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quinta-feira, 8 de abril de 2021

Parábola dos Trabalhadores das Diversas Horas do Dia : "Os olhos humanos não podem medir os valores dessa natureza, mas os do Filho de Deus vão descobri-los nos íntimos recessos da alma humana.[...]É com o Espírito, e não com o corpo, que se constroem as obras que dignificam e imortalizam seus autores."



Artigo extraído do livro "Em Busca do Mestre" - Edições FEESP - 4ª Edição - Março de 1995.



“O reino dos céus é semelhante a um proprietário que saiu pela manhã a assalariar trabalhadores para a sua vinha. Feito com eles o ajuste de um denário por dia, mandou-os para a vinha. 

Saindo à hora terceira, viu outros na praça, desocupados, e disse-lhes: Ide também vós para a minha vinha, e eu vos darei o que for justo. Eles foram. 

Saiu às horas sexta e nona e fez o mesmo. Finalmente, indo à praça à hora undécima, e encontrando ali jornaleiros, disse-lhes: Por que estais todo o dia ociosos? Porque ninguém nos assalariou, responderam. Ide também vós à minha vinha e eu vos darei o que for justo.

À tarde chamou o seu mordomo, dando a seguinte ordem: Chama os jornaleiros e paga-lhes o salário, começando pelos últimos e acabando pelos primeiros. 

Chegaram, então, os da undécima hora e receberam um denário cada um. Vindo os primeiros, esperavam receber mais; porém, lhes foi dada igual quantia. Ao receberem-na, murmuravam contra o proprietário, alegando: Estes últimos trabalharam uma hora e os igualastes a nós que suportamos o calor do dia? Retrucou o proprietário a um deles: Meu amigo, não te faço agravo nem injustiça: não ajustastes comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te embora; pois quero dar a este último tanto como a ti. Não me é lícito fazer o que me apraz daquilo que é meu? Acaso teu olho é mau, porque sou bom? Assim os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos; porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos”.

A alegoria acima – como, aliás, toda alegoria – exprime e revela um princípio diferente daquele que literalmente enuncia. Parece, à primeira vista, haver injustiça da parte daquele proprietário que manda pagar igual aos obreiros das diversas horas do dia. Pois então – como alegam os que iniciaram o labor pela manhã – será justo pagar o mesmo jornal a nós e aos que entraram às 9, ao meio-dia e até mesmo à undécima hora?
Para entrarmos no mérito do critério em que se baseou o proprietário da vinha, cumpre lembrarmos que a parábola em apreço tem relação com o reino dos céus, isto é, com os meios e processos empregados para sua conquista. Neste particular, o tempo constitui elemento de somenos importância. “A cada um será dado segundo as suas obras” e não segundo o tempo, mais ou menos dilatado, de sua atuação nos arraiais do credo que professa. Assim, pois, se os jornaleiros da hora nona e do meio-dia fizeram, pela maior soma de atividade empregada, tanto como os da manhã, é natural que recebessem o mesmo jornal, por isso que o proprietário havia prometido dar-lhes o que fosse justo. E aos da undécima hora? Seria possível, em tão minguado tempo, fazer o mesmo que os demais? Pelo dedo se conhece o gigante, reza o rifão popular. Que teriam produzido aqueles assalariados ao decurso de uma hora? Aqui entra em jogo um fator de sabida importância, no que respeita ao merecimento do obreiro: a qualidade da obra.

Certamente, o pouco que fizeram os da undécima hora supera tanto em qualidade, ao que fizeram os outros, em quantidade, que os bons olhos do proprietário entenderam ser de justiça dar-lhes a mesma paga. Em realidade o que ele viu é que o trabalho destes valia mais que os dos outros, fazendo nesse cômputo abstração do fator tempo.

A sabedoria da sentença evangélica – a cada um será dado segundo as suas obras – abrange dois aspectos distintos: o objetivo e o subjetivo. Somente no conhecimento exato de ambos é possível apurar com acerto e com justiça. Os homens julgam comumente através do prisma objetivo das obras, porque não lhes é dado penetrar no plano subjetivo. Daí a precariedade dos seus juízos e das suas sentenças. Por vezes, há mais estimação nos feitos sem maior importância, que nas vultosas obras que impressionam os sentidos. Aquela pobre viúva que lançou no gazofilácio do templo duas moedinhas de cobre de valor ínfimo, deu mais, disse o intérprete da divina justiça, do que os argentários que ali despejavam moedas de ouro e mancheias. O valor da oferta da viúva é de natureza subjetiva, está no que se não pode ver nem tocar, porquanto está na intenção e nos motivos com que a oferta foi feita; está finalmente, no sacrifício daquela mulher que se havia privado de tudo que possuía, mesmo do que se achava reservado ao seu sustento. Os olhos humanos não podem medir os valores dessa natureza, mas os do Filho de Deus vão descobri-los nos íntimos recessos da alma humana.
Recapitulando, recordemos mais uma vez que a semelhança ora comentada se relaciona com o reino dos céus. Somos todos jornaleiros da vinha do Senhor, que é o planeta onde nos achamos. Cada um age no setor que lhe foi destinado, iniciando o trabalho em horas diversas.

 O Proprietário observa atentamente a maneira como os seareiros mourejam, julgando o mérito individual, não pelo tempo nem pelo volume da produção, mas pelo cunho de perfeição imprimido à obra. 

O bom obreiro tem os olhos fixos no mister que executa e não nos ponteiros do relógio. Pensa menos na recompensa que no bom acabamento da sua tarefa.

O trabalho é santo pela sua mesma natureza e, sobretudo, pela alma do operário nele encarnada. “Só canta bem que canta por amor”. Os músculos refletem as vibrações do cérebro e do coração. A inteligência e os sentimentos dirigem as mãos, tanto do humilde operário como às do maior e mais consumado artista. É com o Espírito, e não com o corpo, que se constroem as obras que dignificam e imortalizam seus autores.
Nós, portanto, jornaleiros encontrados ociosos na praça, trabalhemos com simplicidade e santidade na vinha do Senhor. Imprimamos em nossos atos aquela naturalidade com que os pássaros gorjeiam e aquela dedicação com que eles fazem os seus ninhos. Não os preocupemos com o peso e a suntuosidade das nossas obras; tampouco nos deixemos impressionar com o tempo que temos empregado em produzi-las e, menos ainda, com a recompensa presente ou futura: Deus nos dará o que for justo. Confiemos, como confiaram os jornaleiros das derradeiras horas, pois “os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros; porque muitos serão chamados e poucos os escolhidos”.
E, assim, verificamos que a parábola em apreço encerra a mais bela e excelente apologia da JUSTIÇA.

Pedro de Camargo ( Vinícius)

sábado, 9 de novembro de 2013

AMANHECE



(Prefácio do Livro Amanhece)
Emmanuel
 
Referíamo-nos ao Cristianismo Redivivo por dia novo na Terra.
As referências explodiam relampagueantes, quando um amigo pintor aduziu, fazendo surpresa:
– “E se fixássemos o alvorecer da Era Nova em traços e cores?”.
Impossível a execução de um plano assim arrojado: no entanto, alguém lembrou que um livro, na essência, é um quadro de idéias, definindo determinadas realizações.
Foi assim que o projeto deste volume se nos configurou, de imediato, e 'aqui reunimos páginas nossas, em que nos reportamos às criações espirituais, necessárias à instalação da paz e da felicidade para a Terra de hoje.
Cada companheiro, nesta despretensiosa galeria de pensamentos, expõe a contribuição que lhe é própria e, de comentário a comentário, tentamos formar a tela espiritual de nossas esperanças.
Aqui, um de nós espalha as tintas da fé; ali, outro oferta destaque à beneficência; além, aparece quem procura fixar as cores da alegria; mais adiante, surgem obreiros salientando o espírito de serviço.
O quadro, confeccionado dentro das nossas estreitas possibilidades, aqui se encontra em forma de livro.
AMANHECE é o nome deste noticiário da alma, condensado numa palavra única.
E entregando-te, leitor amigo, estas páginas simples, convidamos-te a refletir nas luzes de nossa época, em que a Terra começa a envolver-se nos clarões de novo amanhecer, rogando ao Senhor nos conceda o privilégio de trabalhar para que esse novo dia nos encontre – a nós todos, espíritos em evolução no Planeta, irmanados no mesmo anseio de paz, com a benção do amor a encaminhar-nos para Deus.
 
EMMANUEL
Uberaba (MG), 18 de abril de 1976.
 
Do livro Amanhece. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

domingo, 27 de janeiro de 2013

O ANÚNCIO DO REINO. "(...)Cada episódio do nascimento do Cristo é preparado na forja do sacrifício pessoal e dentro de testemunhos redentores: tudo sob a luz da fé, que aos trabalhadores do Reino guiava com poesia e beleza indescritíveis!...



