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sábado, 1 de setembro de 2012

As matrizes das enfermidades encerram suas genealogias no arcabouço psicossomático

Crônicas e Artigos
Ano 6 - N° 276 - 2 de Setembro de 2012
JORGE HESSEN
jorgehessen@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)
 

 
Bethany Jordan, uma adolescente da cidade inglesa de Stourbridge, sofre da Síndrome de Ivemark, caracterizada, também, por problemas cardiovasculares, que é uma síndrome patológica de etiologia desconhecida. (1) Jordan nasceu com alguns de seus órgãos invertidos. O fígado, o intestino e o baço estavam posicionados de trás para frente. O fenômeno foi descoberto em exames de ultrassom enquanto ela ainda estava no útero de Lisa, sua mãe. Na época, os médicos disseram que Jordan teria poucas chances de sobreviver ao parto. A garota Bethany, além de ter os órgãos mal posicionados, também nasceu com outros problemas de saúde, como os dois pulmões que convergiam em um formato, apenas, do pulmão esquerdo, e um buraco no coração. Porém, os pesquisadores se surpreenderam ao constatar que a menina sobrevivera até completar seis anos de idade.

O fato nos leva a cogitações sobre o perispírito, a Lei da Causa e Efeito, reencarnação, suicídio, entre outros assuntos que a Doutrina Espírita nos apresenta. Antes de renascermos, examinando nossas próprias necessidades de aperfeiçoamento moral, muitas vezes, exoramos a limitação psicomotora na nova experiência física, para que essa condição nos induza à ascensão de sentimentos. Solicitamos aos Benfeitores a enfermidade de longa duração, capaz de nos educar os impulsos; esse ou aquele dano físico que nos exercite a disciplina; decidida mutilação que nos bloqueie o arrastamento à agressividade exagerada; o complexo psicológico que nos remova as ideias etc. É a lógica de justiça da Reencarnação, o que nos remete a analisar as patologias congênitas pelo Princípio de Causa e Efeito. Em verdade, já vivemos, aqui na Terra, inúmeras vezes e trouxemos armazenados os registros de nossas aquisições antecedentes e desvarios, quais suportes energéticos em núcleos de potenciação, e, na união do perispírito ao óvulo, espelharam, nessa célula feminina de reprodução, o nível do nosso processo evolutivo.

Nossa posição moral é que originará os renascimentos com anormalidades congênitas ou não. A partir da fecundação do óvulo, sob o comando da lei, o Espírito reencarnante transmite, através da ação do perispírito, a integração da sua própria herança espiritual com o espólio genético dos genitores. A formação do respectivo DNA individualizado – composto de genes dominantes e recessivos – conduzido pelas sagradas Leis da Hereditariedade, provindas do Criador, configurará o novo corpo físico daquele particular Espírito imortal, que "renascerá" conforme o programa, previamente estabelecido e subordinado, inicialmente e voluntariamente, a fatores como família, raça, etnia, nacionalidade, predisposições para determinados estados de saúde ou doença – física ou espiritual – e inúmeras outras especificidades individuais.

O mestre Chico Xavier opinou certa vez: "sobre as reencarnações mais difíceis, lembrando que, muitas vezes, encontramos determinados casos de suicídio, e, às vezes, suicídio acompanhado de homicídio, obrigando o autor a um angustiante complexo de culpa levado para além desta vida e, depois, esse trauma de culpa renascendo com ele, através da reencarnação". (2) O médium de Pedro Leopoldo explica o seguinte: "Muitas vezes, temos encontrado irmãos nossos suicidas que dispararam um tiro contra o coração e que voltam com a cardiopatia congênita ou com determinados fenômenos que a medicina classifica dentro da chamada Tetralogia de Fallow; nós vemos companheiros que quiseram morrer pelo enforcamento e que voltam com a Paraplegia Infantil; nós vemos muitos daqueles que preferiram o veneno e que voltam com más formações congênitas; outras pessoas que violentaram o próprio ventre e que voltam, também, com as mesmas tendências e que, às vezes, acabam desencarnando com o chamado enfarto mesentérico. Nós vemos, por exemplo, aqueles que preferiram morrer pelo afogamento, num ato de rebeldia contra as leis de Deus e que voltam com o chamado enfisema pulmonar. Vemos, ainda, aqueles que dispararam tiros contra o próprio crânio e voltam com fenômenos dolorosos, como, por exemplo, a idiotia, quando o projétil alcança a hipófise; todas essas consequências, porque estamos em nosso corpo físico, mas subordinados ao nosso corpo espiritual. Então, principalmente os fenômenos decorrentes do suicídio, por tiro no crânio, são muito dolorosos, porque vemos a surdez, a cegueira, a mudez, e vemos esse sofrimento em crianças também, o que nos afigura incompatíveis com a misericórdia de Deus, porque nós sabemos que Deus não quer a dor". (3)

