Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!

sábado, 13 de julho de 2013

EADE-Estudo Aprofundado da doutrina espírita- Livro 1 - Cristianismo e Espiritismo - Roteiro 16 -Módulo 2 - As Epístolas de Paulo (3)



EADE - LIVRO I
ROTEIRO
16
Objetivos
Analisar os principais ensinos existentes nas epístolas destinadas
aos tessalonicensces, a Timóteo, a Tito, a Filêmon
e aos hebreus.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
As duas epístolas dirigidas aos tessalonicenses são consideradas os escritos
mais antigos do Novo Testamento. Abrangem instruções para as comunidades
cristãs recém-criadas.
As duas epístolas endereçadas a Timóteo, assim como a que foi enviada a Tito,
são chamadas de “pastorais” porque trazem orientações ao trabalho missionário
desses dois cooperadores e amigos de Paulo.
A carta a Filêmon é, na verdade, um pedido de perdão que Paulo faz em benefício
de Onésimo, um escravo fugitivo.
Ao contrário de todas as precedentes, a epístola aos hebreus teve a sua
autenticidade posta em dúvida desde a Antigüidade. Emmanuel, porém, afirma
que esta carta foi, efetivamente, escrita pelo próprio Paulo que a redigiu com
grande emoção.
AS EPÍSTOLAS DE PAULO (3)
1. Epístolas aos tessalonicenses
As duas epístolas dirigidas aos tessalonicenses são consideradas os primeiros
escritos de Paulo, e, também, os mais antigos do Novo Testamento.
Tessalônica, cidade litorânea, capital da Macedônia, na Grécia, foi visitada por
Paulo, Silas e Timóteo, durante a segunda viagem missionária do apóstolo.
(Atos dos Apóstolo, capítulo 16 a 18)
Após deixar Filipos, Paulo e seus companheiros passaram ali um tempo breve, mais longo
o suficiente para ganhar vários convertidos entre judeus e gregos que freqüentavam a
sinagoga e fundar uma igreja. Segundo Lucas, a oposição forçou os missionários a partir
precipitadamente. Eles seguiram para Acaia e trabalharam brevemente em Atenas e
depois, por um longo período, em Corinto. Foi durante esse período que Timóteo fez a
visita mencionada em I Tessalonicenses, 3:1-6 e que Paulo escreveu a primeira epístola,
sem dúvida de Corinto. 9
A duas epístolas foram redigidas em linguagem simples, focalizando
problemas surgidos na comunidade, ainda na infância da fé, a braços com costumes
e idéias do paganismo circundante, que ameaçavam penetrá-la. Revela
o tipo de pregação usual na igreja primitiva: sermões que se caracterizavam
pela simplicidade e clareza, denominados prédiga. Percebe-se, igualmente, que
Paulo se encontrava na primeira fase de compreensão do Evangelho. 5
O enfoque principal da primeira epístola é a futura vinda do Cristo, chamada
de parusia. Há indicações de que os tessalonicenses não compreenderam
o real sentido da ressureição e a forma de como o Cristo poderia retornar. Daí
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 16
EADE - Roteiro 16 - As epístolas de Paulo (3)
a razão das explicações contidas nessa carta. Não há dúvida de que Paulo foi
o seu autor. 10
A segunda epístola suscita problemas para os quais não há respostas consensuais. Sua linguagem
e conteúdo são suficientemente semelhantes aos de Tessalonicenses para indicar
que, se autêntica, foi provavelmente escrita não muito tempo depois da primeira epístola.
[...] A pungência da linguagem de Paulo pode sugerir também que ele próprio estava
sendo alvode ataque particular de pessoas de fora da igreja. [...] Na parte final da carta,
encontramos indícios de que alguns membros da igreja estava vivendo na ociosidade, à
custa dos outros. [...] Isso provocou forte censura de Paulo, que acreditava firmemente
que os cristãos deviam trabalhar para o seu sustento. 10
1.1 - Síntese dos principais ensinos das epístolas aos tessalonicenses
• Exortação a uma vida simples e santificada
Costumes dissolutos e práticas sexuais ultrajantes (encesto, por exemplo)
foram os maiores desafios enfrentados por Paulo junto aos povos gentílicos.
