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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

LEI DE CONSERVAÇÃO

02 - Lei de Conservação
Pergunta 711 -O uso dos bens da Terra é um direito de todos os homens? - "Esse direito é consequente da necessidade de viver. Deus não imporia um dever sem dar ao homem o meio de cumprí-lo."
Pergunta 715 - Como pode o homem conhecer o limite do necessário? - "Aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa."
1 - O DINHEIRO
De fato, o dinheiro constitui pesada responsabilidade para o seu possuidor.
Não compra a felicidade e, muitas vezes, torna-se responsável por incontáveis desditas.
Apesar disso, a sua ausência quase sempre se transforma em fator de desequilíbrio e miséria com que se atormentam multidões em desvario.
O dinheiro, em si mesmo, não tem culpa: não é bom nem mau.
A aplicação que se lhe dá, torna-o agente do progresso social, do desenvolvimento técnico, do conforto físico e, às vezes, moral, ou causa de inomináveis desgraças.
Sua validade decorre do uso que lhe é destinado. Com ele se adquirem o pão, o leite, o medicamento, dignificando o homem pelo trabalho.
Sua correta aplicação impõe responsabilidade e discernimento, tornando-se fator decisivo na edificação dos alicerces das nações e estabilizando o intercâmbio salutar entre os povos.

Por meio dele irrompem o vício e a corrupção, que arrojam criaturas levianas em fundos despenhadeiros de loucura e criminalidade.
Para consegui-lo, empenham-se os valores da inteligência, em esforços exaustivos, por meio dos quais são fomentados a indústria, o comércio, as realizações de alto porte, as ciências, as artes, os conhecimentos.
No submundo das paixões, simultaneamente, dele se utilizando, a astúcia e a indignidade favorecem os disparates da emoção, aliciando as ambições desregradas para o consórcio da anarquia com o prazer.
Por seu intermédio, uns são erguidos aos píncaros da paz, da glória humana, enquanto outros são arrojados às fumas pestilentas do pavor e da desagregação moral em que sucumbem.
Sua presença ou ausência é relevante para a quase totalidade dos homens terrenos.
Para o intercâmbio, no movimento das trocas de produtos e valores, o dinheiro desempenha papel preponderante.
Graças a ele, estabelecem-se acordos de paz e por sua posse explodem guerras calamitosas.
Usa-o sem escravizar-te.
Possui-o sem deixar-te por ele possuir. Domina-o antes que te domine.
Dirigi-o com elevação, a fim de que não sejas mal conduzido.
Mediante sua posse, faze-te pródigo, sem te tornares perdulário.
Cuida de não submeter tua vida, teus conceitos, tuas considerações e amizades ao talante do seu condicionamento.
Previdente, multiplica-o a benefício de todos, sem a avareza que alucina ou a ambição que tresvaria.
De como te servires do dinheiro, construirás o céu da alegria ou o inferno de mil tormentos para ti mesmo.
Se te escasseia nas mãos a moeda, não te suponhas vencido.
Ter ou deixar de ter, importa pouco, na economia moral da tua existência.
O importante será a posição que assumas em relação à posse.
Não te desesperes pela ausência do dinheiro. Como há aqueles que se fizeram servos do que têm, há-os, também, escravizados aos que gostariam de ter.
O dinheiro é meio, não meta.
Imprescindível colocar-te jubilosamente na situação que a vida te brindou, padronizando as diretrizes e os desejos pessoais dentro dos limites transitórios da experiência educativa por que passas, conseqüência natural do mau uso que fizeste do dinheiro que um dia possuíste.
Por outros recursos poderás ajudar o próximo e erigir a felicidade pessoal, conforme as luminosas lições com que o Evangelho te pode enriquecer a vida.
Essencial é viver bem e em paz com ou sem o dinheiro.
2 - DESPERDÍCIOS
Há muito desperdício no mundo, fomentando larga faixa de miséria entre os homens.
O que há abundante em tua mesa falta em muitos lares.
O excesso nas tuas mãos é escassez em inúmeras famílias.
O que te sobra e atiras fora, produz ausência em outros lugares.
O desperdício é fator expressivo de ruína na comunidade.
O homem, desejando fugir das realidades transcendentes da vida, afoga-se na fantasia, engendrando as "indústrias da inutilidade", abarrotando-se com os acúmulos, padecendo sob o peso constritor da irresponsabilidade, em que sucumbe por fim.
A vida é simples nas suas exigências quase ascéticas. Muitos cristãos distraídos, porém, ataviam-se, complicam os deveres, sobrecarregam-se do dispensável, desperdiçam valores, tempo e oportunidades edificantes para o próprio burilamento.

Desperdiçam palavras, amontoando-as em verbalismo inútil a fim de esconderem as verdades; desperdiçam tempo em repousos e férias demorados, que anestesiam os centros combativos de ação da alma encarnada;
-desperdiçam alimentos em banquetes, recepções, festas extravagantes com que disputam vaidades;
-desperdiçam medicamentos em prateleiras empoeiradas, aguardando, no lar, doenças que não chegarão, ou, em se apresentando, encontram-nos ultrapassados;
-desperdiçam trajes e agasalhos em armários fechados, que não voltarão a usar;
-desperdiçam moedas irrecuperáveis em jogos e abusos de todo gênero, sem qualquer recato ou zelo; desperdiçam a saúde nas volúpias do desejo e nas inquietações da posse com sofreguidão;
-desperdiçam a inteligência, a beleza, a cultura, a arte nos espetáculos do absurdo e da incoerência, a fim de fazerem a viagem da recuperação do que estragaram, em alucinada correria para lugar nenhum ...
Não se recupera a malbaratada oportunidade. Ninguém volta ao passado, na busca de refazê-lo, encaminhá-lo noutro rumo.
O desperdício alucina o extravagante e exaure o necessitado que se lhe faz vítima.
Há, sim, muito e incompreensível desperdício na Terra.
Reparte a tua fartura com a escassez do teu próximo.
Divide os teus recursos, tuas conquistas e vê-los-ás multiplicados em mil mãos que se erguerão louvando e abençoando as tuas, generosas.
Passarás pelo mundo queiras ou não. Os teus feitos ficarão aguardando o teu retorno.
Como semeares, assim colherás.
O que desperdiçares hoje, faltar-te-á amanhã, não o duvides.
Sê pródigo sem ser perdulário, generoso sem ser desperdiçador e o que conseguirás será crédito ou débito na contabilidade da tua vida perene.
3 - PRESENÇA DO EGOÍSMO
No fundo das desgraças humanas o egoísmo sempre aparece como causa essencial.
Urde a agressividade e inspira a fuga ao dever sob disfarces inescrupulosos com que passa ignorado.
Remanescente das paixões que predominam em a natureza animal, vige com vigor, logrando triunfos de mentira com que não consegue saciar a sede dos gozos nem organizar o bastião de segurança em que busca apoio para a sistemática autodefesa.
Examinemo-lo em algumas nuanças:
O mentiroso acredita que se exime à responsabilidade do cometimento que oculta e, não raro, avança no rumo da infâmia ou calúnia logo a oportunidade se lhe faça propícia.
O egoísmo é-lhe o nefando inspirador.
O perseguidor crê-se amparado pela necessidade do desforço justo ou que procura justificar, transformando-se em implacável algoz.
O egoísmo sustenta-o na empresa inditosa.