Os pesquisadores, que reduzem os fenômenos da vida ao exclusivo universo da matéria densa, insistem em explicar a vida como uma complexa reação química, e nada mais do que isso, prestes a penetrar nos seus profundos mistérios e propiciar a sua criação pela mão do homem, assim como, até hoje, creem ser o pensamento mera excreção do cérebro e que todas as funções psíquicas morrem com o corpo físico. Os fenômenos vitais não podem ser atribuídos à exclusiva ação mecânica da hereditariedade genética, no comando da montagem dos três bilhões de nucleotídeos que constituem os degraus do DNA humano. Infelizmente, "não há ainda lugar para o espírito na ciência pesquisacional acadêmica, empírico-indutiva, a qual, por isso, continua tomando como causa o que é efeito, fazendo das leis da hereditariedade genética as únicas presentes ao ato da vida, juízas exclusivas e inconscientes do futuro patrimônio apolíneo e saudável, ou disforme e enfermiço do ser humano, apenas concedendo algumas influências aos efeitos ambientais e ao psicossomatismo, ainda que cerebral, calcadas nas predisposições genéticas". (4)

As matrizes das moléstias têm suas raízes na estrutura do psicossoma. Ainda que esteja aparentemente saudável, uma pessoa pode trazer, nos seus Centros Vitais (chacras para os hindus), disfunções latentes adquiridas nesta ou em outras vidas, que, mais cedo ou mais tarde, virão à tona no corpo físico, sob a forma de doenças mais ou menos graves, conforme a extensão da lesão e a posição mental do devedor. Somos herdeiros de nossas ações pretéritas, tanto boas quanto más. O "Carma" (5) ou "conta do destino criada por nós mesmos" está impresso no corpo psicossomático. (6) Esses registros fluem para o corpo físico e culminam por determinar o equilíbrio ou o desequilíbrio dos campos vitais e físicos. "Só o reconhecimento – que um dia chegará – da primazia do espírito sobre a matéria, associada essa primazia ao princípio reencarnacionista, isto é, a integração da herança espiritual à hereditariedade genética, comandada pelo Espírito, via perispírito, regida pela Lei de Causa e Efeito, é que permitirá que se identifiquem, no Espírito imortal, as causas verdadeiras dos desequilíbrios que eclodem no corpo físico, mata-borrão e fio-terra que ele é, sob o nome de doenças, incluindo-se os distúrbios da psique humana." (7)

Quando forem descobertas tecnologias muito mais sofisticadas, que nos possibilitem um exame aprofundado da estrutura funcional do perispírito, a medicina transformar-se-á, radicalmente. Os hospitais, possuindo instrumentos de altíssima resolução, muito além daqueles que existem hoje, os diagnósticos serão, inequivocamente, precisos, o que possibilitará a cura real das doenças. Os profissionais da saúde trabalharão muito mais de forma preventiva, evitando, assim, por exemplo, as intervenções cirúrgicas alargadas, invasivas, realizadas, abusivamente, nos dias de hoje. Os médicos terão oportunidade de conhecer, com detalhes, a estrutura transdimensional do corpo perispiritual, compreendendo melhor o modo como se imbricam as complexas estruturas do psicossoma, nas chamadas sinergias, para melhor auxiliar na terapia e manutenção da saúde mento-física-espiritual de seus pacientes.
 

Referências bibliográficas:

(1) A Síndrome de Ivemark consiste de más formações de diferentes órgãos, e a expectativa de vida depende de como cada órgão, principalmente o coração, é afetado.

(2) Xavier, Francisco Cândido. Pinga Fogo, São Paulo: Ed. Edicel, 1975.

(3) idem.

(4) Artigo de Raphael Rios, intitulado Lei de Causa e Efeito, determina os Efeitos da Hereditariedade usando os Registros do Perispírito, publicado na Revista Internacional de Espiritismo – dez/2000.

(5) Carma, ou Karma (do sânscrito karman, em pali, kamma), significa ação. O termo tem um uso religioso dentro das doutrinas budista, hinduísta e jainista. Foi posteriormente utilizada também pela teosofia, pelo Espiritismo e por um subgrupo significativo do movimento New Age.