Eles se convertiam ao Cristianismo, mas tinham dificuldades em abrir mão
das práticas às quais estavam acostumados. Resulta o apóstolo lhes falarem
com veemência: “Finalmente, irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor
Jesus que, assim como recebestes de nós, de que maneira convém andar e
agradar a Deus, assim andai, para que continueis a progredir cada vez mais;
porque vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus.
Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da
prostituição, que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e
honra, não na paixão de concupiscência, como os gentios, que não conhecem
a Deus. Ninguém oprima ou engane a seu irmão em negócio algum, porque o
Senhor é vingador de todas estas coisas, como também, antes, vo-lo dissemos
e testificamos. Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a
santificação.” (1Ts 4:1-7)
• Ressurreição do Cristo
Percebe-se que os habitantes da Tessalônica acreditavam que as pessoas
mortas permaneciam dormindo, nada sabendo sobre a ressurreição nem sobre
a reencarnação, idéias comuns que os demais gregos tinham informações,
ainda que rudimentares.
“Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem,
para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança.
Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em
Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela
palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não
precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com
alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram
em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos
arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e
assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros
com estas palavras.” (1Ts 4:13-18)
• A outra vinda do Cristo
“Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e pela
nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento,
nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como
de nós, como se o Dia de Cristo estivesse já perto. [...] Não vos lembrais de que
estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco? [...] Então, irmãos, estai
firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja
por epístola nossa. E o próprio nosso Senhor Jesus Cristo, e nosso Deus e Pai,
que nos amou e em graça nos deu uma eterna consolação e boa esperança.”
(2Ts 2: 1-2, 5, 15-16)
Dirigindo-se aos irmãos de Tessalonica, o apóstolo dos gentios rogou-lhes concurso em
favor dos trabalhos evangélicos, para que o serviço do Senhor estivesse isento dos homens
maus e dissolutos, justificando apelo com a declaração de que a fé não é de todos.
Através das palavras de Paulo, percebe-se-lhe a certeza de que as criaturas perversas
se aproximariam dos núcleos de trabalho cristianizante, que a malícia delas poderia
causar-lhes prejuízos e que era necessário mobilizar os recursos do espírito contra semelhante
influência. O grande convertido, em poucas palavras, gravou advertência de
valor infinito, porque, em verdade, a cor religiosa caracterizará a vestimenta exterior de
comunidades inteiras, mas a fé será patrimônio somente daqueles que trabalham sem
medir sacrifícios, por instalá-la no santuário do próprio mundo intimo. A rotulagem
de cristianismo será exibida por qualquer pessoa, todavia, a fé cristã revelar-se-á pura,
incondicional e sublime em raros corações. 14
2. Epístolas a Timóteo
As duas epístolas a Timóteo são classificadas de pastorais porque salientam
a firmeza doutrinária e a consagração ao ministério do Senhor. «O caráter que
se diria hoje dogmático e moralista destas cartas é julgado pelos críticos como
sinal de que não saíram da pena do mesmo autor de Romanos ou Gálatas.» 5 Timóteo
foi importante e dedicado servidor do evangelho, além de grande amigo
de Paulo.
Nascido na Ásia Menor de mãe judia e pai gentio, tornou-se companheiro de Paulo e,
segundo Atos, acompanhou-o em sua primeira viagem à Grécia e mais tarde serviu como
emissário junto a comunidades cristãs ali, inclusive Corinto. Paulo chama Timóteo seu
“irmão e colaborador.” 11 (1Tessalonicenses, 3:2; 2 Coríntios,1:1; Romanos, 16:21)
A autoria dessas epístolas é contestada. As dúvidas estão relacionadas,
primeiro, ao vocabulário e o estilo, muito diferente do existente em outras
epístolas, como romanos e coríntios. Segundo há conceitos teológicos referentes
à respeitabilidade pública, próprio das idéias de padres católicos.
Terceiro há uma ordenação eclesiástica, não encontrada nas demais epístolas
paulinas, semelhante aos escritos à existentes no século I d.C. (de Policarpo,
por exemplo). Quarto há trechos em que o autor discute teologicamente com
os opositores, quando Paulo jamais procedeu assim, limitando-se, apenas, a
repreendê-los. 11
2.1 - Síntese dos principais ensinos das epístolas a Timóteo
• Valor da oração
“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões
e ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que
estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda
a piedade e honestidade. Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso
Salvador [...]. Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando
mãos santas, sem ira nem contenda.” (1Tm 2:1-2, 8)
• Precauções contra os espíritos enganadores
“Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão
alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios,
pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria
consciência, proibindo o casamento e ordenando a abstinência dos manjares
que Deus criou para os fiéis e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem
deles com ações de graças [...].” (1Tm 4: 1-3)
• Cuidados com os velhos e as viúvas
“Não repreendas asperamente os anciãos, mas admoesta-os como a pais;
aos jovens, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães, às moças, como
a irmãs, em toda a pureza. Honra as viúvas que verdadeiramente são viúvas.