Por mais a inteligência humana estabeleça o progresso do mundo, utilizando os próprios dons em expansão para facilitar e tornar mais sofisticada a existência humana, no Reino do Espírito, portas a dentro do coração de cada um , o deserto e a insatisfação, na sede de sabedoria e na fome de amor, permanecem, gerando os conflitos das personalidades, que vão desde a depressão inexplicável à loucura declarada da violência sem razão...
Compreendemos quão difícil aos filósofos e cientistas do comportamento humano a explicação justa dos fenômenos sociais em desordem e permanente choque, pois na horizontalidade em que se encontram, tão somente podem enxergar o padrão humano, sem a visão gloriosa da imortalidade e do infinito das potências de Deus!...
É por isso que os trabalhadores sinceros da fé logram, geralmente, a humildade que os insere conscientemente nas bênçãos do Eterno, distendendo-lhes os sentimentos aos níveis da espiritualidade santificante. O resultado disso é o refrigério da alma, mesmo em travessia exaustiva no plano da matéria densa, e o amor que passam a demonstrar uns com os outros, por ação providencial do excelso Pai em louvor de seus filhos.
Considerando isso, meditar as ocorrências do Natal de Jesus significa – se o fazemos pelo coração e não pelos cálculos humanos – a identificação da chegada do Reino de Deus à Terra, como sublime convite à fraternidade universal!
A singeleza de Maria, em sua feição lirial, brotando imaculada e terna no lodo das iniquidades humanas da época; a figura firme e discreta de José, entre os labores do dia e a reverência à vontade de Deus na salvaguarda do lar; Zacarias e Isabel, ambientando em simplicidade e confiança no Poder Divino o precursor do Evangelho, com sua missão de abrir caminho para o Salvador...
Cada episódio do nascimento do Cristo é preparado na forja do sacrifício pessoal e dentro de testemunhos redentores: tudo sob a luz da fé, que aos trabalhadores do Reino guiava com poesia e beleza indescritíveis!...
Para os dotados de olhos de ver, encontram-se aí os acontecimentos que definiriam os rumos definitivos da Humanidade, em Cristo Jesus!
Para os que são capazes de ouvir com os ouvidos da alma, ecoa a mensagem do Criador através da chegada de Jesus – o Salvador da Terra inteira!
Quando, pois, sentires a mente atabalhoada e o coração descrente de tudo, na completa desesperança e às portas da incredulidade, recorre à simplicidade do Evangelho do Mestre, porque desde a Manjedoura que O recebeu infante, até à Cruz do supremo martírio que culminou Sua missão de heroísmo moral e amor na Terra, encontrarás, não as equações do orgulho e do egoísmo que minam as criaturas no mundo, mas o caminho glorioso da elevação espiritual, entre as alegrias transcendentes da Verdade e a paz produzida abundantemente pelo Amor!
EMMANUEL

(Mensagem psicografada na noite do dia 24 de dezembro de 2012 durante reunião pública do Grupo Espírita da Bênção, em Mário Campos, MG, pelo médium Wagner G. Paixão)

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O REINO DOS CÉUS


E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o Reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: o Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou ei-lo ali, porque eis que o Reino de Deus está entre vós. (Lucas, 17:20-21) E dizia: a que é semelhante o Reino de Deus, e a que o compararei? E semelhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou em sua horta, e cresceu, e fez-se grande árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu. (Lucas, 13:18-19)

E disse outra vez: a que compararei o Reino de Deus? E semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou. (Lucas, 13.20-21) O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu, e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo. (Mateus, 13:44) O Reino dos Céus é também semelhante a um homem negociante, que busca boas pérolas.
E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a . (Mateus, 13:45-46,) O Reino dos Céus é ainda semelhante a uma rede lançada ao mar, que apanha toda a qualidade de peixes. E, estando cheia, a puxam para a praia, e, assentando-se, apanham para os cestos os bons, os ruins, porém, lançam fora. (Mateus, 13:47-48,)
Nos trechos evangélicos citados, o Mestre deixou bem evidenciado que o Reino dos Céus não existe como lugar confinado, como mansão de repouso eterno nem plano de estagnação, de inércia, ou de contemplação beatífica. Asseverando que o Reino dos Céus virá sem nenhuma demonstração exterior, e, ainda mais, que o tão almejado Reino está perenemente entre nós, Jesus definiu, de modo inequívoco, como deveremos concebê-lo.

E evidente que, se um indivíduo vive em paz com sua consciência e é perseverante na observação dos ensinamentos evangélicos, estará obviamente, vivendo num estado de paz, de serenidade. Por outro lado, se o indivíduo apenas pratica iniqüidades e reluta em seguir as veredas do Bem, estará implicitamente, vivendo num verdadeiro inferno.

O Espiritismo proclama a existência de Planos Superiores da Espiritualidade, onde os Espíritos que bem desempenharam o aprendizado nas "muitas moradas da Casa do Pai" desfrutam das bem-aventuranças peculiares àqueles que souberam assimilar os preceitos da Lei do Amor. Porém essas regiões elevadas não são destinadas à inação, ao descanso eterno ou à contemplação beatífica, tampouco para servirem de reduto aos violentos e aos conspurcadores das Leis de Deus.

No nobre intuito de revelar aos seus pósteros a premente necessidade da preparação das almas para a dignificante tarefa de alcançar o Reino dos Céus, o qual, no dizer de Jesus, só se conquista com as boas obras e não com a violência, o Mestre fez várias comparações concludentes em torno do verdadeiro sentido daquele tão decantado Reino. Nessas maravilhosas demonstrações, o Reino dos Céus foi apresentado sob vários prismas, girando em torno do mesmo significado.
Comparou-o, Jesus, ao grão de mostarda, que, apesar de ser uma das menores sementes, produz enorme vegetação; ao fermento que, mesmo em pequena quantidade, é capaz de levedar grande quantidade de massa; ao tesouro escondido que, quando é achado por um indivíduo, este vende tudo o que tem para poder adquiri-lo; a uma pérola de grande valor, que, quando achada, serve de incentivo para quem a descobriu vender tudo quanto tem, a fim de adquiri-la, e, finalmente, a uma rede lançada ao mar, que, apanhando grande quantidade de peixes, uns são lançados fora, como ruins, e outros guardados como bons.

A máxima "Buscai antes o Reino de Deus e sua justiça e tudo vos será acrescentado", por si só é suficiente para demonstrar que, abrindo o coração para que nele se aninhe o sentimento do Bem, a criatura humana, de uma forma simbólica, estará recebendo a pequena semente que se transformará em sentimentos empolgantes e de grande amplitude, a ponto de essa criatura sentir-se em íntimo contato com as entidades generosas e puras da Espiritualidade Superior, ou seja, do Mundo Maior, as quais, em perfeita similitude com as aves dos céus, dela aproximar-se-ao, atraídas pelos vários ramos da virtude que se irradia da sua alma.

Aquele que sentir em seu interior o despertar para as coisas de Deus, deverá desvencilhar-se de todas as imperfeições, abandonando, de vez, todos os impulsos menos edificantes. Nesse caso, deverá agir como aquele indivíduo que, encontrando um tesouro escondido, uma pérola de grande valor, decidiu despojar-se de tudo quanto tinha, para adquirir aquilo que considerava de maior valor. O Ser que pressentir, em sua alma, que as primícias do Reino dos Céus o estão bafejando com seus influxos, dada a circunstância de desejar palmilhar o caminho do Bem, deverá relegar para plano secundário os vícios, os maus pendores e as preocupações menos puras, a fim de possuir aquele Bem maior.

Fazendo analogia entre o Reino dos Céus e uma rede cheia de peixes, da qual o pescador separará os bons, dos ruins, os bons, guardando na cesta, e atirando de volta ao mar aqueles que foram considerados ruins, Jesus nos legou um ensinamento velado, do qual devemos subtrair o Espírito que vivifica.

O Reino dos Céus é para todos os filhos de Deus. A rede generosa, da qual o Cristo fala em seu ensinamento, é lançada para toda a Humanidade, indistintamente, assim como Deus faz a chuva beneficiar bons e maus e o Sol brilhar sobre justos e injustos. Muitos, porém, não dão guarida ao excesso de misericórdia do Pai Celestial e, quando ultrapassarem o limiar do túmulo, ocorrerá a separação descrita no Evangelho, simbolizada no levantamento da rede e a consequente separação dos peixes; aqueles que se compenetraram dos seus deveres e apenas praticaram o Bem, sem mistura de mal, entrarão no gozo da essência dignificante do Espírito, e aqueles que perverteram suas obrigações, que apenas deram guarida ao mal, serão relegados aos planos umbralinos — os planos terra-a-terra — onde os Espíritos ociosos e maldosos curtirão as dores oriundas de um dever não-cumprido, de uma tarefa fracassada. No dizer do Cristo tais criaturas serão relegadas ao local onde "haverá choros e ranger de dentes".

Quando alguém nos disser que o Reino dos Céus está ali ou acolá, não devemos dar crédito. O tão aspirado Reino está dentro de nós, e sua penetração em nosso coração se fará sem nenhuma manifestação exterior, ou seja, será pela simples prática das boas obras, conforme nos ensinou Jesus.

