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sábado, 19 de outubro de 2013

EADE-ESTUDO APROFUNDADO DA DOUTRINA ESPÍRITA-LIVRO 1 -MÓDULO2- ROTEIRO 21- O APOCALIPSE DE JOÃO



ROTEIRO
21
Objetivos
Analisar, sob a ótica da Doutrina Espírita, o Apocalipse de
João.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
O Divino Mestre chama aos Espaços o Espírito João [...] e o Apóstolo, atônito
e aflito, lê a linguagem simbólica invisível. [...] Todos os fatos posteriores à
existência de João estão ali previstos. É verdade que freqüentemente a descrição
apostólica penetra o terreno mais obscuro; vê-se que a sua expressão humana não
pôde copiar fielmente a expressão divina das suas visões de palpitante interesse
para a história da Humanidade. Emmanuel: A caminho da luz. Cap. 14.
O autor do apocalipse abre seu livro apresentando-o como uma revelação de
Jesus Cristo sobre as coisas que haviam de acontecer, inclusive a futura vinda do
Mestre à terra, em Espírito, e cercado da glória de seus anjos. Cairbar Schutel:
Interpretação sintética do apocalipse, p.16.
O APOCALIPSE DE JOÃO
314
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Introdução
Os textos apocalípticos, nos dois séculos que precederam a vinda do Cristo,
tiveram muito êxito em alguns ambientes judaicos. Tendo sido anteriormente
elaborados pelas visões dos profetas como Esequiel e Zacarias, esse gênero de
escritura desenvolveu-se também no livro de Daniel. Apenas um apocalipse
ficou registrado no Novo Testamento. Seu autor é o apóstolo João, autor do
quarto Evangelho, escrevendo-o quando de seu exílio na ilha de Patmos.
No fim do Novo Testamento está a Revelação de João, que, assim como o Livro de
Daniel, é um apocalipse, um tipo de literatura conhecido na época. O Apocalipse se
compõe de uma série de visões que evocam imagens de uma dramática cena final.
Distingue-se do Livro de Daniel, que é seu equivalente apocalíptico judaico, de duas
maneiras importantes. Em primeiro lugar, é um livro cristão, no qual Cristo irá assumir
definitivamente o controle e vencer o mal; em segundo lugar, no Apocalipse o fim do
mundo [fim do mal] já começou. Não se trata de algo que ocorrerá num futuro distante.
Depois da obra de Jesus pela salvação, já teve início a batalha decisiva entre o bem e o
mal. O Apocalipse de João é, pois, mais que uma escritura profética. Redigido durante
as perseguições contra os cristãos travadas no reinado do (81-96), do imperador Domiciano,
descreve a situação dos cristãos da época, constantemente ameaçados de martírio.
Acima de tudo, portanto, é uma escritura consoladora destinada aos cristãos que viviam
naquele período atribulado. Nela, o Estado romano é chamado de a ‘‘besta’’, ‘‘o dragão’’
ou ‘‘a grande prostituta’’. Mas, no embate final Cristo, o Cordeiro, vencerá as forças da
escuridão. O livro chega então ao final com uma visão de ‘‘um novo céu e uma nova
terra’’. Com suas imagens nascidas de uma necessidade histórica, o Apocalipse é pouco
familiar aos leitores modernos e já recebeu variadas interpretações através dos tempos.
Pode-se dizer que nenhum outro livro da Bíblia tem sido tão mal empregado. Com sua
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 21
315
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
fé em Deus claramente expressa, levando a uma vitória final do bem sobre o mal, ele é,
mesmo assim, uma conclusão apropriada para a maneira como a Bíblia descreve a grave
situação do mundo. 8
1. Orientações para o estudo do apocalipse
A linguagem simbólica do Apocalipse de João desestimula, em geral, a sua
leitura. É possível, porém, torná-la compreensível, observando-se alguns pontos
importantes: o entendimento do significado de apocalipse, quanto à etimologia
e ao conceito; a visualização do contexto histórico da Igreja nascente, e a razão
do advento do Apocalipse.