(6) Sugerimos leitura do livro Ação e Reação, ditado pelo Espírito André Luiz, todo ele dedicado ao estudo do compromisso cármico das vidas sucessivas.

(7) Artigo de Raphael Rios, intitulado Lei de Causa e Efeito, determina os Efeitos da Hereditariedade usando os Registros do Perispírito, publicado na Revista Internacional de Espiritismo – dez/2000.

Quebrando a Casca

Artigo extraído do livro "Horizontes da Vida", pelo Espírito Miramez - 2ª Edição - Ano 1991 - Editora Espírita Cristã Fonte Viva.

Em se falando de conhecimento espiritual, estamos envolvidos em um cascão grosseiro, que não deixa passar para o consciente as mensagens elevadas, cujas interpretações, por isso, sempre são deficientes. Para surgir do ovo, o pinto luta com todo o seu esforço, e, em muitos casos, precisa da ajuda da mãe, embora esse trabalho seja dele.

A vida, mesmo quando começa, exige esforço próprio daquele que vai viver os caminhos do mundo; ela se nos apresenta como que um empório, no qual devemos penetrar passo a passo, observando as condições e reunindo experiências. Podemos observar certos exemplos da natureza, em que podemos nos estribar com segurança: ainda que alguém coloque o alimento em nossa boca, nós é que temos de mastigá-lo e engoli-lo; se alguém nos oferece água para beber, somente nós é que temos condições de sorvê-la; os olhos são usados por nós, os pensamentos se expressam em forma de palavras, que temos de nos esforçar para articulá-las. Compreende-se daí que o esforço próprio haverá de ser acionado pelos nossos próprios impulsos. Cada um carrega a sua cruz e sobe o seu próprio calvário, porque a glória, em todos os rumos da vitória, é também de cada um.

A vida universal acionada pelas leis de Deus nos mostra uma graduação de valores espirituais, porém, não deixa de nos apontar o preço que deve custar. Se já conquistamos valores morais no tempo que nos foi confiado, não devemos alardear, como se estivéssemos em busca de glórias efêmeras; Alguém, no mais alto, se encarrega disso com sabedoria e desvelo. O nosso dever é realizar o melhor na cidade do coração, sem o azinhavre do egoísmo. Compete a todos nós aumentar a nossa fé, pois ela é produto da consciência do bem em que devemos permanecer, e dos valores morais que a nossa vida deve mostrar no silêncio. Apregoar o que fazemos de bom é desmerecer a grandeza da benevolência; toda exibição preconcebida se desmoraliza breve, principalmente quando não existe segurança moral do exibidor.

Avancemos fronteiras para alcançarmos horizontes mais amplos da vida, sem debitar na consciência os estragos do exibicionismo falso. O verdadeiro sábio não se desespera, não anda em carreira com seus deveres ante a vida, mas também não pára, nem distrai sua atenção rumo às realidades, por saber, pelo Evangelho, que quem perseverar até o fim será salvo.

Estamos sempre envolvidos em diversos cascões do orgulho e do egoísmo, donde são gerados todos os males da humanidade e, se estamos nascendo para a vida maior, é de nosso dever quebrá-los, na seqüência que o tempo nos pede, para respirarmos novas vidas e colhermos experiências diferentes, o que nos dá grandes esperanças.

A Terra é uma prisão, no entanto, ela pode ser uma porta para a espiritualidade maior, dependendo do modo que entendermos as lições; o mundo atual se encontra enriquecido de lições de porte dos mais elevados, que existem em planos distantes do planeta. E muitos clamam, em súplicas demoradas, pedindo aos Céus que enviem santos e sábios para ensinar-lhes, sem saber que se encontram entre muitos mestres, que sofrem para que a humanidade se eleve.

Os seres humanos andam a procura de atalhos e coisas fáceis, esquecendo-se que Jesus, o Governador da Terra, passou por caminhos estreitos, cheios de espinhos, nasceu no meio da ignorância, onde os condicionamentos da maldade eram tantos que chegavam a ponto da autodestruição, para garantir os erros milenares de sacerdotes ultrapassados em matéria de interpretações das leis do Divino Doador do universo.

Na verdade, devemos desconfiar das coisas fáceis, da bajulação e dos próprios impulsos de autopromoção. Para subir, é necessário crescer; para crescer é indispensável sacrifício e o sacrifício útil é aquele que se refere à suspensão das paixões inferiores.