Paulo A. Godoy

Casos controvertidos do Evangelho

sábado, 29 de setembro de 2012

O EVANGELHO E O FUTURO


Um modesto escorço da História faz entrever os laços eternos que ligam todas as gerações nos surtos evolutivos do planeta.
Muita vez, o palco das civilizações foi modificado, sofrendo profundas renovações nos seus cenários, mas os atores são os mesmos, caminhando, nas lutas purificadoras, para a perfeição d'Aquele que é a Luz do princípio.
Nos primórdios da Humanidade, o homem terrestre foi naturalmente conduzido às atividades exteriores, desbravando o caminho da natureza para a solução do problema vital, mas houve um tempo em que a sua maioridade espiritual foi proclamada pela sabedoria da Grécia e pelas organizações romanas.
Nessa época, a vinda do Cristo ao planeta assinalaria o maior acontecimento para o munndo, de vez que o Evangelho seria a eterna mensagem do Céu, ligando a Terra ao reino luminoso de Jesus, na hipótese da assimilação do homem espiritual, com respeito aos ensinamentos divinos. Mas a pureza do Cristianismo não conseguiu manter-se intacta, tão logo regressaram ao plano invisível os auxiliares do Senhor, reencarnados no globo terrestre para a glorificação dos tempos apostólicos.
O assédio das trevas avassalou o coração das criaturas.
Decorridos três séculos da lição santificante de Jesus, surgiram a falsidade e a má-fé adaptando-se às conveniências dos poderes políticos do mundo, desvirtuando-se-lhe todos os princípios, por favorecer doutrinas de violência oficializada.
Debalde enviou o Divino Mestre seus emissários e discípulos mais queridos ao ambiente das lutas planetárias. Quando não foram trucidados pelas multidões delinqüentes ou pelos verdugos das consciências, foram obrigados a capitular diante da ignorância, esperando o juízo longínquo da posteridade.
Desde essa época, em que a mensagem evangélica dilatava a esfera da liberdade humana, em virtude da sua maturidade para o entendimento das grandes e consoladoras verdades da existência, estacionou o homem espiritual em seus surtos de progresso, impossibilitado de acompanhar o homem físico na sua marcha pelas estradas do conhecimento.
E' por esse motivo que, ao lado dos aviões poderosos e da radiotelefonia, que ligam todos os continentes e países da atualidade, indicando os imperativos das leis da solidariedade humana, vemos o conceito de civilização insultado por todas as doutrinas de isolamento, enquanto os povos se preparam para o extermínio e para a destruição. E' ainda por isso que, em nome do Evangelho, se perpetram todos os absurdos nos países ditos cristãos.
A realidade é que a civilização ocidental não chegou a se cristianizar . Na França temos a guilhotina, a forca na Inglaterra, o machado na Alemanha e a cadeira elétrica na própria América da fraternidade e da concórdia, isto para nos referirmos tão-somente às nações supercivilizadas do planeta. A Itália não realizou a sua agressão à Abissínia, em nome da civilização cristã do Ocidente? Não foi em nome do Evangelho que os padres italianos abençoaram os canhões e as metralhadoras da conquista? Em nome do Cristo espalharam-se nestes vinte séculos, todas as discórdias e todas as amarguras do mundo.
Mas é chegado o tempo de um reajustamento de todos os valores humanos. Se as dolorosas expiações coletivas preludiam a época dos últimos "ais" do Apocalipse, a espiritualidade tem de penetrar as realizações do homem físico, conduzindo-as para o bem de toda a Humanidade.
O Espiritismo, na sua missão de Consolador, é o amparo do mundo neste século de declives da sua História; só ele pode, na sua feição de Cristianismo redivivo, salvar as religiões que se apagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e do domínio, apontando ao homem os seus verdadeiros caminhos.
No seu manancial de esclarecimentos, poder-se-á beber a linfa cristalina das verdades consoladoras do Céu, preparando-se as almas para a nova era. São chegados os tempos em que as forças do mal serão compelidas a abandonar as suas derradeiras posições de domínio nos ambientes terrestres, e os seus últimos triunfos são bem o penhor de uma reação temerária e infeliz, apressando a realização dos vaticínios sombrios que pesam sobre o seu império perecível.
Ditadores, exércitos, hegemonias econômicas, massas versáteis e inconscientes, guerras inglórias, organizações seculares, passarão com a vertigem de um pesadelo.
A vitória da força é uma claridade de fogos de artifício.
Toda a realidade é a do Espírito e toda a paz é a do entendimento do reino de Deus e de sua justiça.
O século que passa efetuará a divisão das ovelhas do imenso rebanho. O cajado do pastor conduzirá o sofrimento na tarefa penosa da escolha e a dor se incumbirá do trabalho que os homens não aceitaram por amor.
Uma tempestade de amarguras varrerá toda a Terra. Os filhos da Jerusalém de todos os séculos devem chorar, contemplando essas chuvas de lágrimas e de sangue que rebentarão das nuvens pesadas de suas consciências enegrecidas.
Condenada pelas sentenças irrevogáveis de seus erros sociais e políticos, a superioridade européia desaparecerá para sempre, como o Império Romano, entregando à América o fruto das suas experiências, com vistas à civilização do porvir.
Vive-se agora, na Terra, um crepúsculo, ao qual sucederá profunda noite; e ao século XX compete a missão do desfecho desses acontecimentos espantosos.
Todavia, os operários humildes do Cristo ouçamos a sua voz no âmago de nossa alma:
"Bem-aventurados os pobres, porque o reino de Deus lhes pertence! Bem-aventurados os que têm fome de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os aflitos, porque chegará o dia da consolação! Bem-aventurados os pacíficos, porque irão a Deus!
Sim, porque depois da treva surgirá uma nova aurora. Luzes consoladoras envolverão todo o orbe regenerado no batismo do sofrimento. O homem espiritual estará unido ao homem físico para a sua marcha gloriosa no ilimitado, e o Espiritismo terá retirado dos seus escombros materiais a alma divina das religiões, que os homens perverteram, ligando-as no abraço acolhedor do Cristianismo restaurado.
Trabalhemos por Jesus, ainda que a nossa oficina esteja localizada no deserto das conciências.
Todos somos dos chamados ao grande labor e o nosso mais sublime dever é responder aos apelos do Escolhido.
Revendo os quadros da História do mundo, sentimos um frio cortante neste crepúsculo doloroso da civilização ocidental. Lembremos a misericórdia do Pai e façamos as nossas preces. A noite não tarda e, no bojo de sua sombras compactadas, não nos esqueçamos de Jesus, cuja misericórdia infinita, como sempre, será a claridade imortal da alvorada futura, feita de paz, de fraternidade e de redenção.
Emmanuel