1.1 - Significado de apocalipse
O termo ‘‘apocalipse’’ é a transcrição duma palavra grega que significa revelação; todo
apocalipse supõe, pois, uma revelação que Deus fez aos homens, revelação de coisas ocultas
e só por Ele conhecidas, especialmente de coisas referentes ao futuro. É difícil definir
exatamente a fronteira que separa o gênero apocalíptico do profético, do qual, de certa
forma, ele não é mais que prolongamento; mas enquanto os antigos profetas ouviam as
revelações divinas e as transmitiam, oralmente, o autor de um apocalipse recebia suas
revelações em forma de visões, que consignava em livro. Por outro lado, tais visões não
têm valor por si mesmas, mas pelo simbolismo que encerram, pois em apocalipse tudo
ou quase tudo tem valor simbólico: os números, as coisas, as partes do corpo e até os
personagens que entram em cena. Ao descrever a visão, o vidente traduz em símbolos as
idéias que Deus lhe sugere, procedendo então por acumulação de coisas, cores, números
simbólicos, sem se preocupar com a incoerência dos efeitos obtidos. Para entendê-lo,
devemos, por isso, apreender a sua técnica e retraduzir em idéias os símbolos que ele
propõe, sob pena de falsificar o sentido de sua mensagem. 4
No Livro Como ler o apocalipse, o autor explica o estilo e a forma de escritura
do apocalipse.
O apocalipse foi [...] um modo de escrever muito popular nos dois séculos antes de Cristo
e nos dois séculos depois dele. [...] O mais importante escritor apocalíptico do Antigo
Testamento é o autor do Livro de Daniel. Ele viveu na época da dominação selêucida
na Palestina, mas especificamente no tempo de Antíoco Epifanes IV (175-162 a.C.).
Esse rei impôs, pela força, a cultura e a religião dos gregos. Esse fato provocou a revolta
dos Macabeus. A função do Livro de Daniel era apoiar e incentivar a resistência dos
Macabeus contra a dominação estrangeira. [...] Ninguém podia dizer as coisas às claras.
Era necessário usar uma linguagem camuflada, incentivando a resistência e driblando a
marcação do poder opressor. 6
316
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
Foi assim que surgiu a literatura apocalíptica.
1.2 - O contexto histórico da Igreja nascente
É indispensável inserir o Apocalipse no seu ambiente histórico para
compreendê-lo um pouco mais.
É [...] indispensável [...] reinserí-lo no ambiente histórico que lhe deu origem: um período
de perturbações e de violentas perseguições contra a Igreja nascente. Pois, do mesmo modo
que os apocalipses que o precederam (especialmente o de Daniel) e nos quais manifestamente
se inspira, é escrito de circunstância, destinado a reerguer e a robustecer o ânimo dos cristãos,
escandalizados, sem dúvida, pelo fato de que perseguição tão violenta se tenha desencadeado
contra a Igreja daquele que afirmara: ‘‘Não temais, eu venci o mundo’’ (João, 16:33). 4
No momento em que João escreve o seu livro de visões, a igreja primitiva
sofre terrível perseguição de Roma e dos cidadãos do Império Romano (a
‘‘Besta’’), por instigação de ‘‘Satanás’’ (o adversário, por excelência, do Cristo
– ou anticristo). 5 O próprio João se encontrava prisioneiro na Ilha de Patmos,
quando escreveu o seu Apocalipse, na época (81-96) do imperador Domiciano.
Solidário com os companheiros submetidos aos martírios das perseguições, o
Apocalipse de João nos apresenta três conteúdos básicos: o protesto contra as
injustiças sociais, o sofrimento que aguardam os perseguidores e a vitória do
bem, manifestada no amor do Cristo pela Humanidade.
1.3 - A razão do advento do Apocalipse de João
Alguns anos antes de terminar o primeiro século, após o advento da nova doutrina, já
as forças espirituais operam uma análise da situação amargurosa do mundo, em face
do porvir. Sob a égide de Jesus, estabelecem novas linhas de progresso para a civilização,
assinalando os traços iniciais dos países europeus dos tempos modernos. Roma
já não representa, então, para o plano invisível, senão um foco infeccioso que é preciso
neutralizar ou remover. Todas as dádivas do Alto haviam sido desprezadas pela cidade
imperial, transformada num vesúvio de paixões e de esgotamentos.