O sensualista perverte o próximo, desrespeitando a honestidade das vítimas que lhe caem nas armadilhas.
O egoísmo absorvente emula-o ao desar contínuo. O avaro amealha com sofreguidão, cobrando à sociedade um tributo absurdo, devorando os bens alheios e permitindo-se devorar pela sandice.
O egoísmo faz-se-lhe a força que o propele na infeliz tarefa.
O assaltante de qualquer denominação apropria-se indebitamente, utilizando-se, subrepticiamente, da astúcia, da temeridade, do cinismo, da loucura.
O egoísmo domina-o feroz.
O misantropo arroga-se direitos na infelicidade que se impõe e exerce enérgico domínio em torno dos próprios passos com que não amaina a melancolia em que se compraz.
O egoísmo concita-o à lamentável situação.
O vício de qualquer tipo, exercendo dominação sobre o homem, sem facultar a outrem qualquer ensancha de prazer.
Crê-se merecedor de tudo e a si mesmo se concede somente direitos e permissividades.
Morbo pestilencial, no entanto, consome aquele que o agasalha e vitaliza.
Destrói em volta, sem embargo aniquila-se.
O conhecimento da vida espiritual constitui o antídoto eficaz a tão violento quão generalizado mal: o egoísmo.
Descarta-te de excessos e, disposto a vencê-lo, distribui o que te seja também necessário.
Não é uma conclamação à imprevidência, tampouco apoio à avareza.
Imprescindível combater por todos os modos possíveis esse adversário que se assenhoreia da alma e lhe estrangula as possibilidades de libertação.
Ama e espraia-te.
Desculpa e cresce na fraternidade. Serve e desdobra a esperança.
Ora e dilata os valores da iluminação espiritual, clarificando mentes e corações no propósito excelente de vencer em definitivo esse verdugo que tem sido a matriz de todos os males que pesam na economia moral, social e espiritual da Humanidade.
4 - AMOR-PRÓPRIO
É dos mais perigosos inimigos do homem. Ardilosamente oculta as intenções de que se nutre e exterioriza falsas argumentações com que se impõe, malévolo.
Ataca no momento azado, após realizar hábeis manobras, persistentes e vigorosas.
Consegue ocultar os objetivos reais que o açulam e enfileira-se com destaque entre os mais graves destruidores da harmonia íntima da criatura.
Intoxica quem o conduz e desfere dardos venenosos com segurança, produzindo vítimas que tombam, inermes, sob seus certeiros aguilhões.
Impiedoso, compraz-se quando esmaga e afivela à face a máscara de falsa compaixão com que dissimula os sorrisos da vitória nefasta.
Desvela-se sob artifícios e consegue desviar a atenção da sua tarefa lúgubre.
A queda do próximo alegra-o; a desdita de alguém emula-o; o descoroçoamento do lutador fascina-o; a derrota do adversário diverte-o ...
Este venal servidor da desdita chama-se amor-próprio.
Fere-se com facilidade e melindra-se sob pretextos imaginosos e fúteis.
Arregimenta o desculpismo para si mesmo e a fiscalização severa para os outros.
Por artimanhas domina os sentimentos e perturba o discernimento de quem lhe dá guarida.
Filho dileto do orgulho, é irmão gêmeo do egoísmo e célula cancerígena responsável por muitos reveses na vida das criaturas.
Combate-o com todas as forças.
Não lhe dês guarida nem convivas com as suas astúcias.
O amor a si mesmo recomendado por Jesus não objetiva os triunfos imediatos nem as situações acomodatícias.
Ajuda o Espírito a emergir das torpezas e a libertar-se das contingências transitórias, mediante a autodoação, a renúncia, a abnegação e o amor ao próximo.
Vidas que se podiam glorificar pelas oportunidades ditosas que fruem, malogram quando o amor-próprio as dirige.
Construções superiores do bem soçobram quando o amor-próprio as sitia.
Grupamentos humanos de relevância se desagregam quando o amor-próprio semeia o separatismo .
... E as guerras - conseqüência dos pequeninos conflitos que se travam nos grupos familiares - decorrem do amor-próprio doentio de governos arbitrários e enlouquecidos que tripudiam sobre os direitos humanos, e, transformados em abutres, logo sucumbem sobre os escombros dos vencidos em que se refestam ...
Jesus caluniado, agredido, desrespeitado, abandonado e crucificado, lecionando o amor fraternal - antítese do amor-próprio - e atestando a suprema força de que se encontrava investido, ofertou-nos, sábio, a mensagem-advertência salvadora contra esse inimigo que habita em nós e deve ser combatido sem tréguas: o amor-próprio.
5 - RENOVAÇÃO
A poda propicia a renovação da planta.
A drenagem faculta a modificação do campo. A decantação aprimora a qualidade do líquido.
O cautério enseja a laqueação de vasos e a destruição dos tecidos contaminados.
A modificação dos hábitos viciosos fomenta o entusiasmo que liberta do comodismo pernicioso e da atividade perturbadora.
Imperioso o esforço para a renovação que gera bênção e é matriz de prodigiosas conquistas.
Renovar idéias - haurindo no manancial inesgotável do Evangelho a inspiração superior.
Renovar palestras - mediante o exercício salutar do pensamento comedido e nobre.
Renovar atividades - colocando o "sal" da alegria e a gota de amor em cada tarefa a ser realizada.
Renovar objetivos - pelo estudo contínuo das metas e meios para a libertação espiritual, tendo em vista a decisão irrevogável de triunfar sobre as imposições afligentes que conspiram no mundo contra a paz verdadeira do Espírito.
Renovar é processo fecundo de produzir. Não apenas renovar para variar, antes reativar os valores que jazem vencidos pela rotina pertinaz, ou redescobrir os ideais que, a pouco e pouco, são consumidos pelo marasmo, vencidos pela modorra, desarticulados pelas contingências da mecânica realizadora.
A renovação interior - poda moral - desse modo, exige disciplina e sacrifício para lograr o êxito que se pretende colimar.
Diante da questão desagradável, que já consegues resolver, renova a paciência e tenta uma vez mais.
Ante a pessoa irritante que já conseguiu fazer-se antipática, renova conceitos e insiste na fraternidade um pouco mais.
Em face do antagonista gratuito que logra desagradar-te, renova o esforço de vencer-te e sê gentil ainda mais.
Perante o sofrimento que parece destruir-te, renova-te pela oração e confia mais.
O discípulo do Evangelho, que desdenha o milagre da renovação, pode ser comparado ao trabalhador que menospreza a esperança - tornando-se vítima fácil para o fracasso.
Jesus, o Sublime Exemplo, ensinando a perene urgência da renovação dos propósitos superiores, cercou-se de pessoas difíceis de ser amadas, compreendidas, ajudadas, não desperdiçando situações nem circunstâncias negativas, armadilhas e astúcias em momentos de aflitivas conjunturas, propiciando-nos, assim, a demonstração do valor do ideal e da vivência do bem, conseguindo todos renovar e tudo modificar, em razão dos objetivos elevados do Seu ministério entre os homens.
Sem reclamar contra o pecado, renovou os pecadores. Sem invectivar a astúcia, renovou as vítimas da perturbação bem urdida.
Sem reagir contra os que O perseguiam em caráter contumaz, renovou todos os que se facultavam à Sua palavra.
Toda a mensagem que nos legou, mediante palavras ou ações, constitui um poema e um hino de bênçãos à renovação do homem, do mundo e da Humanidade.
6 - HEROÍSMO DA RESIGNAÇÃO
O imediatismo dos interesses apaixonados confunde-a com demência ou a tem em conta de deficiência de forças para poder investir violentamente contra as circunstâncias.
Não falta quem se rebele contra os seus necessários impositivos.
Tacham-na de cobardia moral.
Crêem-na ultrapassada, nos dias voluptuosos do tecnicismo moderno.
Todavia, a resignação é bênção lenificadora, quando a vida responde em dor e sombra, infortúnio e dificuldade aos apelos do homem.
Alternativa redentora, que somente os bravos se conseguem impor, reforça os valores espirituais para as lutas mais ingentes da inteligência e do sentimento.
Não deflui de uma atitude de medo, porquanto isso seria injustificado ante as Leis Superiores, mas resulta de morigerada e lúcida reflexão que favorece o perfeito entendimento das imposições evolutivas.

