam os leitores: Qual é o sinal de Jonas? Haverá alguém que afirme lembrar ou representar ele algum dogma ou sacramento do Romanismo ou do Protestantismo? Não está peremptoriamente esclarecido ser a Pregação da Fé, para mudança de vida, para regeneração, o abandono da idolatria e dos pagodes que embriagam os sentidos e afastam os homens dos seus deveres religiosos? Não representará, também, o sinal de Jonas o mesmo sinal que Jesus deu de Vida Eterna, de Ressurreição, aparecendo depois de sua morte corporal e prosseguindo em sua missão de ensinar, como Jonas, após três dias de naufrágio, apareceu aos ninivitas para levar-lhes a salvação? Estude-se bem esse capítulo e procure-se tirar uma conclusão do que Jesus afirmou: "A esta geração adúltera não se dará outro sinal senão o do profeta Jonas."

Prossigamos na elucidação dos demais versículos que precedem à pregação de Jonas, citados por Lucas. Referindo-se à rainha do Sul, que outra não era senão a Rainha de Sabá, pois foi esta que saiu dos confins da Terra para ouvir a sabedoria de Salomão, Jesus deu a entender que o Espírito dessa mulher voltaria a encarnar-se no mundo por ocasião do julgamento daquela geração que lhe pedia sinais, e, juntamente com os espíritos dos ninivitas, condenaria tal geração. Realizar-se-ia já esta profecia? Quem seria essa mulher? Quais seriam os ninivitas? Mas não entremos nessas indagações, pois que somente nos compete realçar o Espírito do Cristianismo.

O inegável é que os condenados não podem deixar de ser outros, senão os que, pelas suas idéias e normas de proceder, não estão de acordo com os ensinamentos de Jesus, os que substituíram a glória de Deus pela glória dos homens, os que amam mais a criatura do que o Criador, os que puseram outro fundamento na religião, excluindo dela Jesus Cristo. Lendo-se com atenção e analisando-se oração por oração o capítulo VI, de João, versículos 29 a 64, fica-se inteirado do pensamento íntimo do Mestre, cuja idéia mater é a "Ressurreição e a Vida Eterna", princípio, base e fim da sua inigualável Doutrina, sendo os meios de alcançar esse objetivo, a crença em Jesus e a obediência aos seus preceitos.

No versículo 39, lê-se: "A vontade Daquele que me enviou é esta: que eu nada perca de tudo o que Ele me tem dado, mas que eu o ressuscite no último dia. No versículo 40, diz: "Porque esta é a vontade de meu Pai, que todo o que vê o Filho do Homem e nele crê, tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia". No versículo 44, diz: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou, o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." No versículo 47, repete: "Em verdade, em verdade vos digo: Quem crê em mim, tem a vida eterna." No versículo 54: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia." No versículo 58: "Quem come este pão, viverá eternamente".
A questão da Imortalidade e da Outra Vida é base principal da Doutrina de Jesus. Os seus discípulos haviam de ter absoluta certeza da Imortalidade, porque o Mestre, como aliás aconteceu, não deixaria de dar-lhes todas as provas de que eles necessitassem para que tivessem uma fé científica comprovada pelos fatos, de que a Imortalidade, a Vida Eterna, não era um dogma que ele impunha, mas sim um testemunho de que a sua Doutrina era de Deus, era o Pão que havia de dar às almas o alimento da crença na Vida Eterna, na Imortalidade. Bastava que cressem na sua palavra e o seguissem para observarem todos os fenômenos, todos os fatos que se desdobravam com a sua presença, fatos transcendentais, metapsíquicos, independentes de fatores físicos e que poderiam ter explicação com a aceitação da "Teoria da Vida Eterna", da "Teoria da Imortalidade", lógica e claramente proclamada por Ele em todos os seus discursos, em todas as suas manifestações espirituais, e cimentada ainda com uma vida de abnegação e sacrifícios, para que a sua Palavra de Vida Eterna não perecesse sob os dogmas farisaicos que ensombravam a religião.