O Divino Mestre chama aos Espaços o Espírito João, que ainda se encontrava preso nos
liames da Terra, e o Apóstolo, atônito e aflito, lê a linguagem simbólica do invisível.
Recomenda-lhe o Senhor que entregue os seus conhecimentos ao planeta como advertência
a todas as nações e a todos os povos da Terra, e o velho Apóstolo de Patmos
transmite aos seus discípulos as advertências extraordinárias do Apocalipse.
Todos os fatos posteriores à existência de João estão ali previstos. É verdade que freqüentemente
a descrição apostólica penetra o terreno mais obscuro; vê-se que a sua expres317
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
são humana não pôde copiar fielmente a expressão divina das suas visões de palpitante
interesse para a história da Humanidade. As guerras, as nações futuras, os tormentos
porvindouros, o comercialismo, as lutas ideológicas da civilização ocidental, estão ali
pormenorizadamente entrevistos. E a figura mais dolorosa, ali relacionada, que ainda
hoje se oferece à visão do mundo moderno, é bem aquela da igreja transviada de Roma,
simbolizada na besta vestida de púrpura e embriagada com o sangue dos santos. 17
2. Plano geral da obra
O apocalipse de João é constituído de um prólogo, de duas partes e de
um epílogo:
2.1 - Prólogo
No prólogo (1:1-3), João faz a abertura do seu livro, apresentando-o como
uma revelação de Jesus Cristo sobre ‘‘as coisas que devem acontecer’’ (1:1, 3).
Indica quem são os destinatários: ‘‘os servos de Jesus Cristo’’ (1:1); a forma
como a revelação divina se deu: ‘‘Ele a manifestou com sinais por meio do seu
Anjo, ao seu servo João’’ (1:1); fornece uma dimensão temporal — ainda que
imprecisa — sobre a concretização dos fatos revelados: ‘‘o tempo está próximo’’
(1:3).
2.2 - Primeira parte (capítulos: 1, 2 e 3)
A primeira parte do Apocalipse está escrita na forma de diálogo. Apresenta
três subdivisões: a) saudação às comunidades (1:4-8); b) confiança na ressurreição
do Cristo (1:9-20) e c) cartas às sete igrejas da Ásia (2:1-22; 3:1-22).
Revela uma ação pastoral do apóstolo para com os cristãos — representados
simbolicamente pelas ‘‘sete igrejas da Ásia’’ (1:4) —, e expressa uma mensagem
de apoio aos que sofrem perseguições em nome do Cristo.
O propósito da mensagem [...] é encorajar a comunidade cristã que passa por uma
terrível provação: após o magnífico desenvolvimento na época de sua fundação, agora
a Igreja parece seriamente ameaçada na unidade de sua fé (movimentos heréticos), na
pureza dos costumes (relaxamento da vida religiosa, diminuição da caridade). Devido
as perseguições, João pretende sustentar a coragem dos cristãos ‘‘até a morte’’ (2:14),
garantindo-lhes a presença divina do Cristo, que vencerá o Dragão. 20
João narra como ocorreu a sua percepção mediúnica.
As [...] palavras que ouviu ‘‘como a voz de trombeta’’ (1:10), e a recomendação que teve
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
de se dirigir às ‘‘sete igrejas’’, representadas por ‘‘sete candeeiros’’, assistidas por ‘‘sete
espíritos’’ (1:10-20). 11
Cada carta é específica e contém elogios e críticas, advertências e incentivos, como convinha.