O conhecimento dos fatores causais dos sofrimentos premia o homem com a tranqüila responsabilidade que assume, em relação aos gravames que os motivaram.
Quiçá a resignação exija mais dinâmica da coragem para submeter-se, do que requereria a reação rebelada da violência.
Entrementes, a atitude resignada não significa parasitismo nem desinteresse pela luta. Ao contrário, enseja fecundo labor ativo de reconstrução interior, fixação de propósitos salutares em programa eficaz de enobrecimento.
Ceder, agora, a fim de conseguir mais tarde. Aguardar o momento oportuno, de modo a favorecer-se com melhores resultados
Reagir pela paciência e mediante a confiança imbatível em Deus, apesar do quanto conspire, aparentemente contra.
Crer sem desfalecimento, embora as aparências aziagas.
Porfiar no serviço edificante sem engendrar técnicas da astúcia permissiva, quando tudo se apresenta em oposição.
Manter-se na alegria, não obstante sofrendo ou incompreendido, abandonado ou vencido, expressa os triunfos da resignação no homem consciente dos objetivos reais da existência na Terra.
O metal em altas temperaturas funde-se. O rio caudaloso na planície espalha-se.
A semente no solo adubado transforma-se.
O cristão ativo na construção do testemunho resigna-se.
A própria reencarnação é um ato de submissão, quanto a desencarnação, desde que ocorrem independentemente da vontade do aprendiz que se deve resignar às exigências superiores da evolução.
Resignação, por conseguinte, é conquista da não violência do Espírito que supera paixões e impulsos vis, a fim de edificar-se e triunfar sobre si mesmo e, em conseqüência, sobre os fatores negativos que lhe obstaculam o avanço libertador.
Joanna de Ângelis

