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quinta-feira, 3 de junho de 2021

AS DUAS ESPADAS : VERDADE E AMOR

 Fragmentos do texto:

"É imperioso, portanto, que procuremos extrair desta passagem evangélica o espírito que vivifica, desprezando a letra que mata.[...]O Mestre pretendeu demonstrar que, daquela hora em diante haveria necessidade de apenas duas espadas: a espada da Verdade, que ataca a mentira em seu próprio reduto, fazendo com que ela jamais possa prevalecer; e a espada do amor que pode regenerar o mundo[...] Por isso, o Senhor recomendou-lhes que se desfizessem das vestes do preconceito, do formalismo, do apego às tradições inócuas, e comprassem as espadas do amor e da verdade, espadas essas que cortariam rente as excrescências dessa ordem, que ainda residiam no recôndito dos seus corações e combateriam certas tradições.





AS DUAS ESPADAS 


"E o que não tem espada, venda seu vestido e compre-a." (Lucas, 22:36)


Ao recomendar a seus discípulos que vendessem seus vestidos e comprassem espadas, estes responderam-lhe: "Senhor, eis aqui duas espadas", tendo Jesus Cristo replicado: "Basta !"


Teria o Mestre realmente recomendado a seus apóstolos que se desfizessem de suas vestes a fim de comprar armas, apregoando assim a violência?


Seriam duas espadas suficientes para conter todo um cortejo de homens armados de espadas e varapaus, o qual, tendo Judas Iscariotes por guia, buscara o Senhor no Horto das Oliveiras?


Haveria possibilidade de doze homens pacifistas (o Mestre e onze apóstolos), que haviam levado três anos de pregação do perdão, do amor e da tolerância, serem coagidos a lutar com espadas:


Se Jesus recomendou-nos que oferecêssemos a face direita para quem nos batesse na esquerda, como poderia ele recomendar o revide à espada, contra aqueles que o buscavam?


Essa recomendação conflita com tudo aquilo que nos é ensinado nas páginas dos Evangelhos. A sua consagração significaria abandono da tolerância, da mansuetude e do perdão, e a apologia da violência, do revide, do ódio.


É imperioso, portanto, que procuremos extrair desta passagem evangélica o espírito que vivifica, desprezando a letra que mata.


Nos Evangelhos há uma narrativa que afirma ter Pedro ferido um dos soldados na orelha, tendo merecido do Mestre severa reprimenda: Pedro, embainha a tua espada, pois quem com ferro fere, com ferro será ferido, o que contradiz a recomendação para que os apóstolos comprassem espadas.


O Mestre pretendeu demonstrar que, daquela hora em diante haveria necessidade de apenas duas espadas: a espada da Verdade, que ataca a mentira em seu próprio reduto, fazendo com que ela jamais possa prevalecer; e a espada do amor que pode regenerar o mundo, reformando os homens, o que aliás constituiu a razão primária do advento de Jesus Cristo entre nós.


Com a espada da verdade seriam desmascarados os falsos religiosos, os escribas, os fariseus hipócritas, os quais mantinham aspectos exteriores de homens virtuosos, mas interiormente estavam mergulhados no ódio, nas vaidades terrenas, mantendo costumes dissolutos e distanciados da moral. Com essa mesma espada combater-se-ia o apego de homens como Pilatos, que apesar de perguntar ao Mestre: O que é a Verdade?, situou acima dela seus interesses políticos e sua posição de mando.


A luta no mundo, após a crucificação de Jesus Cristo, teria que ser travada apenas com essas duas espadas e essa foi a razão que o levou a recomendar: e o que não tem espada, venda o seu vestido e compre-a.


Os apóstolos, apesar de serem Espíritos de ordem elevada, escolhidos para nascerem na Terra como assessores de Jesus Cristo, ainda aninhavam em seus corações alguns sentimentos de hegemonia, pois nos próprios Evangelhos consta que eles foram severamente admoestados pelo fato de discorrerem sobre qual deles era o maior, merecendo a observação: Aquele qm quiser ser o maior, seja o que sirva. Além disso, eles alimentavam preconceitos contra povos estrangeiros, então chamados gentios.


Por isso, o Senhor recomendou-lhes que se desfizessem das vestes do preconceito, do formalismo, do apego às tradições inócuas, e comprassem as espadas do amor e da verdade, espadas essas que cortariam rente as excrescências dessa ordem, que ainda residiam no recôndito dos seus corações e combateriam certas tradições que ainda observavam, no tocante a determinadas formas de ritualismos como o batismo da água, a circuncisão e outros.


O mundo é uma vasta arena de lutas, na qual são necessárias espadas, pois com elas os homens aprenderão a lutar contra as violações tenebrosas que os assoberbam, tais como o orgulho, a vaidade, o ódio, a avareza, o ciúme, a vingança, e também contra os ritualismos, as superstições, o obscurantismo, pois há necessidade de se lembrarem constantemente de duas sentenças proferidas pelo Mestre: Amai-vos uns aos outros e Conhecereis a verdade e ela vos fará livres.


Paulo A. Godoy

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Cólera: ..."A cólera é comparável a uma implosão mental de conseqüências imprevisíveis..." // ..."Pela brecha da irritação, caímos sem perceber nos mais baixos padrões vibratórios, arremessando, infelizes e incontroláveis, os raios da destruição e da morte que, partindo de nós para os outros, volvem dos outros para nós, em forma de angústia e miséria, perseguição e sofrimento"... // "Quando a tempestade da cólera explode no ambiente, despedindo granizos dilacerantes, vemo-la por antena de amor, isolando-lhes os raios..."




IMPLOSÃO  MENTAL
Emmanuel

A cólera é comparável a uma implosão mental de conseqüências imprevisíveis.

Quando te sintas sob a ameaça de semelhante flagelo, antes de falar ou escrever, usa o método conhecido de permanecer em silêncio contando até cem. Se os impulsos negativos continuam, afaste-te para um lugar à parte e faze uma oração que te reequilibre.

Notando que a medida não alcançou os fins necessários, busca um recanto da natureza, onde encontres plantas e flores, cujas emanações te balsamizem o espírito.

Na hipótese de não retornares à tranqüilidade, procura algum templo religioso e confia-te novamente à prece, esforçando-te para que a paz te fale no coração.

No entanto, se essa providência ainda falhar, dirige-te a um remédio amigo que, com certeza, te aliviará com sedativos adequados, a fim de evitares a implosão de tuas próprias forças.