Mas o plural ‘‘igrejas’’ no final de cada carta mostra que se pretendia que fosse
lida por todas as igrejas. 8
«Nessa visão salienta-se ‘‘espada de dois gumes’’ que sai da boca do excelso
Espírito (Jesus).» 11
2.3 - Segunda parte (capítulos: 4 a 21)
Representa a essência da obra, tem um caráter profético-escatológico
(previsões sobre o fim do mundo) e abrange duas visões paralelas: a primeira
(4,18; 11,1) diz respeito aos destinos do mundo; a segunda (11: 9; 21:5) informa
sobre o futuro da Igreja. 20
Podemos considerar cinco subdivisões (ou seções) nessa parte: a) introdutória
(4:1-5;14) – fala sobre o trono, o Cordeiro e sobre o livro com sete selos;
b) seção dos selos (6:1-7, 17) – são pontos importantes sobre a abertura dos
quatro primeiros selos, sobre o clamor dos mártires (quinto selo) e a resposta
de Deus ao clamor (sexto selo); c) seção das trombetas (8:1-11;14) – o toque da
trombeta anuncia o julgamento de Deus; d) seção dos três sinais (11;15;16:16) –
são sinais que marcam acontecimentos: o sinal da mulher, o sinal dos dragãos
e o sinal dos anjos com pragas; e) sessão conclusiva (16;17;2:5) – mostra que o
Cristo julga e vence o mal.
No capítulo IV, o autor continua escrevendo sobre a sua visão, cheia de quadros que
se desdobram às suas vistas e que representam as letras com que se escrevem as ‘‘coisas
espirituais’’, que as palavras humanas não podem traduzir. A linguagem espiritual se
manifesta por meio de símbolos que ferem a imaginação e dão uma idéia relativa das
coisas que existem. Entretanto, não podem ser percebidas pelos nossos sentidos materiais,
grosseiros. 13
Revela a existência de uma comunidade de Espíritos de puros, representados
por ‘‘vinte e quatro anciãos’’, os ‘‘Espíritos de Deus’’, indicados por ‘‘sete
lâmpadas de fogo’’.
O seguinte resumo fornece informações gerais sobre a segunda parte do
Apocalipse:
A primeira visão começa com a apresentação do trono de Deus (4,1-11) e do Cordeiro
vitorioso (5,1-14) e concentra-se em dois motivos: a abertura dos 7 selos (6,1; 8,1), símbolo
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
da preparação no céu dos flagelos que recairão sobre o mundo (dos primeiros 4 selos sairão
os famosos 4 cavalos), e o som das 7 trombetas (8,2; 11,18) que significam a execução
daqueles flagelos na terra. A segunda visão começa com um duplo acontecimento: no céu,
a luta do dragão (satanás) contra a mulher (que representa o povo eleito) (12,1-18); na
terra, as duas bestas (que simbolizam o Império Romano e os falsos profetas) (13,1-18).
A esta dupla cena contrapõe-se a aparição do Cordeiro no monte Sião* seguido da multidão
de fiéis (14,1-5). O juízo escatológico é expresso por meio de várias representações:
os 7 flagelos e as 7 taças (15-16), acompanhados da ‘‘condenação da grande prostituta’’
(Roma também chamada Babilônia ou nova Babilônia) (17-18), depois a vitória sobre
as bestas (19,11-21) e sobre o Dragão com que se inaugura o reinado ‘‘de mil anos’’ de
Cristo (20,1-10) e por fim a vitória definitiva sobre o mal (20,11-25). 20
2.4 - O epílogo (22:16-21)
No epílogo há uma recomendação severa, uma proibição categórica àqueles
que lerem o livro, ou que o reimprimirem, de alterar qualquer coisa do que
nele se acha escrito. O apóstolo previa as mistificações sectárias, os enxertos, as
mutilações que havia de sofrer a Árvore da Vida, pelos papas e pelos concílios,
e ameaçou, severamente, àqueles que modificassem o seu Apocalipse. 16
3. Análise espírita do apocalipse
3.1 - As sete igrejas – são as comunidades cristãs cujas caracte-rísticas
indicam os diferentes tipos de cristãos: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes,
Filadélfia, Laodicéia.
A igreja de Éfeso, que fora fundada por Paulo, e continuou sendo por muitos séculos
um dos principais centros da Igreja Oriental, era zelosa em guardar-se contra a heresia,
mas carecia de amor cristão. A igreja de Esmirna parece ter resistido bem à importunação
(perseguição) e, por vezes, prisão dos seus membros. Pérgamo era um centro
religioso importante, com um famoso santuário de Zeus, um templo de Asclépio com
uma renomada escola de medicina, e um templo de Augusto; ‘‘o trono de Satã’’ pode
designar qualquer um desses, mas provavelmente refere-se ao culto do imperador. [...]