Quebremos a casca do ovo interno em que estamos envolvidos, pela prisão da ignorância, que depois disso poderemos ver as estrelas brilharem com todos os sóis, nos céus da consciência.

E a Luz se Fez...

Artigo publicado no jornal Unificação - Ano XIII - Outubro de 1965 - Número 151

“ Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz.
E ainda que tenha feito tantos sinais diante deles, não criam nele”.
(João, 12: 36-37).

“ E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias.
E estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo: escutai-o”.
E os discípulos, ouvindo isto, caíram sobre seus rostos, e tiveram grande medo.
E aproximando-se Jesus, tocou-lhes, e disse: Levantai-vos; e não tenhais medo.
E erguendo eles os olhos, ninguém viram senão unicamente a Jesus.
E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja ressuscitado dos mortos.
E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro?
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas.
Mas, digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do homem.
Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista”.
(Mateus, 17: 1-13).

No Livro de Malaquias (4:5) está contida a profecia: “E eis que vos envio o profeta Elias antes que venha o dia grande e terrível do Senhor”.
Fundamentados nessa predição, os judeus, e entre eles os apóstolos, compartilhavam da crença de que Elias seria o precursor de Jesus Cristo.
Por conformismo com os ditames da religião oficial ou por desconhecerem o mecanismo das vidas sucessivas, não souberam, entretanto, ver em João Batista a reencarnação do próprio Elias e, conseqüentemente, não se compenetrando de que o Precursor já estava entre eles, passaram implicitamente a ignorar que na personalidade inconfundível do Mestre estava o prometido e tão esperado Messias.
No desenrolar da majestosa manifestação espiritual ocorrida no Monte Tabor, narrada em Mateus, 17:1-13, os apóstolos tiveram a oportunidade de ver Jesus se transfigurar, o seu rosto se resplandecer como o sol e os seus vestidos se tornarem brancos como a luz. Não obstante isto, ouviram ainda o fenômeno de voz-direta que ressoou no espaço confirmando: “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo, escutai-o”, propiciando-lhes uma inequívoca prova de identidade do Mestre.
Entretanto, descendo do Tabor, a dúvida começou a solapar a convicção íntima dos apóstolos:
- Se ele é o Messias, Elias deveria estar encarnado!
- Como se explica vir o Espírito de Elias confabular com ele?
- Não dizem as escrituras que na frente do Messias viria Elias?
- Se Elias é Espírito somente, podem persistir duas alternativas: ou este não é o Cristo ou as escrituras falharam!
Podem as escrituras falhar em coisas tão transcendentais?
E o bichinho roedor da dúvida começou a solapar a fé dos assessores mais imediatos do Cristo.
Porém, o Mestre não se preocupou com as idéias conflitantes dos seus discípulos. A luz se faria dentro em breve.
E, realmente, a revelação de toda a verdade não tardou... Timidamente, um dos discípulos aventurou a indagação: Mestre! Como é que as predições das escrituras revelam que Elias deveria vir primeiro?
E o Messias, lançando o seu olhar fraternal, obtemperou: “Eu vos digo em verdade que Elias já veio e os homens fizeram dele tudo o que quiseram”.
E a luz se projetou como relâmpago. As mentes dos discípulos iluminaram-se com a compenetração de toda a verdade: “E então, compreenderam que era de João Batista que ele falava”.
Indubitavelmente, até mesmo os Espíritos mais elevados, quando em missão na Terra, sob o império da carne, vacilam muitas vezes diante dos fatos mais convincentes. E foi isso o que sucedeu com os apóstolos.
Todos os fenômenos operados por Jesus Cristo, todas as curas por ele produzidas, todos os ensinamentos transcendentais emanados de sua boca, não haviam sido suficientes para provar aos apóstolos que ali estava de fato o Messias Prometido. A despeito de tantos sinais operados diante de todos, os seus contemporâneos duvidavam de sua autoridade e mesmo os apóstolos alimentavam em seus corações alguns resquícios de vacilação.
O apego às letras das escrituras falava mais alto, a ponto de ofuscar a convicção de que na verdade estavam face-a-face ao Cristo de Deus.
Confirmando que João Batista era o Elias que havia de vir, o Mestre legou à Humanidade a mais decisiva e robusta prova sobre a lei da Reencarnação. A lei das vidas sucessivas ficou demonstrada de modo insofismável, propiciando também a seus discípulos se compenetrarem de que as verdades veladas das escrituras jamais podem ser interpretadas sem o bafejo do Espírito que vivifica.
Aqueles que se apegam à letra que mata têm a viva demonstração daquilo que afirmamos. Se o Nazareno não tivesse elucidado ser João Batista uma reencarnação do Espírito do Profeta Elias, seus pósteros passariam a esposar uma falsa opinião sobre a questão, conseqüentemente, não se pode ter apego à letra que mata sob pena de se defrontar com a dura contingência de caminhar por uma senda escusa que levará, inapelavelmente, a situações embaraçosas e a conceituações eivadas de falhas.
Até João Batista, que no dizer do Cristo foi “o maior dentre os nascidos de mulher”, se enquadrou entre os que viram os sinais, mas não se compenetraram completamente da verdade.
Realmente o precursor, quando viu Jesus Cristo pela primeira vez, nas margens do rio Jordão, teceu uma série de elogios ao Mestre afirmando ser ele o Cordeiro de Deus e acrescentando não ser digno de desatar suas sandálias. Não bastasse isso, viu o Espírito descer sobre o Cristo sob forma de pomba, seguido de fenômeno da voz direta que como trovão ressoou: “Este é meu Filho amado em quem me comprazo”.
Não obstante, apesar de todas essas manifestações que corroboraram a identidade do Filho de Deus, quando nas masmorras de Herodes, João enviou seus discípulos para se certificarem “se Jesus era realmente o Cristo ou se ele deveria esperar algum outro?”.