LEI DE ADORAÇÃO

01 - Lei de Adoração
Perg. 649 L.E. - Em que consiste a adoração? - "Na elevação do pensamento a Deus. Deste, pela adoração, aproxima o homem sua alma".
Perg. 659 L.E. - Qual o caráter geral da prece? -"A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar n'Ele; é aproximar-se d'Ele; é pôr-se em comunicação com Ele. A três coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir, agradecer."
1 - AMAR A DEUS
Amor é vida.
Sem o amor de Deus que tudo vitaliza, a Criação volveria ao caos do princípio.
Antes, portanto, do amor não havia Criação, porque Deus é Amor.
Sem amor ao próximo não se pode amar a Deus. Nesse particular, o Evangelho é todo um hino ao Criador, mediante o eloqüente testemunho de amor ao próximo, apresentado por Jesus.
Em todos os Seus passos o amor se exterioriza numa canção de feitos, renovando, ajudando e levantando os Espíritos.
Não podendo o homem romper a caixa escura do egoísmo, saindo de si na direção da criatura, sua irmã, dificilmente compreenderá o impositivo do amor transcendente em relação à Divindade.
Quando escasseiam os recursos da elevação interior pelo pensamento vinculado ao Supremo Construtor do Cosmo, devem abundar os esforços no labor da fraternidade em direção às demais criaturas, do que decorre, inevitavelmente, a vinculação amorosa com Deus. Porquanto ninguém pode pensar no próximo sem proceder a uma imperiosa necessidade de fazer interrogações que levam à Causa Central.
O homem constitui, indubitavelmente, um enigma que só à luz meridiana da reencarnação - técnica do amor e da Justiça Divina - pode ser entendido.
Na vida, sob qualquer expressão, está manifesto o amor.
Mediante o amor animam-se as forças atuantes e produtivas da Natureza, no mineral, no vegetal, no animal, no homem e no anjo.
Dilata, desse modo, as tuas expressões íntimas, dirigindo-as para o bem e não te preocupes com o mentiroso triunfo do mal aparente.
Exalça a vida e não te detenhas na morte. Glorifica o dever e não te reportes à anarquia.
Fala corretamente e retificarás os conceitos infelizes.
Se te impressionam as transitórias experiências do primitivismo e da barbárie que ainda repontam na Terrra, focaliza a beleza e superarás as sombras e inquietações ...
A maneira mais agradável de adorar a Deus é elevar o pensamento a Ele, por meio do culto ao bem e do amor ao próximo.
Desce à dor e ergue o combalido à saúde íntima; mergulha no paul e levanta ao planalto os que ali encontres; curva-te para socorrer, no entanto, ascende no rumo de Deus pelo pensamento ligado ao Seu amor e vencerás os óbices.
Se desejas, todavia, compreender a necessidade de amar a Deus, acompanha o desabrochar de uma rosa, devolvendo o perfume à vida, o que extrai do solo em húmus e adubo ... Fita uma criança, detém-te num ancião ...
Ama, portanto, pelo caminho, quanto possas - plantas, animais, homens, e te descobrirás, por fim, superiormente, amando a Deus.
2 - ORAÇÃO NO LAR
A transformação do lar em célula viva do Cristianismo operante constitui labor impostergável.
Por mais valiosas se façam as conquistas externas na atividade quotidiana, com vistas ao progresso e à felicidade, se tais aquisições não encontrarem fundações de segurança no reduto doméstico far-se-ão edificações em constante perigo.
Isto, porque, o lar é a matriz geradora da comunidaade ditosa, sobre o qual repousam os sustentáculos das nacionalidades progressistas.
Os distúrbios internos em qualquer máquina de serviço provocam prejuízo na rentabilidade, quando não e dá a paralisação do trabalho com danos imprevisíveis.
A família é o fulcro da maior importância para o homem.
Não obstante os complexos mecanismos da reencarnação, os criminógenos ou os estímulos honoráveis encontram no núcleo familiar as condições fomentadoras para o eclodir das paixões insanas como o das sublimes. Obviamente, nesse capítulo, de quando em quando surgem exceções, como atestando que o diamante valioso, apesar de tombado na lama, fulgura, precioso, ou a pedra bruta, embora o engaste nobre e o estojo especial, de forma alguma adquire valor.
Num lar lucilado pela oração em conjunto onde, a par do exemplo salutar dos cônjuges, a palavra do Senhor recebe consideração e apontamentos superiores, ao menos periodicamente, os dramas passionais, as ocorrências infelizes, os temores e as discórdias cedem lugar à compreensão fraternal, à caridade recíproca, à paciência, ao amor.
Ali se caldeiam os complexos fenômenos da evolução e se resolvem em clima de entendimento os problemas urgentes que dizem respeito à recuperação de cada um. Não apenas se ajustam e se sustentam afetivamente os nubentes, como se organizam os programas iluminativos, retemperando-se ânimo e ideais sob a inspiração do Cristo sempre presente.
Companheiros sinceros queixam-se quanto aos danos promovidos pelos modernos veículos de comunicação de massa.
Diversos expositores do verbo espírita invectivam contra as permissividades hodiernas.
Mentes lúcidas, considerando a áspera colheita de espinhos da atualidade, reagem com emoção por meio da palavra falada ou escrita.
Muitos oferecem programas complexos de ação, talvez impraticáveis, debatem, acusam, vociferam ...
Mas pouco fazem realmente.
O trabalho do bem é paulatino, e a reforma moral, para ser autêntica, será sempre individual, bem laborada, sacrificial.
As técnicas ajudam, todavia, só a persuasão honesta, mediante a qual o homem se conscientiza das necessidades reais, consegue lograr libertá-lo dos compromissos inditosos, engajando-o nas disposições restauradoras.
De pouca monta o esforço para ajudar a renovação do próximo, se não ensinar fixado ao exemplo da própria modificação íntima para melhor.
O exercício evangélico na família a pouco e pouco, em clima de cordialidade e simpatia, consegue neutralizar a má propaganda, as investidas violentas do crime de todo porte que se insinuam e irrompem dominadoras.
Ao realizares o Culto Evangélico do lar não te excedas em tempo, a fim de serem evitados a monotonia e o desinteresse.
Não o imponhas aos que te não compartem as idéias ou preferem, por enquanto, outros rumos.
Tenta a argumentação honesta e branda, convincennte e autêntica.
Insiste junto aos filhinhos para que comunguem contigo do pão do Espírito, conforme de ti recebem o pão do corpo.
Faze, porém, a tua parte.
Se sentires a tentação do desânimo, a amargura da decepção, recorda-te do otimismo dos primeiros cristãos e não desfaleças. Orando em conjunto, recomendavam os invigilantes, os perturbadores e inditosos ao Senhor, haurindo forças na comunhão fraterna para os testemunhos com que ensementaram na Humanidade as excelências da Boa Nova, que ora te alcança o Espírito sem as agruras da perseguição externa e das dolorosas injunções da impiedade humana.
Acenda o sol do Evangelho em casa, reúne-te com os teus para orar e jamais triunfarão trevas em teu lar, em tua família, em teu coração.
3 - DECISÃO NA VERDADE
" ... Havendo eu sido cego, agora vejo." (João: 9-25)
O jovem padecia de cegueira desde o nascimento. Jamais conhecera a luz.
Sua vida se encontrava povoada de trevas, em cujos meandros tateava com aflição.
Jesus abriu-lhe os olhos, concedendo-lhe diamantina claridade da visão.
Inundado pela luz externa que o fascinou, enriqueceu-se de gratidão por Aquele que o libertou.
Instado à informação do fato, deu-a inciso, conciso, num eloqüente testemunho de júbilo.
Não acreditado pelos que o cercavam e inquiriam, reafirmou a ocorrência, asseverando haver sido ele o antigo cego, em face da dúvida que o cercava.
Convidado a opinar sobre quem o beneficiara, fez-se conclusivo: "É um profeta!"
Intimado a injuriar e desmerecer o desconhecido benfeitor, a ingratidão de muitos que logo olvidam o socorro recebido, permitindo-se a dúvida, ao lado da subserviência aos transitórios triunfadores, foi explíciito:
- "Se é pecador, não o sei; uma coisa eu sei: havendo eu sido cego, agora vejo".
Não lhe importava quem Ele era e sim o que lhe fizera.
Defrontam-se no ensino evangélico as duas conjunturas habituais: luz e treva.
Enfrentam-se as duas situações: verdade e mentira.
Duela a suspeita com a convicção.
Teima a pusilanimidade contra o sentimento leal. Insiste o despeito, agredindo a nobreza.
O fato, porém, triunfa.
O bem relevante sobrenada entre as águas turvas do mal enganoso.
Nada importava ao jovem, agora vidente. O essencial era que se encontrava a ver.
Nem assim, diante das evidências, cessava a hostiilidade contra o "Filho de Deus".
O cipoal das paixões humanas, mediante as habilidades da astúcia, abria-se em ardis infelizes, tentando apanhar o incomparável Amigo dos sofredores.
Hoje, no entanto, ainda é assim.
Tropeçam e atropelam-se os cegos do corpo com os do Espírito. Os últimos são piores do que os primeiros porque se negam a ver, preferindo a urdidura da infâmia e da perversidade na qual se distraem e anestesiam a razão.
Cuida-te contra a cegueira imposta pelos preconceitos, pelo orgulho, pelos descalabros de todo porte.
Já fizeste o teu encontro com Jesus.
Agora vês. Beneficia-te da claridade a fim de proogredires.
Não mais acondiciones trevas morais nas antigas sombras dominadoras das paisagens íntimas.
Sai na direção do dia de sol para servir.
Caminha no rumo da luz e referta-te de claridades divinas, difundindo a esperança e a alegria.
Confessa o teu Amigo Sublime perante todos e segue, intimorato, ajudando em nome d'Ele os que ainda se debatem na escuridão donde saíste e que anseiam, também, pela bênção da visão a fim de enxergarem.
4 - MUITOS CHAMADOS
(MATEUS XXII: 1 A 14)
Mesmo hoje é assim ...
Atônitas, as multidões procuram a diretriz do reino dos céus; não obstante, engalfinham-se nas tórridas lutas pela posse da Terra.
Fascinam-se com as narrativas evangélicas e comovem-se ante os padecimentos do Senhor quando lêem a Sua vida; todavia não se resolvem a seguir em definitivo os roteiros iluminativos, por meio dos quais os valores humanos mudam de expressão.
Examinando, igualmente, o comportamento de muitos companheiros de lides, verificarás que a parábola expressiva do Senhor mantém-se em plena atualidade para eles também.
Depois de experimentarem o contato com as legitimidades do Espírito, sentem-se dominados pelo desejo sincero de espraiarem as certezas que a Boa Nova lhes oferece. Entretanto, aos primeiros impedimentos e problemas, perfeitamente consentâneos com a posição evolutiva que os caracteriza, reagem, dizendo-se descrentes, atormentam-se e debandam.
Acreditam que são credores de especiais concesssões, tendo em vista haverem recebido o convite para o banquete na corte do Grande Rei e o terem aceitado com demonstrações de vivo entusiasmo ...
Não lhes acode, porém, ao discernimento, que para qualquer solenidade se fazem indispensáveis compostura própria e traje adequado.
Tais são as ações nobilitantes que conferem investidura e insígnias para o comparecimento ao ágape real.
Por isso, as multidões esfaimadas de amor e sabedoria ainda não se resolveram fartar-se nos celeiros sublimes da Revelação Espírita ora ao alcance de todos, demorando-se em contínua aflição.
Buscando os tesouros do espírito, disputam, aguerridamente, as posses que os "ladrões roubam, as traças roem e a ferrugem gasta ... "
Já que recebeste o chamado para a transformação moral ao alento da luz espírita que te aclara os dédalos do mundo interior, não titubeies. Estuga o passo na senda habitual e reflete, deixando-te permear pelas lições de esperança e renovação com que te armarás para os combates ásperos contra os severos adversários que a quase todos vencem: o egoísmo, o orgulho, a ira, o ciúme e seus sequazes, ensinando, pelo exemplo, fraternidade e amor.
Não te preocupes pelo proselitismo como pelo arrrastamento das multidões à fé que te comove.
Recorda-te de Jesus que não veio para compactuar com as comezinhas paixões, tampouco para agradar os campeões da insensatez - maneira segura de conseguir simpatizantes e adeptos - antes para inaugurar o principado da felicidade ao qual são "muitos chamados", porém poucos escolhidos".
5 - BENFEITORES DESENCARNADOS E PROBLEMAS HUMANOS
A promoção dos chamados mortos à categoria de benfeitores e santos resulta de um atavismo religioso de que o homem só a esforço insistente consegue liibertar-se.
Enquanto transitam pelo corpo material, os menos projetados na sociedade são teimosamente ignorados, quando não sistematicamente abandonados.
Sofredores que por decênios de dor e amargura suportaram em silêncios estóicos a pesada canga das aflições; pessoas humildes que se apagaram nos labores singelos; enfermos em indigência e desprezo, atados a cruzes de demorada agonia; lutadores anônimos que esbarraram em dificuldades e padeceram ignomínias da imprevidência dos seus verdugos; pais e mães inclusos nos cárceres dos deveres sacrificiais, relegados às posições inferiores do lar, tão logo retomam à pátria são içados pelas consciências culpadas à condição santificante com que assim esperam exculpar-se à indiferença e ao desprezo que lhes impuseram.