Mas, se alguma viúva tiver filhos ou netos, aprendam primeiro a exercer piedade
para com a sua própria família e a recompensar seus pais; porque isto é
bom e agradável diante de Deus.” (1Tm 5:1-3)
• Exortação à firmeza e constância no ministério
“Timóteo, meu amado filho: graça, misericórdia e paz, da parte de Deus
Pai, e da de Cristo Jesus, Senhor nosso. Dou graças a Deus, a quem, desde
os meus antepassados, sirvo com uma consciência pura, porque sem cessar
faço memória de ti nas minhas orações, noite e dia; desejando muito ver-te,
lembrando-me das tuas lágrimas, para me encher de gozo; trazendo à memória
a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide e em
tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti. Por este motivo,
te lembro que despertes o dom de Deus, que existe em ti pela imposição das
minhas mãos. Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza,
e de amor, e de moderação. [...] Tu, porém, tens seguido a minha doutrina,
modo de viver, intenção, fé, longanimidade, caridade, paciência [...].” (2Tm
1:2-7; 3:10)
O discípulo sincero do Evangelho vive em silenciosa batalha no campo do coração.
[...] A vitória do espírito exige esforço integral do combatente. E, mais tarde, o lidador
cristão é convidado a testemunhos mais ásperos, compelido à batalha solitária, sem o
recurso de outros tempos. A lei de renovação modifica-lhe os roteiros, subtrai-lhe as
ilusões, seleciona-lhe os ideais. [...] Quando o aprendiz receber a dor em si próprio,
compreendendo-lhe a santificante finalidade, e exercer a justiça ou aceitá-la, acima
de toda a preocupação dos elos consangüíneos, estará atingindo a sublime posição de
triunfo no combate contra o mal. 18
3. Epístolas a Tito
A epístola a Tito é também chamada de “pastoral”. O discípulo foi importante
associado de Paulo que, como Timóteo, esteve sempre muito próximo
do apóstolo.
Acompanhou Paulo em sua segunda viagem a Jerusalém, serviu como seu emissário a
)
Corinto e foi por ele designado para supervisionar a igreja de Jerusalém. Paulo se refere
a Tito como seu “parceiro e colaborador” (2Cor 8:23). Embora Tito fosse um gentio,
não se exigiu dele que se circuncidasse, a despeito da opinião de alguns líderes cristãos
judeus. Tito simboliza assim a crescente separação entre o Cristianismo e o Judaísmo
à medida que cristãos como ele não eram obrigados a observar muitos aspectos da Leis
Judaica. 12
Os assuntos abordados na epístola a Tito são semelhantes aos existentes nas
cartas dirigidas a Timóteo. Trata-se de diretivas para a organização e conduta
das comunidades confiadas a esses discípulos. Da mesma forma, o estilo de
Paulo, ao se dirigir aos dois amigos, «[...] não é mais apaixonado e entusiasta,
mas mitigado e burocrático. O modo de resolver problemas mudou. Paulo
simplesmente condena falso ensinamento em lugar de argumentar persuasivamente
contra ele.» 1
Em razão dessa drástica mudança de estilo e de argumentação, é compreensível
o questionamento a respeito da autenticidade da epístola. 1 Supõe-se
que a carta tenha sido escrito por um outro discípulo de Paulo, no fim do
século I d.C. 1
3.1 - Síntese dos principais ensinos da epístola a Tito
• O discípulo do Cristo deve exemplificar
“Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina. Os velhos que sejam sóbrios,
graves, prudentes, sãos na fé, na caridade e na paciência. As mulheres idosas,
semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não
caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem, para que ensinem as
mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos,
a serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seu marido, a fim de
que a palavra de Deus não seja blasfemada. Exorta semelhantemente os jovens a
que sejam moderados. Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; na doutrina,
mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para
que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós. Exorta
os servos a que se sujeitem a seu senhor e em tudo agradem, não contradizendo,
não defraudando, antes mostrando toda boa lealdade [...].” (Tt 2:1-10)
O homem enxerga sempre, através da visão interior. Com as cores que usa por dentro,
julga os aspectos de fora. Pelo que sente, examina os sentimentos alheios. Na conduta
dos outros, supõe encontrar os meios e fins das ações que lhe são peculiares. Daí, o imperativo
de grande vigilância para que a nossa Consciência não se contamine pelo mal.