Emmanuel - Do livro: Luz e Vida - Psicografia: Francisco Cândido Xavier
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UM  MINUTO  DE  CÓLERA


 Emmanuel

Um minuto de cólera pode ser uma invocação às forças tenebrosas do crime, operando a ruptura de largas e abençoadas tarefas que vínhamos efetuando na sementeira do sacrifício.

Por esse momento impensado, muitas vezes, esposamos escuros compromissos, descendo da harmonia à perturbação e vagueando nos labirintos da prova por tempo indeterminado à procura da necessária reconciliação com a vida em nós mesmos.

Pela brecha da irritação, caímos sem perceber nos mais baixos padrões vibratórios, arremessando, infelizes e incontroláveis, os raios da destruição e da morte que, partindo de nós para os outros, volvem dos outros para nós, em forma de angústia e miséria, perseguição e sofrimento.

Em muitos lances da luta evolutiva, semelhante minuto é o fator de longa expiação, na qual, no corpo de carne ou fora dele, somos fantasmas da aflição, exibindo na alma desorientada e enfermiça as chagas da loucura, acorrentados às conseqüências de nossos erros a reagirem sobre nós, à feição de arrasadora tormenta.

Se te dispões, desse modo, à jornada com  Jesus em busca da própria sublimação, aprende a dominar os próprios impulsos e elege a serenidade por clima de cada hora.

Ama e serve, perdoa e auxilia sempre, recordando que cada semente deve germinar no instante próprio e que cada fruto amadurece na ocasião adequada.

Toda violência é explosão de energia, cujos resultados ninguém pode prever.

Guardemos o ensinamento do Cristo no coração, para que o Cristo nos sustente as almas na luta salvadora em que nos cabe atingir a redenção, dia a dia.

Livro: Semeador Em Tempos Novos - Francisco Cândido Xavier


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ESTRELA   OCULTA
Emmanuel
Quando a tempestade da cólera explode no ambiente, despedindo granizos dilacerantes, vemo-la por antena de amor, isolando-lhes os raios, e se o temporal da revolta encharca os que tombam na estrada sob o visco da lama, ei-la que surge igualmente por força neutralizante, subtraindo o lodo e aclarando o caminho...

Remédio nas feridas profundas que se escondem  na alma, ante os golpes da injúria, é bálsamo invisível, lenindo toda chaga.

Socorro nobre e justo, é a luz doce da ausência ajudando e servindo onde a leviandade arroja fogo e fel.

Filha da compaixão, auxilia sem paga impedindo a extensão da maldade infeliz...

Ante a sua presença, a queixa descabida interrompe-se e pára e o verbo contundente empalidece e morre.

Onde vibra, amparando, todo ódio contém-se, e o incêndio da impiedade apaga-se de chofre...

Acessível a todos, vemo-la em toda parte, onde o homem cultive a caridade simples, debruçando-se, pura, à maneira de aroma envolvente e sublime, anulando o veneno em que a treva se nutre...

Guardemo-la conosco, onde formos chamados, sempre que o mal responde, delinqüente e sombrio, porque essa estrela oculta, ao alcance de todos, é a prece do silêncio em clima de perdão.
  
Livro Paz e Renovação. Diversos Espíritos. Psicografia Chico Xavier
 

domingo, 10 de janeiro de 2016

Seara do Ódio .(Um caso de Irmãos Siameses)

 "- Não! não te quero em meus braços!(...)- Mãe, deixa-me viver!.(...)A sementeira de crueldade atraíra a seara de ódio. E a seara de ódio lhes impunha nefasto desequilíbrio(...)despertaram de novo na Terra, traziam o estigma do clamoroso débito em que se haviam reunido, reaparecendo, entre os homens, como duas almas apaixonadas pela carne, disputando o mesmo vaso físico, no triste fenômeno de um corpo único, sustentando duas cabeças.""
- Não! não te quero em meus braços! - dizia a jovem mãe, a quem a Lei do Senhor conferira a doce missão da maternidade, para o filho que lhe desabrochava do seio - não me furtarás a beleza! Significas trabalho, renunciação, sofrimento...

- Mãe, deixa-me viver!... - suplicava-lhe a criancinha no santuário da consciência - estamos juntos! Dá-me a bênção do corpo! Devo lutar e regenerar-me. Sorverei contigo a taça de suor e lágrimas, procurando redimir-me... Completar-nos-emos. Dá-me arrimo, dar-te-ei alegria. Serei o rebento de teu amor, tanto quanto serás para mim a árvore de luz, em cujos ramos tecerei o meu ninho de paz e de esperança ...

- Não, não...

- Não me abandones!

- Expulsar-te-ei.

- Piedade, mãe! Não vês que procedemos de longe, alma com alma, coração a coração?

- Que importa o passado? Vejo em ti tão-somente o intruso, cuja presença não pedi.

- Esqueces-te, mãe, de que Deus nos reúne? Não me cerres a porta!...

- Sou mulher e sou livre. Sufocar-te-ei antes do berço...

- Compadece-te de mim!...

- Não posso. Sou mocidade e prazer, és perturbação e obstáculo.

- Ajuda-me!

- Auxiliar-te seria cortar em minha própria carne. Disputo a minha felicidade e a minha leveza feminil...

-Mãe, ampara-me! Procuro o serviço de minha restauração...

Dia a dia, renovava-se o diálogo sem palavras, até que, quando a criança tentava vir à luz, disse-lhe a mãezinha cega e infortunada, constrangendo-a a beber o fel da frustração:

- Toma à sombra de onde vens! Morre! Morre!

- Mãe, mãe! Não me mates! Protege-me! Deixa-me viver...

- Nunca!

- Socorre-me!

- Não posso.

Duramente repelido, caiu o pobre filho nas trevas da revolta e, no anseio desesperado de preservar o corpo tenro, agarrou-se ao coração dela, que destrambelhou, à maneira de um relógio desconsertado...

Ambos, então, ao invés de continuarem na graça da vida, precipitaram-se no despenhadeiro da morte.

Desprovidos do invólucro carnal, proojetaram-se no Espaço, gritando acusações recíprocas.

Achavam-se, porém, imanados um ao outro, pelas cadeias magnéticas de pesados compromissos, arrastando-se por muito tempo, detestando-se e recriminando-se mutuamente...

A sementeira de crueldade atraíra a seara de ódio. E a seara de ódio lhes impunha nefasto desequilíbrio.

Anos e anos desdobraram-se, sombrios e inquietantes, para os dois, até que, um dia, caridoso Espírito de mulher recordou-se deles em preces de carinho e piedade, como a ofertar-lhes o próprio seio. Ambos responderam, famintos de consolo e renovação, aceitando o generoso abrigo ...

Envolvidos pela carícia maternal, repousaram enfim.