Paulo Alves de Godoy

Lições Espirituais: Obsessão

Artigo publicado no século 18, no jornal "O Paiz", no Rio de Janeiro

Já como temos provado que do espaço nos vêm revelar espíritos, que foram nossos conhecidos em vida; que não há nisso fraudes satânicas, porque Satã é uma invenção humana, temos a questão das comunicações espíritas colocadas em condições idênticas para o materialista, para o católico, para todo ser racional, os quais não procuram fugir ao conhecimento da Verdade.
Posto isto, a Verdade das manifestações dos mortos não é hoje um mistério; é patente a quem quiser ver, como temos dito e repetido à sociedade.
O mais refratário, se fizer a experiência, será convencido, porque dia-a-dia colherá diversas provas de ser o espírito desencarnado quem se manifesta.
Por este modo, teremos provado experimentalmente: 1º) que existe o espírito; 2º) que o espírito sobrevive à morte do corpo; 3º) que, separado do corpo, continua, ou pode continuar, em constante comunicação com os vivos.
Entretanto, cumpre fazer notar que o “eu” humano, desembaraçado da prisão corpórea, adquire maior lucidez para descortinar os horizontes da criação, cada um na esfera de seu progresso.
Assim ensinam as comunicações de além-túmulo; estas mostram criaturas, que foram estúpidas e ignorantes na vida, dando, do espaço, provas de muita compreensão e saber.
As lições dos espíritos têm, pois, um alcance que não pode ser comparado ao das lições dos nossos sábios terrenos: primus, (primeiro) porque eles falam o que vêm; sécundus, (segundo) porque os sábios da Terra falam o que conjecturam.
É desnecessário dizermos que nos referimos às coisas do mundo invisível ou dos espíritos.
A palavra dos espíritos tem, portanto, tanta ou maior autoridade sobre as coisas da outra vida, como tem a do sábio sobre as coisas da Ciência que professa.
Podem, ambos, enganar-se, mas ali está o corretivo que é o criterium (critério) absoluto da Verdade.
Além de que, tratando-se de um fato que afeta, pessoalmente, todos os espíritos, isto é, o de terem eles tido mais que uma existência, seu depoimento é de visu, (por ter visto) quando o parecer do sábio é baseado em conjecturas e provas indiretas.
Se, pois, não um, porém muitos, mas se todos os espíritos afirmarem que têm tido mais de uma experiência corpórea, a lei das reencarnações tem, ipso facto, (por isso mesmo) passado pela prova experimental.
A Doutrina Espírita é a codificação dos ensinos dados aos homens pelos espíritos desencarnados, que se dizem mensageiros das Verdades prometidas pelo Cristo a seus discípulos.
Nessa Doutrina, firmada no ensino dos espíritos reveladores, está o principio da pluralidade das existências, sem a qual, como foi demonstrado no principio desta exposição, nada se pode explicar da vida humana, sem se ferirem os divinos atributos.
Daí, vem-nos um valioso testemunho, uníssono e autorizado pela superioridade dos espíritos que o deram.
Como, porém, nosso fim, hoje, não é apelar para a autoridade de quem quer que seja, mas, sim, dar uma prova experimental ao alcance de quem quiser observar, falaremos do que temos visto e pode ser visto por quem duvidar.
O estudo das obsessões, se não aceitarmos o ensino que nos vêm dar os luminares do espaço, é o que mais, eficazmente, separa a questão.
Trata-se de uma moça de família muito conhecida na grande roda da Corte, e sofre perseguição da parte de um espírito perverso, o qual a levou ao estado de loucura.
Um dia, o espírito da pobre vítima desprende-se, momentaneamente, do corpo, que jaz em sono, e vai a um Centro manifestar suas dores e pedir proteção.
Ali conta a sua história, que é a seguinte:
“Há séculos era eu uma moça cristã, devotada à caridade, por índole, e porque seguia os exemplos de meu bom pai:
Um homem (dá o nome) abusou de minha inocência, e, coagido por meu pai, reparou o mal que me fez, porém me tratou de modo a reduzir-me ao desespero.
Por fim, levou sua danação a abusar da própria filha, de minha filha, que era a minha única felicidade!
Tinha resistido a tudo; mas aquele golpe prostrou-me; arrastou-me ao suicídio.
Sofri no espaço castigos indescritíveis, até que Deus foi servido compadecer-se de mim, dando-me outra existência, para nela eu reparar as faltas do passado.
Prometi fazê-lo, mas não tive a força de cumprir o que prometi.
Degradei-me a ponto de fazer-me à favorita do rei; mas não foi isso o pior. O pior foi ter abusado de meu poder para fazer mal aos meus inimigos, e, especialmente, ao que fora meu marido.
Morri nesse estado de reincidência e sofri torturas atrozes, até que, arrependida, obtive a graça da presente encarnação para resgatar por boas obras meu negro passado.
Minha missão foi sofrer tanto quanto fiz sofrer e hoje tremo em pensar que ainda posso desfalecer”
Aquele desgraçado espírito que, sem nenhum interesse, contou-nos a história de três das suas existências corpóreas, deixou-nos consternados.
Imediatamente, o obsessor, aquele que perseguia a pobre moça, para se vingar do mal que lhe fizera a favorita, apareceu pelo mesmo médium, jurando fazer o mal à sua vitima até a morte, e dizendo a razão de tanto ódio.
O que ele contou conferia, exatamente, com o que ela havia contado!
Qual o positivista que poderá resistir a uma prova destas, e a três e quatro provas iguais, se tanto julgar preciso?
Há, por aí, mais de um grupo que faz trabalhos de obsediados.
Não faltam, pois, a quem tiver boa vontade, meios de verificar por si a exatidão de nossos estudos experimentais.
Indicamos, de preferência, os trabalhos de obsessões, porque por eles a prova é certa, visto que a obsessão é sempre obra de vingança por ofensas de uma vida anterior.
Aí, o observador não tem muito que esperar.