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Amanhecer de esperanças

Os acontecimentos se precipitavam incontroláveis.
A região desértica e triste, que reverdecera sob a chuva de esperanças da palavra do Batista, seria o cenário de inusitadas ocorrências, preparando o amanhecer de uma nova e demorada Era - a do amor.
*
O amor ainda não abrasava os corações. Apenas em pequenos grupos vicejava, unindo familiares e greis que se prendiam a interesses recíprocos.
Raramente o sentimento de amor a Deus oferecia equipamentos para uma vida de confiança e irrestrita dedicação à fé.
Da mesma forma, o amor à Pátria esmaecera nos corações e o mercenarismo era o recurso legal para formar os exércitos e defensores da sociedade.
O sentimento de fraternidade espontânea quão desinteressada cedia lugar à mesquinhez moral do comportamento que assinalava pela traição, discórdia e realização do ego.
O amor começaria naquele momento a distender as suas raízes e desabrochar-se pela aridez das criaturas, alternando o comportamento humano.
Não se tratava de uma tarefa simples e fácil, porquanto iria alterar os conceitos da Filosofia hedonista, do imediatismo, ensejando uma transformação da sociedade, que só os lentos milênios conseguiriam materializar.
Para tanto, fazia-se inadiável começar; para isso veio Jesus.
*
As tribulações que Ele experimenta foram rudes.
Era necessário macerar-se, a fim de permanecer em Deus e o Pai nEle.
Por isso, o demorado jejum se fizera indispensável.
Tratava-se da preparação silenciosa, mortificadora, a fim de poder enfrentar a algaravia, o tumulto e as competições traiçoeiras que logo mais viriam.
As tentações foram rechaçadas pelo Seu caráter rigoroso e o momento havia chegado. João acabara de ser preso e os prognósticos eram sombrios.
Ele ousara desafiar Herodes Ântipas com o verbo flamejante, censurando-lhe a conduta reprochável da vida em concubinato com a cunhada Heroíades.
Os pigmeus morais, que se fazem grandes no mundo, não perdoamos gigantes da verdade, que os incomodam ou desconsideram as suas malezas.
Como parecera que João, ultrapassara os limites do suportável, seguindo pelo assassinato legal, eram as únicas maneiras de silenciar-lhe a voz.
Clamando no deserto, ele viera anunciar o Construtor do mundo novo, e lograra chamar a atenção das massas, que acorriam a escutá-lo, a fim de que estivessem vigilantes.
Seria naqueles dias, e a hora se fazia próxima.
Desse modo, o seu encarceramento, parecendo encerrar-lhe o ministério público, era o sinal
de mudança dos tempos.
Nesse momento, apareceu Jesus, na Galiléia, anunciando o novo panorama. Sua voz, clara
e doce, com matizes de sabedoria e força, começou a informar: - Completou-se o tempo e o
reino de Deus está perto: arrependei-vos e acreditai na Boa Nova. (*)
Os ouvidos e corações que aguardavam, escutaram-no e logo a multidão se reuniu para escutá-lo.
O verbo inflamava-se ao expor as bases das Mensagens e os objetivos transformadores de que se fazia portadora.
Não se tratava de mais um recurso salvacionista de ocasião, mas, de todo um portentoso,
trabalho de iluminação de consciência com a natural transformação moral, que lhe era
subseqüente para a renovação e felicidade da criatura e do mundo.
Não era fácil absorver-lhe de imediato os profundos conteúdos. No entanto, a poderosa
irradiação de beleza e ternura que dele se espraiava seduzia quantos lhes escutavam o convite.
Sorrisos confraternizavam com esperanças de melhores tempos, os de superação dos sofrimentos.
As criaturas não se apercebem que antes da colheita farta, é necessário cortar a terra, matar a semente, cuidar da planta com o contributo do suor e da constância para fruir a etapa final,
que é o recolher sazonado.
Mas isso, naquele tempo, não importava.
Havia sede e fome de paz, de justiça e de pão, e como Ele prometia Boas notícias em torno
do reino de amor e fartura, o que interessava era consegui-lo de imediato.
Estavam sendo, porém lançadas as primeiras balizas; tornava-se preciso reunir os obreiros,
aqueles que iriam trabalhar nas fundações da nova sociedade humana.
Ele saiu, portanto, após o primeiro discurso e rumou na direção das bandas do mar da
Galiléia.
Seria aquela região capital do reino na sua face terrestre.
Ali estavam as gentes simples, sofridas, necessitadas, mais fáceis de ser trabalhadas, mais
susceptível ao amor.
Logo viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores.
As criaturas humanas, mergulhadas no oceano das paixões, necessitavam de ser resgatadas. Desse modo, ele disse aos dois homens, que se detiveram a olhá-lo:
- Vinde após mim e farei de vós pescadores de homens.
Dominados pela voz e pela magia da Sua presença, sem qualquer discussão ou comentário,
eles, de imediato, deixaram as redes e seguiram-no.
Iniciava-se uma odisséia como jamais houvera antes e nunca mais volveria a acontecer.
Os convidados deixavam tudo e acompanhavam-no.
Pareciam conhecê-Lo e o conheciam. Sentiam-se amados e amavam apesar dos seus limites.
Logo após, a pequena distância, Ele viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que
estavam no barco a consertar as redes, e também os chamou.
A Sua voz penetrava a acústica da alma, e sem outra alternativa, como se O aguardassem,
eles deixando no barco seu pai com os assalariados seguiram-no e dirigiram-se a Cafarnaum.
Eles não conheciam qualquer plano ou projeto, como era a empresa e qual o seu desempenho nela nada sabiam...Apenas de seguiram-no.
Era original a Sua mensagem.
Os potentados do mundo, quando desejam algo, planejam-no, estudam-no e discutem os programas.
Os convidados a participar das suas empresas debatem os interesses, argumentam em defesa dos seus desejos, tomam e gastam tempo em considerações e diálogo infindáveis.
Com Ele, não, tudo era diferente, porque a Sua era uma proposta única, irrecusável, incomum.
Com quatro amigos, dois irmãos e mais dois, Ele iniciou a mais portentosa marcha
revolucionária da Humanidade: a construção do reino de Deus nos corações.
No sábado, Ele entrou na sinagoga e passou a ensinar, fundamentado na Tradição e no texto do dia, sem ter recebido informação prévia do tema para a discussão.
Sua palavra exteriorizava autoridade superior aos escribas e fariseus, facultando que todos se deslumbrassem ate os seus ímpares conceitos, jamais antes escutados.
De nenhuma Causa a humanidade tomara conhecimento com aquelas características.
*
Enquanto João amargava a prisão em Masquerus, na Peréia, Jesus vinha à luz na
verdejante e sorridente Galiléia.
Um período entrava em crepúsculo, em sombras e outro iniciava em amanhecer de lúculas
alvinitentes, iluminadoras.
(*) Marcos: 1 - 14 a 21.
Nota da Autora Espiritual

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O Reino Transitório e o Permanente (*)


As notícias voavam céleres de bocas a ouvidos ansiosos, informando os acontecimentos que
tinham lugar por toda a Galiléia.
Os viajantes, que atravessavam o Jordão na direção do Oriente, levavam as informações do
que estava se sucedendo naquela região.
Ainda não havia sido silenciada a voz do Batista, e o Seu encanto atraía outras multidões
esfaimadas de amor e de esperança, que Ele nutria com ternura como dantes jamais se vira igual.
Era Profeta, porém se situava acima dos profetas do passado; ensinava o amor, no entanto
vivia-o em clima de harmonia; referia-se a Deus com respeito, entretanto comungava com
Ele em doce convívio.
Jesus era o Messias esperado, que começara na humilde Galiléia, onde os corações eram
mais afetuosos e os afazeres mais cativos: a pesca, o pastoreio, a agricultura...sem espaços
mentais para as celeumas intermináveis em torno da Lei, a respeito da governança ignóbil
disputada pelo romano desdenhoso e pelo Sinédrio arbitrário, todos porém, esmagando o
povo, de que se utilizavam para explorar e afligir...
Aquela região, fresca e romanesca, tinha o seu espelho líquido onde o Sol diariamente se
banhava entre os perfumes que se evolavam dos rosais silvestres misturados com as
madressilvas miúdas que enxameavam na relva verdejante.
Oliveiras antigas desenhavam arabescos variados nos troncos retorcidos, enquanto as ondas
se arrebentavam incessantemente entre seixos e conchas espalhados sobre a areia de
tonalidade creme.
À orla do lago Genesaré, também conhecido como mar da Galiléia, as aldeias, habitadas por
gentes simples, se multiplicavam entre as cidades de maior porte como Magdala, Dalmanuta,
Cafarnaum... À noite, quando as lâmpadas de barro vermelho acendiam suas luzes, o
poema da Natureza se apresentava em tonalidades bruxuleantes e festivas constratando
com as estrelas alvinitentes que fulgiam no zimbório escuro e cheio de mistérios...
Naquelas regiões, entre as vozes humanas e as onomatopéias, o Cantor entoava o Seu hino
à vida em poemas de inefável amor que arrebatava, enquanto Suas mãos cariciosas
limpavam as rudes penas que explodiam em pústulas virulentas, que afligiam os infelizes que
dele se acercavam. O Seu querer alterava os acontecimentos e os fenômenos da
misericórdia de Deus se tornava realidade, produzindo júbilo e encantamento.
Os anciãos, por quase todos desdenhados, sentiam-se apoiados no cajado da Sua palavra
vigorosa; as crianças, bulhentas e pouco compreendidas, silenciavam enquanto eram
atraídas pela luz dos Seus olhos, e os Espíritos perversos fugiam da Sua presença.
Mesmo aqueles que se haviam tornado Seus adversários, movidos pela inveja doentia e pela
perversidade em que se compraziam, ao enfrentarem-no receavam o Seu poder, ante o qual
se sentiam amesquinhados.
E Ele falava a respeito do reino dos céus em uma dimensão a que não estavam
acostumados aqueles que o buscavam.
Não obstante, as criaturas humanas, afligidas pelas próprias infinitas necessidades,
pensavam exclusivamente nas questiúnculas do dia-a-dia, nos problemas da sobrevivência
física e do conjuntos social.
Faltava-lhes amplitude mental e largueza de visão para penetrar nas propostas libertadoras
que a Boa Nova lhes trazia.
Ele, no entanto, não se incomodava, ensinando sem cessar.
Naquela oportunidade, a multidão se fizera superior a qualquer expectativa, de tal forma que,
reunida em alguns milhares, estavam a ponto de se pisarem uns aos outros, quando Ele
começou a ensinar, despertando para as realidades profundas do ser espiritual.
- Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Nada há encoberto que não
venha a descobrir-se nem oculto que não venha a conhecer-se.
Havia na voz enérgica uma ressonância de advertência a respeito da conduta que se deveria
manter. A hipocrisia é morbo da alma que contamina e deixa seqüelas devastadora por onde
passa, e se tornara característica predominante no comportamento dos fariseus, que se
perdiam em discussões estéreis a proveito próprio, sem nenhuma consideração por quem
quer que seja.
Todos os comportamentos hediondos, mesmo aqueles que ficam desconhecidos e são
mascarados pelos processos perversos do poder transitório dos homens, tornam-se
conhecidos e malsinam aqueles mesmos que se lhes entregaram. A vida é uma canção de
luz, sempre renovadora e rica de realidades.
Prosseguindo, acentuou com a mesma energia:
- Por isso, tudo quanto tiverdes falado nas trevas ouvir-se-á em plena luz, e o que tiverdes
dito ao ouvido em lugares retirados, será proclamado sobre os telhados. Digo-vos: Meus
amigos ! Não temais aqueles que matam o corpo e, depois, nada mais podem fazer. Vou
mostrar-vos a quem deveis temer: Temei Àquele que, depois de matar, tem o poder de
lançar na Geena. Sim, eu vo-lo digo, a esse é que deveis temer.
*
O relacionamento humano e social exige lealdade de uns indivíduos para com os outros, de
respeito e comportamento de cada qual, buscando-se sempre a própria melhor conduta e a
imensa tolerância para com as defecções do próximo, porquanto aquele que erra fica
assinalado em si mesmo a sua aflição, não necessitando de maior carga de punição.
Por isso mesmo, a maledicência, a calúnia, a informação malsã não têm lugar na convivência
saudável, naquela que é inspirada pelo Evangelho, porquanto tudo se torna conhecido e
desvelado.
Nesse sentido, a divulgação da verdade, não pode ser prejudicada pelos temores
injustificados em torno das ocorrências punitivas aplicadas pelos homens, que são
transitórios e não vão além das fronteiras do corpo. No entanto, Aquele que é o Poder e que
acompanha o ser após o decesso celular, este sim, merece respeito e consideração,
porquanto é Quem julga as condutas, encaminhando os infratores para as regiões de
sombras e sofrimentos.
No silêncio que se faz natural, Ele se proclamou Filho de Deus, exigindo fidelidade a quantos
desejassem segui-lo, declarando a sua convicção na Mensagem e na entrega total ao novo
padrão de vida.
Definiu rumos do futuro e as vicissitudes que aguardam os idealistas e semeadores da
esperança nos solos castigados pela canícula das paixões selvagens e perversas.
Também os animou com a promessa de que sempre e em qualquer situação os Espíritos
sublimes inspirariam aos Seus seguidores, jamais os deixando a sós e sempre oferecendolhes
os recursos de sabedoria e paz.
Pairava no ar uma dúlcida consolação que pulsava nos sentimentos emocionados.
No obstante, alguém, rompendo do silêncio natural, gritou:
- Mestre, diz a meu irmão que reparta comigo a herança!
Não poderia ser mais inusitada e absurda a solicitação, destituída de conteúdo nobre,
porquanto as propostas diziam a respeito a outro reino, distante do mundo fugaz, e a criatura
se encontrava encurralada no interesse mesquinho e imediato do poder e do prazer.
Conhecedor da alma humana e do labirinto pelo qual transita, o Mestre respondeu sem
perturbar-se:
- Homem, quem me constitui juiz ou repartidor entre vós? Olhai, guardai-vos de toda a
cobiça, porque mesmo que um homem viva na abundância, a sua vida não depende dos
seus bens.
Silenciou por um pouco e narrou, comovido, uma incomparável parábola:
- Havia um homem rico, cujas terras lhe deram uma grande colheita. E pôs-se a discorrer,
dizendo consigo: Que hei de fazer, pois não tenho onde guardar a minha colheita? Depois
continuou: Já sei o que vou fazer, deitarei abaixo os meus celeiros e construirei uns maiores
e guardarei lá o meu trigo e todos os meus bens. Depois direi à minha alma: Alma, tens
muitos bens em depósito para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Deus, porém
disse-lhe: - Insensato! Nesta mesma noite pedir-te-ei a alma: e o que acumulaste para quem
será? - Assim acontecerá ao que entesoura para si e não é rico em relação a Deus.
Um sentido exclusivo tem a existência humana: a preparação para a sua imortalidade
espiritual. Todos quantos transitam no carro físico, deixam-no e seguem com os valores
amealhados emocionalmente, sejam quais forem.
A Vida estua além da dimensão do corpo carnal, exuberante e luminosa, aguardando todos
que a enfrentarão.
Amealhar para as necessidades humanas constitui um dever, porém repartir e multiplicar
através da divisão em favor dos outros que padecem carência, é tornar-se rico de plenitude e
de recursos que nunca se consomem, porque de sabor eterno.
Jesus não é juiz iníquo, nem severo julgador para impor aos outros o que devem fazer e a
programação das leis já estabeleceu o que é indispensável a uma existência harmônica.
É o Embaixador de Deus, que veio despertar a consciência humana para a realidade imortal.
Ainda por muitos anos Ele será buscado para solucionar pendengas e paixões, atender a
caprichos e resolver problemas, que são necessários para o crescimento individual do ser
como na coletividade na qual se encontra. Não obstante, a Sua mensagem pairará
soberanamente acima das dissidências e dos caprichos das criaturas e grupos, seitas e
doutrinas, trabalhando pela fraternidade legítima e pela união de todas as pessoas que
anelam pela felicidade total.
Mesmo desfigurados Seus ensinos, rejeitadas Suas lições, subestimados Seus conceitos
pela presunção de alguns, Ele permanecerá como o grande divisor dos tempos, aguardando
e inspirando.
(*) Lucas 12- 1 a 21
Nota da Autora espiritual.