As suas aparições depois da morte, constatadas por todos os Evangelistas, são letras vivas, solenes reproduções desses versículos 39, 40, 44, 47, 54, 58, que transcrevemos e não podem ter outra interpretação além da que expomos com a maior clareza e concisão. Essas figuras de que Jesus usou, como por exemplo: "quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a Vida Eterna; porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue verdadeira bebida" não podem ser tomadas à letra. E isto o próprio Jesus disse a seus discípulos que acharam duro o discurso e impossível de compreender. "Isto vos escandaliza? Que seria se vós vísseis o Filho do Homem subir aonde estava antes? O Espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita. As palavras que eu vos tenho dito são Espírito e vida. (João vi, 62-63)

Quem não vê nessas palavras do Filho de Deus a Doutrina pela qual Ele derramou seu próprio sangue? Quem não vê que essa carne e esse sangue não são mais do que símbolos do Verbo de Deus, que se fez carne e habitou entre nós! Quem não vê que o Corpo, representado por carne e sangue, de que Jesus falou, constitui o Corpo, o conjunto da sua Doutrina, dos seus ensinos, finalmente - o Cristianismo! Então o Critianismo não é o Corpo do Cristo? O Cristo não é o Espírito do Cristianismo? E o Verbo não é a Palavra de Deus que o Espírito de Cristo assimilou e, para que fosse compreendida na Terra, constituiu um Corpo de Doutrina, verdadeira, imaculada, inatacável pela sua pureza e pela verdade que encerra? Responda quem for capaz, mas responda com fatos, com critério, com lógica, com a razão, com o bom senso.

O que quer dizer aquela expressão do Mestre: "O espírito é que vivifica; as palavras que eu vos tenho dito são Espírito e Vida"? É consentâneo com a razão fazer dessas palavras de Jesus preceitos dogmáticos e fórmulas sacramentais, desvirtuando o pensamento do Senhor e materializando, ao mesmo tempo, "o que é Espírito", a ponto de transformá-lo numa obreia de trigo, como fazem os padres romanos, ou num pedaço de pão como fazem os pastores protestantes? E que regras gramaticais usam esses exegetas para assim analisar o Evangelho, submetendo-o a injunções arbitrárias, estreitando-o à sua teologia infantil!

Uma coisa é ver o Evangelho na sua pureza "pagã", outra é observá-lo com as "águas lustrais dos batismos sacerdotais"! O Evangelho não precisa ser "sacramentado" para viver no coração da Humanidade; por si só ele se impõe, independente de influências científicas e doutorais. Se os "filólogos" quisessem prestar-lhe um serviço, ele aceitaria antes o obséquio de serem obedecidos os seus ditames de Imortalidade e Vida Eterna, os seus parágrafos de caridade, humildade, benevolência, tolerância e amor ao próximo, porque fora desses preceitos não há salvação. Outra expressão digna de nota, nas referidas sentenças de Jesus, é a que o Mestre repete com singular insistência "Eu o ressuscitarei no último dia."
Essa promessa feita em todos esses versículos, a todos os que Nele crerem, deve ter uma significação formal de realização categórica.
O estudante do Evangelho não pode pôr à margem essas palavras, que representam a realização de um fato que tem como começo a necessidade da crença nas palavras de quem as pronunciou. O último dia da vida terrena é o dia da morte, logo, a ressurreição no último dia não pode deixar de significar o reaparecimento daquele que morreu e sua consequente posse da Vida Eterna. O texto da Vulgata diz claramente Ego resuscitabo e um "in novíssimo die", do verbo resuscitare, que quer dizer: fazer voltar à vida, tornar a aparecer, restabelecer, fazer reviver.

Não foi outro o sentido que os Evangelistas deram a essas palavras. A expressão ressurreição está intimamente ligada às aparições de Jesus, como se depara muito bem no capítulo XX de João, versículo 9: "porque não compreendiam a Escritura, que era necessário ressuscitar Ele dentre os mortos." A palavra ressurreição não tem mesmo outra significação evangélica, que voltar à vida, tornar a aparecer, restabelecer-se, reviver. Indo as santas mulheres ao sepulcro, diz Lucas, XXIV, 5, ficaram perplexas por não terem encontrado o corpo de Jesus e por aparecerem dois varões com vestes resplandecentes, que lhes disseram: "Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui, mas RESSUSCITOU - sed surrexit".

Em Marcos, capítulo XVI, 8-11, diz-se: "Surgens autem mane, prima sabbati, aparuit primo Mariae Magdalenae, de qua ejecerat septem daemonia. "- "Havendo Ele ressuscitado de manhã cedo, no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual havia expelido sete demônios." E acrescenta: "Ela foi noticiá-lo aos que haviam andado com Ele, os quais estavam em lamento e choro; estes, ouvindo dizer que Jesus estava vivo e que tinha sido visto por ela, não acreditaram."
O trecho de Mateus não é menos categórico e claro. É assim que diz o Evangelista no capítulo XXVIII, 5: "O anjo disse às mulheres: Não temais vós, porque sei que procurais a Jesus, que foi crucificado; Ele não está aqui; porque ressuscitou, como disse; vinde e vede o lugar onde jazia. Ide depressa dizer aos seus discípulos que Ele ressuscitou dos mortos e vai adiante de vós para a Galiléia, e lá o vereis."