Brando sono pacificou-lhes a mente dolorida.

Todavia, quando despertaram de novo na Terra, traziam o estigma do clamoroso débito em que se haviam reunido, reaparecendo, entre os homens, como duas almas apaixonadas pela carne, disputando o mesmo vaso físico, no triste fenômeno de um corpo único, sustentando duas cabeças.
XAVIER, Francisco Cândido. Contos e Apólogos. Pelo Espírito Irmão X. FEB.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A Desforra é Perdoar



Psicólogos modernos sustentam que o ódio é uma necessidade, que tanto devemos amar como odiar.

Em alguns, mais ferozes na sua concepção da vida, chegam mesmo a afirmar que devemos odiar com o máximo de intensidade e externar o ódio para que ele não nos envenene.

O conceito do homem que essa psicologia nos apresenta é em si mesmo um grave sintoma de enfermidade mental.

A imagem desse homem animalesco decorre de uma visão mórbida da criatura humana esmagada pelos instintos animais.

Não obstante, a própria Psicanálise, imantada inicialmente ao conceito da libido, já desde Freud encontrou a válvula da sublimação.

É que avanços posteriores, ao lado de progressos notáveis da Psiquiatria e das pesquisas psicológicas em vários campos, confirmaram a teoria espírita dos instintos espirituais que orientam a nossa formação humana.

Querer extinguir o ódio com a prática da odiosidade é o mesmo que pretender apagar o fogo com gasolina.

O ódio gera o ódio.

Por isso, como Cornélio Pires ilustra nas suas quadras, o incêndio do ódio, que alimentarmos em nós e nos outros, terá de ser apagado pelos princípios da vida através da reencarnação.

O Evangelho do Cristo substitui a lei bíblica do olho por olho e dente por dente pela lei do amor ao próximo, incluindo no próximo os próprios inimigos.

Onde não existir a luz do perdão as reencarnações dolorosas se processarão em círculo vicioso.

Ficaremos presos à roda viva dos resgates penosos, por séculos e milênios, até aprendermos a mar os inimigos.

O ódio é destruidor, é o ácido corrosivo da inferioridade espiritual.

O homem que odeia se animaliza, rebaixa-se ao nível das feras.

O amor é a força criadora que distingue o homem do bicho.

A desforra do homem inferior é a injúria, a agressão, a vingança, o assassinato.

A desforra do homem superior é o perdão.

Quando perdoamos, desarmamos o adversário, ajudamo-lo a fazer-se criatura humana, a ser gente.

Toda cultura humana se assenta no amor.

O ódio é a negação da cultura, o domínio da barbárie, como vemos diariamente no mundo do crime.

Só os loucos defendem e pregam o ódio, porque a mente desequilibrada semeia o desequilíbrio.

Irmão Saulo / Do Livro: Astronautas do Além /Chico Xavier e Herculano Pires

Subjugação

Subjugação

Etapa grave no curso das obsessões, caracterizada pela perda do discernimento e da emoção, o estágio da subjugação representa o clímax do processo ultriz que o adversário desencarnado impõe à sua vítima, em torpe tentativa de aniquilar-lhe a existência física.

A perfeita afinidade moral entre aqueles que experimentam a pugna infeliz, traduz o primarismo evolutivo em que desenvolvem os sentimentos, razão pela qual acoplam-se, perispírito a perispírito, impondo o algoz a vontade dominadora sobre quem lhe padece a ferocidade, por cujo doloroso meio lapida as arestas remanescentes dos crimes perpetrados anteriormente.

A subjugação é o predomínio da vontade do desencarnado sobre aquele que se lhe torna vítima, exaurindo-lhe as energias e destrambelhando-lhe os equipamentos da aparelhagem mental.

Noutras vezes, a radiação'>irradiação mental perniciosa que lhe é descarregada com pertinácia, alcança-lhe a sede dos movimentos ou o núcleo perispiritual das células, provocando desconsertos que se transformam em paralisias, paresias e distúrbios degenerativos outros de variada etiopatogenia.

O perseguidor enceguecido pelo ódio ou vitimado pelas paixões inferiores longamente acalentadas, irradia forças morbíficas que o psiquismo daquele que lhe infligiu a amargura assimila por identidade vibratória e se torna decodificada no organismo, produzindo os objetivos anelados pelo obsessor.

Em ordem inversa, a onda de amor e de prece, de envolvimento caridoso e fraternal, termina por encontrar receptividade tão logo o paciente se deixe sensibilizar, transformando-a em harmonia e saúde, bem estar e paz.

Todos os fenômenos ocorrem no campo das equivalentes sintonias, sem as quais são irrealizáveis.

Desse modo, a violência registrada nas agressões para a subjugação, somente encontra ressonância por causa da afinidade entre aqueles que se encontram incursos no embate.

Normalmente o processo é lento e persuasivo, provocando danos que se prolongam no tempo, enquanto são minadas as forças defensivas para o tombo irrefragável nas malhas da pertinaz enfermidade espiritual.

O processo cruel da obsessão de qualquer matiz tem suas raízes sempre na conduta moral infeliz das criaturas pelo cultivar da sua inferioridade em contraposição aos apelos elevados da vida, que ruma para a Suprema Vida.

Enquanto permaneçam os Espíritos afeiçoados às heranças do estágio primitivo, mantendo o egotismo exacerbado, graças ao qual humilha e persegue, trai e escraviza, explora e infunde pavor ao seu irmão, permanecerá aberto o campo psíquico para as vinculações obsessivas.

Somente uma radical transformação de conceito ético entre os homens terrestres é que os mesmos disporão de recursos seguros para se prevenirem obsessões.

No entanto, porque vicejem os propósitos inferiores em predomínio em a natureza humana, sucedem-se as complexas parasitoses obsessivas.

Agravada pela alucinação do perseguidor, a subjugação encarcera na mesma jaula aquele que a fomenta.

Emaranhando-se nos fulcros perispirituais do encarnado, termina por fixar-se-lhe emocionalmente, permanecendo presa da armadilha que urdiu.

A subjugação é perversa maquinação do ódio, da necessidade de desforço a que se escravizam os Espíritos dementados pela falta de paz.

Cultivando os sentimentos primários e encerrando a mente nos objetivos da vingança cerram-se na sombra da ignorância, perdendo o contato com a razão e a Divindade, enquanto não se permitem a felicidade que acusam de havê-los abandonado.

Ambos desditosos – o subjugado e o subjugador – engalfinhando-se na peleja sem quartel, não se dão conta que somente o amor consegue interrompê-la.