Não apenas estes, porém, que merecem pelos padecimentos sofridos uma liberação abençoada.
Crê-se, no entanto, que a morte é ponte para a santificação, mesmo a daqueles que não a merecem.
Supõem que, com a desencarnação, ao se esquecerem com facilidade os descalabros que foram cometidos, pode-se conferir-Ihes uma situação ditosa, ao paladar da trivialidade a que se entregam.
Não o fazem, porém, por amor.
Como exploraram e feriram, usaram e maceraram os que lhes dependiam, direta ou indiretamente, esperam continuar exigindo ajudas que não merecem, em comércio de escravidão contínua com os que já partiram ...
Mentes viciadas pela acomodação aos velhos hábiitos da preguiça e da rebeldia, não logram desprenderrse dos problemas pessoais mesquinhos a que se aferrram, por Ihes aprazer enganar e enganar-se.
Dizem-se em sofrimento e preferem a condição de vítima da Divindade à de colaboradores de Deus.
Asseveram que só o insucesso Ihes ocorre e demoram-se na lamentação ao invés da ação saneadora do mal.
Teimam por receber tratamento especial dos Céus, e, sem embargo, não se facultam crescer, sintonizanndo com as leis superiores que regem a vida.
Rogam bens que não sabem aplicar, desperdiçando valioso tempo em consultas inúteis e conversações fúteis em que mais se anestesiam na autopiedade e na ilusão.
Afirmam que os seus mortos estão no paraíso enquanto eles jazem na Terra, esquecidos.
Fiéis ao ludíbrio pelo artificialismo das oferendas materiais, prometem-lhes missas, "sessões solenes", cultos especiais, flores e outras manobras artificiais com que gostam de insistir na vaidosa presunção da astúcia sistemática.
Em vão, porém.
Quando ditosos, os desencarnados são apenas amigos generosos que intercedem, ajudam e inspiram, mas não podem modificar os compromissos que os seus afeiçoados assumiram desde antes do berço, conforme não se eximiram eles mesmos aos braços da cruz em que voaram no rumo da felicidade.
Quando em desdita no além-túmulo, são para eles inócuas todas as expressões dos chamados "cultos externos" das religiões terrestres.
A oração ungida de amor, as ações caridosas em sua homenagem refrigeram-nos e ajudam-nos a entender melhor a própria situação, armazenando forças para as reencarnações futuras.
Desse modo, esforça-te para resolver os teus problemas sem perturbar os que agora merecem a justa paz depois das lutas ásperas que sofreram.
Respeita a memória dos desencarnados e sem os títulos mentirosos da Terra, tem-nos em conta de amigos queridos não subalternos que te poderão ajudar, porém que necessitam, a seu turno, de evoluir também.
6 - AGRADECIMENTO