Livro: Até o Fim dos Tempos
Divaldo Franco/ Amélia Rodrigues

Anúncio do Reino (*)


As anêmonas marchetavam a orla dos caminhos com verdadeiras explosões de delicadas e
volumosas flores de tons variegados.
As folhas de tabaco verdejantes compunham as paisagens exuberantes, na qual as árvores
frutíferas apresentavam os seus frutos abundantes aguardando a colheita.
A Primavera entoava hinos de luz e cor em toda parte, enquanto o casario à margem
noroeste do lago de Tiberíades em pequenos e volumosos aglomerados, que se estendiam
por quase vinte quilômetros, falavam sem palavras da expansão humana, política e social na
região.
A sinagoga de Cafarnaum, erguida aproximadamente um século antes de Jesus, era o
referencial para o culto religioso, estudos e resoluções administrativas da cidade.
Tiberíades, logo adiante, com as características helênicas, esplendia com as suas
majestosas construções em homenagem ao imperador Tibério César.
Mas entre as cidades grandiosas, os povoados, os aglomerados de casebre de agricultores,
pescadores e vinhateiros, salpicavam os caminhos movimentados à beira-mar ou entre
sebes oscilantes ao vento.
O Mestre dera início ao ministério e atraía multidões que se avolumavam ao seu lado, com
curiosidade, interesses pessoais, necessidade de todo tipo.
Eles a todos atendia, ampliando, porém, os Seus ensinamentos, a fim de que os indivíduos
se libertassem da miséria mais grave, a ignorância sobre si mesmos, a verdade e a vida.
Por isso, as lições se assemelhavam a pérolas que fossem sendo distendidas por todos os
lugares a fim de que, em momento próprio, pudessem ser enfeixadas em um grande colar
que unisse todos os indivíduos em um tesouro de amor.
Inicialmente, porque as obsessões fossem cruéis e inumeráveis, em intercâmbio de
impiedade que resultava da ignorância, o Mestre convidou os discípulos e deu-lhes poder de
expulsar os Espíritos impuros, assim como a energia curativa para os males do corpo e da
alma de todos quantos viessem até eles martirizados pelas doenças.
A seguir, enviou-os a diferentes partes para que pudessem preparar os alicerces do reino
que viria a ser implantado nos corações.
Recomendou-lhes prudência e coragem, generosidade e inteireza moral, a fim de que não se
imiscuíssem em questiúnculas descabidas, nem se perturbassem com os gentios, com os
discutidores inúteis, mas que fizessem todo o bem possível, curando as doenças, afastando
as perturbações, mas anunciando a Era que logo mais se iniciaria.
Era como a apoteótica Abertura de uma Sinfonia de incomparável beleza, anteriormente
jamais ouvida.
- Eu vos envio - disse Ele - como ovelhas para o meio dos lobos; sede prudentes como as
serpentes e simples como as pombas. Tende cuidado com os homens: hão de entregar-vos
aos tribunais...Mas não os temais, porque o Pai falará por vossas bocas.
Os amigos partiram emocionados, cantando esperanças no coração, sem ter idéia de como
reagiriam as criaturas à nova proposta.
Ensinaram pelos caminhos e veredas, detiveram-se nas praças e nas praias, narraram o que
haviam visto e ouvido, expuseram o pensamento do Rabi, mas não foram tomados em
consideração.
Somente quando as palavras foram coroadas pelos feitos, arrancando das traves invisíveis
das doenças, aqueles que as padeciam, é que lhes concediam alguma atenção, dando-lhes
as costas de imediato e sugerindo que viesse pessoalmente o Messias...para que o vissem e
pudessem testificá-lo.
Por sua vez, Jesus foi também pregar em outras cidades, especialmente a respeito de João,
o Batista, causando espanto a sua coragem, em razão do filho de Zebedeu e Isabel
encontrar-se prisioneiro na Peréia por ordem de Herodes, insuflado por sua mulher e
cunhada Herodíades, com quem vivia em concubinato.
Os ventos generosos da estação perfumada levaram a Mensagem de boca-a-boca,
disseminado-a por toda a parte até os confins das fronteiras no além Jordão.
Uma grande calmaria emocional passou a viger nas almas em expectativa. Os comentários
se faziam freqüentes e as interrogações levantavam-se nos grupos que se reuniam nos
diferentes lugares.
A música do Seu verbo iria inflamar os corações e provocar incêndios nos sentimentos e nas
mentes apaixonadas, que não estavam preparadas para a mudança radical de
comportamento que Ele propunha.
Já agora não era mais possível deter a odisséia em pleno desenvolvimento.
Quando os discípulos retornaram e relataram os acontecimentos que tiveram lugar à sua
volta, o Mestre definiu que aquele era o momento de dar curso ao messianato.
Ergueu-se como um gigante e se expôs por amor, arrostando todas as conseqüências dos
Seus severos sermões, Suas graves admoestações, Suas generosas concessões.
Esclareceu que o reino de Deus se encontrava dentro da criatura humana, que deverá
alcançá-lo com muito empenho e arrojada decisão, negociando tudo que é transitório para a
aquisição eterna.
Abrindo os braços às multidões que sempre o cercariam, naquela oportunidade abençoou o
mundo e os seus habitantes, compondo a mais notável sinfonia de todos os tempos,
musicada pelas Suas palavras e atos ao compasso do inefável amor.
_____________________
(*) Mateus : 10 - 1 e seguintes
Nota da autora espiritual

Livro : Até o Fim dos Tempos- Amélia Rodrigues/Divaldo

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Cristo reina!