A igreja de Tiatira abundava em amor e fé, serviço e resignação paciente, mas tolerava
os ensinamento malignos de uma profetisa, Jesabel. A igreja de Sardes estava florescendo
externamente, mas não sem sério dano para a sua vida espiritual. Filadélfia, por outro
lado, era uma cidade em que os cristãos estavam isolados do restante da comunidade,
mas a igreja permanecera fiel. Em Laodicéia a igreja parecia estar florescendo, mas era
espiritualmente pobre. 9
_____________
* Sião: outro nome de Jerusalém.
320
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
O conjunto formado pelas sete igrejas, simbolicamente representadas pela
luz dos sete candelabros, revela a imagem da Igreja do Cristo, «[...] com suas
heresias, disputas, e fé débil, mas também com sua fé, esperança e amor». 10
3.2 - A besta apocalíptica – refere-se tanto ao Império Romano (o poder
constituído que fere, persegue e maltrata) quanto aos falsos profetas — também
chamados de ‘‘dragão’’ —, mistificadores que deturpam a mensagem do
Evangelho. Emmanuel nos esclarece a respeito do assunto.
A [...] besta poderia dizer grandezas e blasfêmias por 42 meses, acrescentando
que o seu número era o 666 (Apoc. XIII, 5 e 18). Examinando-se a
importância dos símbolos naquela época e seguindo o rumo certo das interpretações,
podemos tomar cada mês como sendo de 30 anos, em vez de 30
dias, obtendo, desse modo, um período de 1260 anos comuns, justamente o
período compreendido entre 610 e 1870, da nossa era, quando o Papado se
consolidava, após o seu surgimento, com o imperador Focas, em 607, e o decreto
da infalibilidade papal com Pio IX, em 1870, que assinalou a decadência e
a ausência de autoridade do Vaticano, em face da evolução científica, filosófica
e religiosa da Humanidade.
Quanto ao número 666, sem nos referirmos às interpretações com os
números gregos, em seus valores, devemos recorrer aos algarismos romanos,
em sua significação, por serem mais divulgados e conhecidos, explicando que
é o Sumo-Pontífice da igreja romana quem usa os títulos de vicarivs generalis
dei in terris, vicarivs filii dei e dvx cleri que significam vigário-geral de Deus
na Terra, vigário do Filho de Deus e príncipe do clero.
Bastará ao estudioso um pequeno jogo de paciência, somando os algarismos
romanos encontrados em cada titulo papal a fim de encontrar a mesma
equação de 666, em cada um deles. Vê-se, pois, que o Apocalipse de João tem
singular importância para os destinos da Humanidade terrestre. 18
3.3 - A espada de dois gumes - É o símbolo do poder e da justiça. É a palavra
divina, que no dizer de são Paulo, é poderosa arma, com a qual será restabelecida o reinado do
Cristo na Terra. É, finalmente, o Evangelho, o Verbo, essa espada que vibra golpes arrojados
matando a hipocrisia, aniquilando o erro e defendendo os espíritos de boa vontade na luta
terrível das ‘‘trevas’’ contra a ‘‘luz’’. 12
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
3.4 - A obra divina – o céu está representado pelo mar: ‘‘um mar de vidro
semelhante ao cristal’’ (4:6). O poder, a criação, a sabedoria e a eternidade são
simbolizados, respectivamente, por quatro criaturas viventes: ‘‘o leão, o novilho,
o homem e a águia voando’’ (4:7-8). 13
3.5 - O livro dos selos – é entendido como:
O [...] ‘‘livro do futuro’’, que, fechado para todos, só podia ser aberto pelo ‘‘Cordeiro’’,
Jesus, o Cristo, que ‘‘venceu ao romper os 7 selos’’. (5:5) Então, aparece, a João, o ‘‘Cordeiro
com sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a Terra’’.