De tratamento muito delicado e complexo, o resultado ditoso depende da renovação espiritual do paciente, na razão em que desperte para a seriedade da conjuntura aflitiva em que se encontra. Simultaneamente, a solidariedade fraternal, envolvendo ambos enfermos em orações e compaixão, esclarecimentos e estímulos para o futuro saudável, conseguem romper o círculo vigoroso de energias destrutivas, abrindo espaço para a ação benéfica, o intercâmbio de esperança e de libertação.

A subjugação desaparecerá da Terra quando o verdadeiro sentimento da palavra amor for vivido e espraiado em todas as direções, conforme Jesus apresentou e vivenciou até o momento da morte, e prosseguindo desde a ressurreição gloriosa até aos nossos dias.


Jornal Mundo Espírita de Fevereiro de 2000

sábado, 15 de dezembro de 2012

O EFEITO DA CÓLERA


Um velho judeu, de alma torturada por pesados remorsos, chegou, certo
dia, aos pés de Jesus, e confessou-lhe estranhos pecados.
Valendo-se da autoridade que detinha no passado, havia despojado
vários amigos de suas terras e bens, arremessando-os à ruína total e
reduzindo-lhes as famílias a doloroso cativeiro. Com maldade premeditada,
semeara em muitos corações o desespero, a aflição e a morte.
Achava-se, desse modo, enfermo, aflito e perturbado... Médicos não lhe
solucionavam os problemas, cujas raízes se perdiam nos profundos labirintos
da consciência dilacerada.
O Mestre Divino, porém, ali mesmo, na casa de Simão Pedro, onde se
encontrava, orou pelo doente e, em seguida, lhe disse:
— Vai em paz e não peques mais.
O ancião notou que uma onda de vida nova lhe penetrara o corpo,
sentiu-se curado, e saiu, rendendo graças a Deus.
Parecia plenamente feliz, quando, ao atravessar a extensa fila dos
sofredores que esperavam pelo Cristo, um pobre mendigo, sem querer, pisoulhe
num dos calos que trazia nos pés.
O enfermo restaurado soltou um grito terrível e atacou o mendigo a
bengaladas.
Estabeleceu-se grande tumulto.
Jesus veio à rua apaziguar os ânimos.
Contemplando a vítima em sangue, abeirou-se
do ofensor e falou:
— Depois de receberes o perdão, em nome de Deus, para tantas faltas,
não pudeste desculpar a ligeira precipitação de um companheiro mais desventurado
que tu?
O velho judeu, agora muito pálido, pôs as mãos sobre o peito e bradou
para o Cristo:
— Mestre, socorre-me!... Sinto-me desfalecer de novo... Que será isto?
Mas, Jesus apenas respondeu, muito triste:
- Isso, meu irmão, é o ódio e a cólera que outra vez chamaste ao próprio
coração.
E, ainda hoje, isso acontece a muitos que, por falta de paciência e de
amor, adquirem amargura, perturbação e enfermidade.

Meimei/Chico Xavier.
Livro :Pai Nosso

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Cap. 7 Fatores de desequilíbrio