- "Et cito euntes, dicite discipulis, ejus quia surrexit et ecce proecedit vos in Galilaeam, ibi eum videbitis, ecce praedixi vobis." Paulo na I Epístola aos Coríntios, capítulo XV, é bem explícito sobre a ressurreição de Cristo e a ressurreição dos mortos, e diz claramente, para quem tiver olhos de ver, que o Evangelho por ele anunciado, Evangelho da salvação que ele recebeu e anunciou, é justamente este: "Que Cristo morreu por nossos pecados segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e que apareceu a Cefas e então aos doze; depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos; e por último de todos, apareceu a mim também como a um abortivo."

Depois diz ele: "Se se prega que Cristo é ressuscitado dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? Se não há ressurreição de mortos, nem Cristo é ressuscitado, é logo vã a nossa pregação e também a nossa fé." Tão importante julga Paulo a ressurreição dos mortos, a aparição dos mortos, que chega a dizer que não se crendo nela, é vã a pregação e a fé; não tem efeito, não tem valor nenhum a fé, nem a pregação. E em todo o resto desse capítulo o Apóstolo não faz outra coisa senão demonstrar a veracidade da ressurreição, ou seja da aparição dos mortos, explicando até com que CORPOS eles aparecem, ressuscitam e vivem.
Diz que o homem não traz só a imagem do corpo terreno, mas também a imagem do corpo celestial (versículos 48-49); e é com este que aparece, que ressuscita, que revive. Conclui-se, de tudo isso, que o sinal de Jonas é a pregação do Evangelho no espírito que vivifica, e não na letra que mata. Conclui-se mais, que a Ressurreição, a Aparição, ou antes, as Aparições de Jesus, também são sinal de Jonas. Pois, assim como Jonas apareceu em Nínive depois do naufrágio, Jesus também apareceu aos discípulos e a muita gente, depois da morte. Conclui-se ainda mais que crer em Jesus não é só proferir a palavra - creio. É acompanhá-lo, segui-lo no seu Evangelho, estudar e meditar os seus ensinos.

Paulo seguia a Jesus em espírito, pois no seu tempo Jesus já se havia passado para a Vida Eterna. Entretanto não há quem conteste que a Doutrina de Paulo é a inspiração de Jesus, que não abandonava a Paulo, porque Paulo o seguia. E tão firme estava o Apóstolo da luz na sua fé de que Jesus o assistia, que afirmava peremptoriamente: "Já não sou mais eu quem vive, mas Jesus que vive em mim e faz todas as obras." Conclui-se, finalmente, que o Espiritismo é o Espírito do Cristianismo, Espírito esse encarregado por Jesus para vivificar a sua Doutrina, dar-lhe ampla expansão, explicá-la e até trazer-lhe o complemento indispensável, de acordo com o progresso dos povos, segundo disse o próprio Jesus:

"Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Paracleto (Consolador, Advogado, Defensor), a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber porque não o vê nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós " (João, xiv, 15-17). Notem bem a expressão "habita convosco e estará em vós"- quiad apud vos manebit, et in vobs erit.
O Espiritismo não é, como pensam alguns, uma coleção de livros que ornamentam as bibliotecas e circulam pelo mundo. Muito mais do que isso, é o IDEAL grandioso que paira sobre nós como um corpo flutuante dos Sagrados Ensinos, sustentados pelos mais poderosos sábios e santos Espíritos de Deus. Fica, pois, prevalecendo o Sinal de Jonas, como o único milagre capaz de converter a Humanidade e estabelecer no mundo a Paz e a Fraternidade.
Cairbar Schutel
Livro: O Espírito do Cristianismo

A SIMPLICIDADE DE ESPÍRITO:"Jesus, abençoando as crianças e acariciando-as, mostrou que mais vale ser ignorante e simples, do que presumir de sábio sem simplicidade..."


"Traziam-lhe também as crianças para que as tocasse; e os discípulos, vendo isto, repreendiam aos que as traziam. Mas Jesus, chamando-as para junto de si, disse: Deixai vir os meninos, e não os impeçais; pois dos tais é o Reino de Deus. Em verdade vos digo: Aquele que não receber o Reino de Deus como um menino, de maneira alguma entrará nele." (Lucas, XVIII, 15-17)

"Então lhe traziam alguns meninos para que os tocasse; e os discípulos repreenderam aos que os trouxeram. Mas Jesus, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os meninos, não os impeçais; porque dos tais é o Reino de Deus. Em verdade vos digo: Aquele que não receber o Reino de Deus como um menino, de modo algum entrará nele. E abraçando os meninos, os abençoava, pondo as mãos sobre eles." (Marcos, X, 13-16)

Deus criou os Espíritos simples e ignorantes e lhes concedeu os meios de progresso e perfeição. É preciso que haja ignorância para que haja aperfeiçoamento, de cujo trabalho vem o mérito de cada um; e o aperfeiçoamento não se faz sem simplicidade. Os Espíritos simples são por isso bem-aventurados.