O número sete simboliza a perfeição, é o número completo, dá idéia do desenvolvimento
integral do espírito. Vemos sete virtudes, que encarnam a perfeição; as sete cores, os sete
sons, as sete formas (cone, triângulo, círculo, elipse, parábola, hipérbole, trapézio); os
sete dias etc. O chifre, na velha poesia hebraica, é o símbolo da força. 14
3.6 - A abertura dos selos – está escrito assim: ‘‘e vi quando o Cordeiro
abriu um dos sete selos, e ouvi uma das quatro criaturas viventes dizendo, como
em voz de trovão: Vem! Olhei, e eis um cavalo branco, e o que estava montado
sobre ele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e ele saiu vencendo e para vencer’’
(6:1-2). Existem inúmeras interpretações para essas palavras de João: umas
mais seguras, outras nem tanto. Não é fácil encontrar um consenso. Podemos,
no entanto, dizer que todo o sentido teológico do Apocalipse fundamenta-se
em três pilares: Deus, Cristo e a Igreja. Deus é ‘‘o Alfa e o Ômega, o Princípio
e o Fim’’ (1:8); é ‘‘Aquele que vive nos séculos dos séculos’’ (10:5); é o ‘‘Senhor
do Universo’’ (1:8). Jesus Cristo é o tema central do Apocalipse, que é, verdadeiramente,
a sua ‘‘revelação’’; ele é o Filho do homem, é o Cordeiro imolado
que redimiu os homens ‘‘de todas as tribos, línguas e povos’’ (5; 9), ao mesmo
tempo é o vitorioso sobre os inimigos debelados (19:11-16). Cristo é o ‘‘Logos de
Deus’’ (19:13), que está junto de Deus. Os animais citados nos textos, sobretudo
os cavalos, ora são interpretados como forças positivas atuando na sociedade,
ora são forças negativas, dependendo da interpretação que se lhes dê. 7 Por
exemplo: há quem suponha que o cavalo branco e o cavaleiro, portando um
arco, citados na abertura do primeiro selo, sejam alusões à ganância — sempre
presente na história humana — e, também, aos partos, povo que usava o arco
como arma de guerra, criava cavalos brancos e era inimigo dos romanos. 7 Por
outro lado, Cairbar Schutel afirma que a abertura do primeiro selo representa
a vinda do Espiritismo e que o cavaleiro com o arco teria sido Allan Kardec. 15
Há, porém, um consenso de que o cavalo vermelho do segundo selo simboliza
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
a guerra (6:3); o cavalo negro do terceiro selo representa a fome e a carestia
que a guerra acarreta (6:5); o quarto cavalo, o esverdeado, retrata a peste e a
morte (6:7). O quinto selo reapresenta os mártires pedindo a Deus justiça para
a terra, ou o fim da desordem que campeia no mundo.
Reproduzem o clamor dos justos de todos os tempos, ansiosos de que
termine a inversão dos valores na história da humanidade.
3.7 - A prostituta - na segunda parte do apocalipse aparece, em diferentes
capítulos, a figura de duas mulheres, sendo que uma delas está vestida de
púrpura escarlate, usa pérolas, tem na mão um cálice cheio de abominações,
e em sua testa está escrito: ‘‘mistério’’, ‘‘a grande babilônia’’; ‘‘a prostituta’’; ‘‘a
grande prostituta’’. Supõe-se que seja uma alusão à Igreja Católica Romana, em
razão de esta ter dado as costas à Lei de Deus e ter incorporado, à mensagem
cristã, práticas dos povos pagãos. A propósito, esclarece Emmanuel.
A Igreja Católica [...], que tomou a si o papel de zeladora das idéias e das realizações cristãs,
pouco após o regresso do Divino Mestre às regiões da Luz, falhou lamentavelmente
aos seus compromissos sagrados. Desde o concílio ecumênico de Nicéia, o Cristianismo
vem sendo deturpado pela influenciação dos sacerdotes dessa Igreja, deslumbrados
com a visão dos poderes temporais sobre o mundo. Não valeu a missão sacrossanta do
iluminado da Úmbria [Francisco de Assis], tentando restabelecer a verdade e a doutrina
de piedade e de amor do Crucificado para que se solucionasse o problema milenar da
felicidade humana.