[...] Quando a treva se estende, na intimidade de nossa vida, deploráveis alterações nos
atingem os pensamentos. Virtudes, nessas circunstâncias, jamais são vistas. Os males,
contudo, sobram sempre. Os mais largos gestos de bênção recebem lastimáveis interpretações.
Guardemos cuidado toda vez que formos visitados pela inveja, pelo ciúme,
pela suspeita ou pela maledicência. Casos intrincados existem nos quais o silêncio é o
remédio bendito e eficaz, porque, sem dúvida, cada espírito observa o caminho ou o
caminheiro, segundo a visão clara ou escura de que dispõe. 15
4. Epístolas a Filêmon
Filêmon foi um cristão que viveu na Frigia no primeiro século da era
Cristã.
O principal interesse da breve carta é o destino do escravo de Filêmon, Onésimo. [...]
Parece que esse escravo havia sido de início útil a seu senhor, mas tornara-se inútil porque,
tendo considerado suas condições intoleráveis, fugira de Colossos, provavelmente
levando consigo certos objetos de valor pertencentes a seu patrão. A epístola fala do que
se seguiu à fuga. Tendo se dirigido para uma cidade maior, Onésimo fora detido e posto
na prisão, onde encontrou Paulo. Ali o escravo foi convertido e logo se fez útil a Paulo.
Ao ser libertado, o novo cristão teve de decidir o que fazer com relação aos direitos de
seu senhor prejudicado. Voltar para ele era correr o risco de severa punição, pois fugir
da escravidão era uma transgressão capital e Filêmon teria todo direito de lhe infligir a
pena que quisesse. Encorajado por Paulo, contudo, o escravo decidiu retornar e partiu
para Colossos, na companhia de Tíquico, e levando essa carta de Paulo. [...] Quando a
carta foi entregue, o senhor deve ter enfrentado um dilema. A violação de seus direitos
de propriedade teria gerado indignação, apoiados como eram pela lei romana e o
costume universal.[...] Paulo pedia ao proprietário que acolhesse seu escravo como um
irmão, aceitasse a restituição do que havia perdido e o tratasse como se fosse o próprio
Paulo. [...] o que estava em jogo era mais que perdão, pois Paulo parece ter pedido a
Filêmon não só libertasse Onésimo, mas que até o enviasse de volta a ele, Paulo, para
ajudá-lo no trabalho missionário [...]. Nada se sabe sobre a história posterior dos dois
personagens [...]. 7
Emmanuel faz significativos comentários a respeito da fraterna atitude
de intercessão, operada por Paulo.
Enviando Onésimo a Filêmon, Paulo, nas suas expressões inspiradas e felizes, recomendava
ao amigo lançasse ao seu débito quanto lhe era devido pelo portador. Afeiçoemos
a exortação às nossas necessidades próprias. Em cada novo dia de luta, passamos a ser
maiores devedores do Cristo. Se tudo nos corre dificilmente, é de Jesus que nos chegam
as providências justas. Se tudo se desenvolve retamente, é por seu amor que utilizamos
as dádivas da vida e é, em seu nome, que distribuímos esperanças e consolações. Estamos
empenhados à sua inesgotável misericórdia. Somos dEle e nessa circunstância reside
271
nosso título mais alto. Por que, então, o pessimismo e o desespero, quando a calúnia ou
a ingratidão nos ataquem de rijo, trazendo-nos a possibilidade de mais vasta ascensão?