As bem-aventuranças são as remunerações da simplicidade. Os vaidosos, os arrogantes, não podem ter simplicidade, sendo por isso condenados por suas idéias preconcebidas.

Jesus usou as crianças como símbolo, ou antes, como personificação da simplicidade; elas são, quando em sua inocência,
a representação da simplicidade de espírito. Sabem que não sabem, e se esforçam para saber, perguntando, inquirindo aqui e ali. Não têm opinião preconcebida, nem se arrogam títulos de mestres e doutores; costumam respeitar as convicções, e, quando estas lhes parecem disparatadas, indagam os motivos e procuram tirar deduções, as que lhes pareçam justas.

A simplicidade de espírito é uma das grandes prerrogativas, indispensável à aquisição do Reino de Deus. Por que os escribas, os fariseus, os doutores da Lei, os religiosos de então repeliram a Doutrina de Jesus, chegando a ponto de pedir a morte do Filho de Deus?
Porque, sem nenhuma simplicidade de espírito, vaidosos dos seus conhecimentos, orgulhosos do seu saber, não percebiam a ignorância em que se achavam das coisas divinas e se julgavam possuidores de toda a verdade.

Jesus, abençoando as crianças e acariciando-as, mostrou que mais vale ser ignorante e simples, do que presumir de sábio sem simplicidade.
E assim como um "odre velho" não pode suportar um "vinho novo", por estar impregnado do velho licor, também é preciso que o homem se torne simples, isto é, ponha de lado as crenças avoengas que recebeu por herança, para analisar, sem preconceito, o Cristianismo que a ninguém veio impor os seus preceitos, mas apresentar-se a todos como a única Doutrina capaz de nos dar a perfeição, se a estudarmos e a compreendermos em espírito e verdade.

Nas passagens acima, de Lucas e Marcos, Jesus faz também uma ligeira alusão à reencarnação, como um dos meios de nos desembaraçarmos das idéias preconcebidas desde a infância, e nos tornarmos aptos para a boa recepção da Verdade, consubstanciada nos princípios redentores do Cristianismo.

De modo que "aquele que não receber o Reino de Deus como um menino, de maneira alguma entrará nele". Aquele que não receber o Reino de Deus com simplicidade, humildade e boa vontade de se aproximar de Deus, não entrará nele.
Cairbar Schutel