A saúde da criatura humana resulta de fatores essenciais que lhe
compõem o quadro de bem-estar: equilíbrio mental, harmonia orgânica e
ajustamento sócio-econômico. Quando um desses elementos deixa de existir,
pode-se considerar que a saúde cede lugar à perturbação, que afeta qualquer
área do conjunto psicofísico.
Sendo, a criatura humana, constituída pela energia que o Espírito envia a
todos os departamentos materiais e equipamentos nervosos, qualquer distonia
que a perturbe abre campo para a irrupção de doenças, a manifestação de
distúrbios, que levam aos vários desconsertos patológicos, conhecidos como
enfermidades.
Por isso, é possível que uma criatura, em processo degenerativo, possa
aparentar saúde, face à ausência momentânea dos sintomas que lhe permitem
o registro, a percepção do insucesso.
Da mesma forma, podemos considerar que, escrava da mente, a criatura
transita do cárcere dos sofrimentos aos portões da liberdade — das doenças à
saúde ou vice-versa — através da energia direcionada ao bem, à harmonia, ou
sob distonias, conflitos e traumas.
De relevantes significados são os conteúdos negativos do comportamento
emocional, geradores das disritmias energéticas, que passam a desvitalizar os
campos nos quais se movimentam, enfraquecendo-os e abrindo-os à sintonia
com os microorganismos degenerativos.
Entre os muitos fatores de destruição do equilíbrio, anotemos o amor, a
angústia, o rancor, o ódio, que se convertem em gigantes da vida psicológica,
com poderes destrutivos, insuspeitáveis.
A mente desordenada, que cultiva paixões dissolventes, perde o rumo,
passando a fixações neuróticas e somatizadoras, infelizes, que respondem
pelos estados inarmônicos da psique, da emoção e do corpo.
Os conteúdos do equilíbrio expressam-se no comportamento, propiciando
modelos de criaturas desidentificadas com as manifestações deletérias do meio
social, das constrições de vária ordem, das dominações bacterianas.
A auto-análise, trabalhada pela insistência de preservação dos ideais
superiores da vida, é o recurso preventivo para a manutenção do bem-estar e
da saúde nas suas várias expressões.
O amor
Confundidas as sensações imediatas do prazer com as emoções
emuladoras do progresso moral, o amor constitui o grande demolidor das
estruturas celulares, pela força dos desejos de que se faz portador.
Certamente, referimo-nos ao amor bruto, asselvajado, possessivo, que
situa no desejo a sua maior carga de aspiração.
Ocultando frustrações pertinazes e gerando mecanismos de transferência
neurótica, as personalidades atormentadas aferram-se ao amor-desejo, ao
amor-sexo, ao amor-posse, ao amor-ambição, deixando-se consumir pelos
vapores da perturbação, que a insistência mental e insensata do gozo
desenvolve em forma de incêndio voraz.
O atormentado fixa a sua identidade na necessidade do que denomina
amor e projeta-se, inconscientemente, sobre quem ele diz amar, impondo-se
com sofreguidão irrefreável, ou acalentando intimamente a realização do que
anela, em terrível desarmonia interior. A quanto mais aspira e frui, mais exige e
sofre; se não logra a realização, mais se decompõe, perdendo ou matando,
com os raios venenosos da mente em desalinho, as defesas imunológicas e a
vibração de harmonia mental, logo tombando nos estados enfermiços.
A angústia
A insegurança pessoal, decorrente de vários fatores psicológicos, gera
instabilidade de comportamento, facultando altas cargas de ansiedade e de
medo.
Sentindo-se incapaz de alcançar as metas a que se propõe, o indivíduo
transita entre emoções em desconserto, refugiando-se em fenômenos de
angústia, como efeito da impossibilidade de controlar os acontecimentos da
sua vida.
Enquanto transite nos primeiros níveis de consciência, a carência de
lucidez dos objetivos essenciais da vida levá-lo-á a incertezas, porqüanto, as
suas, serão as buscas dos prazeres, das aspirações egoístas, das promoções
da personalidade, sentindo-se fracassado quando não alcança esses
patamares transitórios, equivocados, em relação à felicidade.
Aprisionando-se em errôneos conceitos sobre a plenificação do eu, que
confunde com as ambições do ego, pensa que ter é de relevante importância,
deixando de ser iluminado, portanto, superior aos condicionamentos e
pressões perturbadoras.
A angústia, como efeito de frustração, é semelhante a densa carga tóxica
que se aspira lentamente, envenenando-se de tristeza injustificável, que termina,
às vezes, como fuga espetacular pelo mecanismo da morte anelada, ou
simplesmente ocorrida por efeito do desejo de desaparecer, para acabar com o
sofrimento.
Normalmente, nos casos de angústia cultivada, estão em jogo os
mecanismos masoquistas que, facultando o prazer pela dor, intentam inverter a
ordem dos fenômenos psicológicos, mantendo o estado perturbador que, no
paciente, assume características de normalidade.
O recurso para a superação dos estados de angústia, quando não têm um
fator psicótico, é a conquista da autoconfiança, delineamento de valores reais e
esforço por adquiri-los ou recorrendo ao auxílio de um profissional competente.
As ocorrências de insucesso devem ser avaliadas como treinamento para
outras experiências, recurso-desafio para o crescimento intelectual,
aprendizagem de novos métodos de realizações humanas.
Exercícios de autocontrole, de reflexões otimistas, de ações
enobrecedoras, funcionam como terapia libertadora da angústia, que deve ser
banida dos sentimentos e do pensamento.
O rancor
Fenômeno natural decorrente da insegurança emocional, o rancor produz
ácidos destruidores de alta potencialidade, que consomem a energia vital e
abrem espaços intercelulares para a distonia e a instalação das doenças.
Entulho psíquico, o rancor acarreta danos emocionais variados, que levam
a psicoses profundas e a episódios esquizofrênicos de difícil reparação.
A criatura humana tem a destinação da plenitude. O seu passo existencial
deve ser caracterizado pela confiança, e os acontecimentos desagradáveis
fazem-se acidentes de percurso, que não interrompem o plano geral da
viagem, nunca impeditivos da chegada à meta.
Por isso, os acontecimentos impõem, quando negativos, a necessidade de
uma catarse libertadora, a fim de não se transformarem em resíduos de mágoas
e rancores que, de contínuo, assumem mais danoso contingente de
ocorrência destrutiva.
A psicoterapia do perdão, com os mecanismos da renúncia dinâmica,
consegue eliminar as seqüelas do insucesso, retirando o rancor das paisagens
mentais e emocionais da criatura, sem o que se desarticulam os processos de
harmonia e equilíbrio psíquico, emocional e físico.
O ódio
Etapa terminal do desarranjo comportamental, o ódio é tóxico fulminante
no oxigênio da saúde mental e física.
Desenvolve-se, na sua área, mediante a análise injusta do comportamento
dos outros em relação a si, e nunca ao inverso. Fazendo-se vítima, porque
passou a um conceito equivocado sobre a realidade, deixa-se consumir pelo
complexo de inferioridade, procedente da infância castrada, e descarrega,
inconscientemente, a sua falta de afetividade, a sua insegurança, o seu medo
de perda, a sua frustração de desejo, em arremessos de ondas mentais de
ódio, até o momento da agressividade física, da violência em qualquer forma
de manifestação.
O ódio é estágio primevo da evolução, atavicamente mantido no psiquismo
e no emocional da criatura, que necessita ser transformado em amor, mediante
terapias saudáveis de bondade, de exercícios fraternais, de disciplinas da
vontade.
Agentes poluidores e responsáveis por distúrbios emocionais de grande
porte, são eles os geradores de perturbações dos aparelhos respiratório,
digestivo, circulatório. Responsáveis por cânceres físicos, são as matrizes das
desordens mentais e sociais que abalam a vida e o mundo.
A saúde da criatura humana procede do ser eterno, vem das experiências
em vidas anteriores, conforme ocorre com as enfermidades cármicas, no
entanto, dependendo da consciência, do comportamento, da personalidade e
da identificação do ser com o que lhe agrada e com aquilo a que se apega na
atualidade.

Livro: O Ser Consciente
Divaldo / Joana de Angelis

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Perguntas respondidas por Divaldo e Raul acerca do Evangelho.

Matéria retirada do Livro: Os Evangelhos e o Espiritismo da editora Leal .

Pergunta No 3.
" A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz , porque as obras deles eram más".(Jó.3:13-21). Hoje, no mundo, existem diversas seitas religiosas disputando a primazia da luz. Onde, afinal, encontrar a verdadeira luz?

Raul:Não é difícil encontrar a verdadeira luz nos dias atuais do mundo, mesmo que nos achemos em meio às disputas pela primazia. A luz verdadeira ilumina sem alarde, penetra os escaninhos das almas, a vida dos seres humanos e interfere positivamente no seu modo de ser. A mensagem que consegue alavancar o coração humano das limitações das sombras para as vultuosas claridades do intelecto e do sentimento , essa corresponde à grande e vera luz.

Divaldo: A verdadeira luz desceu à Terra nas jamais ultrapassadas canções apresentadas por Jesus no Sermão da Montanha.
Em razão da predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual do homem,permanece vigorosa a aceitação tácita das questões defluentes do ego e dos seus sicários, que são as paixões dissolventes. Ainda prevalece o interesse mesquinho e perturbador pela mentira, pela manipulação,pela prepotência , em que muitos indivíduos preferem estagiar.
Inúmeras seitas religiosas surgem com periodicidade, adaptando os ensinamentos austeros da busca do Reino dos Céus, mediante os valores enganosos da Terra, atraindo multidões ansiosas e sedentas de poder e gozo, porém distantes da verdade.
A proposta de Jesus , por ser a verdadeira - renúncia, amor, abnegação, caridade, autoiluminação - é preterida por alguns segmentos sociais e indivíduos egotistas, permanecendo, não obstante, como única alternativa para a felicidade.
Lenta, no entanto, seguramente, a luz da verdade imorredoura espalha-se pela Terra, proporcionando a renovação social e espiritual dos seus habitantes.

7- Quem é o " Espírito Santo" na concepção espiritual?