Seja qual for a ocorrência que te surpreenda, concitando-te ao júbilo ou à aflição, dá graças.
Não te olvides do valor da gratidão nos passos da vida.
A cada instante estás chamado ao reconhecimento pelas concessões que te enriquecem em experiências, em iluminação, em saúde, em paz e não apenas ante os valores transitórios das moedas e dos títulos que muito se disputam na Terra.
Não te impeças a emoção do reconhecimento, a exteriorização dos sentimentos da gratidão.
Há pessoas que, não obstante a elevação de propósitos, se sentem constrangidas, angustiando-se sem encontrarem a forma de expressar as graças de que estão possuídas. Outras acreditam que não se faz necessário apresentar ao benfeitor os protestos de reconhecimento, porque são mais valiosos os que se demoram silenciados.
Não têm razão os que assim pensam e agem.
Uma palavra de bondade ou uma frase simples, porém imantada pela unção da sinceridade, estimula e alegra quem recebe, concitando a novos cometimenntos, à continuação dos gestos de enobrecimento e amor.
Embora quem se faz útil e goste de ajudar não se deva prender à resposta do beneficiado, não há por que se desconsidere o dever do amor retributivo.
O amor que enfrenta a hostilidade e a transforma ressurge como compreensão no agressor, assim retribuindo a afeição recebida.
Agradece, desse modo, as coisas que te cheguem, como sejam e de que se constituam. Favores divinos objetivam tua felicidade.
Se defrontas problemas, agradece a oportunidade e desafio para a luta pela paz.
Se tropeças na incompreensão, agradece o ensejo de provar a excelência dos teus sentimentos.
Se despertas na enfermidade, agradece a concessão do sofrimento purificador.
Se recebes bondade e afeição, agradece a dádiva para o esforço evolutivo.
Se colhes alegrias e saúde, agradece o tesouro que deves aplicar nas finalidades superiores da vida.
O espinho, o pedregulho chamam a atenção do viandante para o solo por onde transita; o aguilhão impele à rota correta; o testemunho de qualquer condição revela as qualidades íntimas.
Gratidão é sentimento nobre - cultiva-o para o próprio bem.
O sol aquece, a noite tranqüiliza, a chuva alimenta, o adubo fertiliza, a poda revigora - tudo são bênçãos da vida.
Agradece sem cessar as doações divinas que fruis e esparze gratidão onde estejas, com quem te encontres, diante de tudo que recebas ou que te aconteça.
Joanna de Ângelis
Leis Morais da Vida

Conhecendo o Livro O Céu e o Inferno : "Espíritos Endurecidos"Lapomemeray

LAPOMMERAY

Castigo pela luz
Em uma das sessões da Sociedade de Paris, durante a qual se discutira a perturbação que geralmente acompanha a morte, um Espírito, ao qual ninguém fizera alusão e muito menos se pretendera evocar, manifestou-se espontaneamente pela seguinte comunicação, que, conquanto não assinada, se reconheceu como sendo de um grande criminoso recentemente atingido pela justiça humana:
"Que dizeis da perturbação? Para que essas palavras ocas? Sois sonhadores e utopistas. Ignorais redondamente o assunto do qual vos ocupais. Não, senhores, a perturbação não existe, a não ser nos vossos cérebros. Estou bem morto, tão morto quanto possível e vejo claro em mim, ao derredor de mim, por toda parte!... A vida é uma comédia lúgubre! Insensatos os que se retiram da cena antes que o pano caia. A morte é terror, aspiração ou castigo, conforme a fraqueza ou a força dos que a temem, afrontam ou imploram. Mas é também para todos amarga irrisão.
"A luz ofusca-me e penetra, qual flecha aguda, a sutileza do meu ser. Castigaram-me com as trevas do cárcere e acreditavam castigar-me ainda com as trevas do túmulo, senão com as sonhadas pelas superstições católicas...
"Pois bem, sois vós que padeceis da obscuridade, enquanto que eu, degredado social, me coloco em plano superior. Eu quero ser o que sou!... Forte pelo pensamento, desdenhando os conselhos que zumbem aos meus ouvidos... Vejo claro... Um crime! É uma palavra! O crime existe em toda parte. Quando executado pelas massas, glorificam-no, e, individualizado, consideram-no infâmia. Absurdo!
"Não quero que me deplorem... nada peço... lutarei por mim mesmo, só, contra esta luz odiosa. Aquele que ontem era um homem."
Analisada esta comunicação na assembléia seguinte, reconheceu-se no próprio cinismo da sua linguagem um profundo ensinamento, patenteando na situação desse infeliz uma nova fase do castigo que espera o culpado. Efetivamente, enquanto alguns são imersos em trevas ou num absoluto insulamento, outros sofrem por longos anos as angústias da extrema hora, ou acreditam-se ainda encarnados.
Para estes, a luz brilha, gozando o Espírito, e plenamente, das suas faculdades, sabendo-se morto e não se lastimando, antes repelindo qualquer assistência e afrontando ainda as leis divinas e humanas. Quererá isto dizer que escapassem à punição? De modo algum; é que a justiça de Deus completa-se sob todas as formas, e o que a uns causa alegria é para outros um tormento. A luz faz o suplício desse Espírito, e é ele próprio que o confessa, em que pese ao seu orgulho, quando diz que lutará por si mesmo, só, contra essa luz odiosa. E ainda nesta frase: - "a luz ofusca-me e penetra, qual flecha aguda, a sutileza do meu ser".
Essas palavras: - "sutileza do meu ser", são características, dando a entender que sabe que o seu corpo e fluídico e penetrável à luz, à qual não pode escapar, luz que o penetra qual aguda flecha. Este Espírito aqui está colocado entre os endurecidos, em razão do muito tempo que levou, antes que manifestasse arrependimento - o que é também um exemplo a mais para provar que o progresso moral nem sempre acompanha o progresso intelectual. Entretanto, pouco a pouco se foi corrigindo, e deu mais tarde ditados instrutivos e sensatos. Hoje, ele poderá ser colocado entre os Espíritos arrependidos. Convidados a emitirem a sua apreciação a respeito, os nossos guias espirituais ditaram as três seguintes comunicações, aliás dignas da mais séria atenção.