Livro: O Espírito do Cristianismo

sábado, 29 de setembro de 2012

PARÁBOLA DA CANDEIA


"Ninguém, depois de acender uma cadeia, a cobre com um vaso ou a põe debaixo de uma cama; pelo contrário, coloca-a sobre um velador, a fim de que os que entram veja a luz. Porque não há coisa oculta que não venha a ser manifesta; nem coisa secreta que se não haja de saber e vir à luz. Vede, pois, como ouvis; porque ao que tiver, ser-lhe-á dado; e ao que não tiver, até aquilo que pensa ter, ser-lhe-á tirado".
(Lucas, VIII, 16-18)
"E continuou Jesus: Porventura vem a candeia para se pôr debaixo do módio ou debaixo da cama? Não é antes para se colocar no velador? Porque nada está oculto senão para ser manifesto; e nada foi escondido senão para ser divulgado. Se alguém tem ouvidos de ouvir, ouça. Também lhe disse: Atentai no que ouvis. A medida de que usais, dessa usarão convosco: e ainda se vos acrescentará. Pois ao que tem, ser-lhe-á dado; e ao que não tem, até aquilo que pensa ter, ser-lhe-á tirado".
(Marcos, IV, 21-25
1 - CAIRBAR SCHUTEL
A luz é indispensável à vida material e à vida espiritual. Sem luz não há vida; a vida é luz quer na esfera física, quer na esfera psíquica. Apague-se o Sol, fonte das luzes materiais e o mundo deixará, incontinenti, de existir. Esconda-se a luz da sabedoria e da religião sob o módio da má fé ou do preconceito, e a Humanidade não dará mais um passo, ficará estatelada debatendo-se em trevas.
Assim, pois, tão ridículo é acender uma candeia e colocá-la debaixo da cama, como conceber ou receber um novo conhecimento, uma verdade nova e ocultá-la aos nossos semelhantes. Acresce ainda que não é tão difícil encontrar o que se escondeu porque "não há coisa oculta que não venha a ser manifesta". Mais hoje, mais amanhã, um vislumbre de claridade denunciará a existência da candeia que está sob o leito ou sob o módio, e que desapontamento sofrerá o insensato que aí a colocou!
A recomendação feita na parábola é que a luz deve ser posta no velador a fim de que todos a vejam, por ela se iluminem, ou, então, para que essa luz seja julgada de acordo com a sua claridade. "Uma árvore má não pode dar bons frutos"; e o combustível inferior não dá, pela mesma razão, boa luz. Julga-se a árvore pelos frutos e o combustível pela claridade, pela pureza da luz que dá. A luz do azeite não se compara com a do petróleo, nem esta com a do acetileno; mas todas juntas não se equiparam à eletricidade.
Seja como for, é preciso que a luz esteja no velador, para se distinguir uma da outra. Daí a necessidade do velador. No sentido espiritual, que é justamente o em que Jesus falava, todos os que receberam a luz da sua doutrina precisam mostrá-la, não a esconderem sob o módio do interesse, nem sob o leito da hipocrisia. Quer seja fraca, média ou forte; ilumine na proporção do azeite, do petróleo, do acetileno ou da eletricidade, o mandamento é: "Que a vossa luz brilhe diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras (que são as irradiações dessa luz) glorifiquem o vosso Pai que está nos Ceús".
Ter luz e não fazê-la iluminar, é colocá-la sob o módio é o mesmo que não a ter; e aquele que não a tem e pensa ter, até o que parece ter ser-lhe-á tirado. Ao contrário, "aquele que tem, mais lhe será dado", isto é, aquele que usa o que tem em proveito próprio e de seus semelhantes, mais lhe será dado. A chama de uma vela não diminui, nem se gasta o seu combustível por acender cem velas; ao passo que estando apagada é preciso que alguém a acenda para aproveitar e fazer aproveitar sua luz.
Uma vela acendendo cem velas, aumenta a claridade, ao passo que, apagada, mantém as trevas. E como temos a obrigação de zelar, não só por nós como pelos nossos semelhantes, incorremos em grande responsabilidade pelo uso da "medida" que fizemos; se damos um dedal não podemos receber um alqueire; se uma oitava, não podemos contar com um quilo em restituição, e, se nada damos, o que havemos de receber? A luz não pode permaner sob o módio, nem debaixo da cama. A candeia, embora, matéria inerte, nos ensina o que devemos fazer, para que a palavra do Cristo permaneça em nós, possamos dar muitos frutos e sejamos seus discípulos.
Assim, o fim da luz é iluminar e o do sal é conservar e dar sabor. Sendo os discípulos de Jesus luz e sal, mister se faz que ensinem, esclareçam, iluminem, ao mesmo tempo que lhes cumpre conservar no ânimo de seus ouvintes, de seus próximos, a santa doutrina do meigo Rabino, valendo-se para isso do Espírito que lhe dá o sabor moral para ingerirem esse pão da vida que verdadeiramente alimenta e sacia.