Raul: Essa expressão nos sugere que a governança do mundo existam plêiades de entidades luminosas que, sob o comando Celeste Benfeitor - Jesus, o Messias - cuidam de investir os recursos do seu poder espiritual em favor do progresso geral e da renovação das humanas criaturas. O que as teologias convencionaram chamar de Espírito Santo pode ser compreendido como esses conjuntos de Espíritos sublimados que cuidam da evolução planetária.

Divaldo: O Espírito Santo pode ser entendido como o Espírito de Verdade, o Consolador constituído pelas coortes espirituais formadas pelos nobres Guias da Humanidade.
Podemos identificá-lo também como as estrelas que cairão sobre a Terra, as forças espirituais , o Cristo de Deus...


49- O que devemos entender por "Humildes de Espírito" ou " Pobres de Espírito" ,  os quais Jesus elege para o Reino dos Céus? (Mt. 5: 3)

Raul: Essa bem aventurança de Jesus exprime, de fato, a ventura experimentada pelos que conseguem desenvolver a humildade, a simplicidade em si próprios. Humildade que não significa tolice nem pieguice, simplicidade que não é papalvice.
É assim que achamos em o Livro dos Médiuns, de Allan kardec, que no Cap. XXXI, item XVI , o Espírito Santo Agostinho a afirmar que Deus ama os simples de espírito , o que não quer dizer tolos, mas que renunciam a si mesmos e que , sem orgulho, para Ele se encaminham.
Divaldo: Os pobres de espírito podem ser considerados todos aqueles que se despojaram dos andrajos morais da ira, do ódio, do orgulho, da insensatez, da sensualidade, verdadeiras fortunas que muitos preservam e disputam. Nestes mundo rico de espíritos pobres de valores éticos, Jesus glorifica aqueles que são os liberados das mazelas da alma, dos vícios e dependências infelizes das paixões primárias. Esses alcançarão o Reino dos Céus que , de alguma forma, já se lhes encontra ínsito no coração puro de inferioridade.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A violência doméstica para com os filhos. UMA ABORDAGEM À LUZ DO ESPIRITISMO




CLARA LILA GONZALEZ DE ARAÚJO
Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra.
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.”
(Mateus, 5:5 e 9.)


De certa feita, ao finalizarmos uma palestra espírita sobre a afabilidade e a doçura, virtudes analisadas no capítulo IX, de O Evangelho segundo o Espiritismo,
(1 ) um companheiro aproximou-se de nós e observou:
“Este assunto é bastante conhecido dos espíritas e todos já devem ter consciência da necessidade de agir
com bondade, especialmente em seu meio familiar”.
Após a colocação do prezado irmão, ficamos a pensar, longamente, sobre as suas palavras. Estariam os espíritas realmente conscientes da necessidade de semelhante conduta moral? Compreenderiam,
na vivência de suas experiências cotidianas, a importância de observarem, inexoravelmente, a lei de amor e de caridade? Como se portariam no seio familiar, onde a benevolência e a fraternidade devem ser
alicerces para a consolidação da harmonia entre os corações?
A compreensão do que seja violência doméstica, à luz do Espiritismo, não se reveste da verdadeira clareza
sobre o problema e, ao buscarmos as orientações nos textos dos Espíritos Superiores, percebemos, perplexos, que esta situação pode ocorrer em alguns lares espíritas, ferindo, profundamente, a quantos a enfrentam como provas salvadoras.
Allan Kardec, ao avaliar a necessidade de sermos mais dóceis e afáveis, no citado capítulo de O Evangelho segundo o Espiritismo, item 4, afirma que simples palavras, emitidas de forma intempestivas  podem causar conseqüências graves para aqueles que as transmitem: “[...] É que toda palavra ofensiva exprime um sentimento contrário à lei do amor e da caridade que deve presidir às relações entre os homens e manter
entre eles a concórdia e a união; é que constitui um golpe desferido na benevolência recíproca e na fraternidade; é que entretém o ódio e a animosidade; é, enfim, que, depois da humildade
para com Deus, a caridade para com o próximo é a lei primeira de todo cristão”.(2).
Assim, ser agressivo, violento, hostil, com a intenção de causar dano ou ansiedade nos outros, não
significa só bater, ferir fisicamente, lesar materialmente, mas utilizar expressões verbais com o intuito
de depreciar e atacar as pessoas é prejudicá-las, é magoá-las de maneira grave e humilhante.
No relacionamento familiar, o problema da agressão verbal ocorre, quase sempre, a partir das dificuldades
que os pais encontram na criação dos filhos. Para muitos, não elevar a voz de modo excessivamente
contundente e autoritário seria renunciar a qualquer tentativa educacional. Os adultos parecem
ignorar que a obediência não é coisa que surja espontaneamente.
É por meio de um trabalho interior que a criança poderá compreender e aceitar as solicitações
dos outros, sem estar a eles incondicionalmente dependente e com isso construir-se a si mesma,
tornar-se uma pessoa equilibrada e autônoma.
A infância e a adolescência passam por várias etapas em seu desenvolvimento e, sem os cuidados
de uma educação salutar e bem encaminhada, é natural que os filhos reajam com maior ou menor
insegurança, que pode levá-los a comportamentos aberrantes, expressão de sua angústia profunda,
conforme as circunstâncias em que essas experiências lhes são impostas e do meio em que vivem. Aos
pais cabe o dever de amá-los, educando- os, sem exigir que se transformem em cópias vivas deles mesmos,