Aritgo escrito por Bezerra de Menezes quando ainda encarnado.

Texto retirado do site Irmã Clara


A Mediunidade e a História


Artigo publicado na Revista Internacional de Espiritismo, Novembro de 1968.

Pode a mediunidade influir na vida e nas atitudes históricas de certos homens públicos? Claro que pode. É verdade que os estudiosos e eruditos, na maioria, ainda não levaram em conta a participação do fator mediúnico na História. No entanto, há muitos fatos, e dos mais significativos, demonstrando que a mediunidade teve influência, às vezes decisiva, em determinados acontecimentos. São os tais fatores imponderáveis, a que os historiadores ainda não deram a devida importância. Mas a verdade é que alguns homens ilustres – guerreiros, condutores de massas e chefes de Estado – tiveram visões, receberam avisos do Alto, e houve casos em que, devido à interferência de espíritos, certos homens modificaram as suas posições ou tomaram outras direções, em momentos agudos da História.
Nem precisamos falar em Nabucodonosor, no Império Romano e noutras épocas da História antiga. Temos, aqui perto, um exemplo frisante: Abraham Lincoln, nos Estados Unidos. Quem é, hoje, que não sabe que o grande Presidente dos Estados Unidos fazia sessões mediúnicas no próprio Palácio? Pois bem, a mediunidade tem um papel importante na História política e social daquele país. Bastaria lembrar a repercussão que teve a Cabana do Pai Tomás na abolição da escravatura. E o Alto não trabalhou ali? Não foi um livro de inspiração extra-humana? E esse livro, ainda hoje lido e apreciado, não teve ação profunda na transformação sócio-política dos Estados Unidos?
São fatos históricos em que se verifica, de um modo bem positivo, a projeção da mediunidade, ora no encaminhamento, ora na solução de grandes crises nacionais. Muita gente nem sequer pensa nisto. E há quem diga, displicentemente, quando se fala nestas “coisas”; os espíritos, se eles existem mesmo, nada têm a ver com a História... Pois fiquem sabendo que os espíritos, os chamados mortos, tem a sua parte na formação da História.
Vejamos o caso de Lincoln. A este respeito, eu me permitiria simplesmente recomendar a leitura de um livro oportuníssimo, e que já está em circulação, graças ao louvável esforço da Casa Editora O Clarim, de Matão, Estado de São Paulo. O Livro chama-se Sessões Espíritas na Casa Branca, de autoria de Nettie Colburn Maynard e traduzido pelo nosso confrade Wallace Leal V. Rodrigues. Diversos episódios, inclusive a tragédia em que iria tombar o glorioso homem público norte-americano, foram previstos e devidamente confirmados.
O próprio ato de emancipação dos escravos, que foi, sem dúvida, um dos maiores acontecimentos, não apenas da História dos Estados Unidos, mas da própria História da América, tem relação direta com o mundo espiritual. Pouco importa que as Histórias oficiais, escritas muitas vezes para atender a convenções e conveniências, não se preocupem com este aspecto; mas o fato está documentado, e é quanto nos basta.
O livro de Nettie Colburn Maynard traz uma contribuição inestimável, porque revela particularidades impressionantes na vida de Lincoln, principalmente em sua carreira política, mostrando como essas particularidades tiveram influência no problema da escravatura e, por fim, noutras decisões notáveis. Dá, portanto, uma versão diferente de tudo quanto se escreveu, até hoje, no estilo convencional, sobre Abraham Lincoln e o seu fecundo e humanitário governo.