Assim como a luz que não ilumina e o sal que não conserva para nada prestam, assim, também, os que se dizem discípulos do Cristo e não cumprem os seus preceitos, nem desempenham a tarefa que lhes está confiada, só servem para serem lançados fora da comunhão espiritual e serem pisados pelos homens. A candeia sob o módio não ilumina; o sal insípido não salga, não conserva, nem dá sabor.
CAIRBAR SCHUTEL
2 - PAULO ALVES GODOY
O mundo já foi contemplado com três grandes revelações: a primeira, quando do advento de Moisés; a segunda, com a vinda de Jesus Cristo e, a terceira, com a revelação do Espiritismo, ou a vinda do Espírito Consolador.
Quando Moisés levou a cabo a primeira, aqueles que o sucederam aureolaram-na com tantos aparatos exteriores e com tantos formalismos inócuos, que os seus ensinamentos se tomaram obscuros. Por isso, Deus, em Seu infinito amor, enviou Seu próprio Filho para trazer a segunda revelação, nova luz que passou a iluminar os horizontes do mundo; contudo, segundo afirma o evangelista João, logo no início do seu Evangelho "os homens temeram a luz porque suas obras eram más".
O Pai de misericórdia e amor, condoído dos homens, que ainda e dessa vez impregnaram a Doutrina do Cristo com sistemas inócuos e incompatíveis com a verdade, enviou o Espírito de Verdade a fim de restaurar as primícias dos ensinamentos do Meigo Rabi da Galiléia.
Veio o Espiritismo e os homens devem agora difundir as luzes de que essa Doutrina dimana, pois a sua finalidade básica " de afugentar da Terra as trevas da ignorância e do obscurantismo, colocando a luz sobre o velador, para que ela, como uma cidade edificada sobre uma montanha, seja vista por todos.
Não se deve jamais, consoante a recomendação de Jesus, acender uma lâmpada e colocá-Ia sob um vaso, porém, deve-se colocá-la sobre o velador, de forma a poder ser vista por todos.
Esse ensino de Jesus objetiva esclarecer que, qualquer pessoa que adquirir conhecimentos em torno de uma verdade, ainda que seja em pequena escala, não deverá guardar a luz desse conhecimento apenas para si, mas procurar divulgá-lo a fim de que todos venham a haurir dos seus benefícios.
Corroborando ainda mais a parábola, em outra parte do Evangelho, afirmou Jesus: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus". (Mateus 5: 16)
Assim como não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte, também resplandecerá a sua luz sobre a Terra, e sobressairá o homem compenetrado dos seus deveres, que se edificou moral e espiritualmente. Por isso, disse Jesus: "Vós sois a luz do mundo", referindo-se aos apóstolos, no entanto, tendo Ele dito que deveríamos nos tornar perfeitos, como perfeito é o Pai Celestial, é óbvio que todos nós temos o potencial para nos transformar em luzes do mundo.
Na Parábola da Candeia, Jesus Cristo preceituou a necessidade de darmos guarida às Suas recomendações, tornando-nos obreiros atuantes e de decisão inquebrantável, projetando-nos, não apenas pelas palavras, mas sobretudo pelos atos. É importante saber, entretanto, que para adquirirmos essa luz interior, há necessidade de nos desvencilharmos das viciações contraídas no desenrolar das vidas pretéritas e, isso se fará, através das reencarnações sucessivas que Deus, por excesso de misericórdia, nos concede.
Existe muita gente guardando, avarentamente, apenas para si, os conhecimentos que adquirem, não tolerando qualquer idéia de espargí-los. Isso sucede com os homens, em todos os campos de atividades humanas. Muitos passam seus conhecimentos apenas para seus filhos ou familiares, não concebendo a idéia de transferi-los a um estranho.
Guardar um ensinamento de ordem espiritual apenas para si, incita danos para o Espírito, uma vez que o Mestre preceituou na parábola que "não há coisa oculta que não haja de manifestar-se, nem escondida que não haja de saber-se e vir à luz". De nada adianta uma pessoa que conheceu determinada verdade, guardá-la somente para si, pois o tempo se encarregará de fazer com que ela seja manifesta para todos.
Nos séculos passados, muitas coisas erradas foram apregoadas como verdades fundamentais, e muitos mentores religiosos, com o objetivo de emprestar-Ihes maior autoridade não trepidaram em rotulá-las como "revelação do Espírito santo". Eram condenados às fogueiras os que ousavam delas discordar. Nos tempos modernos, com a ampliação dos sistemas de comunicação, já não poderá prevalecer essa sistemática, imposta pelo processo do "ferro e fogo".