Cristo reina!

Na Terra, vivem-se momentos de importantes transformações que influem sobre os indivíduos que, por seu turno, igualmente, se inscrevem no contexto das transmutações de si mesmos.
O hálito de Jesus Cristo envolve o mundo, sem dúvida, e Ele convoca Seus discípulos para o trabalho de redenção humana, pela via do amor.
Pelo orbe, pervagando os caminhos de todos, a loucura infanticida aterroriza; porém, Jesus reúne grupos de almas que se dedicam a salvar muitos dos recém chegados à atmosfera terrena, com boa-vontade e ternura.
Vêem-se quadros de abandono infantil em toda parte, entretanto, Jesus organiza falanges de devotados espíritos que se empenham em adotar e orientar, alimentar e manter crianças atingidas pela friagem de tantos corações.
Acompanham-se os que se agregam às indústrias da morte, mas um número imenso de lidadores ajusta-se às empresas da vida, em nome do Senhor.
Descobre-se o egoísmo a explorar comunidades inteiras dos menos afortunados de cultura intelectual, espalhando a miséria; entanto, o Cristo, sobrepujando o mal passageiro, prepara homens e mulheres que conduzem, ensinam, servem e amam, desinteressadamente, os irmãos do caminho.
Muitos entoam as cantilenas da guerra e da desagregação, enquanto o Mestre tem Seus servidores da paz e da construção do bem, difundindo luz sobre o Planeta.
Tantos seguem frios, indiferentes, desajustando-se na praça do gozo intérmino das sensações grosseiras; porém, Cristo arrebanha os Seus seguidores, dispostos e fiéis, aquecidos pela fraternidade que lhes propicia emoções sutis, que os aproxima do Reino, estendendo harmonias no mundo.
Deficientes físicos e doentes mentais acham apoio e proteção, sob o patrocínio Dele.
Macróbios desditosos encontram novo lar de afeto, sob a égide Dele.
Indigentes das sarjetas recebem assistência fraterna nas noites de abandono, sob inspiração Dele.
Governantes de sociedades e de povos se reúnem para o diálogo, nas decisões graves do momento humano, sob os auspícios Dele.
Almas delicadas que saem a servir, renunciando às próprias vidas para dá-las aos outros, fazem-no por amor a Ele.
Cristo reina sempre!
Em todas e quaisquer cogitações planetárias, somente Nele tem-se roteiro seguro para seguir-se em frente, firmemente.
Por mais se discuta sobre Sua figura excelsa, contra ou a favor, a realidade é que Jesus prossegue a Estrela fulgurante na noite caliginosa da Humanidade, anunciando a Boa Nova do Seu Natal, capaz de penetrar e sensibilizar, ativar e clarificar o âmago de todos aqueles que, mergulhados nas difíceis lutas da Terra, fazem-se homens de boa-vontade, espalhando bênçãos em Seu Nome.
Camilo
Mensagem psicografada pelo médium J. Raul Teixeira, em 15.10.1986, na Sociedade Espírita Fraternidade – Niterói – RJ.
Publicada no Jornal Mundo Espírita de dezembro de 1986.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O CAMINHO DO REINO do Livro Cartas e Crônicas

05 - O CAMINHO DO REINO
Na tosca residência de Arão, o curtidor, dizia Jesus a Zacarias, dono de extensos vinhedos
em Jericó:
- O Reino de Deus será, por fim, a vitória do bem, no domínio dos homens!... O Sol cobrirá o
mundo por manto de alegria luminosa, guardando a paz triunfante. Os filhos de todos os
povos andarão vinculados uns aos outros, através do apoio mútuo. As guerras terão
desaparecido, arredadas da memória, quais pesadelos que o dia relega aos princípios da
noite!... Ninguém se lembrará de exigir o supérfluo e nem se esquecerá de prover os
semelhantes do necessário, quando o necessário se lhes faça preciso. A seara de um
lavrador produzirá o bastante para o lavrador que não conseguiu as oportunidades da
sementeira e o teto de um irmão erguer-se-á igualmente como refúgio do peregrino sequioso
de afeto, sem que a idéia do mal lhes visite a cabeça... A viuvez e a orfandade nunca mais
derramarão sequer ligeira lágrima de sofrimento, porquanto a morte nada mais será que
antecâmara da união no amor perpétuo que clareia o sem-fim. Os enfermos, por mais
aparentemente desvalidos, acharão leito repousante, e as moléstias do corpo deixarão de
ser monstros que espreitam a moradia terrestre, para significarem simplesmente notícias
breves das leis naturais no arcabouço das formas. O trabalho não será motivo de cativeiro e
sim privilégio sagrado da inteligência. A felicidade e o poder não marcarão o lugar dos que
retenham ouro e púrpura, mas o coração daqueles que mais se empenham no doce
contentamento de entender e servir. O lar não se erigirá em cadinho de provação, porque
brilhará incessantemente por ninho de bênçãos, em cujo aconchego palpitarão as almas
felizes que se encontram para bendizer a confiança e a ternura sem mácula. O homem
sentir-se-á responsável pela tranqüilidade comum, nos moldes da reta consciência,
transfigurando a ação edificante em norma de cada dia; a mulher será respeitada, na
condição de mãe e companheira, a que devemos, originariamente, todas as esperanças e
regozijos que desabrocham na Terra, e as crianças serão consideradas por depósitos de
Deus!... A dor de alguém será repartida, qual transitória sombra entre todos, tanto quanto o
júbilo de alguém se espalhará, na senda de todos, recordando a beleza do clarão estelar... A
inveja e o egoísmo não mais subsistirão, visto que ninguém desejará para os outros aquilo
que não aguarda em favor de si mesmo! Fontes deslizarão entre jardins, e frutos
substanciosos penderão nas estradas, oferecendo-se à fome do viajor, sem pedir-lhe nada
mais que uma prece de gratidão à bondade do Pai, de vez que todas as criaturas alentarão
consigo o anseio de construir o Céu na Terra que o todo misericordioso lhes entregou!...
Deteve-se Jesus contemplando a turba que o aplaudia, frenética, minutos depois da sua
entrada em Jerusalém para as celebrações da Páscoa, e, notando que os israelitas se
diferençavam entre si, a revelarem particularidades das regiões diversas de que procediam
acentuou:
- Quando atingirmos, coletivamente, o Reino dos Céus, ninguém mais nascerá sob qualquer
sinal de separação ou discórdia, porque a Humanidade se regerá pelos ideais e interesses
de um mundo só!...
Enlevado, Zacarias fitou-o com ansiosa expectação e ponderou com respeito:
- Senhor, vim de Jericó para o culto às tradições de nossos antepassados; todavia, acima de
tudo, aspirava a encontrar-te e ouvir-te... Envelheci, arando a gleba e sonhando com a paz!...
Tenho vivido nos princípios de Moisés; no entanto, do fundo de minha alma, quero chegar ao
Reino de Deus do qual te fazes mensageiro nos tempos novos!... Mestre! Mestre!... Para
buscar-te percorri a trilha de minha estância até aqui, passo a passo... De vila em vila, de
casa em casa, um caminho existe, claro, determinado... Qual é, porém, Senhor, o Caminho
para o Reino de Deus?
- A estrada para o Reino de Deus é uma longa subida... – começou Jesus, explicando.
Eis, contudo, que filas de manifestantes penetraram o recinto, interrompendo-lhe a frase e
arrebatando-o à praça fronteiriça, recoberta de flores.
* * *
Zacarias, em êxtase, demandou o sítio de parentes, no vale de Hinom, demorando-se por
dois dias em comentários entusiastas, ao redor das promessas e ensinos do Cristo, mas, de
retorno à cidade, não surpreende outro quadro que não seja a multidão desvairada e
agressiva...
Não mais a glorificação, não mais a festa. Diante do ajuntamento, o Mestre, em pessoa, não
mais querido. Aqueles mesmos que o haviam honorificado em cânticos de louvor apupavamno
agora com requintes de injúria.
O velho de Jericó, translúcido de espanto, viu que o Amado Amigo, cambaleante e suarento,
arrastava a cruz dos malfeitores... Ansiou abraçá-lo e esgueirou-se, dificilmente, suportando
empuxões e zombarias do populacho... Rente ao madeiro, notou que um grupo de mulheres
chorosas abrigava o Mestre a parada imprevista e, antecedendo-se-lhes à palavra, ajoelhouse
diante dele e clamou:
- Senhor!... Senhor!...
Jesus retirou do lenho a destra ferida, afagou-lhe, por instantes, os cabelos que o tempo
alvejara, lembrando o linho quando a estriga descansa junto da roca, e falou, humilde:
- Sim, Zacarias, os que quiserem alcançar o Reino de Deus subirão ladeira escabrosa...
Em seguida, denotou a atenção de quem escutava os insultos que lhe eram endereçados...
Finda a pausa ligeira, apontou para o amigo, com um gesto, a poeira e o pedregulho que se
avantajavam à frente e, como a recordar-lhe a pergunta que deixara sem resposta, afirmou
com voz firme:
- Para a conquista do Reino de Deus, este é o caminho...