Não quero nem posso fazer comentários sobre o livro; em primeiro lugar, porque precisaria de muito espaço, talvez para dois ou três artigos; em segundo lugar, porque o melhor é deixar que o leitor conheça o livro e veja por si mesmo que a mediunidade é também um fator na História, queiram ou não queiram os indiferentes. Desejo, porém, pedir a atenção daqueles que vierem a ler Sessões Espíritas na Casa Branca, para a última parte, que é um trabalho de pesquisa e compilação de Wallace Leal Rodrigues.
Além de haver traduzido a obra, no que prestou excelente serviço à literatura espírita, Wallace Rodrigues ainda ofereceu uma contribuição pessoal, reunindo elemento de pesquisa histórica, demonstrando que outros presidentes dos Estados Unidos, e não apenas Lincoln, também tiveram as suas experiências mediúnicas, independentemente de suas crenças religiosas. E vem a lista, por ordem cronológica: George Washington, Millard Fillmore, W. Wilson, Roosevelt, Truman, Eisenhower. O trabalho de Wallace Rodrigues confirma, portanto, a assertiva de que a mediunidade tem influência na História.
Não seria justo registrar o aparecimento de um livro, e livro de tal ordem, sem uma referência especial à Editora. Os discípulos de Cairbar Schutel não arriaram a bandeira que ele deixou de pé, e bem alta. A Casa Editora O Clarim é uma forja de trabalho, ainda inspirada no exemplo de Cairbar. Agora mesmo, para comemorar o centenário do nascimento de Cairbar Schutel, em 22 de setembro, a Editora está lançando obras de grande utilidade. Ultimamente, saíram dois livros de Allan Kardec, aliás, bem pouco conhecidos no próprio meio espírita: Viagem Espírita em 1862 e Instruções práticas sobre as manifestações espíritas. (Este pequeno livro procedeu, O Livro dos Médiuns e, com este título, tomou feição definitiva).
Há, em Matão, um grupo de trabalhadores abnegados, um núcleo de idealistas, em cuja alma está sempre acesa a chama que Cairbar sustentou com amor, com sacrifício, com dignidade e humildade. O Brasil espírita precisa conhecer melhor a obra que se realiza em Matão. Manter uma editora espírita, nesta época, é ter muito amor à Causa.
Venho dizendo e repetindo que as editoras espíritas precisam de apoio cada vez maior, porque não são empresas comerciais no sentido comum; são organizações que têm objetivos diferentes, embora tenham à sua parte comercial, que é indispensável. É preciso ver as nossas editoras, nunca pelo lado exclusivamente comercial, que é apenas uma contingência terrena, mas pelo lado doutrinário, pelos frutos que elas espalham, instruindo, edificando, iluminando.
Em matéria editorial, no meio espírita, as edições de O Clarim já formam, hoje, um patrimônio apreciável, sobretudo pela preocupação, que sempre tiveram os seus dirigentes, de publicar a Doutrina em sua pureza, ou imprimir obras que realmente correspondem aos mais legítimos interesses da Doutrina. Uma prova disto é o fato de haver tomado a bem inspirada iniciativa de mandar traduzir e publicar Sessões Espíritas na Casa Branca. O esforço do infatigável tradutor e da Editora precisa e deve ser bem correspondido, porque é um serviço de natureza mais espiritual do que propriamente humana, uma vez que a leitura desse livro vai abrir novos rumos na alma daqueles que, ainda tendo dúvidas sobre a imortalidade espiritual, irão encontrar, na vida de Lincoln, provas convincentes de que os mortos sempre influíram e continuam influindo nos vivos.