desrespeitando suas características individuais. Certos pais só conseguem manifestar ternura de modo extremamente possessivo, como se não conseguissem atingir um grau de compreensão que lhes
seria necessário para atender às carências reais de seus filhos.
Os Benfeitores espirituais nos advertem: “[...] Com efeito, ponderai que nos vossos lares possivelmente
nascem crianças cujos Espíritos vêm de mundos onde contraíram hábitos diferentes dos vossos
e dizei-me como poderiam estar no vosso meio esses seres, trazendo paixões diversas das que nutris,
inclinações, gostos, inteiramente opostos aos vossos; como poderiam enfileirar-se entre vós, senão
como Deus o determinou, isto é, passando pelo tamis da infância?
[...] A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos
que devam fazê-los progredir [grifo nosso]
. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. [...]”3
Na maioria das vezes, porém, não utilizamos as palavras para consolar e edificar. Não nos preparamos
para o diálogo e a vontade sincera de esclarecer e orientar os filhos, especialmente, quando se recusam em satisfazer às nossas exigências. No plano inconsciente, suas próprias recusas podem ser tidas como a resultante de vários desejos insatisfeitos, e suas respostas, contrárias aos nossos desejos, se transformam na única maneira que conhecem para se comunicar conosco.
O Espírito Emmanuel, em mais uma de suas expressões de sabedoria, ao refletir sobre a significância
da língua como centelha divina do verbo, observa que o homem costuma desviá-la de sua verdadeira função, originando-se aí as grandes tragédias sociais, quase sempre da conversação dos sentimentos inferiores e reconhecendo
“[...] que a sua disposição é sempre ativa para excitar, disputar, deprimir, enxovalhar, acusar e
ferir desapiedadamente”.(4)
Ao chegarmos à fase em que essas manifestações atinjam certo grau de exteriorização habitual,
certamente nos afastamos dos ensinamentos cristãos, como se fôssemos, no entender do Espírito Lázaro,
“[...] homens, de exterior benigno, que, tiranos domésticos, fazem que suas famílias e seus subordinados
lhes sofram o peso do orgulho e do despotismo, como a quererem desforrar-se do constrangimento
que, fora de casa, se impõem a si mesmos. [...] Envaidecem- se de poderem dizer: ‘Aqui mando e sou obedecido’, sem lhes ocorrer que poderiam acrescentar:
‘E sou detestado’”(.5)
Sabemos que a banalização da violência nos meios de comunicação e sua inserção na vida cotidiana
influem no comportamento de nossos filhos, fazendo com que se tornem vítimas e algozes,
ao mesmo tempo.Mas a violência também encontra respaldo no ambiente onde a criança e o jovem
estão inseridos. Afirmam os psicólogos e educadores que “reforçar condutas agressivas conduz
a um aumento das expressões observáveis de agressão, bem como a uma generalização de respostas
agressivas a outras situações”.(6)
Ou seja, se a criança for agredida pelos adultos, no período da infância, poderá, quando jovem e adulta, deixar-se influenciar por modelos agressivos, não só para aliviar sua raiva e hostilidade como também para atingir os objetivos desejados.
Quando isso acontece, dificilmente achamos que os filhos retratam os nossos exemplos. Na
questão 582, de O Livro dos Espíritos, a resposta dada pelos Espíritos a Kardec, sobre a missão da
paternidade, orienta-nos quanto à possibilidade de virmos a falhar no grandíssimo dever de educar
os seres que geramos:
“[...] Muitos há, no entanto, que mais cuidam de aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar
bons frutos em abundância, do que de formar o caráter de seu filho. Se este vier a sucumbir por
culpa deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho
na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada
do bem”(.7)
As lições de Jesus – o incomparável Mestre, o consumado pedagogo, o excelso psicólogo –, são sempre
oportunas em todas as épocas da Humanidade! Ao anunciar, no Sermão do Monte, que deveríamos
ser brandos e pacíficos reporta- se aos humildes de espírito, cujos corações estejam alijados do
orgulho e do egoísmo e sem semear a cizânia em todos os campos de ação onde exerçam suas atividades. O orgulho, não procura, assim como o egoísmo, base para apoiar as suas reações.Manifesta-
se com ou sem motivos que o justifiquem. Há pais que ao se sentirem melindrados no seu
excessivo amor-próprio transformam- se em verdadeiras feras, insultando e agredindo, em defesa
do que denominam autoridade!
A humildade não se compatibiliza com a violência de ação, uma vez que a violência é sempre
o oposto da compreensão, da benevolência, da mansuetude e da paz. A luta na exclusão do mal deve
ser uma constante em nossas vidas, reagindo, com firmeza, sempre que sentirmos o perigo que nos ameaça, especialmente quando deixarmos de orientar os nossos filhos para que não venham a
sucumbir aos desenganos e ilusões do mundo material. Nossos corações, no entanto, devem ser
simples, pacientes e amorosos ao aconselhar, destituídos de soberba e prepotência, iluminados pelas
claridades do Evangelho, que despertam nas almas os verdadeiros sentimentos de caridade e fraternidade.
A melhor maneira de ajudarmos aqueles que nos são caros é evangelizando-os, pois os problemas
existenciais e espirituais do ser serão esclarecidos à luz da Doutrina dos Espíritos e do Evangelho
de Jesus, no cumprimento da assertiva divina que recomenda:
Buscai primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, que
todas essas coisas vos serão dadas de acréscimo”. (Mateus, 6:33.)