Se estamos totalmente empenhados ao amor infinito do Mestre, não será razoável compreendermos
pelo menos alguma particularidade de nossa dívida imensa, dispondo-nos
a aceitar pequenina parcela de sofrimento, em memória de seu nome, junto de nossos
irmãos da Terra, que são seus tutelados igualmente? Devemos refletir que quando falamos
em paz, em felicidade, em vida superior, agimos no campo da confiança, prometendo
por conta do Cristo, porqüanto só Ele tem para dar em abundância. Em vista disso, caso
sintas que alguém se converteu em devedor de tua alma, não te entregues a preocupações
inúteis, porque o Cristo é também teu credor e deves colocar os danos do caminho em
sua conta divina, passando adiante. 13
5. Epístolas aos Hebreus
Hebreus é um termo étnico, aplicado aos antigos israelitas ou judeus, como
são denominados no Novo Testamento. Os judeus convertidos ao Cristianismo
preservavam, em geral, traços de sua herança judaica e falavam a língua
hebraica ou aramaica. 8
Discute-se, ainda hoje, o verdadeiro gênero literário desse documento,
escrito e dirigido aos hebreus: carta, discurso, tratado escrito sob forma epistolar?
Há pontos que sugere um discurso espontâneo, característico da língua
falada. 4
Ao contrário de todas as precedentes, a epístola aos hebreus teve a sua
autenticidade posta em dúvida desde a Antigüidade. Raramente se contestou
sua canonicidade, mas a Igreja do Ocidente (romana), até o fim do século IV,
recusou atribuí-la a Paulo. A Igreja Ortodoxa aceitou com reservas a sua forma
literária, conforme escritos de Clemente de Alexandria e de Orígenes. Com
efeito, a linguagem e o estilo desta carta possuem uma pureza e elegância diferentes
dos demais escritos de Paulo. Pode-se, todavia, reconhecer a ressonância
do pensamento paulino onde foi desenvolvido o tema fé. 2
Essas considerações levaram muitos católicos e protestantes a admitir um redator que se
inscreve na ambiência paulina, mas não há acordo quando se trata de identificar o autor
anônimo. Todos tipo de nomes foram propostos, tais como Barnabé, Aristião, Silas,
Apolo, Priscilla e outros. Parece simples tentar traçar seu retrato: trata-se de um judeu
de cultura helenística, familiar na arte oratória, atento a uma interpretação pontual das
passagens veterotestamentárias que utiliza, freqüentemente segundo versão dos LXX
[Bíblia dos setenta sábios ou Septuaginta], para apoiar os seus argumentos. [...] Parece
que o escrito tenha sido na Itália [...] e que tenha sido redigido antes da destruição de
Jerusalém [ano 70 d.C.]. 2
Emmanuel, entretanto, nos afiança que enquanto Paulo aguardava o seu
julgamento, em Roma, gozando de relativa liberdade por ser cidadão romano,
manteve um encontro com os judeus que residiam na cidade imperial. O
esclarecido benfeitor, autor do livro Paulo e Estevão, nos informa que após
o referido encontro, o apóstolo dos gentios iniciou o registro de sua Epístola
aos hebreus.
Aproveitando [...] as últimas horas de cada dia, os companheiros de Paulo viram que ele
escrevia um documento a que dedicava profunda atenção. Às vezes, era visto a escrever
com lágrimas, como se desejasse fazer da mensagem um depósito de santas inspirações.
Em dois meses entregava o trabalho a Aristarco [cooperador de e companheiro de prisão,
em Roma] dizendo: — Esta é a Epístola aos hebreus. Fiz questão de grafá-la, valendo-me
dos próprios recursos, pois que a dedico aos meus irmãos de raça e procurei escrevê-la
com o coração. 17
5.1 - Síntese dos principais ensinos da epístola aos Hebreus
As preocupações destacadas na epístola são: o perigo da apostasia (Hb
6:4-8; 10:19-39); necessidade de confortar os convertidos que lamentam o
abandono do esplendor dos cultos judaicos; fortalecer e tranqüilizar as jovens
comunidades cristãs. 2 (Hb 19:9-10)
Os destinatários da epístola são judeus convertidos que viviam no meio
helenístico ou gentios fascinados pela cultura hebraica. De alguma forma, esses
leitores estavam familiarizados com a Septuaginta, assim como com certas
interpretações tradicionais. 3 (Hb 7:1-3; 11:17-19)
• A superioridade do Cristo
“Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras,
aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho, a quem
constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o
resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas
as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação
dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas; feito tanto
mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que
eles. [...] Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai
a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, sendo fiel ao que
o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa. [...]Visto que temos
um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus,
retenhamos firmemente a nossa confissão.” (Hb 1:1-4; 3;1-2; 4:14)
• Inutilidade dos cultos exteriores
“Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e
mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem
por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez
no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. Porque, se o sangue
dos touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, os
santificam, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que,
pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a
vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? E, por isso, é
Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão
das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados
recebam a promessa da herança eterna.” (Hb 9:11-15)
• É necessário perseverar na fé
“Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de
Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua
carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com
verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má
consciência e o corpo lavado com água limpa, retenhamos firmes a confissão
da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu. E consideremo-nos uns aos
outros, para nos estimularmos à caridade e às boas obras [...].Ora, a fé é o firme
fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem.