Jesus Cristo veio trazer à Terra um manancial de verdades irretorquíveis, entretanto, essas verdades atentavam contra as inverdades apregoadas pelos doutores da Lei de sua época, e Ele teve que carregar pesada cruz até o cimo do Calvário, onde foi crucificado.
Deveremos, pois, propugnar para que as luzes dos nossos conhecimentos sejam manifestas a todos. Importa sermos como uma cidade edificada sobre um monte, para que as virtudes e a luz, que espargem de nós, sejam vistas e passem a beneficiar a todos.
Complementando os ensinamentos contidos na parábola da Candeia, ensinou-nos o Mestre: "Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grande serão essas trevas. A candeia do corpo são os olhos, de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz. Os vossos olhos refletem as trevas ou as luzes que residem dentro de vós".
Os nossos olhos, por sua vez, refletem tudo aquilo que reside no recesso de nossas almas e, como decorrência, devemos procurar nos enquadrar nos ensinamentos dos Evangelhos, processando dentro de nós a REFORMA ÍNTIMA, que Jesus Cristo simbolizou como sendo a conquista do Reino dos Céus.
Paulo Alves de Godoy
3 - RODOLFO CALLIGARIS
Estas palavras de Jesus: "não se deve pôr a candeia debaixo da cama, mas sobre o velador, a fim de que todos os que entrem, vejam a luz", dão-nos a entender, claramente, que as leis divinas devem ser expostas por aqueles que já tiveram a felicidade de conhecê-las, pois sem esse conhecimento paralisar-se-ia a marcha da evolução humana.
Não espalhar os preceitos cristãos, a fim de dissipar as trevas da ignorância que envollvem as almas, fora esconder egoisticamente a luz espiritual que deve beneficiar a todos.
Manda a prudência, entretanto, que se gradue a transmissão de todo e qualquer ensinamento à capacidade de assimilação daquele a quem se quer instruir, de vez que uma luz intensa demais o deslumbraria, ao invés de o esclarecer.
Cada idéia nova, cada progresso, tem que vir na época conveniente. Seria uma insensatez pregar elevados códigos morais a quem ainda se encontrasse em estado de selvageria, tanto quanto querer ministrar regras de álgebra a quem mal dominasse a tabuada.
Essa a razão por que Jesus, tão frequentemente, velava seus ensinos, servindo-se de figuras alegóricas, quando falava aos seus contemporâneos. Eram criaturas demasiado atrasadas para que pudessem compreender certas coisas. Já aos discípulos, em particular, explicava o sentido de muitas dessas alegorias, porque sabia estarem eles preparados para isso.
Mas, como frisa a parábola em tela, "nada há secreto que não haja de ser descoberto, nem nada oculto que não haja de ser conhecido e de aparecer publicamente". À medida que os hoomens vão adquirindo maior grau de desenvolvimento, procuram por si mesmos os conheciimentos que lhes faltam, no que são, aliás, auxiliados pela Providência, que se encarrega de guiá-los em suas pesquisas e lucubrações, projetando luz sobre os pontos obscuros e desconhecidos, para cuja inteligência se mostrem amadurecidos.
Os que, por se acharem mais adiantados, intelectual e moralmente, forem sendo iniciados no conhecimento das verdades superiores, e se valham delas, não para a dominação do próximo em proveito próprio, mas para edifiicar seus irmãos e conduzi-los na senda do aperfeiçoamento, maiores revelações irão tendo, horizontes cada vez mais amplos se lhes descortinarão à vista, pois é da lei que, "aos que já têm, ainda mais se dará."
Quanto aos que, estando de posse de umas tantas verdades, movidos por interesses rasteiros fazem disso um mistério cujo exame proíbem,- o que importa "colocar a luz debaixo da cama", nada mais se lhes acrescentará, e "até o pouco que têm lhes será tirado", para que deixem de ser egoístas e aprendam a dar de graça o que de graça hajam recebido.
A vida nos planos espirituais, questão que interessa profundamente os sistemas filosóficos e religiosos, por muitos e muitos séculos permaneceu como um enigma indevassável chegou, porém, o momento oportuno em que deveria "aparecer publicamente", e daí o advento do Espiritismo.
Rasgaram-se, então, os véus que encobriam esse imenso universo, tão ativo e real quanto o em que respiramos, e, à luz dessa nova revelação, a sobrevivência da alma deixa de ser apenas uma hipótese ou uma esperança, para firmar-se como confortadora e esplêndida reaalidade.
Rodolfo Calligaris