I

Sob o ponto de vista das existências, os Espíritos na erraticidade podem considerar-se inativos e na expectativa; mas, ainda assim, podem expiar, uma vez que o orgulho e a tenacidade formidável dos seus erros não os tolham no momento da progressiva ascensão. Tivestes disso um exemplo terrível na última comunicação desse criminoso impenitente, debatendo-se com a justiça divina a constringi-lo depois da dos homens.
Neste caso a expiação ou, antes, o sofrimento fatal que os oprime, ao invés de lhes ser útil, inculcando-lhes a profunda significação de suas penas, exacerba-os na rebeldia, e dá azo às murmurações que a Escritura em sua poética eloqüência denomina ranger de dentes.
Esta frase, simbólica por excelência, é o sinal do sofredor abatido, porém insubmisso, isolado na própria dor, mas bastante forte ainda para recusar a verdade do castigo e da recompensa! Os grandes erros perduram no mundo espiritual quase sempre, assim como as consciências grandemente criminosas. Lutar, apesar de tudo, e desafiar o infinito, pode comparar-se à cegueira do homem que, contemplando as estrelas, as tivesse por arabescos de um teto, tal como acreditavam os gauleses do tempo de Alexandre.
O infinito moral existe! E miserável e mesquinho é quem, a pretexto de continuar as lutas e imposturas abjetas da Terra, não vê mais longe no outro mundo, do que neste.
Para esse a cegueira, o desprezo alheio, o egoístico sentimento da personalidade, são empecilhos ao seu progresso. Homem! é bem verdade que existe um acordo secreto entre a imortalidade de um nome puro, legado à Terra, e a imortalidade realmente conservada pelos Espíritos nas suas sucessivas provações. Lamennais.

II

Precipitar um homem nas trevas ou em ondas de luz não dará o mesmo resultado? Num como noutro caso, esse homem nada vê do que o cerca, e habituar-se-á mesmo mais facilmente à sombra do que à monótona claridade elétrica, na qual pode estar submerso. O Espírito manifestado na última sessão exprime bem a verdade quando diz: "Oh! eu saberei libertar-me dessa odiosa luz." De fato, essa luz é tanto mais terrível, horrorosa, quanto ela o penetra completamente e lhe devassa os pensamentos mais recônditos. Aí está uma das circunstâncias mais rudes de tal castigo espiritual. O Espírito encontra-se, por assim dizer, na casa de vidro pedida por Sócrates. Disso decorre ainda um ensinamento, visto como o que seria alegria e consolo para o sábio, transforma-se em punição infamante e contínua para o perverso, para o criminoso, para o parricida, sobressaltado em sua própria personalidade. Meus filhos, calculai o sofrimento, o terror dos hipócritas que se compraziam em toda uma existência sinistra a planejar, a combinar os mais hediondos crimes no seu foro íntimo, quais feras refugiadas no seu antro, e que hoje, expulsas desse covil intimo, não se podem furtar à investigação dos seus pares...
Arrancada que lhe seja a máscara da impassibilidade, todos os pensamentos se lhe estampam na fronte! Sim, e além de tudo nenhum repouso, nada de asilo para esse formidando criminoso. Todo pensamento mau - e Deus sabe se a sua alma o exprime -se lhe trai por fora e por dentro, como impelido por choque elétrico irresistível. Procura esquivar-se à multidão, e a luz odiosa o devassa continuamente. Quer fugir, e desanda numa carreira infrene, desesperada, através dos espaços incomensuráveis, e por toda a parte luz, olhares que o observam. E corre, e voa novamente em busca da sombra, em busca da noite, e sombra e noite não mais existem para ele! Chama pela morte... Mas a morte não é mais que palavra sem sentido. E o infeliz foge sempre, a caminho da loucura espiritual - castigo tremendo, dor horrível, a debater-se consigo para se desembaraçar de si mesmo, porque tal é a lei suprema para além da Terra, isto é: o culpado busca por si mesmo o seu mais inexorável castigo.
Quanto tempo durará esse estado? Até o momento em que a vontade, por fim vencida, se curve constrangida pelo remorso, humilhada a fronte altiva ante os Espíritos de justiça e ante as suas vítimas apaziguadas.
Notai a lógica profunda das leis imutáveis; com isso o Espírito realizará o que escrevia nessa altaneira comunicação tão clara, tão lúcida, tão desconsoladoramente egoística, comunicação que vos deu na sexta-feira passada, redigindo-a por um ato da sua própria vontade. Éraste.