Porque, por ela, os antigos alcançaram testemunho. Pela fé, entendemos que
os mundos, pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que
se vê não foi feito do que é aparente.”(Hb 10:19-24; 11:1-3)
• Não temer as provações
“Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande
nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto
nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhan-do
para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto,
suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.
Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si
mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos. Ainda não
resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado. [...] Portanto, tornai a
levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados, e fazei veredas direitas
para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes,
seja sarado.” (Hb 12: 1-4;12-13)
• Ser caridoso permanentemente
“Permaneça a caridade fraternal. Não vos esqueçais da hospitalidade,
porque, por ela, alguns, não o sabendo, hospedaram anjos. Lembrai-vos dos
presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como sendo-o
vós mesmos também no corpo. [...] Sejam vossos costumes sem avareza,
contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te
desampararei. [...] E não vos esqueçais da beneficência e comunicação, porque,
com tais sacrifícios, Deus se agrada.” (Hb 13:1-3, 5,16)
Aceitar o poder de Jesus, guardar certeza da própria ressurreição além da morte, reconfortar-
se ante os benefícios da crença, constituem fase rudimentar no aprendizado do
Evangelho. Praticar as lições recebidas, afeiçoando a elas nossas experiências pessoais de
cada dia, representa o curso vivo e santificante.[...] Não basta situar nossa alma no pórtico
do templo e aí dobrar os joelhos reverentemente; é imprescindível regressar aos caminhos
vulgares e concretizar, em nós mesmos, os princípios da fé redentora, sublimando a
vida comum. [...] Existem milhares de crentes da Boa Nova nessa lastimável posição de
estacionamento. São quase sempre pessoas corretas em todos os rudimentos da doutrina
do Cristo. Crêem, adoram e consolam-se, irrepreensivelmente; todavia, não marcham
para diante, no sentido de se tornarem mais sábias e mais nobres. Não sabem agir, nem
lutar e nem sofrer, em se vendo sozinhas, sob o ponto de vista humano. Precavendo-se
contra semelhantes males, afirmou Paulo, com profundo acerto: – “Deixando os rudimentos
da doutrina de Jesus, prossigamos até à perfeição, abstendo-nos de repetir muitos
arrependimentos porque então não passaremos de autores de obras mortas.” 16
1. BIBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. São Paulo: Paulus,
2002. Item: Introdução às epístolas de são Paulo, p. 1963.
2. ______. Item: Introdução a epístola aos hebreus, p. 2083.
3. ______. p. 2083-2084.
4. ______. p. 2084.
5. ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. São Paulo: Melhoramentos,
1995. Volume 4 (verbete Bíblia: As epístolas), p. 1347.
6. ______. p. 1347-1348.
7. DICIONÁRIO DA BÍBLIA. Vol. 1: as pessoas e os lugares. Organizado por
Bruce M. Metzger, Michael D. Coogan. Traduzido por Maria Luiza X. De
A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2002, Item: Filêmon, p. 92-93.
8. ______. Item: Hebreus, p. 107.
9. ______. Item: Tessalônica, p. 317-318.
10. ______. p. 318.
11. ______. Item: Timóteo, p. 322.
12. ______. Item: Tito, p. 323.
13. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Espírito Emmanuel.
27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 17 (Por Cristo), p. 49-50.
14. ______. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 35. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. 23 (Não é de todos), p. 61-62.
15. ______. Cap. 34 (Guardemos o cuidado), p. 85-86.
16. ______. Cap. 83 (Avancemos além), p. 217-218.
17. ______. Paulo e Estêvão: episódios históricos do Cristianismo primitivo.
Pelo Espírito Emmanuel. 3. ed. Especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Segunda
parte, cap. 9 (O prisioneiro do cristo), p. 558.
18. ______. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. 79 (Em combate), p. 181-182.