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Transformação

(Sociedade Espírita de Paris. Médium senhora Costel.)
Venho falar-te, da coisa que mais importa, nesta época de crise e de transformação; no momento em que as nações vestem a roupa viril, no momento em que o céu descoberto vos mostra, flutuando nos espaços infinitos, os Espíritos daqueles que acreditáveis dispersos como moléculas ou servindo de pasto aos verdes; neste momento solene, é necessário que, se armando da fé, o homem não caminhe mais às cegas nas trevas do personalismo e do materialismo. Como outrora os pastores, guiados por uma estrela, vieram adorar o Menino-Deus, é necessário que o homem, guiado pela brilhante aurora do Espiritismo, caminhe, enfim, para a Terra prometida da liberdade e do amor; é necessário que, compreendendo o grande mistério, saiba que o objetivo harmonioso da Natureza, seu ritmo admirável, são os modelos da Humanidade. Nessa espantosa diversidade que confunde os Espíritos, distingui a perfeita semelhança das relações entre as coisas criadas e os seres criados, e que essa poderosa harmonia vos inicie a todos, homens de ação, poetas, artistas, trabalhadores, à união na qual devem fundir-se os esforços comuns durante a peregrinação da vida. Caravanas assaltadas pelas tempestades e pelas adversidades, estendei-vos mãos amigas, e caminhai com os olhos fixos no Deus justo que recompensa, ao cêntuplo, aquele que tiver aliviado o fraco e o oprimido.
GEORGES.
Revista Espírita 1861

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Edificação do Reino


"O Reino de Deus está no meio de vós." - Jesus. (LUCAS, 17:21.)
Nem na alegria excessiva que ensurdece.
Nem na tristeza demasiada que deprime.
Nem na ternura incondicional que prejudica.
Nem na severidade indiscriminada que destrói.
Nem na cegueira afetiva que jamais corrige.
Nem no rigor que resseca.
Nem no absurdo afirmativo que é dogma.
Nem no absurdo negativo que é vaidade.
Nem nas obras sem fé que se reduzem a pedra e pó.
Nem na fé sem obras que é estagnação da alma.
Nem no movimento sem ideal de elevação que é cansaço vazio.
Nem no ideal de elevação sem movimento que é ociosidade brilhante.
Nem cabeça excessivamente voltada para o firmamento com inteira despreocupação do valioso trabalho na Terra.
Nem pés definitivamente chumbados ao chão do Planeta com integral esquecimento dos apelos do Céu.
Nem exigência a todo instante.
Nem desculpa sem-fim.
O Reino Divino não será concretizado na Terra, através de atitudes extremistas.
O próprio Mestre asseverou-nos que a sublime realização está no meio de nós.
A edificação do Reino Divino é obra de aprimoramento, de ordem, esforço e aplicação aos desígnios do Mestre, com bases no trabalho metódico e na harmonia necessária.
Não te prendas excessivamente às dificuldades do dia de ontem, nem te inquietes demasiado pelos prováveis obstáculos de amanhã.
Vive e age bem no dia de hoje, equilibra-te e vencerás.
XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 177.

Vida e Valores (A revolução planetária)


O nosso planeta é um corpo vivo solto no espaço. E, certamente este nosso planeta há passado por incontáveis transformações. Por ser um corpo vivo, está em processo de evolução permanente, de amadurecimento.
E por ser um corpo vivo e por estar nesse processo de amadurecimento, nós presenciamos a cada dia, tudo quanto vem ocorrendo com o nosso querido planeta terrestre. As suas transformações são incontáveis. A Terra é um mundo em transformações.
Basta pensarmos que aqui nós temos vivido transformações de variadas ordens. Há transformações geográficas. Naturalmente, quando pensamos nessas transformações geográficas, pensamos em transformações geopolíticas porque, afinal de contas, ainda nos lembramos bem da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Depois do extermínio do comunismo por Gorbatchev, a União Soviética desapareceu.
Tomba o regime, cai o muro de Berlim, acabam-se todas as pressões e o Portal de Brandenburg se abre para que as duas Alemanhas pudessem se confraternizar.
Mudanças geopolíticas porque, agora, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas se distribue, se racha, se parte nas suas Repúblicas componentes. Antes, pelo regime da força, ali estavam todos juntos. Depois abriu-se o sistema e a Rússia tomou a hegemonia da região, mas a União Soviética desapareceu.
Mas, se nós pensarmos nessa linha geopolítica, olhamos para os Bálcãs e verificamos que, com a morte do General Tito, desaparecem todos aqueles sistemas hegemônicos, e a Iugoslávia abre espaço para que surjam Montenegro, Sarajevo, várias outras Repúblicas. E o mundo se modifica outra vez, geopoliticamente.
Guerras, transformações, conflitos... Mas, se pensarmos em termos geológicos, o nosso planeta é um corpo ainda muito virgem. A Terra tem poucos milhões de anos. Para um corpo sideral é muito pouco tempo.
Basta pensarmos que ainda temos no coração do planeta, no cerne planetário, substâncias liquefeitas, substâncias em processos viscosos.Temos o nife, essa composição de níquel e de ferro, quase líquida. E, totalmente líquidas outras mais internas, pela temperatura exagerada da intimidade planetária.
É graças a isso, que nós ainda encontramos na Terra os vulcões. O que são os vulcões senão válvulas de escape, para que o planeta não estoure, sob as pressões internas dessas substâncias liquefeitas e quentes?
Os vulcões permitem que o esvurmar dessas substâncias possa dar à Terra um alívio, em sua pressão interior.
Encontramos na Terra, em função dessas camadas liquefeitas da sua intimidade, as camadas que se solidificaram sobre a parte liquefeita. E por isso encontramos as chamadas placas tectônicas: a parte sólida sobre essa parte líquida ou viscosa, essa massa em alta temperatura da intimidade do planeta.
Quando pensamos assim, começamos a compreender que, se existe uma quantidade líquida no miolo do planeta, e sobre ela está a parte sólida, qualquer movimento da parte líquida impõe movimentos à parte sólida.
Essas placas tectônicas se movem, e se move tudo que está sobre elas. É por isso que tremem edifícios, ruem pontes, desabam construções.
Quando essa camada líquida se move e as placas tectônicas se agitam nos fundos dos mares, as ondas agigantadas da intimidade dos mares se pronunciam, e quando chegam na superfície, nós encontramos os fenômenos notáveis que deram origem a um nome novo para o ocidente, as tsunamis. Graças ao movimento geológico, graças ao movimento planetário, graças a essa expressão de vida que a Terra demonstra em cada momento As nossas transformações planetárias são incalculavelmente importantes.
É por causa disso que nós deveremos estar sempre atentos à condição de vida do planeta, às manifestações de vida do mundo em que vivemos, para que possamos compreender a razão pela qual tantas outras coisas se vão dando, ao longo do tempo de existência do nosso mundo.
* * *
Esses maremotos, essas tsunamis fazem parte desse processo natural do planeta. E temos, ao lado dos terremotos, das tsunamis e dos vulcões, os furacões, os grandes ventos, os tornados, todo um movimento planetário que permite a existência desses fenômenos geoclimáticos.
A partir daí, vale a pena pensar que, se nós estamos sobre este planeta que se movimenta, que se transforma, que se agita em suas entranhas, considerando que Deus, o Criador, jamais erra, existem razões ponderáveis para que nós estejamos aqui renascidos sobre este planeta, para que nós vivamos aqui sobre o solo planetário.
E é por causa disso que verificamos o tipo de Espíritos que somos nós aqui na Terra. Como é que nós agimos e reagimos na nossa convivência com o mundo?
Somos ainda criaturas de índole um tanto ríspida. Guerreamos, somos belicosos, carregamos ainda essas marcas da beligerância em nossas atitudes. Ainda vivemos a falta de fraternidade, a traição contra amigos, familiares, entes queridos, a soberba, a vaidade.
Ainda carregamos na Terra essas marcas tremendas do orgulho individual, do orgulho familiar, do orgulho social e, óbvio que essas manifestações do nosso caráter dizem porque é que nós estamos aqui, num mundo em processo de amadurecimento, num planeta em processo de maturação.
Por que? Porque esses fenômenos que ocorrem no mundo, eles teriam que ocorrer. A Terra está amadurecendo, põe para fora seus produtos, treme nas suas bases.
Mas, nós, os humanos que estamos matriculados neste planeta, estamos aqui por razões muito especiais. A Divindade pretende que nós nos aproveitemos dessa realidade planetária para desenvolver muitas coisas que precisamos desenvolver: nosso conhecimento científico, nosso conhecimento tecnológico. Para que nós possamos nos desenvolver em termos morais, a partir dessas circunstâncias.
Graças aos fenômenos metereológicos do nosso mundo, a metereologia vem se desenvolvendo, capaz de dizer quando vai chover, a quantidade de chuva, quanto tempo vai durar; quando vai nevar, nas regiões onde neva, qual é a quantidade, qual é o tipo de neve, quanto tempo vai durar, para que as comunidades se previnam, principalmente as comunidades que têm plantações.
A nossa tecnologia vem se desenvolvendo a tal ponto, que já existem os sismógrafos, aparelhos capazes de detectar esses tremores de terra e avaliar quando é que esse tremor chegará onde o pesquisador se encontra.
Daí, nós vamos verificando que as transformações por que passa o planeta também têm o sentido de permitir à criatura humana o seu amadurecimento científico, tecnológico, emocional, moral.
Se nós pudermos pensar nessas transformações tecnológicas pelas quais tem passado nosso planeta, verificaremos coisas maravilhosas, principalmente no campo da informática.
E nos damos conta de que, na década dos quarenta do século XX, década de 1950, o mundo começou a ouvir falar de cérebros eletrônicos. A construção de Norberto Winer foi de ordem magnífica, porque ele pensou em construir uma máquina que pudesse realizar operações como o cérebro humano realiza.
Ele quis imitar o nosso sistema nervoso central. Por isso, a máquina se chamou cérebro eletrônico. Cabia em dois andares de um prédio. Hoje, nós encontramos os computadores de tal forma aprimorados, de tal modo aperfeiçoados, que cabem na palma da nossa mão.
Carregamos um aparelho que é, ao mesmo tempo, telefone celular, fax, televisão, máquina fotográfica, e até consegue falar, tão aprimorados estão os computadores.
Os satélites que a criatura humana mandou para rodear a Terra, como o Hubble, que manda fotografias do Cosmo alcançável, a cada décimo, milésimo, centésimo de segundo, para que a NASA possa saber o que se passa, para que as estações espaciais possam acompanhar o movimento do nosso planeta.
Deus pretende que com esses recursos nós evoluamos, nós cresçamos.
A Terra é um mundo vivo, é um corpo vivo que se agita, e nós, Espíritos nascidos nele, vivendo sobre ele, precisamos aprender a evoluir, crescer e amadurecer para Deus.
Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 133, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em janeiro de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 12.10.2008.
Em 02.02.2009.