As castas, as seitas, as classes religiosas, a intolerância de clericalismo constituíram
enormes barreiras a abafarem a voz da realidades cristãs. A moral católica falhou aos
seus deveres e às suas finalidades. 19
3.8 - O juízo final – a doutrina religiosa que trata das ‘‘últimas coisas’’
é conhecida como escatologia. Todas as religiões cristãs, à exceção do Espiritismo,
acreditam, pregam e divulgam a idéia do ‘‘Juízo ou Julgamento Final’’,
do ‘‘Fim do mundo ou dos Tempos’‘. São interpretações literais do Velho e do
Novo Testamentos . Neste último, a parábola dos bodes e das ovelhas (Mateus,
25:31-46) é uma das mais citadas.
A doutrina de um juízo final, único e universal, pondo fim para sempre à Humanidade,
repugna à razão, por implicar a inatividade de Deus, durante a eternidade que precedeu
à criação da Terra e durante a eternidade que se seguirá à sua destruição. 1
Moralmente, um juízo definitivo e sem apelação não se concilia com a bondade infinita
do Criador, que Jesus nos apresenta de contínuo como um bom Pai, que deixa sempre
323
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
aberta uma senda para o arrependimento, e que está pronto sempre a estender os braços
ao filho pródigo. 2
3.9 - A humanidade nova - o capítulo 21 nos fala de uma “Jerusalém
celeste’’ ou ‘‘Jerusalém libertada’’, símbolo da Humanidade regenerada. Durante
milênios, a civilização humana amargou dolorosas provações em razão
dos erros cometidos contra a Lei de Deus. Uma geração nova surge, afinal, na
Terra. «Nestes tempos, porém, não se trata de uma mudança parcial, de uma
renovação limitada a certa região, ou a um povo, a uma raça. Trata-se de um
movimento universal, a operar-se no sentido do progresso moral». 3
324
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 46. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2005. Cap. 17, item 64, p.398.
2. ______. Item 66, p.399.
3. ______. Cap. 18, item 6, p. 404.
4. BIBLIA DE JERUSALÉM. Diversos tradutores. Nova edição, revista e ampliada.
São Paulo: Editora Paulus, 2002, p. 2139.
5. ______. p. 2140.
6. BORTOLINI, José. Como ler o apocalipse. 63. ed. São Paulo: editora Paulus,
2003. Introdução, p. 8.
7. ______. Segunda parte, cap. 3, p.58.
8. HELLEN, V., NOTAKER, H. E GAARDER,J. O livro das religiões. Tradução
de Isa Mara Lando. São Paulo: Companhia das Letra, 2000, item: O apocalipse
(ou Revelação), p.223-224.
9. DICIONÁRIO DA BÍBLIA. Vol. 1: as pessoas e os lugares. Organizado por
Bruce M. Metzger, Michael D. Coogan. Tradução de Maria Luiza X. De A.
Borges. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2002, p. 295-296 (As sete igrejas).
10. ______.p. 296.
11. SCHUTEL, Cairbar. Interpretação sintética do apocalipse. 6. ed. Matão
[SP]:2004. Introdução ao Apocalipse, p. 16.
12. ______. p. 16-17.
13. ______. p. 17.
14. ______. O livro dos sete selos, p. 19.
15. ______. O primeiro selo p. 21.
16. ______.Conclusão, p. 105.
17. XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel.
32. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 14 (A edificação cristã), item: O
Apocalipse de João, p.126-127.
18. ______. Item: A besta do apocalipse, p. 128.
19. ______. Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2004. Cap. 6 (Pela revivescência do cristianismo), item: A falha da igreja
romana, p 44-45.
20. http://www2.uol.com.br/jubilaeum/historia_linha.htm
21. http://www.veritatis.com.br/artigo.asp?pubid=1436
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
325
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Fazer uma explanação inicial sobre o apocalipse
de João, sua organização e finalidades. Sugerir
a formação de grupos para estudar e apresentar
conclusões dos conteúdos existentes nos itens 2 e
3 dos subsídios deste Roteiro.