III

A justiça humana não faz distinção de individualidades, quanto aos seres que castiga; medindo o crime pelo próprio crime, fere indistintamente os infratores, e a mesma pena atinge o paciente sem distinção de sexo, qualquer que seja a sua educação. De modo diverso procede a justiça divina, cujas punições correspondem ao progresso dos seres aos quais elas são infligidas. Igualdade de crimes não importa, de fato, igualdade individual, visto como dois homens culpados, sob o mesmo ponto de vista, podem separar-se pela dessemelhança de provações, imergindo um deles na opacidade intelectiva dos primeiros círculos iniciadores, enquanto que o outro dispõe, por haver ultrapassado esses círculos, da lucidez que isenta o Espírito da perturbação. E nesse caso não são mais as trevas a puni-lo, mas a agudeza da luz espiritual que vara a inteligência terrena e lhe faz sentir as dores de uma chaga viva.
Os seres desencarnados que presenciam a representação material dos seus crimes, sofrem o choque da eletricidade física: padecem pelos sentidos. E aqueles que pelo Espírito estejam desmaterializados sofrem uma dor muito superior que lhes aniquila, por assim dizer, em seus amargores, a lembrança dos fatos, deixando subsistir a noção de suas respectivas causas.
Assim, pode o homem, a despeito da sua criminalidade, possuir um progresso interno e elevar-se acima da espessa atmosfera das baixas camadas, isto pelas faculdades intelectuais sutilizadas, embora tivesse, sob o jugo das paixões, procedido como um bruto. A ausência de ponderação, o desequilíbrio entre o progresso moral e o intelectual, produzem essas tão freqüentes anomalias nas épocas de materialismo e transição. A luz que tortura o Espírito é, portanto e precisamente, o raio espiritual inundando de claridades os secretos recessos do seu orgulho e descobrindo-lhe a inanidade do seu fragmentário ser. Aí estão os primeiros sintomas, as primeiras angústias da agonia espiritual, e que prenunciam a dissolução dos elementos intelectuais e materiais componentes da primitiva dualidade humana, e que devem desaparecer na unidade grandiosa do ser acabado. Jean Reynaud.
Além de se completarem reciprocamente, estas três comunicações, obtidas simultaneamente, apresentam o castigo debaixo de um novo prisma, aliás eminentemente filosófico e racional. É provável que os Espíritos, querendo tratar do assunto de acordo com um exemplo, tivessem provocado a manifestação do culpado
Ao lado deste quadro vivo, baseado sobre um fato, eis, para estabelecer um paralelo, este que um pregador de Montreuil-sur-Mer, em 1864, por ocasião da quaresma, traçou do inferno:
"O fogo do inferno é milhões de vezes mais intenso que o da Terra, e se acaso um dos corpos que lá se queimam, sem se consumirem, fosse lançado ao planeta, empestá-lo-ia de um a outro extremo! O inferno é vasta e sombria caverna, eriçada de agudas pontas de lâminas de espadas aceradas, de lâminas de navalhas afiadíssimas, nas quais são precipitadas as almas dos condenados." (Ver a Revue Spirite, julho de 1864, pág. 199.)

ANGÈLE, nulidade sobre a Terra

(Bordéus, 1862)
Com este nome, um Espírito se apresentou espontaneamente ao médium.
1. - Arrependei-vos das vossas faltas? - R. Não. - P. Então por que me procurais? - R. Para experimentar. - P. Acaso não sois feliz? - R. Não. - P. Sofreis? - R. Não. - P. Que vos falta, pois? - R. A paz.
Nota - Sob este nome, um Espírito se apresenta espontaneamente ao médium, habituado a este gênero de manifestações, pois sua missão parece ser a de assistir os Espíritos inferiores que o seu guia espiritual lhe conduz, no duplo propósito da sua própria instrução e do progresso deles.
- P. Quem sois? Este nome é de homem ou de mulher? - R. De homem, e tão infeliz quanto possível. Sofro todos os tormentos do inferno.
- P. Mas se o inferno não existe, como podeis sofrer-lhe as torturas? - R. Pergunta inútil. - P. Compreendo, mas outros precisam de explicações... - R. Isso pouco me incomoda.
- P. O egoísmo não será uma das causas do vosso sofrimento? - R. Pode ser.
- P. Se quiserdes ser aliviado, começai repudiando as más tendências ... - R. Não te incomodes com o que não é da tua conta; principia orando por mim, como praticas com os outros, e depois veremos.
- P. A não me auxiliardes com o vosso arrependimento, a prece pouco valor poderá ter. - R. Mas falando, em vez de orares, menos ainda me adiantarás.
- P. Então desejais adiantar-vos? - R. Talvez... não sei. Vejamos o essencial, isto é, se a prece alivia os sofrimentos.
- P. Unamos então os nossos pensamentos com a firme vontade de obter o vosso alívio. - R. Vá lá.
- P. (Depois da prece.) Estais satisfeito? - R. Não como fora para desejar.
- P. Mas o remédio, aplicado pela primeira vez, não pode curar imediatamente um mal antigo... - R. É possível...
- P. Quereis voltar? - R. Se me chamares...
O guia da médium. - Filha, terás muito trabalho com este Espírito endurecido, mas o maior mérito não advém de salvar os não perdidos. Coragem, perseverança, e triunfarás afinal. Não há culpados que se não possam regenerar por meio da persuasão e do exemplo, visto como os Espíritos, por mais perversos, acabam por corrigir- se com o tempo. O fato de muitas vezes ser impossível regenerá-los prontamente, não importa na inutilidade de tais esforços. Mesmo a contragosto, as idéias sugeridas a tais Espíritos fazem-nos refletir. São como sementes que, cedo ou tarde, tivessem de frutificar. Não se arrebenta a pedra com a primeira marretada.
Isto que te digo pode aplicar-se também aos encarnados e tu deves compreender a razão por que o Espiritismo não faz imediatamente homens perfeitos, mesmo entre os adeptos mais crentes.
A crença é o primeiro passo; vindo em seguida a fé e a transformação a seu turno; mas, além disso, força é que muitos venham revigorar-se no mundo espiritual.
Entre os Espíritos endurecidos, não há só perversos e maus. Grande é o número dos que, sem fazer o mal, estacionam por orgulho, indiferença ou apatia. Estes, nem por isso, são menos infelizes, pois tanto mais os aflige a inércia quanto mais se vêem privados das mundanas compensações.
Intolerável, por certo, se lhes torna a perspectiva do infinito, porém eles não têm nem a força nem a vontade para romper com essa situação. Referimo-nos a esses indivíduos que levam uma existência ociosa, inútil a si como ao próximo, acabando muita vez no suicídio, sem motivos sérios, por aborrecimento da vida.
Em regra, tais Espíritos são menos passíveis de imediata regeneração, do que os positivamente maus, visto como estes ao menos dispõem de energia, e, uma vez doutrinados, votam-se ao bem com o mesmo ardor que lhes inspirava o mal.
Aos outros, muitas encarnações se fazem precisas para que progridam, e isto pouco a pouco, domados pelo tédio, procurando, para se distraírem, qualquer ocupação que mais tarde venha transformar-se em necessidade.

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 122