terça-feira, 24 de julho de 2012

NO REINO EM CONSTRUÇÃO

NO  REINO  EM  CONSTRUÇÃO
Emmanuel
“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse,
já eu vo-lo feria dito, pois me vou para vos preparar o lugar.”
- JESUS -JOAO, 14: 2.

“Entretanto, nem todos os Espíritos que encarnam na Terra vão para ai em expiação “
-.1 Cap. III, 14.

          Escutaste o pessimismo que se esmera em procurar as deficiências da Humanidade, como quem se demora deliberadamente nas arestas agressivas do mármore de obra-prima Inacabada e costumas dizer que a Terra está perdida.
          Observa, porém, as multidões que se esforçam silenciosamente pela santificação do porvir.
          Compulsaste as folhas da imprensa, lendo a história do autor de homicídio lamentável e sob a extrema revolta, trouxeste ao labirinto das opiniões contraditórias a tua própria versão do acontecimento, asseverando que estamos todos no teatro do crime.
          Recorda, contudo, os milhões de pais e mães, tocados de abnegação e heroísmo,que abraçam todos os sacrifícios no lar para que a delinqüência desapareça.
          Conheceis jovens que se transviaram. na leviandade, desvairando-se em golpes de selvageria e loucura e, examinando acremente determinados sucessos que devem estar catalogados na patologia da mente, admites que a juventude moderna se encontra em adiantado processo de desagregação do caráter.
          Relaciona, todavia, os milhões de rapazes e meninas, debruçados sobre livros e máquinas, através do labor e do estudo, em muitas circunstâncias imolando o próprio corpo à fadiga precoce, para integrarem dignamente a legião do progresso.
          Sabes que há companheiros habituados aos prazeres noturnos e, ao vê-los comprando o próprio desgaste a prego de ouro, acreditas que toda a comunidade humana jaz entregue à demência e ao desperdício.
          Reflete, entretanto, nos milhões de cérebros e braços que atravessam a noite, no recinto das fábricas e junto dos linotipos, em hospitais e escritórios, nas atividades da limpeza e da vigilância,de modo a que a produção e a cultura, a saúde e a tranqüilidade do povo sejam asseguradas.
          Marcaste o homem afortunado que enrijeceu mãos e bolsos, na sovinice, e esposas a convicção de que todas as pessoas abastadas são modelos completos; de avareza e crueldade.
          Considera, no entanto, os milhões de tarefeiros do serviço e da beneficência, que diariamente colocam o dinheiro em circulação, a fim de que os homens conheçam a honra de trabalhar e a alegria de viver.
          Não condenes a Terra pelo desequilíbrio de alguns.
          Medita, em todos os que se encontram suando e sofrendo, lutando e amando, no levantamento do futuro melhor, e reconhecerás que o Divino Construtor do Reino de Deus no mundo está esperando também por ti.


Extraído do Livro da Esperança. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

sábado, 21 de julho de 2012

NA PREPARAÇÃO DO REINO DA LUZ

Chamados a substancializar o Evangelho de Jesus no campo da vida humana, decerto, nós outros, os espíritos encarnados e desencarnados, somos constrangidos a levantar em nós mesmos os alicerces do Reino de Deus, adstritos à verdade de que o Céu começa em nós mesmos.


Em razão disso, os antigos processos de construção palavrosa, através dos quais o verbo, muita vez, pretende superar o nível do exemplo, não podem constituir padrão às nossas atividades.


Também nós possuímos o tesouro do tempo, muito mais expressivo do que a riqueza amoedada, e, por isso, ao invés de criticar o companheiro que padece a obsessão da autoridade e do ouro, será mais justo operar com o nosso próprio trabalho a lição da bondade incessante sem nos perder no vinagre da censura ou do nevoeiro da frase vazia.


 Nós, igualmente, guardamos conosco os talentos da fé raciocinada, muito mais sólidos que os da crença vazada em cegueira da alma, competindo-nos, desse modo, não a guerra de revide ou condenação aos que nos esposam os pontos de vista, mas, sim, a prática da tolerância fraterna e da caridade genuína, pelas quais os nossos companheiros de evolução e de experiência consigam ler a mensagem da Vida Maior, abandonando naturalmente as grilhetas da ignorância.


Não nos bastará, dessa forma, a confissão labial da fé como entusiasmo de quem se vê na iminência dos princípios superiores.


É necessário saibamos comungar a esperança e o sofrimento, a provação e a dificuldade dos outros, abençoando os irmãos que nos partilham a marcha e ensinando-lhes, pela cartilha de nossas próprias ações, o caminho renovador, suscetível de oferecer-lhes a bênção da paz.


Sem dúvida, milhões de inteligências se agregam à ilusão e à crueldade, descerrando aos homens resvaladouros calamitosos, preparando o domínio da morte e fortalecendo o poder das trevas, todavia, a nós outros se roga o cérebro e o coração para que o Cristo se manifeste em plenitude de sabedoria e de amor, nas vitórias do espírito, por intermédio das quais a Humanidade ainda na sombra será, finalmente, investida na posse da Eterna Luz.




Se a tristeza e o desânimo te procuram, acende a lanterna da coragem e resiste ao  sopro frio do desalento, prosseguindo no trabalho que a vida te confiou.



 Livro: ALVORADA DO REINO - Francisco Cândido Xavier - Emmanuel

terça-feira, 17 de julho de 2012

ALVORADA DO REINO

Prefácio do Livro Alvorada do Reino
Espírito: Emmanuel
Livro - 307 / Ano - 1988 / Editora - IDEAL

Disse-nos Jesus
"O Reino de Deus está dentro de vós".
Que interpretação devemos dar à semelhante afirmativa? Se o Reino de Deus está dentro de nós, por que as práticas religiosas para encontrá-Lo? perguntam-nos muitos amigos.
As práticas religiosas respeitáveis são sempre valioso trabalho para que venhamos a desentranhá-lo das sombras que conhecemos sob os nomes de "vaidade", "orgulho", "crueldade", "ódio", "indiferença", "egoísmo", "indisciplina" e "inconformação" - sombras que nos envolvem o sentimento, ao modo do cascalho que encerra o diamante.
Comparemos os prenúncios do Reino de Deus em nós com a alvorada de cada dia.
O Sol que nos sustenta não aparece de jato no firmamento. Na escuridão das primeiras fases da madrugada começam a surgir aberturas róseas de luz, aqui e ali, quando não estejam sob o peso de nuvens que lhes ocultam temporariamente a beleza.
O processo de liquidação das trevas é sutil e vagaroso.
Os núcleos luminosos, somente a pouco e pouco, aumentam em brilho e número, até que as sombras, necessariamente extintas, abandonem os Céus, para que o Sol resplandeça e alimente todas as vidas que evoluem na Terra.
Assim também nós, sob a carapaça das importações e defeitos, adquiridos em múltiplas estâncias de trabalho e experiência, com o esforço de auto-aperfeiçoamento que as revelações religiosas nos oferecem, vamos criando forças de libertação com as quais surgem os primeiros clarões de vida nova, em meio das sombras que ainda se nos adensam no campo íntimo, em forma de faltas e desacertos porque, atravessando dificuldades numerosas, vamos, assim, multiplicando os valores espirituais em nós mesmos, rejubilando-nos com os pontos de luz interna que vamos adquirindo, até que os nossos nevoeiros se disfarçam e possamos usufruir as irradiações do Reino de Deus, em nós próprios, identificando-nos com a Imortalidade em plena luz.

Emmanuel
(Uberaba, 15 de março de 1988)