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A Teoria do Subconsciente e as Aquisições Anteriores


Artigo publicado na Revista Internacional de Espiritismo - Abril de 1925

Há quase três quartos de século o Espiritismo apresentou-se no mundo com um corpo filosófico e religioso, erguido sobre as bases sólidas de seus fatos incontestes.
Logo após as primeiras manifestações dos Espíritos, sofreram os seus fenômenos a repulsa do espírito de negação, pois, parecia impossível às gentes, quer da ciência, quer da religião, que o homem, depois de morto, pudesse aparecer e se comunicar com os vivos.
A luta foi grande, mas o negativismo teve de descer de sua cadeira de mestre, e ficou estabelecido, por um acordo unânime, que os FATOS, de fato, eram reais, verídicos, como a água que bebemos, como o ar que aspiramos, como o sol que nos ilumina.
Mas as idéias enraizadas costumam ter longa duração e, embora houvessem aceitado os fatos, tais como eles se nos apresentam, a sua causa, entretanto, as inteligências que as produziam, foram postas à margem, e surgiram diversas teorias para explicar os maravilhosos fenômenos que vinham nos dar a prova patente da Imortalidade da alma.
Católicos e Protestantes proclamaram a teoria diabólica, como única capaz de explicar os fenômenos.
Teosofistas e Ocultistas, num vôo de imaginação, conceberam a teoria gnômica, que consiste nos pseudognomos, duendes, fadas e diabretes, que julgavam viverem em roda de nós. E, como estas, outras tantas teorias irrisórias e decrépitas foram constituídas causantes dos fenômenos que avassalavam o mundo todo. Afinal, alguns materialistas, aferrados ao seu saduceismo, deliberaram criar a teoria da dupla personalidade aliada à do ser coletivo, invocando como justificativa à ousada hipótese, a inconsciência dos assistentes às sessões, e a subconsciência do médium.
Esta hipótese consiste no seguinte: “um fluido especial se desprende do médium, combina-se com o fluido das pessoas presentes para constituir um personagem novo, temporário, independente em certa proporção, para produzir os fenômenos conhecidos”. Noutro caso: o médium se desdobra em múltiplas personalidades, auxiliado pelo pensamento inconsciente dos assistentes, e produz fenômenos muito acima da sua capacidade intelectual.
Esta doutrina, tal como a tem concebido vários teoristas da velha guarda, para explicar os fenômenos espíritas e anímicos, é a prova da mais refinada insensatez dos homens da nossa época.
Como se pode conceber que fluidos nervosos e cerebrais, resultantes do trabalho molecular, constituam um ser que raciocina, que age, que sabe, ainda mais que todos os presentes à sessão, produzindo fenômenos que ninguém em seu estado normal o é capaz de fazer! Que falta de critério é essa, que menosprezo à lógica, à razão!
Dizem, porém, os adeptos dessa teoria, que em vista da produção dos fenômenos conscientes de um lado, e inconscientes de outro, observados nas experiências psíquicas a que assistiram, não podem eles compreender a causa desses fenômenos por outra maneira!
E o que são fenômenos do subconsciente senão a relação de fatos ou de conhecimentos que se achavam adormecidos e despertam na memória, devido a um estado particular da alma?
O fato de estarem esquecidos, serem lembrados e depois se apagarem novamente da memória normal autoriza, porventura, a criação de outra personalidade a quem se quer dar a autoria do fenômeno?
Se assim fosse, mesmo na existência terrestre, neste curto lapso de tempo que passamos no mundo, não representaríamos uma única individualidade, mas muitas, visto como diversos fatos, mesmo os de grande importância, ocorridos durante a vida atual se conservam esquecidos até da “memória física”, e, quando são lembrados, voltam logo após ao “inconsciente fisiológico”.
Não parece racional que o homem seja um conjunto de almas produzidas pelo trabalho molecular do corpo, e que se manifestam, ora uma, ora outra, quando a tensão arterial ou nervosa assim o exige.
O que é mais racional e lógico é que sendo o homem um Espírito encarnado num corpo, tem de reagir contra esse desequilíbrio para relembrar fatos, e reger o seu “escafandro” de forma tal que os conhecimentos adquiridos anteriormente, em dada ocasião, possam transparecer, embora lhe seja preciso diminuir a tensão arterial ou nervosa, como acontece nos casos de sonambulismo natural ou provocado.
Não há “personalidade dupla”; uma só é a personalidade, cuja ação se faz sentir de acordo com a necessidade de momento.
O Eu psíquico existe independente do corpo, como demonstram os fenômenos de animismo; e existia antes do corpo, assim como sobreviverá ao aniquilamento deste, como provam os fatos espíritas.
Cada vida terrestre é um cenário, onde o espírito desempenha o papel que lhe é peculiar e, mais ou menos, de acordo com as resoluções tomadas anteriormente.
Alguém comparou este mundo a um teatro e cada indivíduo a um ator em pleno desempenho do papel que aceitou no drama que se desenrola no mundo. Quando a alma volta à vida normal, que é a Espiritual, é como o ator que fora do palco volta à vida ordinária.
Em cada existência terrestre, o Espírito conquista um conhecimento e todas as cenas que observou gravam-se-lhe na alma, de modo que em sua vida extraterrestre, ou extracorpórea, ele pode ter lembrança nítida de tudo, assim como é senhor dos conhecimentos que adquiriu. É assim que se verificam nos sonâmbulos, fenômenos interessantes de mais elevado alcance que o indivíduo no estado de vigília não poderia produzir.
O Espírito não é, pois, um ser simples que só tem o que adquiriu na existência terrestre em que vive.
O Espírito é um ser complexo, portador de muitas faculdades que conquistou através das encarnações neste e noutros mundos, assim como na vida livre do Espaço. O fim da vida da alma não é o fim da vida terrestre; esta não representa mais que uma floresta da Vida, que a alma atravessa. Foi, com certeza, justificando esta verdade, que Jesus, inquirido por Nicodemus sobre os “milagres” que produzia, e referindo-se às múltiplas existências terrestres que atravessamos, disse “o vento sopra onde quer, ouvis a sua voz, mas não sabeis donde ele vem, nem para onde vai, assim é o nascido de espírito”.
As “personalidades”, que os sábios dizem nascer do “subliminal”, do “subconsciente”, não são, portanto, “personalidades”, são aquisições de conhecimentos, de luzes, de virtudes, de faculdades feitas no percurso da existência integral, durante o caminho percorrido, do nascimento ao momento em que nos achamos. Não são candeias que aparecem, são luzes que jazem latentes, não são causadas pelo esforço neuro-cerebral, mas sim expansões da alma, não são fontes novas que fazem jorrar água, mas sim caudais de uma mesma fonte que é o próprio Espírito, ou para melhor dizer – o nosso próprio Eu.