Deolindo Amorim
Texto retirado do site Imã Clara

O Espiritismo e a Definição de Kardec


Artigo publicado pela :


Revista Internacional de Espiritismo:


Junho de 1954 - Número 5.


Dentro da definição que lhe deu Allan Kardec, o Espiritismo tem, ao mesmo tempo, um aspecto geral, como filosofia espiritualista, e os aspectos particulares, que são inerentes a seu caráter e sua organização. Quem o diz é o próprio Allan Kardec, na Introdução de O Livro dos Espíritos, ao ensinar que “todo espírita é espiritualista, mas nem todo espiritualista é espírita”. Realmente, há muitos espiritualistas que, embora admitam o fenômeno de além-túmulo, não aceitam os postulados do Espiritismo. São espiritualistas, mas, na realidade, não são espíritas.
Estas noções iniciais são muito conhecidas dos adeptos do Espiritismo, mas a verdade é que muitas pessoas julgam mal o Espiritismo, exatamente porque não conhecem as noções elementares da Doutrina. Daí, portanto, a necessidade, não mais para os espíritas, mas para o elemento leigo, de certos rudimentos indispensáveis a respeito do Espiritismo, sua definição, seu caráter, seus métodos, suas conseqüências.
O fenômeno, como se sabe, é o ponto de partida, tanto do Espiritismo, como de todas as escolas e correntes que se preocupam com o além-túmulo. É de notar-se, porém, que nem todos os que se dedicam à experimentação mediúnica entram nas indagações de ordem filosófica. Sob este ponto de vista, é claro que o Espiritismo ultrapassa a experimentação pura e simples, porque, além de tratar, também, da origem do fenômeno, tira conseqüências morais de grande influência, tanto na vida particular, como na vida social. Justamente por isso, foi que Allan Kardec definiu o Espiritismo como uma ciência que trata da origem e do destino dos espíritos, assim como de suas relações com o mundo terreno.
Aí estão, implicitamente, os três pontos básicos: a origem e o destino dos espíritos são questões transcendentais, de alta filosofia; a relação dos espíritos com o mundo terreno é assunto da ciência experimental, porque são os fenômenos que provam essas relações; o aspecto moral, porém, é fundamental para o Espiritismo. De que serve a experimentação apenas como assunto de curiosidade? De que serve entrar em comunicações com os espíritos ou provocar fenômenos, sem tirar desses fenômenos o que é essencial para o refinamento dos costumes, para a reforma interior do homem?
Para muita gente, Espiritismo é apenas fenômeno; mas quem conhece um pouco da Doutrina sabe muito bem que não é assim. Para certas escolas, por exemplo, o fenômeno é o fim, ao passo que para o Espiritismo o fenômeno é um meio. Mas, meio de quê? Meio de aperfeiçoamento, elemento de convicção para a aceitação da vida futura e, conseqüentemente, caminho para a crença em Deus.
Enquanto certos experimentadores levam anos e anos observando e provocando fenômenos, sem tirar conclusão alguma acerca dos altos e importantes problemas da vida futura e do destino humano, o experimentador espírita, quando bem orientado pela Doutrina, parte do fenômeno, sobe à indagação dos porquês, que é o terreno da filosofia e, depois, faz as necessárias aplicações à vida prática, isto é, ao comportamento do homem, às atitudes privadas e públicas, aos padrões de moralidade que a condição de espírita exige em qualquer situação. A não ser assim, a experimentação, por si só, é assunto simplesmente de curiosidade.

Deolindo Amorim.

Texto retirado do site- Irmã Clara.