Referências:
1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.
22. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. IX, itens 1 a 6, p. 171-174.
2______. item 4, p. 172.
3 ______.O livro dos espíritos. Tradução
de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2006. Questão 385.
4XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo Espírito
Emmanuel. Ed. especial. Rio de Janeiro:
FEB, 2005. Cap. 170, p. 353-354.
5KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.
22. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. IX, item 6, p. 173.
6MUSSEN, CONGER, KAGAN. Desenvolvimento
e personalidade da criança. 4.
ed. São Paulo: Editora Harbra, 1977.
p. 308-309.
7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução
de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Questão 582.
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0 Reformador • Setembro 2006

sexta-feira, 27 de julho de 2012

BELARMINO BICAS-Suicida indireto por encolerizar-se e magoar-se

BELARMINO  BICAS

 Irmão X
Depois da festa beneficente, em que servíramos justos, Belarmino Bicas, prezado companheiro a que nos afeiçoamos, no Plano Espiritual, chamou-me à parte e falou, decidido:
- Bem, já que estivemos hoje em tarefa de solidariedade, estimaria solicitar um favor...
Ante a surpresa que nos assaltou, Belarmino prosseguiu:
- Soube que você ainda dispões de alguma facilidade para escrever aos companheiros encarnados na Terra e gostaria de confiar-lhe um assunto...
- Que assunto?
- Acontece que desencarnei com cinquenta e oito anos de idade, após vinte de convicção espírita. Abracei os princípios codificados por Allan Kardec, aos trinta e oito, e, como sempre fora irascível por temperamento, organizei, desde os meus primeiros contactos com a Doutrina Consoladora, uma relação diária de todas as minhas exasperaçãoes, apontando-lhes as causas para estudos posteriores... Os meus desconchavos, porém, foram tantos que, apesar dos nobres conhecimentos assimilados, suprimi, inconscientemente, vinte e dois anos da quota de oitenta que me cabia desfrutar no corpo físico, regressando à Pátria Espiritual na condição de suicida indireto... Somente aqui, pude examinar os meus problemas e acomodar-me às desilusões... Quantos tesouros perdidos por bagatelas! Quanta asneira em nome do sentimento!...
E, exibindo curioso papel, Belarmino acrescentava:
- Conte o meu caso para quem esteja ainda carregando a bobagem do azedume! Fale do perigo das zangas sistemáticas, insista na necessidade da tolerância, da paciência, da serenidade, do perdão! Rogue aos nossos companheiros para que não percam a riqueza das horas com suscetibilidades e amuos, explique ao pessoal na Terra que mau-humor também mata!...
Foi então que passei à leitura da interessante estatística de irritações, que não me furto à satisfação de transcrever: Belarmino Bicas – Número de cóleras e mágoas desnecessárias com a especificação das causas respectivas, de 1936 a 1956
1811           em razão de contrariedades em famíla;
906          por indispor-se, dentro de casa, em questão de alimentação e higiene;
1614           por altercações com a esposa, em divergência na conduta doméstica e social;
1801           por motivo de desgostos com os filhos, genros e nora;
11        por descontentamento com os netos;
1015           por entrar em choque com chefes de serviço;
1333           por incompatibilidade no trato com os colegas;
1012 em virtude de reclamações a fornecedores e logistas em casos de pouca monta;
614          por mal-entendidos com vizinhos;
315          por ressentimentos com amigos íntimos;
1089 por melindres ante o descaso de funcionários e empregados de instituições diversas;
615          por aborrecimentos com barbeiros e alfaiates;
777  por desacordos com motoristas e passageiros desconhecidos, em viagem de ônibus, automóveis particulares, bondes e lotações;
419          por desavenças com leiteiros e padeiros;
820          por malquistar-se com garções em retaurantes e cafés;
211          por ofender-se com dificuldades em serviços de telefones;
90        por motivo de controvérsias em casas de diversões;
815          por abespinhar-se com opiniões alheias em matéria religiosa;
217          por incompreensões com irmãos de fé, no templo espírita;
901            por engano ou inquietação, diante de pessoas imaginários ou da perspectiva de acontecimentos desagradáveis que nunca sucederam.
Total: 16.386 exasperações inúteis.
Esse, o apanhado das irritações do prestimoso amigo Bicas: 16.386 dissabores dispensáveis em 7.300 dias de existência, e, isso, por quatro lustros mais belos de sua passagem no mundo, porque iluminados pelos clarões do Evangelho Redivivo. Cumpro-lhe o desejo de tornar conhecida a sua experiência que, a nosso ver, é tão importante quanto as observações que previnem desequilíbrios e enfermidades, embora estejamos certos de que muita gente julgará o balanço de Belarmino por mera invencionice de Espírito loroteiro.
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Livro Cartas e Crônicas - Espírito Irmão X - Psicografia Francisco C. Xavier

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Mágoa


MÁGOA
Síndrome alarmante, de desequilíbrio, a presença da mágoa faculta a
fixação de graves enfermidades físicas e psíquicas no organismo de quem a
agasalha.
A mágoa pode ser comparada à ferrugem perniciosa que destrói o metal em
que se origina.
Normalmente se instala nos redutos do amor próprio ferido e
paulatinamente se desdobra em seguro processo enfermiço, que termina por vitimar
o hospedeiro.
De fácil combate, no início, pode ser expulsa mediante a oração singela e
nobre, possuindo, todavia, o recurso de, em habitando os tecidos delicados do
sentimento, desdobrarse
em modalidades várias, para sorrateiramente apossarse
de
todos os departamentos da emotividade, engendrando cânceres morais irreversíveis.
Ao seu lado, instalase,
quase sempre, a aversão, que estimula o ódio, etapa grave do
processo destrutivo.
A magoa, não obstante desgovernar aquele que a vitaliza, emite verdadeiros
dardos morbíficos que atingem outras vítimas incautas, aquelas que se fizeram as
causadoras conscientes ou não do seu nascimento... Borra sórdida, entorpece os
canais por onde transita a esperança, impedindolhe
o ministério consolador.
Hábil, disfarçase,
utilizandose
de argumentos bem urdidos para negarse
ao perdão ou fugir ao dever do esquecimento.
Muitas distonias orgânicas são o resultado do veneno da mágoa, que,
gerando altas cargas tóxicas sobre a maquinaria mental, produz desequilíbrio no
mecanismo psíquico com lamentáveis conseqüências nos aparelhos circulatório,
digestivo, nervoso...
O homem é, sem dúvida, o que vitaliza pelo pensamento. Suas idéias, suas
aspirações constituem o campo vibratório no qual transita e em cujas fontes se nutre.
Estiolando os ideais e espalhando infundadas suspeitas, a mágoa consegue
isolar o ressentido, impossibilitando a cooperação dos socorros externos,
procedentes de outras pessoas.
* * *
Caça implacavelmente esses agentes inferiores, que conspiram contra a tua
paz.
59 – FLORAÇÕES EVANGÉLICAS (pelo Espírito J oanna de Ângelis)
O teu ofensor merece tua compaixão, nunca o teu revide.
Aquele que te persegue sofre desequilíbrios que ignoras e não é justo que te
afundes, com ele, no fosso da sua animosidade.
Seja qual for a dificuldade que te impulsione à mágoa, reage, mediante a
renovação de propósitos, não valorizando ofensas nem considerando ofensores.
Através do cultivo de pensamentos salutares, pairarás acima das viciações
mentais que agasalham esses miasmas mortíferos que, infelizmente, se alastram pela
Terra de hoje, pestilenciais, danosos, aniquiladores.
Incontáveis problemas que culminam em tragédias quotidianas são
decorrência da mágoa, que virulenta se firmou, gerando o nefando comércio do
sofrimento desnecessário.
* * *
Se já registras a modulação da fé raciocinada nos programas da renovação
interior, apura aspirações e não te aflijas.
Instado às paisagens Inferiores, ascende na direção do bem.
Malsinado pela Incompreensão, desculpa.
Ferido nos melhores brios, perdoa.
Se meditares na transitoriedade do mal e na perenidade do bem, não terás
outra opção, além daquela: amar e amar sempre, impedindo que a mágoa estabeleça
nas fronteiras da tua vida as balizas da sua província infeliz.
*
“Quando estiver des or ando, se tiver des alguma coisa contr a alguém, per doailhe,
para que vosso Pai que está nos Céus, vos per doe as vossas ofensas”.
(Marcos, 11:25)
*
“Não sou feliz! A felicidade não foi feita para mim! Exclama ger almente o
homem em todas as posições sociais. Isto, meus car os filhos, pr ova melhor do
que todos os r aciocínios possíveis, a ver dade desta máxima do Eclesiastes:
A felicidade não é deste mundo”.
François NicolasMadeleine
(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Capítulo 5º — Item 20)

Livro: Florações Evangélicas
Ditada por Joana de Angelis
Psicografada por Divaldo.